A um PoetaLonge do estéril turbilhão da rua, Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua, Rica mas sóbria, como um templo grego.Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural, o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício:Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade.(BILAC, O. Poesias. 15.ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1931. p.339.)Com base nesse poema e nos conhecimentos sobre o Parnasianismo, considere as afirmativas a seguir.I. O eu lírico defende que o sofrimento do poeta na feitura do poema fique explícito para o leitor atento.II. O último verso ironiza a escola parnasiana por conta de seus excessos formais e exageros metalinguísticos.III. O poema retoma certos valores preconizados pela tradição clássica, como a forma soneto, por exemplo.IV. O poema é uma espécie de receita de como se fazer poesia, o que fica sugerido já em seu título.Assinale a alternativa correta.
III. O poema retoma certos valores preconizados pela tradição clássica, como a forma soneto, por exemplo.
IV. O poema é uma espécie de receita de como se fazer poesia, o que fica sugerido já em seu título.
- A)Somente as afirmativas I e II são corretas.
- B)Somente as afirmativas I e IV são corretas.
- C)Somente as afirmativas III e IV são corretas.
- D)Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
- E)Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
Resposta:
A alternativa correta é C)
Análise do poema "A um Poeta" de Olavo Bilac e suas relações com o Parnasianismo
O poema "A um Poeta", de Olavo Bilac, um dos principais expoentes do Parnasianismo no Brasil, apresenta características marcantes desse movimento literário. Ao analisar as afirmativas propostas, podemos identificar que apenas as opções III e IV estão corretas, conforme o gabarito indicado.
A afirmativa I é incorreta porque o eu lírico justamente defende o contrário: que o sofrimento do poeta não deve ficar explícito, como se vê nos versos "Não se mostre na fábrica o suplício/Do mestre". Já a afirmativa II também está errada, pois o último verso não ironiza, mas sim sintetiza a proposta parnasiana de "Arte pura, inimiga do artifício".
A afirmativa III está correta, pois o poema realmente retoma valores clássicos, tanto na forma (soneto) quanto no conteúdo, com a referência ao "templo grego" e a associação entre Beleza e Verdade. A afirmativa IV também é válida, já que o poema funciona como uma espécie de manual poético, orientando sobre o fazer literário, desde o ambiente de criação até o resultado final.
Portanto, a alternativa correta é a C) Somente as afirmativas III e IV são corretas, que reflete adequadamente as características parnasianas presentes no poema: a busca pela perfeição formal, o culto à beleza e a influência clássica, todos trabalhados com maestria por Bilac.
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