A história não apenas é uma ciência em marcha. É também uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento racional. Ou, para dizer melhor, velha sob a forma embrionária da narrativa, de há muito apinhada de ficções, há muito tempo ainda colada nos acontecimentos mais imediatamente apreensíveis, ela permanece, como empreendimento racional de análise, jovem. Marc Bloch. Apologia da história: ou o ofício do historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 47 (com adaptações). A partir do texto apresentado, assinale a opção correta, com relação à dinâmica historiográfica do século XX e seu impacto no ensino de história.
A história não apenas é uma ciência em marcha. É também
uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por objeto o
espírito humano, esse temporão no campo do conhecimento
racional. Ou, para dizer melhor, velha sob a forma embrionária da
narrativa, de há muito apinhada de ficções, há muito tempo ainda
colada nos acontecimentos mais imediatamente apreensíveis, ela
permanece, como empreendimento racional de análise, jovem.
Marc Bloch. Apologia da história: ou o ofício do historiador.
Rio de Janeiro: Zahar, 2001, p. 47 (com adaptações).
A partir do texto apresentado, assinale a opção correta, com relação
à dinâmica historiográfica do século XX e seu impacto no ensino de
história.
- A)Na Itália, a chamada micro-história, iniciada por Carlo Ginzburg e Giovanni Levi, caracterizou-se pela rejeição à narrativa e pela aversão à investigação de estruturas sociais e culturais, expressando-se na didática de história por meio da metodologia da história oral.
- B)Para Bloch, a tradição historiográfica deve ser substituída pela análise sociológica, fato que se reflete na inserção nos currículos escolares da disciplina sociologia.
- C)Depreende-se do texto precedente que o uso das tecnologias de informação no ensino de história deturpa o pensamento de Bloch, uma vez que o historiador defende a ideia de que a legitimidade do conhecimento histórico está no exame de acontecimentos do passado e na negação da história do presente.
- D)No texto, o tema história, “uma ciência na infância”, vista como “empreendimento racional de análise” e objeto de conhecimento, denota uma crítica à tradição da historiografia política e à predileção dessa forma de abordagem histórica por procedimentos narrativos de representação.
- E)A renovação desencadeada na França pela denominada Escola dos Annales não exerceu influência significativa sobre a didática e a tradição historiográfica brasileira do século XX, de caráter preponderantemente marxista.
Resposta:
A alternativa correta é D)
A partir do texto de Marc Bloch, é possível compreender a natureza dinâmica e em desenvolvimento da história como ciência. O autor enfatiza que, apesar de sua longa tradição narrativa, a história ainda é uma disciplina jovem quando considerada como um "empreendimento racional de análise". Essa perspectiva sugere uma crítica implícita às abordagens historiográficas tradicionais, que muitas vezes se limitavam a narrativas políticas e eventos superficiais, sem uma análise mais profunda das estruturas sociais e culturais.
A opção correta, D), reflete essa interpretação ao destacar que o texto denota uma crítica à historiografia política tradicional e sua preferência por procedimentos narrativos. Bloch, como um dos fundadores da Escola dos Annales, defendia uma história mais abrangente, que incorporasse métodos analíticos e interdisciplinares, rompendo com a ênfase excessiva em narrativas políticas e eventos isolados.
As outras alternativas apresentam equívocos em relação ao pensamento de Bloch e ao impacto da historiografia do século XX. A micro-história (A), por exemplo, não rejeitava a narrativa, mas sim a utilizava de maneira crítica. A alternativa B) distorce a posição de Bloch, que não propunha substituir a história pela sociologia, mas sim integrar abordagens. Já a alternativa C) incorre em uma interpretação reducionista do texto, pois Bloch não negava a história do presente. Por fim, a alternativa E) ignora a influência significativa da Escola dos Annales na historiografia brasileira.
Portanto, a alternativa D) é a que melhor capta o espírito do texto de Bloch, ao reconhecer a história como uma ciência em construção, crítica em relação às tradições narrativas e comprometida com uma análise racional e abrangente do passado.
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