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Qual é o argumento que melhor sustenta a tese do texto? A) “Nessa troca, em que pequenos comerciantes conseguem seu sustento enquanto cooperam com os vizinhos, cresce o conceito de comunidade”. B) “A favela adquire força e se consolida diante da ausência do Estado – ausência que se intensifica pela falta de interesse decorrente da falta de arrecadação de impostos”. C) “O sentimento de cooperação comunitária passa a ser solo fértil para atividades não regulamentadas ou até ilícitas, justificadas pelo bem econômico supostamente feito a quem não é atendido pelo Estado”. D) “A economia popular típica das comunidades, em que moradores em situação de baixa renda criam uma rede de comércio e serviços informais para sua subsistência, passa a ser o único consumo viável”.

A economia da favelização

Gustavo Cerbasi

    Cidades em crescimento invariavelmente convivem com o problema do surgimento das favelas. Quando essas cidades se mostram como oportunidade de uma vida melhor, muitas famílias migram para elas, mas o crescimento das oportunidades não é infinito e parte do fluxo migratório se vê obrigado a viver abaixo das condições mínimas de dignidade.

    Ninguém decide viver em favela por opção. Esse movimento é resultado da falta de opções. Entretanto, a favelização é consequência direta da falta de planejamento público. Cidades em desenvolvimento deveriam aproveitar o crescimento na arrecadação e se antecipar ao fluxo migratório, ou então regular esse fluxo com ações de restrição.

    Uma vez iniciado o processo de favelização, a reversão desse quadro passa a ser difícil. Famílias em situação de desemprego ou de subemprego informal têm nas favelas uma condição muito favorável a sua sobrevivência. A economia popular típica das comunidades, em que moradores em situação de baixa renda criam uma rede de comércio e serviços informais para sua subsistência, passa a ser o único consumo viável.

    Essa economia se caracteriza por oferecer poucas expectativas a quem trabalha e pela informalidade (não pagamento de impostos), que resulta em produtos e serviços de preço muito mais baixo que nos negócios que seguem a economia de mercado. Nessa troca, em que pequenos comerciantes conseguem seu sustento enquanto cooperam com os vizinhos, cresce o conceito de comunidade. A favela adquire força e se consolida diante da ausência do Estado – ausência que se intensifica pela falta de interesse decorrente da falta de arrecadação de impostos.

    Cria-se um ciclo de fortalecimento da favelização. Em um país de riquezas e oportunidades mal distribuídas, o Estado arrecada menos, as favelas se formam rapidamente e se fortalecem à margem do Estado. O sentimento de cooperação comunitária passa a ser solo fértil para atividades não regulamentadas ou até ilícitas, justificadas pelo bem econômico supostamente feito a quem não é atendido pelo Estado.

    Programas sociais bancados pelos recursos públicos são então criados na tentativa de romper a omissão ou o atraso nas ações governamentais. Mas há sempre o risco de grande parte dos recursos dos programas sociais fortalecer principalmente a economia informal, sem trazer luz alguma no fim do túnel. Quando a comunidade é explorada com fins eleitoreiros por governos populistas, está sacramentada a economia da favelização. Vários interesses confluem para que o ciclo da pobreza nunca se rompa.

    Mudanças são possíveis, mas é preciso distribuir melhor as oportunidades que proporcionam ganhos reais. Isso dá trabalho e dilui votos de populistas. Leva décadas. Quem assumirá as rédeas?

Disponível em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/- gustavo-cerbasi/noticia/2016/09/economia-da-favelizacão html>. Acesso em: 22 maio 2017.

Qual é o argumento que melhor sustenta a tese do texto?

Resposta:

A resposta correta é a letra B)

O texto "A economia da favelização" de Gustavo Cerbasi desenvolve como tese central que o processo de favelização é consequência direta da falta de planejamento público e da ausência do Estado, criando um ciclo vicioso de fortalecimento das comunidades marginalizadas. Entre as alternativas apresentadas, a letra B é a que melhor sustenta essa tese porque captura a relação causal essencial exposta no texto: a consolidação das favelas ocorre precisamente devido à omissão estatal, que por sua vez é intensificada pela falta de arrecadação de impostos decorrente da informalidade econômica.

Esta alternativa articula o núcleo do argumento do autor, mostrando como a fragilidade institucional e o desinteresse governamental permitem que as favelas se fortaleçam à margem do sistema formal, perpetuando assim a economia da favelização. As demais opções, embora relacionadas ao tema, focam em aspectos secundários: a letra A destaca a cooperação comunitária, a letra C aborda a potencial ilegalidade decorrente dessa cooperação, e a letra D descreve a dinâmica econômica interna das favelas, mas nenhuma delas explicita o papel central da ausência do Estado como propulsora do problema, conforme defendido na tese principal.

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