No trecho, “Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal.”, a expressão “dei com a novidade” é um exemplo de linguagem A) formal B) técnica. C) jurídica. D) informal.
Galinha ao molho pardo
Fernando Sabino
Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal.
O quintal de nossa casa era grande, mas não tinha galinheiro, como quase toda casa de Belo Horizonte naquele tempo. Tinha era uma porção de árvores: um pé de manga sapatinho, outro de manga coração-de-boi, um pé de gabiroba, um pé de goiaba branca, outro de goiaba vermelha, um pé de abacate e até um pé de fruta-de-conde. […]
Pois no fundo do quintal que eu vi a galinha, toda folgada, ciscando na caixa de areia. Havia sido comprada por minha mãe para o almoço de domingo: Dr. Junqueira ia almoçar em casa e ela resolveu fazer Galinha ao molho pardo.
Eu já tinha visto a Alzira matar galinha, uma coisa terrível. Agarrava a coitada pelo pescoço, agachava, apertava o corpo dela entre os joelhos, torcia com a mão esquerda a cabecinha assim para um lado, e com a direita, zapt! Passava o facão afiado, abrindo um talho no gogó. O sangue esguichava longe. Ela aparava logo o esguicho com uma bacia, deixando que escorresse ali dentro até acabar. E a bichinha ainda viva, estrebuchando nas mãos da malvada.
Como se fosse a coisa mais natural deste mundo, a Alzira me contou o que ia acontecer com a nova galinha.
Revoltado, resolvi salvá-la. […]
SABINO, Fernando. O menino no espelho. Rio de Janeiro: Record, 1992.
No trecho, “Ao chegar da escola, dei com a novidade: uma galinha no quintal.”, a expressão “dei com a novidade” é um exemplo de linguagem
- A) formal
- B) técnica.
- C) jurídica.
- D) informal.
Resposta:
A resposta correta é a letra D)
A expressão "dei com a novidade" presente no texto de Fernando Sabino representa um claro exemplo de linguagem informal. Esta constatação fundamenta-se em três aspectos principais:
Primeiramente, a expressão pertence ao registro coloquial do português brasileiro, sendo amplamente utilizada em situações do cotidiano para indicar um encontro casual ou descoberta inesperada. Trata-se de uma construção idiomática típica da oralidade que transmite espontaneidade e proximidade comunicativa.
Em segundo lugar, o contexto narrativo reforça essa característica informal. O texto integra uma obra literária que recria memórias infantis, utilizando uma linguagem que imita o fluxo natural do pensamento e da fala. O narrador-personagem relata uma experiência pessoal com familiaridade, empregando expressões que refletem o uso comum da língua.
Por fim, contrasta-se com os outros registros mencionados nas alternativas: a linguagem formal seguiria normas padrão mais rígidas; a técnica empregaria terminologia específica de alguma área do conhecimento; e a jurídica utilizaria vocabulário próprio do direito. A expressão em análise distancia-se desses registros especializados, situando-se claramente no âmbito da informalidade narrativa.
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