Questões Sobre o Descritor D8 - Português - 9º ano
Descritor 08: Estabelecer relação entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la.
Questão 1
Revolução nos cinemas
Naves saltando da tela, monstros prestes a atacar o público e sensação de estar voando são alguns exemplos de cenas dos filmes em 3D que se tomaram febre nos últimos anos. A cada nova produção, a tecnologia nas salas de cinema fica aprimorada, levando o espectador para mais perto do real. Por isso, investir em películas tem sido a regra em todo o mundo — e sempre dando lucros.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Cinema (Ancine) realizado de 1o de janeiro a 2 de setembro de 2010, o filme Shrek para sempre 3D registrou lucro de RS 70,1 milhões — a maior renda bruta dos cinemas brasileiros. A animação teve 779 cópias exibidas em 687 salas em todo o país, para um público de 7,3 milhões de pessoas. (…)
O filme que bateu recorde de bilheterias no mundo todo e aqui no Brasil, de acordo com o Grupo Severiano Ribeiro, foi Avatar 3D, faturando mais de USS 2,5 bilhões. Em terras brasileiras, o filme ultrapassou o posto anterior que pertencia ao filme A era do gelo 3.
TORRES. Bruna Correio Brasiliense. Brasília, quirta-feira. 4 de nov do 2010 Caderno do Anos p 14. Fragmento.
Nesse texto, o argumento que sustenta a tese de que “investir em películas tem sido a regra em todo o mundo e dá lucro” é que
- A) as cópias se multiplicam.
- B) as figuras saltam da tela.
- C) os filmes são quase reais.
- D) os lucros são astronômicos.
A resposta correta é a letra D)
O texto apresenta como principal evidência para sustentar a tese de que "investir em películas tem sido a regra em todo o mundo — e sempre dando lucros" os dados concretos sobre os lucros extraordinários gerados pelos filmes em 3D. A menção específica aos "RS 70,1 milhões" arrecadados por "Shrek para sempre 3D" no Brasil e aos "USS 2,5 bilhões" faturados globalmente por "Avatar 3D" constitui um argumento quantitativo e irrefutável que comprova a rentabilidade do investimento nessa tecnologia. Embora as opções A, B e C mencionem características atraentes do cinema 3D (como a multiplicação de cópias, o efeito visual imersivo e a proximidade com o real), são justamente os "lucros astronômicos" — explicitamente citados no texto e corroborados por dados da Ancine e do Grupo Severiano Ribeiro — que fundamentam diretamente a afirmação inicial sobre a viabilidade econômica desse investimento.
Questão 2
Artigo
Jornal O Globo
É importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O argumento usado para mostrar que é importante desenvolver pesquisas com células tronco encontra-se na alternativa:
- A) As aplicações das células-tronco, já demonstraram um poder curativo animador.
- B) Foi apenas um incentivo de um famoso.
- C) A pesquisa tem um custo irrisório para o estado.
- D) As pesquisas não oferecem nenhuma esperança.
A resposta correta é a letra A)
Artigo
Jornal O Globo
É importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O argumento usado para mostrar que é importante desenvolver pesquisas com células tronco encontra-se na alternativa:
- A) As aplicações das células-tronco, já demonstraram um poder curativo animador.
- B) Foi apenas um incentivo de um famoso.
- C) A pesquisa tem um custo irrisório para o estado.
- D) As pesquisas não oferecem nenhuma esperança.
A resposta correta é a letra A
Explicação: O texto apresenta como principal argumento o fato de que as pesquisas com células-tronco "já estão fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor". Esta informação corresponde exatamente à alternativa A, que destaca o poder curativo animador já demonstrado pelas aplicações das células-tronco. As demais alternativas não se sustentam: a B ignora o mérito científico em favor de uma influência pessoal; a C é falsa pois menciona um alto custo (US$ 3 bilhões); e a D contradiz frontalmente o conteúdo do texto.
Questão 3
Direito de morrer ou direito à dignidade
(Daniele Carvalho)
No início da semana, uma menina inglesa, de apenas 13 anos, foi notícia no mundo. Hannah Jones teve leucemia e os fortes remédios ingeridos desde os 5 anos de idade enfraqueceram seu coração. Hannah precisaria passar por uma cirurgia para tentar evitar a morte, mas teria poucas chances de sucesso. Além disso, se sobrevivesse, a adolescente teria que se submeter a cuidados médicos intensivos pelo resto da vida. Hannah optou por não fazer a cirurgia e disse que prefere morrer com dignidade. O hospital onde ela estava internada entrou com um processo na Justiça para obrigá-la a fazer a operação. Após ser examinada por uma assistente social, o hospital desistiu da causa, dando à menina o direito de morte e de voltar para casa.
Segundo o bioeticista Dr. Carlos Henrique Debenedito, as crianças tem após os 8 anos um desenvolvimento cognitivo, ou seja, uma capacidade de ouvir e compreender. “A partir desta idade, são capazes de ter uma posição definida sobre qualquer assunto, mesmo que o raciocínio dependa de tirar dúvidas para esclarecer questões na mente.
O argumento usado por Hannah para não se submeter à cirurgia, foi:
- A) O medo visível do procedimento cirúrgico.
- B) A recusa aos cuidados médicos pelo resto da vida.
- C) Os pais da menina eram contra a sua decisão.
- D) A menina alegou que não era necessária a cirurgia.
A resposta correta é a letra B)
Direito de morrer ou direito à dignidade
(Daniele Carvalho)
No início da semana, uma menina inglesa, de apenas 13 anos, foi notícia no mundo. Hannah Jones teve leucemia e os fortes remédios ingeridos desde os 5 anos de idade enfraqueceram seu coração. Hannah precisaria passar por uma cirurgia para tentar evitar a morte, mas teria poucas chances de sucesso. Além disso, se sobrevivesse, a adolescente teria que se submeter a cuidados médicos intensivos pelo resto da vida. Hannah optou por não fazer a cirurgia e disse que prefere morrer com dignidade. O hospital onde ela estava internada entrou com um processo na Justiça para obrigá-la a fazer a operação. Após ser examinada por uma assistente social, o hospital desistiu da causa, dando à menina o direito de morte e de voltar para casa.
Segundo o bioeticista Dr. Carlos Henrique Debenedito, as crianças tem após os 8 anos um desenvolvimento cognitivo, ou seja, uma capacidade de ouvir e compreender. "A partir desta idade, são capazes de ter uma posição definida sobre qualquer assunto, mesmo que o raciocínio dependa de tirar dúvidas para esclarecer questões na mente.
O argumento usado por Hannah para não se submeter à cirurgia, foi:
- A) O medo visível do procedimento cirúrgico.
- B) A recusa aos cuidados médicos pelo resto da vida.
- C) Os pais da menina eram contra a sua decisão.
- D) A menina alegou que não era necessária a cirurgia.
A resposta correta é a letra B
Explicação: O texto deixa claro que Hannah Jones optou por não fazer a cirurgia porque, mesmo que sobrevivesse ao procedimento, ela teria que "se submeter a cuidados médicos intensivos pelo resto da vida". Esta recusa aos cuidados médicos permanentes está diretamente relacionada com seu desejo de "morrer com dignidade", conforme expresso no texto. As demais alternativas não correspondem às informações apresentadas: não há menção ao medo do procedimento (A), os pais não são citados como contra sua decisão (C), e ela nunca alegou que a cirurgia não era necessária (D).
Questão 4
Por um país de mala branca
(Mauro Chaves)
Já que os valores morais da sociedade brasileira se encontram tão destroçados (pelo menos no momento), é preciso buscar novas formas de conter os distúrbios de nosso convívio humano e as ameaças à nossa já precária coesão social. E já que nossa sociedade se mostra tão avessa à punição pelo desrespeito à lei (pois a cada eleição perdoa tantos nas urnas), façamo-la, de vez, cumprir a lei apenas mediante incentivos.
Recente moda futebolística pode-nos apontar o caminho dessa transformação, que troca a sanção pelo estímulo e a punição pela perda de vantagem. É a chamada prática da “mala branca”, pela qual um clube paga a outro para que este ganhe. É claro que isso nada tem que ver com o suborno da “mala preta” — a execrável compra de goleiros, zagueiros e outros de um time para que deixem a bola passar e percam o jogo. A “mala branca”, ao contrário, é um saudável incentivo para que os profissionais do esporte ajam corretamente, isto é, esforcem-se ao máximo para ganhar um jogo.
Encontramos a tese do texto em: “É preciso buscar novas formas de conter os distúrbios de nosso convívio humano e as ameaças à nossa já precária coesão social”.
O argumento que sustenta essa tese é:
- A) É preciso buscar novos métodos de conter os distúrbios sociais.
- B) A violência no futebol é um fato crescente.
- C) Os valores morais da sociedade brasileira se encontram muito destroçados.
- D) A nossa sociedade ainda não perdeu seus valores morais.
A resposta correta é a letra A)
O texto "Por um país de mala branca" de Mauro Chaves apresenta como tese central a necessidade de buscar novas formas de conter os distúrbios do convívio humano e as ameaças à coesão social brasileira. A questão solicita a identificação do argumento que sustenta essa tese.
Analisando as alternativas:
A) Correta - Reflete diretamente a proposta do autor de substituir mecanismos punitivos por incentivos, alinhando-se com a ideia da "mala branca" como modelo alternativo.
B) Incorreta - O futebol é usado como analogia, não como argumento central sobre violência esportiva.
C) Incorreta - Embora mencione a degradação moral, esta serve como contexto, não como argumento sustentador da tese principal.
D) Incorreta - Contradiz explicitamente o texto, que afirma justamente o oposto sobre os valores morais.
Portanto, a alternativa A constitui o argumento que efetivamente desenvolve e sustenta a tese proposta pelo autor.
Questão 5
O maravilhoso mundo dos ricos
A crise existe, é forte, mas nunca atinge a todos. Nos próximos dias, será lançado em São Paulo, no Jardins, um prédio de luxo cuja cobertura está sendo vendida por 19,5 milhões de reais. Isso mesmo: cerca de 6,5 milhões de dólares pelos seus 1.152 metros quadrados. Para quem estiver interessado mas, eventualmente, ainda não tiver toda essa grana na mão: o apartamento pode ser para em até 34 meses.
(VEJA, nº19, 12/05/2004. p.37.)
“A crise existe, é forte, mas nunca atinge a todos”. Para reforçar essa idéia, o autor utiliza como argumento o fato de
- A) um apartamento de luxo ser vendido por 19,5 milhões de reais.
- B) um apartamento de luxo ser vendido em dólares.
- C) um apartamento de luxo estar localizado nos Jardins.
- D) um apartamento de luxo ter 1.152 metros quadrados.
A resposta correta é a letra A)
A resposta correta é a letra A porque o autor utiliza especificamente o valor exorbitante do apartamento (19,5 milhões de reais) como evidência concreta para sustentar a ideia de que a crise econômica, embora severa, não afeta uniformemente toda a população. Este argumento destaca a disparidade social: enquanto muitos enfrentam dificuldades financeiras, há um segmento da sociedade com poder aquisivo suficiente para adquirir imóveis de luxo a preços astronômicos. As demais alternativas (B, C e D) apresentam características secundárias da transação imobiliária, mas não são o cerne do contraste econômico explorado pelo texto.
Questão 6
CIÊNCIA
A Terra está esquentando mesmo?
Nem todos os cientistas acreditam nisso CLAUDIO ANGELO – EDITOR DE CIÊNCIA Embora a maioria dos cientistas ache que a Terra está esquentando e que o homem é o culpado, alguns pesquisadores dizem que não, ou que os efeitos do aquecimento global não serão graves. São os chamados “céticos” do clima.
Vários desses cientistas recebem dinheiro de indústrias poluidoras, o que lança dúvidas sobre o que eles dizem. Mas muitos são pesquisadores reconhecidos.
Eles acham exageradas as previsões de que os efeitos do aquecimento global serão catastróficos. Uma dessas previsões já se mostrou errada: a de que as geleiras do Himalaia vão derreter daqui a 20 anos.
Outro medo dos cientistas era o de que o aquecimento global desligasse as correntes marinhas que levam calor do Equador para o hemisfério Norte. Isso deixaria a Europa muito mais fria, tão fria quanto na época dos mamutes. Mas os próprios cientistas foram lá, mediram a corrente e viram que está tudo bem.
Os céticos são considerados pelos cientistas que estudam o clima como os “chatos” que querem estragar a festa, nem sempre por bons motivos. Mas têm um papel importante: sem debate e dúvida, a ciência não avança. Seria ruim se todo mundo pensasse igual.
Fonte: Folha de S. Paulo. Folhinha. São Paulo, sábado, 24 de abril de 2010. Com cortes.
Um dos argumentos contrários à tese de que a Terra está esquentando é o de que
- A) cientistas recebem dinheiro de indústrias poluidoras.
- B) céticos estragam a festa dos cientistas que estudam essas mudanças.
- C) as indústrias poluidoras lançam dúvidas sobre o que os cientistas dizem.
- D) são constatados os enganos dos cientistas, como na revisão do caso de que o aquecimento global desligaria as correntes marinhas que levam calor do Equador para o hemisfério Norte.
A resposta correta é a letra D)
Um dos argumentos contrários à tese de que a Terra está esquentando é o de que são constatados os enganos dos cientistas, como na revisão do caso de que o aquecimento global desligaria as correntes marinhas que levam calor do Equador para o hemisfério Norte.
O texto original apresenta claramente este argumento quando menciona: "Outro medo dos cientistas era o de que o aquecimento global desligasse as correntes marinhas [...] Mas os próprios cientistas foram lá, mediram a corrente e viram que está tudo bem." Esta passagem demonstra como uma previsão científica anterior foi revisada e considerada incorreta após novas medições e verificações.
As demais alternativas não representam argumentos contrários à tese do aquecimento global, mas sim questões secundárias: a letra A refere-se ao financiamento de pesquisas, a letra B trata da percepção sobre os céticos, e a letra C aborda as dúvidas lançadas pelas indústrias, nenhuma delas constituindo um argumento científico contra o aquecimento em si.
Questão 7
Pena medieval
Autoridades indonésias executaram o brasileiro Marco Archer Moreira, que enfrentou o pelotão de fuzilamento há uma semana. Outro compatriota, Rodrigo Gularte, pode ter o mesmo destino, talvez no próximo mês.
Ambos levaram drogas para a Indonésia conhecendo a pena que a legislação local reserva para o crime de tráfico. Fizeram a pior aposta de suas vidas — e perderam.
Países sem dúvida têm o direito de elaborar suas leis, e quem as violar em determinada circunscrição estará sujeito às sanções cabíveis. Reconhecer a soberania de Jacarta, entretanto, não interdita discussões sobre as sentenças impostas por seu sistema judicial.
No plano moral, a pena de morte é um fóssil jurídico, uma prática que deveria ser abolida por qualquer país que se pretenda civilizado — e a história o mostra com clareza.
Como descreve Steven Pinker, da Antiguidade ao início da Idade Moderna, quase todas as nações aplicavam prodigamente a punição capital. Mais que isso, cuidavam para que o sofrimento do condenado fosse o maior possível, recorrendo a execuções tão cruéis como a queima na estaca e a crucificação.
Os delitos sujeitos a essa pena eram quase todos, incluindo caça ilegal, falsificação e derrubada não autorizada de árvores.
A partir do final do século 18, as ideias humanistas começaram a ganhar corpo. França e Inglaterra, por exemplo, adotaram mecanismos com vistas a atenuar o sofrimento, como a guilhotina e a forca com patíbulo. Depois, a sanção capital passou a ser reservada apenas para crimes mais graves.
Após a Segunda Guerra, a abolição, ao menos na Europa, veio como uma avalanche. Hoje, naquele continente, apenas Belarus continua executando prisioneiros.
O principal motivo para rejeitar a punição capital é que ela simplesmente não funciona. Ainda que possa ter, em certas situações específicas, algum efeito dissuasório, ela jamais se revelou indispensável para controlar a criminalidade.
As nações com as menores taxas de homicídio e de outros delitos estão na Europa ocidental, onde a pena de morte deixou de ser aplicada há décadas.
Além disso, quando se consideram a possibilidade de erros judiciais e a irrevogabilidade de uma execução, o princípio da prudência exige que o Estado jamais penda para o irremediável.
O governo brasileiro fez bem em insistir no pedido de clemência; infelizmente descobriu que, em termos civilizacionais, a Indonésia estacionou na primeira metade do século 19 — e não faz nenhum esforço para agir como a democracia moderna que pretende ser.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ opiniao/2015/01/1579742-editorial -pena-medieval.shtml. Acesso em 20/08/2015.
É um argumento que apoia a tese defendida nesse texto.
- A) "Países sem dúvida têm o direito de elaborar suas leis, e quem as violar em determinada circunscrição estará sujeito às sanções cabíveis."
- B) "Como descreve Steven Pinker, da Antiguidade ao início da Idade Moderna, quase todas as nações aplicavam prodigamente a punição capital."
- C) "Ambos levaram drogas para a Indonésia conhecendo a pena que a legislação local reserva para o crime de tráfico. Fizeram a pior aposta de suas vidas — e perderam."
- D) "As nações com as menores taxas de homício e de outros delitos estão na Europa Ocidental, onde a pena de morte deixou de ser aplicada há décadas."
A resposta correta é a letra D)
A resposta correta é a letra D porque este trecho apresenta um argumento factual que sustenta diretamente a tese central do texto sobre a ineficácia da pena de morte. O texto defende que a pena capital é um "fóssil jurídico" que não se mostra necessária para o controle da criminalidade, citando como evidência justamente o caso das nações europeias que aboliram a prática e mantêm baixos índices de criminalidade. Esta informação corrobora a posição do editorial de que a pena de morte é moralmente indefensável e praticamente ineficaz, contrastando com a realidade indonésia mencionada no texto.
As demais alternativas não servem como argumentos de apoio à tese: a letra A reconhece a soberania nacional mas não defende a abolição; a letra B apenas descreve um contexto histórico sem posicionamento crítico; e a letra C relata os casos específicos sem questionar a legitimidade da pena.
Questão 8
Destinação do lixo
Lidar com lixo ainda é um desafio no Brasil, onde a produção de resíduos sólidos por habitante por ano se assemelha a de países desenvolvidos, diante de um padrão de descarte equivalente ao dos países pobres, com envio para lixões a céu aberto e rara reciclagem. Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de limpeza pública e resíduos Especiais (Abrelpe) indica uma média de 387 quilos de resíduos por brasileiro ao ano, mas só 58% desse volume recebe destinação correta. Em nações como Japão, Coreia do Sul e México, com potencial gerador semelhante, 96% do lixo recebe tratamento adequado.
Justamente por esse longo caminho a percorrer que merece destaque o esforço conjunto do Ministério Público, Prefeitura de Goiânia e Universidade Federal de Goiás (UFG) para garantir a entrega de três galpões para o processamento de lixo reciclável por catadores da cidade. A estrutura montada no Setor Santos Dumond, com isola-mento acústico e solar, foi objeto de reportagem na edição de ontem. Erguido como compensação pelo impacto ambiental de um empreendimento, o complexo permite aos catadores atuar junto aos grandes geradores, criando uma relação de simbiose. Tudo em razão desse esforço que merece reconhecimento.
Disponível em: https://www.opopular.com.br/editorias/ opiniao/editorial1.145048/ destina%C3%A7%C3%A3o-do-lixo-1.1730993. Acesso em: 12 jun. 2019.
Qual trecho apresenta um argumento que melhor sustenta a tese do texto?
- A) “Em nações como Japão, Coreia do sul e México, com potencial gerador semelhante, 96% do lixo recebe tratamento adequado.”
- B) “...a produção de resíduos sólidos por habitante por ano se assemelha a de países desenvolvidos, diante de um padrão de descarte equivalente ao dos países pobres, com envio para lixões a céu aberto e rara reciclagem.”
- C) “Erguido como compensação pelo impacto ambiental de um empreendimento, o complexo permite aos catadores atuar junto aos grandes geradores, criando uma relação de simbiose. Tudo em razão desse esforço que merece reconhecimento.”
- D) “...merece destaque o esforço conjunto do Ministério Público, Prefeitura de Goiânia e Universidade Federal de Goiás (UFG) para garantir a entrega de três galpões para o processamento de lixo reciclável por catadores da cidade.”
A resposta correta é a letra B)
O trecho que melhor sustenta a tese do texto sobre os desafios da destinação do lixo no Brasil é a alternativa B: "...a produção de resíduos sólidos por habitante por ano se assemelha a de países desenvolvidos, diante de um padrão de descarte equivalente ao dos países pobres, com envio para lixões a céu aberto e rara reciclagem."
Este argumento é central porque estabelece a contradição fundamental apresentada no texto: enquanto o Brasil possui um nível de geração de resíduos comparável ao de nações desenvolvidas, mantém práticas de descarte inadequadas típicas de países subdesenvolvidos. Essa disparidade entre a produção elevada de lixo e a precária infraestrutura de tratamento constitui o cerne da problemática abordada, reforçando a tese de que o país enfrenta sérios desafios na gestão de resíduos sólidos.
As demais alternativas, embora relevantes, funcionam como informações complementares: a letra A apresenta um contraste internacional, a letra C descreve uma iniciativa específica de compensação ambiental, e a letra D destaca um esforço conjunto institucional, mas nenhuma delas encapsula com tanta precisão a contradição central que define a tese principal do texto.
Questão 9
Maria vai com as outras em ação
Os mesmos que hoje adotam Dunga como queridinho, em redes sociais e no twitter, […] serão os que voltar-se-ão contra o técnico da Seleção em caso de fracasso.
E o farão sem dó nem piedade. É uma legião de Maria vai com as outras, cujo cérebro não resiste à manutenção de uma opinião própria.
Seus conceitos e preconceitos migram de forma proporcional à capacidade neuronal de raciocínio: quase nula. Podem cobrar depois.
O termo “Maria vai com as outras” expressa uma opinião. O argumento que melhor sustenta este ponto de vista é
- A) que o treinador, amado pelos torcedores, será rejeitado em caso de fracasso.
- B) que a capacidade de raciocínio dos torcedores é quase nula.
- C) que não conseguem manter a própria opinião.
- D) que as redes sociais adotam o técnico da Seleção como queridinho.
A resposta correta é a letra C)
A expressão "Maria vai com as outras" denota um comportamento de seguidismo, onde indivíduos adotam opiniões alheias sem reflexão crítica. No texto apresentado, o autor caracteriza certos torcedores como incapazes de manter uma opinião própria, mudando de posicionamento conforme a maioria.
Dentre as alternativas, a letra C) é a que melhor sustenta este ponto de vista porque explicita a essência da expressão: a falta de autonomia intelectual. Enquanto as outras opções descrevem consequências ou contextos do comportamento (como a rejeição ao técnico ou o uso das redes sociais), apenas a alternativa C) aborda diretamente a incapacidade de manter uma opinião consistente, que é o cerne da crítica expressa pela locução popular.
O texto reforça esta ideia ao afirmar que tais pessoas têm conceitos que "migram de forma proporcional à capacidade neuronal de raciocínio: quase nula", corroborando a noção de que não há um pensamento independente, mas apenas uma adesão acrítica às tendências dominantes.
Questão 10
O Enem e a surdez
Suscitou alguma celeuma o tema deste ano para a redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem): “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”. Não se trata decerto de um assunto corriqueiro, mas tampouco se afigura impossível de desenvolver.
Aqueles que criticam o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) por alegado excesso de dificuldade deveriam ler com mais atenção o caderno de questões. Havia ali elementos suficientes para redigir um texto.
Eram quatro os itens oferecidos: norma legal sobre o dever de prover educação à pessoa com deficiência; gráfico de queda no número de matrículas de surdos; anúncio sobre preconceito no mercado profissional; e trecho sobre o reconhecimento oficial da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Com esse instrumental − e a capacidade indispensável de interpretação −, é possível elaborar ao menos uma exposição básica. Mostra-se frágil o argumento de que o examinado teria de possuir conhecimento prévio do assunto.
A escolha do tema constituiu modo mais inteligente de abordar um debate relacionado a políticas inclusivas sem descambar para os exageros do politicamente correto.
Entre estes está a norma do Inep, cuja aplicação acabou barrada pelo Judiciário, que mandava dar nota zero para redações que desrespeitem os direitos humanos.
A cláusula abusiva, ao lado de cercear a liberdade de expressão, daria enorme margem a interpretações subjetivas por parte dos corretores. Mesmo a permanência de tal critério entre as cinco competências avaliadas abre brecha para decisões questionáveis.
Suponha-se que uma redação argumente de modo claro que surdos devem ser educados em estabelecimentos especiais. A proposta destoa dos avanços obtidos com a política atual de inclusão, e um examinador pode apressar-se a reprová-la — com o que estará apenas censurando uma opinião, não avaliando a qualidade do texto.
A análise ficaria ainda mais nebulosa em casos de temas tão divisivos quanto o direito ao aborto, a repressão ao narcotráfico ou a pena de morte. Ainda que haja bom senso na correção, restará inevitável insegurança entre os estudantes a respeito do que estão ou não autorizados a escrever.
Ninguém deve ser punido por manifestar opiniões ou esposar valores somente porque se desviam do pensamento dominante. Ouça-se a lição dos surdos em defesa da Libras: liberdade e respeito há em poder falar como se escolhe, não como outros mandam.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2017/11/ 1933350-o-enem-e-a-surdez.shtml?loggedpaywall. Acesso em: 02 maio 2018.
Qual argumento melhor sustenta a tese de que o tema da redação do ENEM, embora não seja corriqueiro, não é impossível de ser desenvolvido?
- A) “Aqueles que criticam o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) por alegado excesso de dificuldade deveriam ler com mais atenção o caderno de questões. Havia ali elementos suficientes para redigir um texto.”
- B) “Suponha-se que uma redação argumente de modo claro que surdos devem ser educados em estabelecimentos especiais. A proposta destoa dos avanços obtidos com a política atual de inclusão, e um examinador pode apressar-se a reprová-la [...].”
- C) “Entre estes está a norma do Inep, cuja aplicação acabou barrada pelo Judiciário, que mandava dar nota zero para redações que desrespeitem os direitos humanos.”
- D) “A cláusula abusiva, ao lado de cercear a liberdade de expressão, daria enorme margem a interpretações subjetivas por parte dos corretores.”
A resposta correta é a letra A)
O argumento que melhor sustenta a tese de que o tema da redação do ENEM sobre a formação educacional de surdos, embora não seja corriqueiro, não é impossível de ser desenvolvido é o apresentado na alternativa A. Este trecho afirma que "havia ali elementos suficientes para redigir um texto", referindo-se aos quatro itens fornecidos no caderno de questões: a norma legal sobre educação da pessoa com deficiência, o gráfico de matrículas de surdos, o anúncio sobre preconceito profissional e o trecho sobre o reconhecimento oficial da Libras. Estes elementos constituíam um instrumental adequado que, combinado com capacidade de interpretação, permitia ao estudante elaborar uma exposição básica mesmo sem conhecimento prévio específico sobre o assunto.