Dirceu e Marília são dois personagens icônicos da poesia árcade brasileira. A descrição de Marília por Dirceu oscila de um verso para outro: ora seus cabelos são pretos, ora são loiros. O mesmo ocorre com o próprio Dirceu: ora ele encarna o pastor, ora o juiz. Quem é o autor desse poema que, nada obstante ser árcade, já sinaliza para o amor romântico?

O poema que descreve os personagens Dirceu e Marília, com suas características mutáveis e a transição do estilo árcade para o romântico, é obra de Tomás Antônio Gonzaga. Um dos principais nomes do Arcadismo no Brasil, Gonzaga imortalizou essa relação poética em "Marília de Dirceu", onde o eu lírico oscila entre a figura do pastor e do juiz, enquanto exalta sua amada de formas contraditórias, ora morena, ora loira.

Essa ambiguidade não é acidental, mas revela a complexidade do sentimento amoroso que, mesmo dentro da convenção árcade, já aponta para a subjetividade e a paixão exacerbada do Romantismo. A escolha da alternativa C) como correta se justifica não apenas pelo contexto histórico-literário, mas pela própria construção dos personagens, típica da pena de Gonzaga.

Embora outros autores listados sejam importantes na literatura brasileira, como Cláudio Manuel da Costa (também árcade) ou Castro Alves (romântico), a fusão particular de elementos que a questão apresenta só pode ser atribuída a Tomás Antônio Gonzaga, cuja obra marca justamente essa transição entre escolas literárias.