A expressão destacada na frase “— Nem lenço, nem lourenço. Não sou lenço de ninguém. A menos que…” indica que o político A) pode aceitar o cargo, sob certas condições. B) foi interrompido e não conseguiu terminar a frase. C) tomará a decisão por conta própria. D) está despreparado para o cargo.
Assume? Não assume?
— SÓ UMA PERGUNTA, V. Exa. vai assumir a pasta para a qual foi nomeado?
— Não.
— Mas esse não é: não! Mesmo ou simplesmente: não?
— N… ão.
— Então quer dizer que V. Exa. não vai assumir coisa nenhuma, não é assim?
— Não, não. Talvez assuma.
— E talvez não assuma.
— Posso assumir, está compreendendo? E ficar de ministro 45 dias.
— Servindo de lenço?
— Nem lenço, nem lourenço. Não sou lenço de ninguém. A menos que…
— ?
— Quer dizer, depende. Entretanto, contudo, todavia, como se diz…
— E quando se decide, Excelência?
— Eu é que sei? Quem é que sabe alguma coisa neste momento, menino? Acordo de manhã e digo pra mim mesmo, no espelho: você não vai aceitar. E não aceito, pronto. Daí a pouco, telefonam lá da Granja do Torto: tem de aceitar, ora essa! Aceito, que remédio?
Quando chega de tarde […]
Carlos Drummond de Andrade
A expressão destacada na frase “— Nem lenço, nem lourenço. Não sou lenço de ninguém. A menos que…” indica que o político
- A) pode aceitar o cargo, sob certas condições.
- B) foi interrompido e não conseguiu terminar a frase.
- C) tomará a decisão por conta própria.
- D) está despreparado para o cargo.
Resposta:
A resposta correta é a letra A)
A expressão "Nem lenço, nem lourenço. Não sou lenço de ninguém. A menos que..." utilizada pelo político no texto de Carlos Drummond de Andrade revela uma postura de condicionalidade em relação à aceitação do cargo ministerial.
A análise do contexto dialógico demonstra que o personagem mantém uma atitude ambígua e vacilante quanto à assumir a pasta, alternando entre negativas e possibilidades de aceitação. A construção "a menos que" introduce explicitamente uma exceção à recusa anterior, estabelecendo que sua não aceitação está sujeita a condições não explicitadas.
Esta interpretação se consolida ao observar o desenvolvimento completo do diálogo, onde o político demonstra que sua decisão depende de fatores externos ("telefonam lá da Granja do Torto: tem de aceitar") e de um processo interno de hesitação ("Acordo de manhã e digo pra mim mesmo [...] não aceito. Daí a pouco [...] aceito").
Portanto, a expressão destacada indica que a recusa inicial não é absoluta, mas sim condicionada a circunstâncias específicas, o que corrobora a alternativa A como correta.
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