(FUVEST – 2018)
Come ananás, mastiga perdiz.
Teu dia está prestes, burguês.
Vladimir Maiakóvski. Come ananás, 1917.
Cidadão fiscal de rendas! Desculpe a liberdade.
Obrigado… Não se incomode… Estou à vontade.
A matéria que me traz é algo extraordinária:
O lugar do poeta da sociedade proletária.
Ao lado dos donos de terras e de vendas estou também citado por débitos fiscais.
Você me exige 500 rublos por 6 meses e mais
(…)
Cidadão fiscal de rendas, eu encerro.
Pago os 5 e risco todos os zeros.
Tudo o que quero é um palmo de terra
ao lado dos mais pobres camponeses e obreiros.
Porém se vocês pensam que se trata apenas
de copiar palavras a esmo,
eis aqui, camaradas, minha pena,
podem escrever vocês mesmo!
Vladimir Maiakóvski. Conversa sobre poesia com o fiscal de rendas, 1926.
a) Indique duas características da produção cultural na Rússia, nos anos posteriores à Revolução de 1917.
b) Identifique e comente uma crítica e uma proposta de mudança presentes nos dois poemas.
Resposta:
a) Após a Revolução de 1917 e o início da experiência socialista na Rússia no que tange a produção cultural esta ficou voltada para propaganda e exaltação do novo regime. Neste cenário, a produção cultural foi caracterizada por ser voltada ao grande público apresentado um viés pedagógico, uma grande valorização do cotidiano e do próprio camponês. Há um forte perseguição ao que era considerado “burguês” e capitalista. A produção cinematográfica é forte. Vigora o chamado “Realismo Socialista” nas artes especialmente especialmente a partir de 1930 já no governo de Stalin com extrema exaltação do regime e do líder.
b) No primeira poema destaca-se a crítica a desigualdade social e ao dizer “Teu dia está prestes, burguês.” propõem a mudança da divisão desigual por uma sociedade mais justa.
O segundo poema já é datado de 1926 e uma obra também de Vladimir Maiakóvski que é considerado o poeta da revolução Russa. Entretanto, na era Stalin período da produção do poema Maiakóvski chocou-se com o governo principalmente devido às censuras e extrema burocratização do Estado. Observa-se um critica a posição do poeta na sociedade: “O lugar do poeta da sociedade proletária. /Ao lado dos donos de terras e de vendas estou também citado por débitos fiscais.” Como proposta de solução ele também propõem uma sociedade mais igualitária na qual o poeta será tratado assim como o camponês.
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