Questões Sobre Agricultura tradicional - Geografia - concurso

A pluriatividade no espaço rural é um fenômeno complexo que reflete as transformações socioeconômicas no campo. A afirmativa I está correta, pois a instalação de agroindústrias nas propriedades rurais para beneficiar a própria produção é um exemplo claro de diversificação de atividades, característica da pluriatividade. Essa prática permite agregar valor aos produtos e aumentar a renda dos agricultores.

A afirmativa II também está correta, já que a pluriatividade está associada à redução do trabalho agrícola direto, com muitos trabalhadores rurais migrando para outras atividades complementares ou sendo substituídos por tecnologias. Isso resulta em uma proporção menor de pessoas envolvidas exclusivamente na produção agrícola em relação à população rural total.

A afirmativa III, no entanto, está incorreta. A pluriatividade não é exclusiva das economias capitalistas avançadas, sendo um fenômeno observado também em países em desenvolvimento, como o Brasil, onde pequenos produtores rurais combinam atividades agrícolas com outras fontes de renda.

Por fim, a afirmativa IV está correta, pois a pluriatividade contribui para diluir as fronteiras entre o rural e o urbano. A modernização do campo e a interdependência com as cidades através de cadeias produtivas, serviços e fluxos de pessoas fazem com que essas categorias tradicionais se tornem cada vez mais fluidas.

Portanto, as afirmativas corretas são I, II e IV, conforme indicado na alternativa A. Esse fenômeno demonstra como o espaço rural contemporâneo se reinventa, integrando múltiplas atividades econômicas e relações complexas com o urbano.

O Programa de Melhoramento Genético "Uvas do Brasil" representa um esforço contínuo para aprimorar a vitivinicultura nacional, adaptando-se às particularidades de cada região produtora. Ao longo de quatro décadas, o programa empregou métodos clássicos de melhoramento, como seleção massal, clonal e hibridações, visando desenvolver variedades mais produtivas e resistentes. No entanto, o grande diferencial desse trabalho reside na sua capacidade de responder às demandas específicas de diferentes contextos, desde o semiárido nordestino até a Serra Gaúcha.

A questão proposta destaca a importância da adaptação do cultivo aos elementos ambientais singulares de cada região, o que justifica a alternativa D como correta. O semiárido nordestino, por exemplo, exige uvas de mesa resistentes à seca, enquanto a Serra Gaúcha demanda variedades adequadas ao clima temperado e à produção de vinhos artesanais. Essas particularidades ambientais moldam as estratégias de melhoramento genético, garantindo que as novas cultivares sejam viáveis em seus respectivos ecossistemas.

Além disso, o texto reforça que o programa não se limita ao desenvolvimento de novas variedades, mas também inclui ajustes no manejo das seleções avançadas. Essa abordagem integrada demonstra como a ciência agrícola brasileira busca harmonizar inovação tecnológica com sustentabilidade ambiental, respeitando as características únicas de cada bioma. Portanto, a adaptação aos elementos ambientais singulares é, de fato, o foco central das técnicas mencionadas.

A agricultura orgânica surge como uma alternativa sustentável frente ao avanço dos transgênicos, representando um modelo de cultivo que prioriza a harmonia com o meio ambiente. Entre as opções apresentadas, a alternativa C) corretamente define esse sistema ao destacar sua rejeição a organismos geneticamente modificados, agroquímicos e sua dependência de processos naturais.

A resposta C) sintetiza os pilares da agricultura orgânica: a proibição de transgênicos, a exclusão de agrotóxicos sintéticos, o uso exclusivo de adubos orgânicos e o manejo ecológico de pragas. Essa abordagem contrasta radicalmente com a agricultura convencional, pois substitui insumos artificiais por relações biológicas – como o controle de pragas por inimigos naturais –, promovendo a saúde do ecossistema.

As demais alternativas desviam-se do conceito atual de orgânicos. A opção A) incorre ao vincular a prática obrigatoriamente a cooperativas, quando sua essência está nos métodos de cultivo. A B) descreve sistemas itinerantes de agricultura tradicional, não orgânica. Já a D) remete a técnicas indígenas ancestrais, que, embora sustentáveis, não equivalem à certificação orgânica contemporânea, regulamentada por critérios específicos.

Portanto, a agricultura orgânica moderna – conforme definida em C) – constitui uma resposta consciente aos danos ambientais da agroindústria, alinhando produtividade com preservação. Seu rigor metodológico a diferencia tanto de práticas primitivas quanto de modelos convencionais, consolidando-a como opção viável para segurança alimentar e equilíbrio ecológico.

A agricultura familiar desempenha um papel fundamental na produção de alimentos no Brasil, sendo responsável por grande parte do que chega à mesa dos brasileiros. No entanto, algumas afirmações sobre esse modelo de produção merecem análise cuidadosa para distinguir fatos de equívocos.

A afirmativa I está incorreta ao sugerir que as técnicas populares tornam a agricultura familiar menos produtiva ou de menor qualidade. Na realidade, esses conhecimentos tradicionais muitas vezes representam um manejo sustentável e adaptado às condições locais, podendo sim gerar produtos de excelência.

Já a afirmativa II está correta ao apontar a abrangência da agricultura familiar no território nacional, com sua forte presença no Nordeste brasileiro. Esse dado reflete a importância socioeconômica desse modelo de produção para a região e para o país como um todo.

A afirmativa III também está correta ao mencionar a Política Nacional da Agricultura Familiar, que de fato estabelece diretrizes importantes para o fortalecimento desse setor, demonstrando o reconhecimento governamental de seu valor estratégico.

Por fim, a afirmativa IV está incorreta, pois a principal característica da agricultura familiar é justamente o oposto da monocultura - trata-se tipicamente de sistemas diversificados de produção, que combinam diferentes cultivos e atividades.

Portanto, apenas as afirmativas II e III estão corretas, conforme indicado na alternativa B. Essa análise revela a necessidade de compreender adequadamente as particularidades da agricultura familiar brasileira, que combina tradição, diversidade e políticas públicas específicas.

O texto apresentado por Raminelli em "Verde Cotidiano" oferece uma reflexão crítica sobre a transformação da relação entre o ser humano e o meio ambiente. Inicialmente, a natureza era vista como uma dádiva divina, um recurso a ser utilizado com moderação para garantir a sobrevivência. No entanto, com o avanço do sistema econômico e a busca desenfreada por lucros, essa relação se tornou predatória. A exploração dos recursos naturais deixou de ser motivada pela subsistência e passou a ser dominada pela ganância e pelo acúmulo de riquezas.

A questão proposta ao final do texto reforça essa ideia, ao questionar qual princípio foi abandonado pelo homem em sua relação com a natureza. As alternativas apresentadas incluem desde a apropriação da natureza até a satisfação das necessidades básicas. No entanto, o gabarito correto aponta para a alternativa C) "produção para subsistência", evidenciando que o ser humano deixou de utilizar os recursos naturais de forma equilibrada, voltada apenas para sua sobrevivência, e passou a explorá-los de forma excessiva e desregrada.

Essa mudança de paradigma tem consequências graves para o meio ambiente, como o desmatamento, a extinção de espécies e a degradação de ecossistemas. O texto de Raminelli serve como um alerta para repensarmos nossa relação com a natureza, resgatando valores de equilíbrio e sustentabilidade, em vez de priorizar o lucro imediato. A resposta correta, portanto, reforça a importância de retomar o princípio da produção para subsistência, em harmonia com o meio ambiente.

O texto de George J. Armelagos destaca as transformações nos sistemas alimentares ao longo da história humana, desde a Revolução Neolítica até a industrialização recente. A transição para a agricultura como principal meio de subsistência marcou um estreitamento do nicho alimentar, reduzindo a variedade de alimentos disponíveis e, consequentemente, levando a um declínio na nutrição humana. A industrialização do sistema alimentar global trouxe uma nova transição nutricional, caracterizada pela coexistência de subnutrição e obesidade em nações em desenvolvimento.

Analisando as alternativas apresentadas, a opção C) é a correta, pois reflete a ideia central do autor sobre as simplificações das dietas alimentares decorrentes dos ganhos de produtividade agrícola nas revoluções Neolítica e Industrial. Enquanto a Revolução Neolítica reduziu a diversidade alimentar, a industrialização intensificou esse processo, criando dietas menos variadas e, muitas vezes, menos nutritivas. As outras alternativas não correspondem às informações fornecidas pelo autor, seja por contradizê-las (como as opções A, B e E) ou por interpretar erroneamente os efeitos da industrialização (como a opção D).

Sobre a agricultura canavieira no Brasil, a alternativa correta é a letra E: "Na região Sudeste, a expansão do plantio ocorrida na última década resultou do aumento da demanda pelo álcool combustível."

A cana-de-açúcar é um dos cultivos mais importantes do país, especialmente no Sudeste, onde estados como São Paulo lideram a produção nacional. O aumento da demanda por etanol, tanto no mercado interno quanto externo, impulsionou a expansão dos canaviais nessa região nas últimas décadas. O etanol, derivado da cana, consolidou-se como uma alternativa sustentável aos combustíveis fósseis, reforçando a relevância econômica e ambiental desse setor.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A monocultura canavieira não é um fator relevante no desmatamento da Amazônia (A), a mecanização já substituiu grande parte da mão de obra na colheita (B), o Nordeste não ampliou significativamente sua participação na produção nacional (C), e o Centro-Oeste continua sendo uma importante região produtora de cana, sem substituição maciça por soja ou pecuária (D).

O texto apresentado destaca a complexa relação entre agricultura e natureza, evidenciando como essa atividade humana modifica o meio ambiente e, ao mesmo tempo, depende dele. A partir das afirmativas analisadas, podemos concluir que apenas as alternativas II e IV estão corretas, conforme o gabarito indicado.

A afirmativa II aborda a questão da "erosão genética", um fenômeno real causado pela substituição de variedades tradicionais e ecossistemas naturais por monoculturas extensivas. Esse processo reduz a biodiversidade e torna os sistemas agrícolas mais vulneráveis a pragas e mudanças climáticas.

Já a afirmativa IV trata dos impactos ambientais da modernização agrícola, especialmente no que diz respeito à contaminação por agroquímicos e à emissão de gases do efeito estufa. Os fertilizantes nitrogenados de fato emitem óxido nitroso, um potente gás estufa, e o escoamento de pesticidas pode contaminar corpos d'água subterrâneos.

As demais afirmativas contêm imprecisões. A I é incorreta porque os ciclos biogeoquímicos são processos naturais que ocorrem independentemente da agricultura. A III está equivocada ao afirmar que os agrotóxicos diminuem as pragas resistentes - na verdade, eles selecionam populações cada vez mais resistentes, criando um ciclo vicioso de dependência química.

Portanto, a alternativa correta é a D) Apenas II e IV estão corretas, como indicado no gabarito. Essa análise reforça a necessidade de práticas agrícolas mais sustentáveis que minimizem os impactos ambientais enquanto garantem a segurança alimentar.

A fome no mundo é um paradoxo que desafia a lógica: há produção suficiente de alimentos para alimentar toda a população global, mas milhões ainda sofrem com a escassez. O texto apresentado destaca que o cerne do problema não está na capacidade produtiva, mas sim na má distribuição de renda e terras agrícolas, tornando-o uma questão essencialmente política.

Entre as alternativas analisadas, a opção C) se mostra correta ao apontar os fatores que agravam a fome na África: a concentração fundiária, as secas prolongadas e a agricultura de subsistência itinerante. Esses elementos combinados criam um cenário de vulnerabilidade alimentar crônica no continente.

As demais alternativas apresentam imprecisões conceituais importantes. A agricultura de jardinagem (A) não é intensiva, o modelo plantation (B) não se baseia em pequenas propriedades, os transgênicos (D) contêm genes de espécies diferentes, e a Revolução Verde (E) está mais associada à exportação do que ao mercado interno nos países desenvolvidos.

A análise demonstra como questões históricas, climáticas e de estrutura agrária se entrelaçam para perpetuar a insegurança alimentar, reforçando que a solução para a fome global requer mudanças profundas nos sistemas de distribuição e acesso aos recursos produtivos.

O processo de modernização da agricultura no Paraná não pode ser compreendido como uma atividade totalmente subordinada aos ciclos naturais. Pelo contrário, a introdução de tecnologias, técnicas avançadas de manejo e a mecanização transformaram a relação entre produção agrícola e natureza. A modernização permitiu maior controle sobre os fatores ambientais, reduzindo a dependência exclusiva dos ritmos naturais.

A afirmação apresentada sugere que a agricultura no Paraná ainda está condicionada integralmente aos ciclos da natureza, o que não corresponde à realidade após a modernização. A adoção de irrigação, fertilizantes, sementes geneticamente modificadas e outras inovações permitiu que os produtores superassem muitas limitações impostas pelo ambiente natural, ajustando os calendários de plantio e colheita conforme demandas de mercado e logística, e não apenas pelas estações do ano.

Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO, pois a modernização agrícola no Paraná rompeu com a ideia de uma produção rigidamente determinada pela natureza, inserindo-a em uma lógica mais ampla de eficiência e planejamento tecnológico.