Acerca das estratégias de ensino para a educação de jovens e adultos (EJA), julgue o próximo item.Em sala de aula, deve-se impor a explicação científica dos fenômenos naturais como a correta, em detrimento do senso comum, de modo a levar os estudantes a incorporarem o saber científico em suas condutas e convicções pessoais.

O ensino na Educação de Jovens e Adultos (EJA) demanda abordagens pedagógicas sensíveis às experiências prévias dos estudantes. O item em análise propõe que a explicação científica deva ser imposta como verdade absoluta, desconsiderando o senso comum dos alunos. Essa perspectiva é problemática por diversos motivos.

Em primeiro lugar, a EJA trabalha com indivíduos que possuem um repertório cultural e conhecimentos construídos ao longo da vida. Desqualificar essas vivências de forma autoritária pode gerar resistência ao aprendizado, pois desconsidera a bagagem que os alunos trazem para a sala de aula.

Além disso, o processo educativo eficaz na EJA não se trata de substituir abruptamente o senso comum pelo conhecimento científico, mas de estabelecer pontes entre esses saberes. O diálogo entre diferentes formas de conhecimento permite uma assimilação mais significativa, onde os estudantes podem contrastar suas percepções com as explicações científicas de maneira crítica.

Outro aspecto relevante é que a imposição dogmática do conhecimento científico contradiz os princípios da educação libertadora, fundamental na EJA. Paulo Freire já alertava sobre os riscos da "educação bancária", onde o educador simplesmente deposita informações nos educandos sem considerar seu contexto e capacidade de reflexão.

Portanto, a afirmação está equivocada. O correto seria propor uma mediação pedagógica que valorize as experiências dos alunos, promovendo a construção do conhecimento científico a partir do diálogo com seus saberes prévios, e não através de imposição autoritária.