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Leia o trecho abaixo, do capítulo XII de Inocência, do Visconde de Taunay. Trata-se de um diálogo entre o pai de Inocência, Pereira, e o médico ambulante, Cirino, sobre o naturalista alemão, Meyer.     —Nem sei como me contenha… Estou cego de raiva… Que presente me mandou o Chico!… É uma peste, este diabo melado… Vê uma rapariguinha e enche logo as bochechas para lhe dizer meia dúzia de pachuchadas e graçolas… Não está má esta!… É um perdido. Nada… Isto não me cheira bem: vou ficar de olho nele…     —Faz muito bem, apoiou Cirino. —Vejam só, continuou Pereira retendo o seu interlocutor para deixar Meyer distanciar-se, em boas me fui eu meter! … Se não fosse a tal carta do mano, o cujo dançava ao som do cacete… Malcriadaço! Uma mulher que daqui a dois dias está para receber marido… Deus nos livre que o Manecão o ouvisse… Desancava-o logo, se não o cosesse a facadas… Vejam só, hem?… Sempre é gente de outras terras… Cruz! Também vi logo… um latagão bonito… todo faceiro… havera por força de ser rufião. (Visconde de Taunay, Inocência. São Paulo: FTD, 1992, p. 87)Assinale a alternativa correta. 

Leia o trecho abaixo, do capítulo XII de Inocência, do Visconde de Taunay. Trata-se de um diálogo entre o pai de Inocência,
Pereira, e o médico ambulante, Cirino, sobre o naturalista alemão, Meyer.


    —Nem sei como me contenha… Estou cego de raiva… Que presente me mandou o Chico!… É uma peste, este diabo melado…
Vê uma rapariguinha e enche logo as bochechas para lhe dizer meia dúzia de pachuchadas e graçolas… Não está má esta!… É
um perdido. Nada… Isto não me cheira bem: vou ficar de olho nele…

    —Faz muito bem, apoiou Cirino.
 —Vejam só, continuou Pereira retendo o seu interlocutor para deixar Meyer distanciar-se, em boas me fui eu meter! … Se
não fosse a tal carta do mano, o cujo dançava ao som do cacete… Malcriadaço! Uma mulher que daqui a dois dias está para
receber marido… Deus nos livre que o Manecão o ouvisse… Desancava-o logo, se não o cosesse a facadas… Vejam só, hem?…
Sempre é gente de outras terras… Cruz! Também vi logo… um latagão bonito… todo faceiro… havera por força de ser rufião.

(Visconde de Taunay, Inocência. São Paulo: FTD, 1992, p. 87)

Assinale a alternativa correta. 

Resposta:

A alternativa correta é C)

O trecho do capítulo XII de Inocência, de Visconde de Taunay, apresenta um diálogo tenso entre Pereira, pai da protagonista, e Cirino, o médico ambulante, a respeito do comportamento do naturalista alemão Meyer. O tom de raiva e desconfiança de Pereira revela a preocupação com a honra da filha, que está prestes a se casar. A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra C), pois as ameaças violentas mencionadas por Pereira de fato se concretizam posteriormente na narrativa, embora não seja Meyer quem sofra as consequências.

A fala de Pereira demonstra um código de honra rígido, típico do sertão brasileiro retratado na obra, onde qualquer afronta à moral familiar é passível de punição severa. A menção a Manecão, futuro marido de Inocência, reforça essa mentalidade, já que ele seria capaz de agir com extrema violência caso testemunhasse um desrespeito à noiva. Apesar de Meyer ser um estrangeiro e, portanto, visto com desconfiança, a narrativa posterior mostra que a violência prometida por Pereira recai sobre outro personagem, confirmando a alternativa C como correta.

O contexto do casamento iminente, mencionado na alternativa E, contribui para a tensão, mas não é o único motivo da irritação de Pereira. Sua reação exagerada reflete os valores da sociedade sertaneja, onde a honra feminina é protegida a qualquer custo. Assim, o trecho não apenas antecipa um conflito futuro, mas também expõe a mentalidade patriarcal e violenta que permeia o universo da obra.

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