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Meus buritizais levados de verdes Anderson Cunha A derradeira… A derradeira Lágrima de dor Teimou e caiu Ai saudade, eu não sei esquecer Lágrima de dor Teimou e caiu Ai saudade, eu não sei esquecer Aquela estrela… Aquela estrela Marvada chegou Tinhosa e vil De mim levou meu bem quererAquela estrela ô Tinhosa e vil De mim levou meu bem querer Minha pele é solidão O meu colo, bem querer Lágrima de dor Teimou e caiu Ai saudade, eu não sei esquecer Aquela estrela ô Tinhosa e vil De mim levou meu bem querer “(…) Era a Mulher, que falava. Ah, e a Mulher rogava: – Que trouxessem o corpo daquele rapaz moço, vistoso, o dos olhos muito verdes… Eu desguisei. Eu deixei minhas lágrimas virem, e ordenando: – ‘Traz Diadorim!’ (…) Diadorim, Diadorim, oh, ah, meus buritizais levados de verdes… (…) Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo. Piedade, como que ela mesma, embebendo toalha, limpou as faces de Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. (…) Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela rezava rezas da Bahia. Mandou todo o mundo sair. Eu fiquei. (…) Não me mostrou de propósito o corpo. E disse… Diadorim – nu de tudo. E ela disse: – ‘A Deus dada. Pobrezinha…’ (…) Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para o senhor divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente no átimo em que eu também só soube… Que Diadorim era o corpo de uma mulher, moça perfeita… (…) Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci,retirando as mãos para trás (…) E a Mulher estendeu a toalha,recobrindo as partes. Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. (…) E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo: – ‘Meu amor!…’ ” Texto extraído do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa Sobre o romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, e sua apropriação pela canção popular brasileira contemporânea, em Meus buritizais levados de verdes, de Anderson Cunha, analise as afirmativas abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. I. Na trama de citações da canção Meus Buritizais levados de verdes, há uma referência à personagem Diadorim (“Diadorim, oh, ah, meus buritizais levados de verdes”), mas também uma citação textual direta à clássica canção do sertão, Asa Branca (“Quando o verde dos teus olhos/ Se espalhar na plantação”). II. Embora a saudade seja tema de ambos os textos, Meus buritizais levados de verdes e Grande Sertão: Veredas, é possível verificar um sentimento de plenitude e realização do desejo pelos amantes nos versos: “Minha pele é solidão/ O meu colo, bem querer” e no trecho citado: “Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. (…) E eu não sabia por que nome chamar; eu exclamei me doendo: – ‘Meu amor!…’ “III. Meus buritizais levados de verdes tematiza uma das principais problemáticas do romance Grande Sertão: Veredas: a presença do maligno, a mistura entre bem e mal, o que é sintetizado na metáfora da “estrela tinhosa e vil”. IV. A cena clássica da morte de Diadorim, para a qual toda a narrativa de Riobaldo converge, é recuperada pela canção, decorrendo disso o seu teor dramático e trágico, corroborando a impossibilidade de realização do amor sintetizada no romance “até que ponto esses olhos, sempre havendo, aquela beleza verde, me adoecido, tão impossível.” (p. 36). 

Meus buritizais levados de verdes

Anderson Cunha

A derradeira…

A derradeira

Lágrima de dor

Teimou e caiu

Ai saudade, eu não sei esquecer

Lágrima de dor

Teimou e caiu

Ai saudade, eu não sei esquecer
Aquela estrela…

Aquela estrela

Marvada chegou

Tinhosa e vil

De mim levou meu bem querer
Aquela estrela ô

Tinhosa e vil

De mim levou meu bem querer

Minha pele é solidão

O meu colo, bem querer

Lágrima de dor

Teimou e caiu

Ai saudade, eu não sei esquecer

Aquela estrela ô

Tinhosa e vil

De mim levou meu bem querer

(…) Era a Mulher, que falava. Ah, e a Mulher rogava: – Que

trouxessem o corpo daquele rapaz moço, vistoso, o dos olhos muito verdes…
Eu
desguisei. Eu deixei minhas lágrimas virem, e ordenando: – ‘Traz Diadorim!’ (…)

Diadorim, Diadorim, oh, ah, meus buritizais levados de verdes… (…)

Sufoquei, numa estrangulação de dó. Constante o que a

Mulher disse: carecia de se lavar e vestir o corpo.

Piedade, como que ela mesma, embebendo toalha,

limpou as faces de Diadorim, casca de tão grosso sangue, repisado. (…) 
Eu dizendo que a Mulher ia lavar o corpo dele. Ela rezava rezas da Bahia.

Mandou todo o mundo sair. Eu fiquei. (…) Não me mostrou de propósito o corpo.
E disse…

Diadorim – nu de tudo. E ela disse:

– ‘A Deus dada. Pobrezinha…’ (…)

Como em todo o tempo antes eu não contei ao senhor – e mercê peço: – mas para
o senhor divulgar comigo, a par, justo o travo de tanto segredo, sabendo somente
no átimo em que eu também só soube… Que Diadorim era o corpo de uma
mulher, moça perfeita… (…)

Eu estendi as mãos para tocar naquele corpo, e estremeci,
retirando as mãos para trás (…) E a Mulher estendeu a toalha,recobrindo as partes.
Mas aqueles olhos eu beijei, e as faces, a boca. (…) E eu não sabia por que nome
chamar; eu exclamei me doendo:

– ‘Meu amor!…’ ”

Texto extraído do livro Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa 

Sobre o romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, e sua
apropriação pela canção popular brasileira contemporânea, em Meus
buritizais levados de verdes, de Anderson Cunha, analise as afirmativas
abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. 

I. Na trama de citações da canção Meus Buritizais levados de verdes, há
uma referência à personagem Diadorim (“Diadorim, oh, ah, meus
buritizais levados de verdes”), mas também uma citação textual direta à
clássica canção do sertão, Asa Branca (“Quando o verde dos teus
olhos/ Se espalhar na plantação”).

II. Embora a saudade seja tema de ambos os textos, Meus buritizais levados
de verdes e Grande Sertão: Veredas, é possível verificar um sentimento
de plenitude e realização do desejo pelos amantes nos versos: “Minha
pele é solidão/ O meu colo, bem querer” e no trecho citado: “Mas aqueles
olhos eu beijei, e as faces, a boca. (…) E eu não sabia por que nome
chamar; eu exclamei me doendo: – ‘Meu amor!…’ “

III. Meus buritizais levados de verdes tematiza uma das principais
problemáticas do romance Grande Sertão: Veredas: a presença do
maligno, a mistura entre bem e mal, o que é sintetizado na metáfora da
“estrela tinhosa e vil”.

IV. A cena clássica da morte de Diadorim, para a qual toda a narrativa de
Riobaldo converge, é recuperada pela canção, decorrendo disso o seu
teor dramático e trágico, corroborando a impossibilidade de realização do
amor sintetizada no romance “até que ponto esses olhos, sempre
havendo, aquela beleza verde, me adoecido, tão impossível.” (p. 36). 

Resposta:

A alternativa correta é E)

O romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, é uma obra fundamental da literatura brasileira, marcada por sua linguagem inovadora e por temas profundos como o amor, o destino e a dualidade entre o bem e o mal. A canção Meus buritizais levados de verdes, de Anderson Cunha, dialoga diretamente com essa obra, especialmente ao retomar a figura de Diadorim e a atmosfera trágica que permeia o romance.

A análise das afirmativas revela que as opções III e IV são as corretas. A terceira afirmativa destaca a problemática do mal no romance, representada na canção pela "estrela tinhosa e vil", uma metáfora que sintetiza a ambiguidade entre o bem e o mal, tema central em Grande Sertão: Veredas. Já a quarta afirmativa aponta para a cena da morte de Diadorim, que é recuperada na canção, reforçando o teor dramático e a impossibilidade de realização do amor, tal como expresso no romance.

As afirmativas I e II, no entanto, não estão corretas. A primeira incorre ao mencionar uma suposta citação de Asa Branca, que não está presente no texto da canção. A segunda, por sua vez, interpreta erroneamente os versos e o trecho citado, já que ambos expressam dor e saudade, e não plenitude ou realização do desejo.

Portanto, a alternativa correta é a E) Somente III e IV estão corretas, pois são as que melhor refletem a relação entre a canção de Anderson Cunha e o romance de Guimarães Rosa, captando os elementos centrais da narrativa e sua reverberação na música popular brasileira contemporânea.

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