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                                                  Texto 1                           Os teus olhos espalham luz divina,                          a quem a luz do sol em vão se atreve;                           papoila ou rosa delicada e fina                           te cobre as faces, que são cor da neve.                          Os teus cabelos são uns fios d’ouro;                            teu lindo corpo bálsamo vapora.                            Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,                            para a glória de amor igual tesouro!                            Graças, Marília bela,                            graças à minha estrela!                                                   (Tomás Antônio Gonzaga, Obras Completas)                                                 Texto 2       Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu, sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.       E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se nesse momento, envolvendo-a na sua cama de prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam, cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva, feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente e muito de mulher.                                                                    (Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1991)Analisando-se os textos, conclui-se corretamente que a descrição da mulher destaca

                                                  Texto 1

                          Os teus olhos espalham luz divina,

                          a quem a luz do sol em vão se atreve;

                          papoila ou rosa delicada e fina

                          te cobre as faces, que são cor da neve.

                          Os teus cabelos são uns fios d’ouro;

                           teu lindo corpo bálsamo vapora.

                           Ah! não, não fez o céu, gentil pastora,

                           para a glória de amor igual tesouro!

                           Graças, Marília bela,

                            graças à minha estrela!

                                                   (Tomás Antônio Gonzaga, Obras Completas)

                                                Texto 2

      Jerônimo levantou-se, quase que maquinalmente, e, seguido
por Piedade, aproximou-se da grande roda que se formara
em torno dos dois mulatos. Aí, de queixo grudado às
costas das mãos contra uma cerca de jardim, permaneceu,
sem tugir nem mugir, entregue de corpo e alma àquela cantiga
sedutora e voluptuosa que o enleava e tolhia, como à robusta
gameleira brava o cipó flexível, carinhoso e traiçoeiro.

      E viu a Rita Baiana, que fora trocar o vestido por uma
saia, surgir de ombros e braços nus, para dançar. A lua destoldara-se
nesse momento, envolvendo-a na sua cama de
prata, a cujo refulgir os meneios da mestiça melhor se acentuavam,
cheios de uma graça irresistível, simples, primitiva,
feita toda de pecado, toda de paraíso, com muito de serpente
e muito de mulher.

                                                                   (Aluísio Azevedo, O Cortiço, 1991)

Analisando-se os textos, conclui-se corretamente que a descrição
da mulher destaca

Resposta:

A alternativa correta é D)

Analisando os dois textos apresentados, é possível identificar diferenças marcantes na forma como a figura feminina é descrita, refletindo os estilos literários de suas respectivas épocas. No Texto 1, de Tomás Antônio Gonzaga, a mulher (Marília) é retratada com uma beleza idealizada, característica do Arcadismo, movimento literário do século XVIII que buscava harmonia entre a natureza e a simplicidade. Seus olhos "espalham luz divina", suas faces são comparadas à neve e às rosas, e seus cabelos são descritos como "fios d’ouro". Há uma relação clara entre a beleza física e a natureza, com um tom pastoril e delicado, sem apelo à sensualidade explícita.

Já no Texto 2, de Aluísio Azevedo, pertencente ao Naturalismo, a descrição da Rita Baiana é carregada de sensualidade e erotismo, traços marcantes dessa escola literária. A narrativa enfatiza os instintos femininos, como os "meneios da mestiça" e sua graça "cheia de pecado", além do efeito sedutor que ela exerce sobre Jerônimo. O Naturalismo, influenciado pelo determinismo científico, explora o aspecto mais físico e instintivo do ser humano, contrastando com a idealização arcádica.

Portanto, a alternativa correta é a D), que identifica corretamente a idealização da mulher no Texto 1, como expressão do Arcadismo, e sua sensualidade no Texto 2, como expressão da prosa naturalista.

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