Questões Sobre o Descritor D17 - Português - 9º ano
Descritor 17: Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras notações.
Questão 1
Sem saída
E agora, o que faço?
Fujo, tremo, desmaio?
Encaro o meu amor,
Ponto final, reticências ou traço,
Fico ou saio?
TAVARES, Ulisses. Diário de uma paixão. São Paulo: Geração Editorial, 2003.
Nesse texto, as interrogações indicam
- A) surpresa.
- B) insatisfação.
- C) indiferença.
- D) dúvida.
A resposta correta é a letra B)
No texto poético "Sem saída", de Ulisses Tavares, as interrogações presentes nos versos "E agora, o que faço?", "Fujo, tremo, desmaio?" e "Fico ou saio?" expressam um estado de conflito interno e hesitação, revelando a insatisfação do eu lírico com as opções disponíveis diante de uma situação amorosa complexa. Embora as perguntas possam sugerir dúvida superficialmente, elas vão além de uma simples indecisão, pois carregam um tom de angústia e frustração perante a falta de soluções satisfatórias. A repetição de alternativas contrastantes ("Fujo" versus "Encaro", "Ponto final" versus "reticências ou traço", "Fico ou saio") evidencia não uma curiosidade neutra, mas uma profunda insatisfação com as possibilidades limitadas e paradoxais que se apresentam. Portanto, as interrogações funcionam como um recurso estético para destacar a impossibilidade de uma escolha que traga plenitude, reforçando o tema central do impasse e do descontentamento.
A resposta correta é a letra B) insatisfação.
Questão 2
SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª feira…
Quando se vê, passaram 60 anos…
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem — um dia — uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.
QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 1984. p. 40.
Nesse texto, o uso das reticências sugere que o eu lírico está
- A) confuso.
- B) esperançoso.
- C) eufórico.
- D) pensativo.
A resposta correta é a letra D)
O uso das reticências no texto de Mário Quintana sugere que o eu lírico está pensativo, representado pela alternativa D. As reticências aparecem em frases como "há tempo...", "já é 6ª feira..." e "passaram 60 anos...", criando pausas reflexivas que transmitem a sensação de um fluxo de pensamento introspectivo sobre a passagem do tempo e as oportunidades perdidas. Essa pontuação indica hesitação, contemplação e uma profundidade meditativa, rather than confusão, esperança ou euforia, pois o tom é melancólico e filosófico, alinhado com a reflexão sobre a efemeridade da vida.
Questão 3
Tintura milionária
A apresentadora Angélica recebeu uma proposta de 1,5 milhões de reais de uma gigante de tinturas para cabelos para pintar de ruivo suas louras melenas. Não topou. Não porque se importe de ficar ruiva — mas é que achou pouco.
(VEJA, nº19, 12 de maio de 2004, p. 37)
O travessão foi usado no texto para
- A) comentar a quantia que seria paga.
- B) destacar a opinião do autor.
- C) explicar a cor da tintura.
- D) iniciar a fala da apresentadora.
A resposta correta é a letra B)
O travessão no texto "Tintura milionária" foi utilizado para introduzir uma explicação ou esclarecimento sobre a decisão da apresentadora Angélica. A estrutura do período mostra que o segmento iniciado pelo travessão — "mas é que achou pouco" — funciona como uma justificativa que complementa a informação anterior ("Não topou. Não porque se importe de ficar ruiva").
Analisando as alternativas:
A) É incorreta porque o travessão não comenta a quantia (1,5 milhão), que já havia sido mencionada anteriormente.
B) É correta, pois o travessão introduz a opinião implícita da apresentadora sobre o valor ser insuficiente, funcionando como um comentário explicativo.
C) É incorreta, já que a cor da tintura (ruivo) é citada antes do travessão, não sendo objeto de explicação neste segmento.
D) É incorreta porque o travessão não marca discurso direto ou fala da apresentadora, mas sim um comentário narrativo sobre sua motivação.
Portanto, o travessão cumpre a função de destacar um elemento explicativo que traz a perspectiva subjetiva da personagem, caracterizando-se como um comentário opinativo inserido na narrativa.
Questão 4
Pico da Neblina, Monte Pascoal, Dedo de Deus, Pico das Agulhas Negras… São muitos os nomes das montanhas. Estas que citamos são apenas uma amostra das mais famosas que estão espalhadas pelo Brasil.
Os nomes dados aos elementos da paisagem tinham função semelhante à de um mapa: serviam para indicar rotas de caça, de água, de tipos de alimentos ou mesmo de abrigos referentes aos lugares por onde precisariam tornar a passar.
FARIA, Antonio Paulo. Ciência Hoje. 2 ed, n. 180, p. 07, jul. 2007. Fragmento.
Na primeira linha, as reticências (…) foram usadas para
- A) citar uma montanha que é a mais famosa de todas.
- B) destacar algumas montanhas que o autor prefere.
- C) indicar que há outras montanhas além daquelas citadas.
- D) iniciar uma explicação ao leitor sobre as montanhas.
A resposta correta é a letra C)
A resposta correta é a letra C porque as reticências (...) na primeira linha do texto cumprem a função de indicar que existem muitas outras montanhas além das quatro citadas pelo autor. Este recurso pontuação é utilizado para sugerir continuidade e extensão, mostrando que a lista de montanhas brasileiras é ampla e que os exemplos dados são apenas uma pequena representação. O texto deixa claro que há "muitos os nomes das montanhas" e que as mencionadas são "apenas uma amostra", confirmando que as reticências servem para marcar essa ideia de enumeração incompleta.
Questão 5
Boa Ação
(…) De repente, zapt, a cusparada veio lá do alto do edifício e varreu-lhe o braço direito que nem onda de ressaca. Horror, nojo, revolta: no meio das três sensações, o triste consolo de não ter sido no rosto, nem mesmo no vestido.
Como limpar “aquilo” sem se sujar mais? Teve ímpeto de atravessar a rua, a praia, meter-se de ponta cabeça no mar. Depois veio a ideia de entrar no primeiro edifício, apertar a primeira campainha, rogar em pranto à dona da casa: “Me salve desta imundície!”
ANDRADE, Carlos Drummond de. Boa ação. In: Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971.
O uso das aspas no trecho “Me salve desta imundície!” revela
- A) a revolta pela situação vivida.
- B) a intenção de fala do personagem.
- C) o destaque dado a palavras do texto.
- D) o estranhamento da personagem diante do fato.
A resposta correta é a letra B)
O uso das aspas no trecho "Me salve desta imundície!" tem a função de indicar a intenção de fala do personagem, marcando o discurso direto que ele pretende proferir. No contexto narrativo, as aspas delimitam a fala que a personagem planeja dizer ao entrar no primeiro edifício e rogar em pranto à dona da casa, representando suas palavras exatas como seriam pronunciadas. Essa utilização das aspas é convencional na língua portuguesa para sinalizar a reprodução fiel de um enunciado, diferenciando-o do restante do texto narrativo.
As demais alternativas não se adequam à função específica das aspas neste caso: não expressam revolta (A), pois o conteúdo da fala em si que poderia conter essa emoção; não destacam palavras isoladas do texto (C), mas sim um segmento de discurso direto; e não indicam estranhamento (D), uma vez que as aspas não carregam valor semântico de surpresa, apenas demarcam a fala projetada.
Questão 6

VERÍSSIMO, Luis Fernando. Disponível em: http://pipocaenanquim.com.br/wp-content /uploads/2011/11/AsCobrastiras.jpg>.Acesso em: 11 jul. 2014.
No trecho “Mas não jogou só duas?”, o ponto de interrogação foi utilizado para
- A) apresentar um deboche do personagem.
- B) destacar a incompreensão do personagem.
- C) realçar o interesse do personagem na conversa.
- D) revelar uma crítica do personagem ao treinador.
A resposta correta é a letra B)
O ponto de interrogação no trecho "Mas não jogou só duas?" foi utilizado para destacar a incompreensão do personagem. A pergunta retórica demonstra que o personagem está confuso com a informação recebida, indicando uma quebra na sua compreensão sobre o número de jogos mencionados. Esta interpretação se alinha com o contexto do diálogo, onde o personagem expressa surpresa diante de uma afirmação que contradiz seu entendimento prévio, caracterizando assim uma dúvida genuína rather than deboche, interesse ou crítica.
Questão 7
O dente mágico
Um dia, nas profundezas do oceano, Pirata, o terrível tubarão, perdeu o dente em uma batalha com outros tubarões. Era um dente especial, um dente mágico e, sem ele, perdeu também toda a sua força. Então, Pirata ficou medroso e inofensivo, apenas a sua reputação de predador feroz e cruel permanecia, mas, por quanto tempo? Ele tinha que encontrar seu dente mágico rapidamente, porque, se a notícia se espalhasse, alguns moradores do oceano não hesitariam em desafiá-lo. Mas, como?
Durante a luta, Pirata tinha visto os dentes desaparecerem em um buraco no fundo do mar. Ele hesitou um pouco, mas não havia outra alternativa: aventurou-se pela fenda, que parecia iluminada de dentro para fora. Lá embaixo, a luz era deslumbrante! Chegando ao fundo, ele viu um mundo belo, cheio de animais marinhos desconhecidos. Em um canto, um animal estranho sorriu. A fera tinha o dente mágico do tubarão em suas garras.
Pirata foi lá para tentar recuperar o seu bem precioso, mas o estranho animal se recusou a lhe dar. “Esse dente é meu” — disse Thor, em tom não muito amigável — “Mas posso fazer um acordo com você. Eu vou devolver o seu dente, tubarão, mas com uma condição: no futuro, quero que você use a sua força para uma boa causa.” “Mas como vou comer?” — perguntou o tubarão. A fera insistiu: “Prometa-me, e devolvo o seu dente, senão você vai ficar pior do que uma sardinha!”. O tubarão, é claro, aceitou a oferta para recuperar o seu dente. Depois desse susto, o tubarão nunca mais foi cruel. Ele cumpriu a promessa que fez ao estranho ser das profundezas do mar.
MURAT. D’Annie. 365 histórias – uma para cada dia do ano! Martim G. Wollstein (Trad.). Blumenau: Blu editora, 2010. p.105. Fragmento.
No trecho “… a luz era deslumbrante!” (2° parágrafo), o ponto de exclamação indica
- A) admiração.
- B) alívio.
- C) curiosidade.
- D) susto.
A resposta correta é a letra A)
No trecho "a luz era deslumbrante!", o ponto de exclamação indica admiração, conforme a alternativa A. Isso porque o contexto narrativo descreve a descoberta de um mundo subaquático belo e iluminado, onde Pirata se depara com um cenário impressionante e surpreendente. O uso do ponto de exclamação reforça o tom de espanto positivo e encantamento diante daquela visão extraordinária, caracterizando admiração e não emoções como alívio, curiosidade ou susto.
Questão 8
É bom dormir depois do almoço?
Depende. Pessoas que têm problemas de estômago ou sofrem de insônia e apneia do sono (interrupção da respiração por mais de 10 segundos enquanto dormem) não devem cochilar depois do almoço, pois esse descanso pode, respectivamente, prejudicar a digestão e comprometer o sono da noite. Fora isso, a sesta, comum em países como Espanha e Itália, não tem qualquer contraindicação e pode ser uma forma eficiente de recarregar as baterias. “Sem ela, o organismo de muita gente não funciona bem”, afirma a neurologista Dalva Poyares, coordenadora do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Segundo os especialistas, além de tornar a pessoa mais ativa e produtiva, a sesta pode melhorar a digestão, pois deixa o organismo livre para concentrar suas energias no funcionamento do sistema digestor. Pesquisa realizada pela Nasa, a agência espacial norte-americana, revelou que 40 minutos de sono depois de uma refeição, no meio de uma jornada de trabalho, aumentam em 34% a capacidade produtiva. A única ressalva é quanto ao tempo de duração e ao horário do cochilo. “Para não perturbar o sono noturno, ele não pode ser superior a uma hora e deve ocorrer preferencialmente entre 13 e 17 horas, conforme o relógio biológico de cada um”, explica Dalva.
Disponível em: http://vidasimples.abril.com.br/100respostas/ conteudo_258554.shtml>. Acesso em: 08 set. 2010.
No trecho “…(interrupção da respiração por mais de 10 segundos enquanto dormem)…”, os parênteses foram usados com a finalidade de
- A) comentar um acontecimento.
- B) detalhar uma informação.
- C) esclarecer um vocábulo.
- D) introduzir nova informação.
A resposta correta é a letra A)
No trecho "(interrupção da respiração por mais de 10 segundos enquanto dormem)", os parênteses foram utilizados para comentar um acontecimento. A expressão entre parênteses funciona como uma observação explicativa sobre a apneia do sono, caracterizando-se como um comentário adicional que detalha o significado dessa condição médica mencionada no texto.
Esta função dos parênteses se enquadra na alternativa A, pois não se trata de um simples detalhamento (B), nem de esclarecimento de vocábulo (C) ou introdução de informação nova (D), mas sim de um comentário explicativo inserido no fluxo do texto para melhor compreensão do leitor.
Questão 9

O uso do ponto de exclamação no 3° quadrinho significa
- A) indignação.
- B) decepção.
- C) impaciência.
- D) Inquietação.
A resposta correta é a letra A)

O uso do ponto de exclamação no 3° quadrinho significa
- A) indignação.
- B) decepção.
- C) impaciência.
- D) Inquietação.
A resposta correta é a letra A
O ponto de exclamação no terceiro quadrinho expressa indignação, pois transmite uma reação de protesto ou revolta diante de uma situação considerada injusta ou absurda. Na linguagem escrita, os pontos de exclamação são frequentemente utilizados para marcar entonações emocionais intensas, como surpresa, alegria, raiva ou, neste caso específico, indignação. A exclamação demonstra que o personagem está manifestando forte contrariedade em relação ao conteúdo da fala anterior, caracterizando um sentimento de reprovação energética.
Questão 10
Transplante de menina
Tatiana Belinky
[…] Na Avenida Rio Branco, reta, larga e imponente, embicando no cais do porto […] tivemos a nossa primeira impressão — e que impressão! — do carnaval brasileiro. […] O que nós vimos, no Rio de Janeiro, não se parecia com nada que eu pudesse sequer imaginar nos meus sonhos mais desvairados.
Aquelas multidões enchendo toda a avenida, aquele corso — desfile interminável e lento de carros, pára-choque com pára-choque, capotas arriadas, apinhados de gente fantasiada e animadíssima. Todo aquele mundaréu de homens, mulheres, crianças de todos os tipos, de todas as cores, de todos os trajes — todos dançando e cantando, pulando e saracoteando, jogando confetes e serpentinas que chegavam literalmente a entupir a rua e se enroscar nas rodas dos carros… E os lança-perfumes, que que é isso minha gente! E os “cordões”, os “ranchos”, os “blocos de sujos” — e todo o mundo se comunicando, como se fossem velhos conhecidos, se tocando, brincando, flertando — era assim que se chamavam os namoricos fortuitos,. a paquera da época —, tudo numa liberdade e descontração incríveis, especialmente para aqueles tempos tão recatados e comportados…
[…] Vi muitos carnavais daquele, participei mesmo de vários, e curti-os muito. Mas nada, nunca mais, se comparou com aquele primeiro carnaval no Rio de Janeiro, um banho de Brasil, inesquecível…
Transplante de menina, São Paulo, Moderna, 2003
No trecho “… tivemos a nossa primeira impressão — e que impressão! — do carnaval brasileiro.”, o uso do ponto de exclamação expressa
- A) ironia
- B) ênfase
- C) exagero
- D) cuidado
A resposta correta é a letra B)
No trecho "tivemos a nossa primeira impressão — e que impressão! — do carnaval brasileiro", o uso do ponto de exclamação tem a função de expressar ênfase. A autora Tatiana Belinky utiliza esta pontuação para realçar a intensidade e o impacto da experiência vivida, demonstrando que a impressão foi marcante, extraordinária e profundamente significativa. O ponto de exclamação serve para transmitir ao leitor a força emocional dessa primeira vivência do carnaval carioca, que é descrito ao longo do texto como uma experiência avassaladora e inesquecível.
Esta escolha pontuacional corrobora o tom de admiração e espanto que perpassa toda a descrição do carnaval, onde a autora enfatiza repetidamente o caráter único e surpreendente da festa. A exclamação não carrega ironia (A), pois a narrativa é genuinamente entusiástica; não constitui exagero (C), já que o texto detalha concretamente a grandiosidade do evento; e muito menos demonstra cuidado (D), uma vez que a linguagem é vibrante e despreocupada, refletindo a própria atmosfera carnavalesca descrita.