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Questões Sobre o Descritor D19 - Português - 9º ano

Descritor 19: Reconhecer o efeito decorrente da exploração de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.

Questão 11

O XÁ DO BLA-BLÁ-BLÁ

    Era uma vez, no país de Alefbey, uma triste cidade, a mais triste das cidades, uma cidade tão arrasadoramente triste que tinha esquecido até seu próprio nome. Ficava à margem de um mar sombrio, cheio de peixosos — peixes queixosos e pesarosos, tão horríveis de se comer que faziam as pessoas arrotarem de pura melancolia, mesmo quando o céu estava azul.

    Ao norte dessa cidade triste havia poderosas fábricas nas quais a tristeza (assim me disseram) era literalmente fabricada, e depois embalada e enviada para o mundo inteiro, que parecia sempre querer mais. Das chaminés das fábricas de tristeza saía aos borbotões uma fumaça negra, que pairava sobre a cidade como uma má notícia.

RUSHDIE, Salman. Haroun e o Mar de Histórias. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

“… uma cidade tão arrasadoramente triste…”, o uso da palavra arrasadoramente, (1º parágrafo), sugere

  • A) intensificação da tristeza.
  • B) empobrecimento da cidade.
  • C) descrição de seu modo de ser.
  • D) crítica aos habitantes da cidade.
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A resposta correta é a letra A)

O uso do advérbio "arrasadoramente" no primeiro parágrafo do texto tem a função de intensificar a qualidade de tristeza atribuída à cidade. Na língua portuguesa, os advérbios terminados em "-mente" atuam como modificadores que acrescentam uma noção de modo, intensidade ou circunstância ao adjetivo que acompanham. Neste caso específico, "arrasadoramente" deriva do adjetivo "arrasador", que significa algo devastador, esmagador ou extremamente intenso.

Analisando o contexto: a expressão "tão arrasadoramente triste" estabelece um grau superlativo de tristeza, sugerindo que a cidade não era apenas triste, mas profundamente, overwhelmingly triste a ponto de ter esquecido seu próprio nome. A palavra opera como um intensificador que amplifica a força semântica do adjetivo "triste", descartando outras interpretações como empobrecimento (que seria mais relacionado a condições materiais), descrição de modo de ser (que seria mais neutro) ou crítica aos habitantes (já que o foco é na atmosfera da cidade, não no comportamento das pessoas).

Portanto, a alternativa A é a correta porque identifica precisamente a função intensificadora do advérbio na construção do sentido do texto.

Questão 12

Primeiros Erros

Kiko Zambianchi

    Meu caminho é cada manhã

    Não procure saber onde vou

    Meu destino não é de ninguém

    Eu não deixo os meus passos no chão

    […]

    Se um dia eu pudesse ver

    Meu passado inteiro

    E fizesse parar chover

    Nos primeiros erros

    O meu corpo viraria sol

    Minha mente viraria

    Mas só chove e chove

    Chove e chove.

Disponível em: https://www.letras.mus.br/ kiko-zambianchi/46827/ Acesso em: 20 maio 2016.

A repetição do verbo “chove” no texto sugere

  • A) a intensificação dos sentimentos do eu lírico.
  • B) o contentamento do eu lírico com o seu passado.
  • C) o distanciamento do eu lírico em relação as pessoas.
  • D) a modificação da visão do eu lírico em relação a sua vida.
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A resposta correta é a letra A)

A repetição do verbo "chove" no poema "Primeiros Erros" de Kiko Zambianchi constitui uma figura de linguagem conhecida como anáfora, onde a mesma palavra é reiterada para criar ênfase e intensidade. Esta repetição não é meramente estilística, mas carrega profunda carga semântica e emocional.

Analisando o contexto do poema, o eu lírico expressa um desejo de revisitar seu passado ("Se um dia eu pudesse ver/Meu passado inteiro") e interromper simbolicamente a chuva que cai sobre "os primeiros erros". Contudo, a realidade apresentada é de insistência e permanência dessa chuva ("Mas só chove e chove/Chove e chove"), que metaforicamente representa as consequências, arrependimentos ou lembranças persistentes desses erros.

A alternativa A está correta porque a repetição amplifica a sensação de constância e intensidade do estado emocional do eu lírico. Cada "chove" acrescenta camadas de significado, reforçando a ideia de que as emoções vinculadas aos erros do passado são contínuas e avassaladoras, como uma chuva que não cessa. Esta técnica literária transforma a chuva numa manifestação física de seu tormento interior, intensificando a percepção de seu sofrimento e impotência diante dessas memórias.

As demais alternativas são incorretas porque: a letra B contradiz o tom nostálgico e doloroso; a letra C não encontra respaldo no texto, que foca na relação do eu lírico com seu próprio passado, não com outras pessoas; e a letra D não se sustenta, já que a repetição indica imutabilidade, não transformação da perspectiva.

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