Ao compararmos os dois textos constatamos que A) o texto I aborda o direito à privacidade dos jovens. B) o texto II aborda medidas de proteção aos jovens. C) os textos I e II abordam “o controle da vida dos filhos” sob pontos de vistas iguais. D) os textos I e II abordam “o controle da vida dos filhos” sob pontos de vistas opostos.
Texto I
“Coleira” é necessária para alguns IÇAMI TIBA
[…]
Quem vai dizer se tem de haver um controle ou não é a própria vida que o adolescente leva nesse processo de “segundo parto” — porque a adolescência é o segundo parto para ganhar a autonomia comportamental.
Agora, uma vez que ele não se mostre competente para ditar os próprios rumos e, em vez de ir à escola fica no bar da esquina, o controle é necessário.
Nesse contexto, aparelhos rastreadores capazes de deixar os filhos localizáveis o tempo todo, que chamo de “coleira virtual”, são bastante viáveis.
Esses jovens que precisam de controle não tomam as medidas de proteção necessárias e acabam se expondo a todo o tipo de perigo. Em vez de manter a família informada, simplesmente desaparecem. Os pais têm de impor limites: se largar o celular em qualquer lugar, então não merece sair.
Nesse ponto, tem de ser um pouco mais radical, porque alguns adolescentes transcendem os limites, e os pais só vão saber na hora de tirá-los, na melhor das hipóteses, da delegacia.
Assim como há jovens que podem ir para a “balada” sem maiores preocupações, existem outros que precisam, sim, dessa “coleira virtual”.
TIBA, Içami. “Coleira” é necessária para alguns. Folha de São Paulo. Último acesso:19/09/2013.
Texto II
Trocamos educação por tecnologia?
[…]
O controle é eficiente para acalmar as aflições dos pais. É eficiente, ainda, para provocar efeitos colaterais dos mais indesejáveis, e outros riscos. Vejamos.
Em primeiro lugar, se tem quem controle o jovem, por que haveria ele de se responsabilizar pelo autocontrole? Mais fácil deixar para os pais essa tarefa difícil já que eles assim o desejam. Em segundo, tem a dificuldade da construção da privacidade. E sem privacidade, não há intimidade. E tem mais, ainda: se os pais não acreditam que o filho seja capaz de avaliar situações de risco, de se proteger, de caminhar com as próprias pernas, por que ele mesmo acreditaria?
Pensando bem, é uma bobagem preocupar-se com isso. Os jovens sempre têm respostas inteligentes para propostas medíocres. Eles encontrarão um jeito de burlar o dispositivo. Não são eles os melhores no uso da tecnologia?
SAYÃO, Rosely. Trocamos educação por tecnologia? Folha de São Paulo. Último acesso:19/09/2013.
Ao compararmos os dois textos constatamos que
- A) o texto I aborda o direito à privacidade dos jovens.
- B) o texto II aborda medidas de proteção aos jovens.
- C) os textos I e II abordam “o controle da vida dos filhos” sob pontos de vistas iguais.
- D) os textos I e II abordam “o controle da vida dos filhos” sob pontos de vistas opostos.
Resposta:
A resposta correta é a letra D)
Ao analisar comparativamente os textos I e II, observa-se que ambos abordam a questão do controle parental sobre a vida dos filhos, porém sob perspectivas diametralmente opostas.
O texto I, de Içami Tiba, defende a necessidade do controle através do que denomina "coleira virtual", argumentando que adolescentes que demonstram incompetência em gerir sua própria vida - como abandonar estudos para frequentar bares - necessitam de dispositivos de rastreamento e limites impostos pelos pais. O autor justifica essa posição citando riscos reais que esses jovens enfrentariam sem supervisão.
Já o texto II, de Rosely Sayão, apresenta uma visão crítica sobre esse mesmo controle, argumentando que a vigilância excessiva pode gerar efeitos colaterais indesejáveis: prejudica o desenvolvimento da responsabilidade, dificulta a construção da privacidade e intimidade, e pode minar a autoconfiança dos jovens. A autora ainda sugere que os jovens encontrariam maneiras de burlar tais dispositivos.
Portanto, enquanto o texto I defende o controle como medida protetiva necessária, o texto II o questiona como potencialmente prejudicial ao desenvolvimento adolescente, configurando efetivamente pontos de vista opostos sobre a mesma questão central.
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