A micro-história italiana não foi rigorosamente definida por meio de textos teóricos. É a pesquisa empírica que permite, caso a caso, identificar princípios de base, por meio dos quais os micro-historiadores podem se reconhecer. Considerando que tais princípios existem, a micro-história NÃO é caracterizada por:
- A)propor a redução da escala de análise, por meio da qual é possível recuperar diferentes pontos de vista, valorizando a experiência dos indivíduos e suas relações.
- B)atribuir grande importância à forma da escrita da história, pois é por meio dela que o historiador pode reconstituir a atmosfera de um dado universo social e expor os procedimentos utilizados nessa reconstituição.
- C)demandar que os historiadores evitem utilizar pressupostos externos ao mundo que estudam, de modo a recuperar o ponto de vista dos atores diretamente envolvidos com o problema investigado.
- D)ter relação com a tradição de estudos os quais apresentam o trabalho do historiador como um reflexo objetivo da realidade, reconstituída por meio de suas estruturas sociais, atribuindo importância a classes e grupos politicamente organizados.
- E)redimensionar o valor das biografias e seus respectivos usos para a escrita da história, valendo-se de novos enfoques para as relações entre indivíduos e sociedade e destacando a possibilidade de recuperar as trajetórias de sujeitos comuns.
Resposta:
A alternativa correta é D)
A micro-história italiana, apesar de não ter sido rigidamente definida por meio de textos teóricos, consolidou-se como uma abordagem historiográfica distinta, baseada em princípios que emergiram da prática empírica. Esses princípios permitem identificar o que caracteriza — e, principalmente, o que não caracteriza — essa corrente historiográfica.
Entre as alternativas apresentadas, a que não se alinha com os fundamentos da micro-história é a opção D. Isso porque a micro-história se afasta da tradição que entende o trabalho do historiador como um reflexo objetivo da realidade, centrado em estruturas sociais amplas, classes ou grupos politicamente organizados. Pelo contrário, ela valoriza a escala reduzida, a experiência individual e a reconstituição de contextos específicos, muitas vezes marginalizados pela historiografia tradicional.
Os micro-historiadores buscam recuperar perspectivas singulares, evitando pressupostos externos ao universo estudado (como na alternativa C) e enfatizando a narrativa como ferramenta para reconstruir atmosferas sociais (alternativa B). Além disso, redimensionam o uso de biografias (alternativa E) e propõem a redução da escala de observação para capturar nuances perdidas em análises macro (alternativa A).
Portanto, a micro-história opõe-se à ideia de uma história estruturalista e objetivista, rejeitando justamente a visão expressa na alternativa D, que representa uma tradição contra a qual ela se construiu.
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