Sacristán (2000), em seus estudos, aponta que o currículo é um dos conceitos mais potentes, estrategicamente falando, para analisar como a prática se sustenta e se expressa de forma peculiar dentro de um contexto escolar. O interesse pelo currículo segue paralelo com o interesse por conseguir um conhecimento mais penetrante sobre a realidade escolar. O autor define currículo como projeto seletivo de cultura, condicionado cultural, social, política e administrativamente, que preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada. Uma escola de Ciclo II do Ensino Fundamental apresenta alto índice de fracasso escolar e seus professores queixam-se constantemente do desinteresse dos alunos, da indisciplina na sala de aula, das agressões entre os alunos e da dificuldade de desenvolver seu trabalho nesse contexto. O Supervisor de Ensino, considerando suas funções e competências (Jornal APASE, junho 2002) e tendo em vista as afirmações de Sacristán (2000), diante da situação da escola, deve
Sacristán (2000), em seus estudos, aponta que o currículo é um dos conceitos mais potentes, estrategicamente falando, para analisar como a prática se sustenta e se expressa de forma peculiar dentro de um contexto escolar. O interesse pelo currículo segue paralelo com o interesse por conseguir um conhecimento mais penetrante sobre a realidade escolar. O autor define currículo como projeto seletivo de cultura, condicionado cultural, social, política e administrativamente, que preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada.
Uma escola de Ciclo II do Ensino Fundamental apresenta alto índice de fracasso escolar e seus professores queixam-se constantemente do desinteresse dos alunos, da indisciplina na sala de aula, das agressões entre os alunos e da dificuldade de desenvolver seu trabalho nesse contexto.
O Supervisor de Ensino, considerando suas funções e competências (Jornal APASE, junho 2002) e tendo em vista as afirmações de Sacristán (2000), diante da situação da escola, deve
- A)ponderar que as queixas apresentadas podem ser indicadores de que a escola encontra dificuldades no desenvolvimento do currículo e cobrar do Diretor, pela competência, a solução para o problema, pois se trata do modo como as ações pedagógicas se desenvolvem dentro da unidade escolar.
- B)descartar dificuldades no desenvolvimento curricular, pois o problema é disciplinar, decorrente da realidade social daquela comunidade, cuja solução a equipe escolar deve buscar estabelecendo parceria com o Conselho Tutelar e a Promotoria da Criança e do Adolescente.
- C)observar no fato relatado um indicador de que a escola não consegue desenvolver adequadamente o seu currículo. Levar o problema ao Dirigente Regional de Ensino a quem cabe oficiar à Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas, órgão responsável para estudar e encaminhar alternativas de solução para a escola.
- D)considerar a indisciplina dos alunos como indicador de que a equipe escolar tem dificuldades no desenvolvimento do currículo, e subsidiar a equipe de gestão na identificação das causas do problema, articulando, com a Oficina Pedagógica, um processo de formação continuada, se essa ação se mostrar necessária.
- E)considerar que o problema de indisciplina dos alunos aponta a falta de apoio dos pais à escola, portanto, cabe orientar a direção da escola para que promova reuniões com os pais ou responsáveis, fale das dificuldades e peça que pressionem seus filhos a estudar, pois só assim a escola pode alcançar resultados.
Resposta:
A alternativa correta é D)
O texto apresentado aborda a relação entre o currículo escolar e os desafios enfrentados por uma escola de Ciclo II do Ensino Fundamental, marcada por alto índice de fracasso escolar, desinteresse dos alunos, indisciplina e agressões. Diante desse cenário, o Supervisor de Ensino, com base nas reflexões de Sacristán (2000) e considerando suas atribuições, deve adotar uma postura que vá além da simples cobrança de soluções ou da culpabilização de fatores externos, como a realidade social ou a falta de apoio familiar.
Sacristán (2000) destaca o currículo como um projeto seletivo de cultura, influenciado por condicionantes culturais, sociais, políticos e administrativos. Essa perspectiva sugere que os problemas enfrentados pela escola podem estar relacionados à forma como o currículo é desenvolvido, ou seja, como os conteúdos e as práticas pedagógicas são selecionados, organizados e aplicados no cotidiano escolar. A indisciplina e o desinteresse dos alunos, portanto, podem ser sintomas de uma inadequação curricular, que não dialoga com as necessidades e realidades dos estudantes.
Dentre as alternativas apresentadas, a opção D) é a mais coerente com essa análise. Ela propõe que o Supervisor de Ensino reconheça a indisciplina como um indicador de dificuldades no desenvolvimento do currículo e atue de forma colaborativa com a equipe gestora, identificando as causas do problema e articulando ações formativas, como a formação continuada em parceria com a Oficina Pedagógica. Essa abordagem evita a simplificação do problema, que não pode ser reduzido apenas a questões disciplinares ou à falta de envolvimento familiar, como sugerem outras alternativas.
As demais opções apresentam limitações: a alternativa A) transfere a responsabilidade exclusivamente para o Diretor, sem propor um trabalho coletivo; a B) ignora a dimensão curricular, atribuindo o problema apenas a fatores externos; a C) burocratiza a solução, delegando-a a instâncias superiores; e a E) culpa os pais, sem considerar a necessidade de revisão das práticas pedagógicas. Portanto, a alternativa D) é a que melhor reflete uma atitude crítica, propositiva e articuladora por parte do Supervisor de Ensino, alinhada com a compreensão do currículo como eixo central da transformação escolar.
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