Questões Sobre o Descritor D10 - Português - 9º ano
Descritor 10: Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a narrativa.
Questão 1
Irmão de enxurrada
Fico lembrando dele esperneando no berço. Ele era uma coisica ainda mais estranha do que é hoje. Não, muito mais estranha: hoje ele é gente, fala, acha coisas sobre mim, sobre os outros irmãos, sobre a dona da padaria. Antes ele era… um…um montinho que se mexia também estranhamente. Eu ficava horas olhando para ele.
[…] Teve um tempo em que ele engatinhava. Rodava pela casa toda, gugu pra cá, dadá pra lá, passando debaixo dos móveis, debaixo das pernas da gente — um saco!
[…] E um dia que ele engoliu a cabeça de um bonequinho do “Forte Apache”? Ou foi o rabinho de um cavalo? Não lembro exatamente o que foi que ele engoliu, mas lembro do problemão que foi. […] Minha mãe veio correndo, porque eu gritei do meu quarto…
CISALPINO, Murilo. In: Ricardo Ramos. Irmão mais velho, irmão mais novo. São Paulo: Atual,1992. p. 64-71.
Nesse texto, o narrador é
- A) a dona da padaria.
- B) a mãe do bebê.
- C) o irmão mais velho.
- D) o pequeno bebê.
A resposta correta é a letra C)
O narrador do texto é claramente identificado como o irmão mais velho através de várias evidências textuais:
Primeiramente, o título "Irmão de enxurrada" já sugere uma relação fraternal. O narrador descreve suas memórias observando o bebê no berço, referindo-se a ele como "uma coisica ainda mais estranha" - expressão típica de uma criança mais velha descrevendo um irmão menor.
As experiências narradas confirmam esta posição: ele relata ficar horas olhando para o bebê no berço, demonstra certa irritação com as atividades infantis ("um saco!"), e assume papel de vigilância quando o bebê engole um objeto, gritando para chamar a mãe.
O uso de expressões como "os outros irmãos" indica que há múltiplas crianças na família, sendo o narrador um deles. A perspectiva é claramente a de alguém que já possui consciência e memórias anteriores ao nascimento do irmão mais novo, característica típica do irmão mais velho.
As alternativas A, B e D são incorretas porque não há nenhum indício de que o narrador seja a dona da padaria (apenas mencionada), a mãe (que é chamada pela narrador) ou o próprio bebê (que é o objeto da narrativa).
Questão 2
O príncipe sapo
Uma feiticeira muito má transformou um belo príncipe num sapo, só o beijo de uma princesa desmancharia o feitiço.
Um dia, uma linda princesa chegou perto da lagoa em que o príncipe morava. Cheio de esperança de ficar livre do feitiço, ele lhe pediu um beijo. Como ela era muito boa, venceu o nojo e, sem saber de nada, atendeu ao pedido do sapo: deu-lhe um beijo.
Imediatamente o sapo voltou a ser príncipe, casou-se com a princesa e foram felizes para sempre.
SEIESZKA, Jon. O patinho realmente feio e outras histórias malucas. São Paulo: Companhia das letrinhas, 1997, [s. p].
O que deu origem aos fatos narrados nesse texto?
- A) O beijo da princesa.
- B) O feitiço da feiticeira.
- C) O nojo da princesa.
- D) O pedido do sapo.
A resposta correta é a letra B)
A resposta correta para a questão "O que deu origem aos fatos narrados nesse texto?" é a letra B) O feitiço da feiticeira.
Esta opção está correta porque o texto inicia explicitamente mencionando que "Uma feiticeira muito má transformou um belo príncipe num sapo", estabelecendo o feitiço como o evento causal primordial que desencadeia toda a sequência narrativa. Todos os demais eventos - o pedido do sapo, o nojo superado pela princesa, o beijo libertador e o desfecho feliz - são consequências diretas dessa ação inicial da feiticeira.
As demais alternativas representam elementos importantes da narrativa, mas não a origem dos fatos: o beijo da princesa (A) é a solução do conflito; o nojo da princesa (C) é um obstáculo superado; e o pedido do sapo (D) é uma consequência do feitiço, não sua causa.
Portanto, a análise textual demonstra que o feitiço da feiticeira é o fato gerador que origina e estrutura toda a trama do conto.
Questão 3
O LOBO DESATENTO
Certa noite, um lobo andava pela floresta em busca de comida. E já estava empenhado nessa tarefa havia um bom tempo, sem qualquer resultado prático, quando sentiu no aro cheiro de carneiros. “Até que enfim”, foi o pensamento que lhe veio à cabeça de imediato, e então, imaginando o que de bom poderia encontrar mais adiante para aplacar a fome que sentia, ele caminhou rapidamente na direção que o seu faro indicava.
Logo à frente, as árvores davam lugar a uma grande área coberta de relva, e era nesse pedaço de chão que os carneiros descansavam protegidos por um cão. O lobo não se preocupou com isso. O que fez foi sair andando passo a passo, o mais devagar que podia, procurando se aproximar do ponto que ficava mais distante do vigia, onde algumas das possíveis presas dormiam sossegadas.
E já estava quase lá, quando uma de suas patas traseiras descuidou-se um momento e pisou em um pedaço de tábua já meio apodrecido. Esta rangeu sob o peso do animal, e o barulho que fez soou tão alto em meio ao silêncio da noite que acordou o cão de guarda, fazendo-o sair na mesma hora em perseguição ao lobo desastrado. Que por sua vez, coitado, não teve outra coisa a fazer senão fugir em desabalada carreira, esfomeado e sem alimento.
Moral da história: Quem não presta atenção no que faz, algum dia vai acabar se metendo em apuros.
Disponível em: http://WWW.fernandodannemann. recantodasletras.com.br. Acesso em: 5 abr. 2010.
Nesse texto, o que deu origem aos fatos narrados foi o
- A) cão perseguir o lobo quando ele pisou na tábua.
- B) cão vigiar os carneiros que dormiam sossegados.
- C) lobo andar desatento à noite pela floresta.
- D) lobo sentir cheiro de carneiros na floresta.
A resposta correta é a letra D)
O texto "O Lobo Desatento" narra uma sequência de eventos que se desencadeiam a partir de uma ação inicial específica. Analisando a estrutura narrativa, percebe-se que todos os fatos subsequentes - a aproximação do lobo, o descuido ao pisar na tábua, a perseguição pelo cão e a fuga sem alimento - são consequências diretas do momento em que o lobo sentiu o cheiro de carneiros na floresta.
Esta percepção olfativa foi o estímulo inicial que motivou toda a ação do lobo: foi ao detectar o aroma que ele decidiu seguir em frente, planejou sua abordagem furtiva e se colocou na situação que levaria ao acidente. As outras alternativas representam eventos que ocorreram posteriormente na cadeia causal: a vigilância do cão era uma condição preexistente, a perseguição foi uma reação ao ruído, e a desatenção do lobo manifestou-se apenas durante a execução de seu plano, que já estava em andamento.
Portanto, o elemento gerador de toda a trama narrativa foi efetivamente a detecção do cheiro dos carneiros pelo lobo, que desencadeou a série de acontecimentos descritos na fábula.
Questão 4
AS ESTRELAS
Numa das noites daquele mês de abril estava Dona Benta na sua cadeira de balanço, lá na varanda, com olhos no céu cheio de estrelas. A criançada também se reunira ali.
Súbito, Narizinho, que estava em outro degrau da escada fazendo tricô, deu um berro.
— Vovó, Emília está botando a língua para mim!
Mas Dona Benta não ouviu. Não tirava os olhos das estrelas. Estranhando aquilo, os meninos foram se aproximando. E ficaram também a olhar para o céu, em procura do que estava prendendo a atenção da boa velha.
— Que é vovó, que a senhora está vendo lá em cima? Eu não estou enxergando nada. – disse Pedrinho. Dona Benta não pôde deixar de rir-se. Pôs nele os óculos e puxou-o para o seu colo e falou:
— Não está vendo nada, meu filho? Então olha para o céu estrelado e não vê nada?
— Só vejo estrelinhas. – murmurou o menino.
— E acha pouco, meu filho?
Fonte: LOBATO, Monteiro. As estrelas. In: ______ . Viagem ao céu. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 1971. Fragmento.
A história contada se passa
- A) na varanda da casa de Dona Benta.
- B) na imaginação de Emília.
- C) na cozinha de Tia Anastácia.
- D) no céu inventado de Pedrinho.
A resposta correta é a letra A)
A resposta correta é a letra A porque o texto descreve claramente a cena ocorrendo na varanda da casa de Dona Benta. No início do fragmento, é explicitamente mencionado: "Dona Benta na sua cadeira de balanço, lá na varanda". Além disso, toda a narrativa se desenvolve nesse local, com a personagem observando o céu estrelado e as crianças reunidas ao seu redor. As outras alternativas não se sustentam: não há indicação de que seja na imaginação de Emília, nem na cozinha de Tia Anastácia, muito menos no céu inventado de Pedrinho, já que o menino demonstra não enxergar nada além das estrelas, confirmando o cenário real da varanda.
Questão 5
O que dizem as camisetas
(Fragmento)
Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito.
— Que é que ele está anunciando? — indagou o cabo eleitoral, apreensivo. — Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!
— O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser — ponderou um senhor moderado.
— Em tempo de eleição, nunca — retrucou o outro. — Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.
— O voto é secreto.
— É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e…
— Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.
(…).
DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.
O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de:
- A) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição.
- B) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.
- C) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade.
- D) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.
A resposta correta é a letra A)
A resposta correta é a letra A) porque o texto de Carlos Drummond estabelece claramente que o conflito central da narrativa surge quando "a gente estranha ao deparar com uma [camiseta] que não tem nada escrito". Todo o diálogo subsequente entre os personagens - incluindo as acusações de sabotagem do processo democrático, a discussão sobre responsabilidade cívica e a liberdade individual - deriva diretamente desse evento inicial: o aparecimento de uma camiseta sem inscrições em meio a um contexto eleitoral.
As demais alternativas representam consequências ou desdobramentos desse conflito principal, mas não constituem o núcleo da questão. A opção B refere-se a uma acusação feita durante a discussão, a C apresenta um argumento usado no debate, e a D explicita uma comparação que surge como parte da argumentação, mas nenhuma delas captura o fato gerador do conflito narrativo.
O texto demonstra como um simples elemento cotidiano (uma camiseta lisa) pode se tornar catalisador de profundas discussões políticas e ideológicas, revelando tensões sociais num período de redemocratização.
Questão 6
O tempo não apaga
Há alguns anos, quase todo dia de manhã, quando eu abria o portão para ir ao trabalho, via um garotinho sorridente que passava por mim, a caminho da escola, e eu correspondia o sorriso sem palavras. Certo dia muito frio, percebi que ele estava de tênis, mas sem meias, apenas com uma calça curta e uma blusinha de uniforme. Perguntei se poderia lhe dar algumas roupas dos meus filhos, e ele, todo feliz, disse que precisava apenas de meias, mas que seu irmão precisava do restante. Combinei que no dia seguinte, quando ele passasse, lhe entregaria o material. Juntei todas as meias que pude, de todos os tamanhos e cores e dito e feito: com um “muito obrigado, senhora”, ele se foi. De vez em quando, ainda o via, mas com o passar do tempo não o vi mais… Até que certo dia a campainha soou e fui atender. Era um rapaz alto, mas aquele sorriso era o mesmo, me agradecendo mais uma vez pelas “meias” e, com um cesto de verduras verdinhas, me fez chorar… Ele me contou que as meias duraram muitos anos e em momento algum esqueceu o meu gesto. Às vezes, uma atitude tão simples faz toda a diferença na vida de alguém.
Seleções. Jan. 2011. p. 60.
O fato que gerou essa história foi a
- A) bondade da senhora.
- B) lembrança do rapaz.
- C) necessidade do irmão.
- D) temperatura da manhã.
A resposta correta é a letra A)
O fato gerador da narrativa apresentada é a bondade da senhora, conforme indicado pela alternativa A. A história se desenvolve a partir do gesto voluntário e compassivo da narradora ao perceber a necessidade do garoto e oferecer-lhe ajuda espontaneamente. Embora outros elementos como a lembrança do rapaz (B) e a necessidade do irmão (C) sejam consequências importantes do enredo, eles não representam o evento inicial que desencadeou toda a sequência de fatos. A temperatura da manhã (D) serve apenas como contexto ambiental para a percepção da situação, mas não é o cerne da ação principal. Portanto, a bondade manifestada pela personagem é claramente o ponto de partida e o motor central da trama.
Questão 7
FUGINDO DO HOSPITAL
O visitante vai passando pelo corredor do hospital, quando vê o amigo saindo disparado, cheio de tubos, da sala de cirurgia:
— Aonde é que você vai, rapaz?!
— Tá louco, bicho, vou cair fora!
— Mas, qual é, rapaz?! Uma simples operação de apendicite! Você tira isso de letra.
E o paciente:
— Era o que a enfermeira estava dizendo lá dentro: “Uma operaçãozinha de nada, rapaz! Coragem! Você tira isso de letra! Vai fundo, homem!”
— Então, por que você está fugindo?
— Porque ela estava dizendo isso era pro médico que ia me operar!
(Ziraldo. As melhores anedotas do mundo. Rio de Janeiro; Globo, 1988, p. 62.)
O lugar onde a história se passa
- A) Na entrada do hospital.
- B) Na recepção do hospital.
- C) No corredor do hospital.
- D) Na sala de operação.
A resposta correta é a letra C)
O texto da anedota "FUGINDO DO HOSPITAL" apresenta claramente o cenário onde a ação ocorre. Logo no início, é estabelecido que o visitante está "passando pelo corredor do hospital" quando avista o amigo "saindo disparado da sala de cirurgia". Esta descrição inicial já indica que a interação entre os personagens acontece no corredor hospitalar.
Embora a sala de cirurgia seja mencionada como local de origem da fuga do paciente, a narrativa se desenvolve especificamente no espaço do corredor, onde ocorre o diálogo entre o visitante e o paciente. A piada se constrói precisamente neste ambiente de transição entre a sala de operação e a saída do hospital.
As outras opções podem ser descartadas: não há menção à entrada (A) ou recepção (B) do hospital, e embora a sala de operação seja citada, a ação principal não ocorre dentro dela, mas sim no corredor adjacente (C). Portanto, a alternativa correta é a letra C, que identifica precisamente o espaço narrativo onde se desenrola a história.
Questão 8
A OUTRA NOITE
Outro dia fui a São Paulo e resolvi voltar à noite, uma noite de vento sul e chuva, tanto lá como aqui. Quando vinha para casa de táxi, encontrei um amigo e o trouxe até Copacabana; e contei a ele que lá em cima, além das nuvens, estava um luar lindo, de lua cheia; e que as nuvens feias que cobriam a cidade eram, vistas de cima, enluaradas, colchões de sonho, alvas, uma paisagem irreal.
Depois que o meu amigo desceu do carro, o chofer aproveitou o sinal fechado para voltar-se para mim:
— O senhor vai desculpar, eu estava aqui a ouvir sua conversa. Mas, tem mesmo luar lá em cima?
Confirmei: sim, acima da nossa noite preta e enlamaçada e torpe havia uma outra – pura, perfeita e linda.
— Mas, que coisa…
Ele chegou a pôr a cabeça fora do carro para olhar o céu fechado de chuva. Depois continuou guiando mais lentamente. Não sei se sonhava em ser aviador ou pensava em outra coisa.
— Ora, sim senhor…
E, quando saltei e paguei a corrida, ele me disse um “boa noite” e um “muito obrigado ao senhor” tão sinceros, tão veementes, como se eu lhe tivesse feito um presente de rei.
Rubem Braga
O fato que desencadeou a história foi
- A) A viagem a São Paulo.
- B) O mau tempo em são Paulo.
- C) O agradecimento do taxista.
- D) A conversa ouvida pelo taxista.
A resposta correta é a letra D)
O fato que desencadeou a história foi a conversa ouvida pelo taxista (alternativa D).
O texto demonstra que o motorista, ao ouvir a descrição do narrador sobre o luar acima das nuvens, teve sua curiosidade despertada, o que gerou todo o diálogo subsequente e o desfecho emocionado. Embora a viagem a São Paulo e o mau tempo configurem o cenário da narrativa, são elementos contextuais, não o evento catalisador. O agradecimento do taxista representa o clímax da história, mas é consequência do diálogo iniciado pela sua escuta da conversa. Portanto, o momento em que o taxista ouve a descrição do luar é o ponto de partida para o desenvolvimento central da narrativa.
Questão 9
Coração conta diferente
7 X 5 = 45 …
O Renato começou a rir e cochichou comigo:
— Essa menina é meio lelé.
Eu não ri nem falei nada. Mas uma coisa, lá dentro da minha cabeça, me disse que 7 X 5 = 35. Como foi a Adriana que tinha escrito no quadro, eu não percebi o erro. Aquele 4 que ela desenhou tão certinho no lugar do 3 era tão bonito! Até os números da Adriana são lindos!
— Tá errado, tia! Tá errado! — gritou, toda esganiçada, a Carina.
A tia então mandou a Adriana sentar. […]
Ela ficou com a cabeça abaixada um tempão. […]
Aí, arranquei a beiradinha da última página do meu caderno e escrevi:
Não liga, Adriana. O 45 que você escreve é tão lindo quanto o seu cabelo.
[…] Fiz bem depressa uma bolinha com o bilhete dobrado, mirei joguei. Ela caiu no colo da Adriana.
ALBERGARIA, Lino de. Coração conta diferente. 3.ed. São Paulo: Scipione, 1994. Fragmento.
Quem conta essa história é
- A) a menina que errou a tabuada.
- B) a menina que gritou “Tá errado!”.
- C) o menino que começou a rir.
- D) o menino que escreveu o bilhete.
A resposta correta é a letra D)
A resposta correta é a letra D) o menino que escreveu o bilhete.
Esta conclusão é fundamentada em várias evidências textuais: o narrador utiliza a primeira pessoa do singular ("eu não ri", "me disse", "escrevi", "mirei joguei"), posicionando-se como observador e participante da cena. Ele demonstra uma atitude diferenciada em relação aos outros personagens - enquanto Renato ri da Adriana e Carina a humilha publicamente, o narrador mostra empatia e admiração pela colega, chegando a escrever um bilhete anônimo para confortá-la. A ação de arrancar a beirada do caderno, escrever a mensagem e fazer uma bolinha de papel para jogar no colo da Adriana é descrita em primeira pessoa, confirmando que quem narra é exatamente aquele que praticou esse gesto de solidariedade.
Questão 10
Furto de flor
Carlos Drummond de Andrade
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor não é para ser bebida.
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há numa flor, se a contemplarmos bem.
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O porteiro estava atento e repreendeu-me.
— Que ideia a sua, vir jogar lixo de sua casa neste jardim!
Disponível em: https://www.contioutra.com/furto-de-flor-uma- cronica-de-carlos-drummond-de-andrade/. Acesso em: 04 jan. 2019.
O que deu origem à história foi
- A) o furto da flor no jardim.
- B) o porteiro do edifício cochilar.
- C) o narrador ter colocado a flor num copo de água.
- D) a flor empalidecer, mesmo com a renovação da água.
A resposta correta é a letra A)
O texto "Furto de flor" de Carlos Drummond de Andrade apresenta uma narrativa que se desenvolve a partir de um evento inicial específico. Analisando a estrutura do conto, percebe-se que toda a sequência de acontecimentos decorre de uma ação primordial: o ato de furtar a flor.
As demais alternativas representam consequências ou elementos secundários da narrativa:
- O porteiro cochilar (B) é uma circunstância que possibilitou o furto, mas não a origem da história
- Colocar a flor no copo (C) é uma ação posterior ao evento principal
- A flor empalidecer (D) representa o desenlace dramático da história, mas não seu ponto de partida
A narrativa estabelece claramente uma relação causal onde o furto da flor desencadeia toda a reflexão existencial sobre posse, culpa, responsabilidade e a efemeridade da vida, que constitui o cerne do texto. Sem este ato inicial, nenhum dos outros eventos teria ocorrido.