Prova de Biologia da Fuvest 2020 Resolvida
11) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) Ao investigarem as razões para um evento de maré vermelha que ocorreu em uma região costeira do Brasil, os cientistas e técnicos encontraram uma relação entre a pluviosidade na área, o tratamento e destino de esgotos domésticos nos municípios vizinhos e a abundância de algumas espécies de microalgas com toxinas(nocivas à saúde humana) do grupo dos dinoflagelados, segundo o gráfico abaixo.
a) A maré vermelha é causada pelo aumento populacional de dinoflagelados, portanto, no mês de março, quando o gráfico indica uma maior abundância de dinoflagelados
b) As toxinas liberadas durante a maré vermelha contamina peixes e outros animais marinhos que podem ser eventualmente consumidos por humanos. Sendo assim, evitar o consumo de animais marinhos nos meses de março é uma estratégia adequada
c) O aumento da pluviosidade é responsável pelo aumento do nível de água dos rios, aumentando a velocidade e a quantidade de água que deságua no mar. Se esses rios estiverem contaminados com esgoto sem tratamento, teremos como consequência o proporcional aumento da concentração de coliformes fecais que precede o aumento populacional de dinoflagelados e está relacionado ao aumento da disponibilidade de matéria orgânica nesse ambiente. Essa matéria orgânica é degradada por seres decompositores que vão liberar como produto metabólico vários nutrientes no ambiente que são essenciais para o crescimento de algas como os dinoflagelados. O aumento da disponibilidade desses nutrientes ocasiona em um boom populacional dessas algas. O rápido declínio pode ser justificado pelo consumo da matéria orgânica despejada no oceano e restabelecimento das condições normais.
12) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) A curva do gráfico mostra a variação da altura média de plantas durante a sucessão primária, em uma área na qual a vegetação nativa, de floresta tropical úmida, foi totalmente destruída pelo derrame de lava de um vulcão. No início da sucessão, o solo era composto por rocha nua (lava consolidada). Na parte superior do gráfico, estão representadas três fases da sucessão (1, 2 e 3).
a) Considerando a pouca profundidade do solo, a alta exposição à luz solar e a outros componentes abióticos, os primeiros colonizadores podem ser espécies de líquens e gramíneas com dispersão pelo vento.
b)
c) O processo de sucessão se dá pela ocupação do meio por organismos vegetais de pequeno porte, como gramíneas de crescimento rápido. A medida que o solo é alterado pela presença desses organismos, vegetais maiores de crescimento mais lento e, consequentemente, com raízes mais profundas podem por fim colonizar a região. Quando a sucessão está na fase 3, onde a altura das plantas está estável, as taxas de consumo e liberação de oxigenio por essas plantas ficam iguais.
13) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) Analise os gráficos relativos ao comportamento de plantas sujeitas a diferentes condições ambientais:
a) De acordo com o gráfico I é possível afirmar que os estômatos estarão abertos no momento em que houver maior quantidade de água no vegetal, entre 12h e 16h, nesses momentos é esperado uma maior taxa de transpiração.
b) Plantas em estresse hídrico não apresentarão estômatos abertos em nenhum momento do dia (gráfico III), por outro lado, plantas com alta taxa fotossíntética realizarão trocas gasosas em maior quantidade, precisando, dessa fora, que seus estômatos estejam abertos para que aconteça a captação do CO2 e liberação do O2, sendo assim, o pico de abertura dos estômatos ocorrerá por mais horas ao longo do dia.
c) A planta A atinge sua taxa máxima de fotossíntese em intensidades luminosas menores, sendo assim, apresentaria um crescimento melhor em ambiente de sombra. Para que a planta B consuma mais CO2 durante a fotossíntese do que libere durante a respiração é necessário que a taxa fotossintética seja superior do que a taxa de respiração, a menor intensidade luminosa que permite essa condição é aproximadamente 3.
14) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) O catabolismo de proteínas e ácidos nucleicos gera grupos aminos que, quando acumulados no organismo, são tóxicos e precisam ser excretados na forma de ácido úrico, amônia ou ureia.
a) Amônia > Uréia > ácido úrico
b) A amônia é uma substância extremamente tóxica, altamente solúvel e que se dispersa facilmente pelos tecidos animais. Para que sua toxicidade seja reduzida é necessário que seja excretada de forma muito diluída. Pensando nisso, animais aquáticos, como peixes de água doce, são fisológicamente capazes de excretar esse composto nitrogenado. Mamíferos no geral possuem um sistema excretor altamente complexo e coordenado com o sistema endócrino, sendo assim, são capazes de modular o volume e a presença de sais na urina. Mamíferos, incluindo o ser humano excretam uréia.
c) Quando há diminuição da osmolaridade sanguínea, pelo aumento da quantidade de líquido disponível ou pelo diminuição da quantidade de solutos, ocorre inibição do hormônio ADH. O ADH estimula a recaptação de água nos néfrons e a redução do volume de urina efetivamente excretado.
Sendo assim: i (diminui), ii (diminui), iii (diminui) e iv (aumenta)
15) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) Em um cerrado campestre bem preservado, ocorre a teia trófica representada no esquema.
a) O lobo-guará ocupa os níveis tróficos de consumidor primário, secundário e terciário pois se alimenta tanto do produtor quantos dos animais que são consumidores primários e secundários.
b) Capim-cabelo-de-porco -> gafanhoto-verde -> rã-manteiga -> lobo-guará e jararaca-pintada. A pirâmide de energia desse ambiente vai apresentar a base maior ocupada pelos produtores e que a cada nível-trófico diminui até chegar no último nível trófico ocupado pela jararaca-pintada que será o de menor energia.
c) A extinção do bem-te-vi dessa teia alimentar, que se alimenta dos gafanhotos poderia ocasionar em um leve aumento da população do mesmo, que por sua vez se alimenta da lobeira assim como o lobo-guará, porém como o gafanhoto tem outros predadores, o aumento dessa população não é significativo, já que sua população ainda será controlada por outros predadores, tendo pouco efeito indireto sobre o predador topo de cadeia. Caso diminua a disponibilidade do capim-cabelo-de-porco os animais que ocupam o nível trófico de consumidor primário e que se alimentam apenas desse produtor teriam que competir entre si por esse recurso.
16) (FUVEST – 2020 – 2 FASE) Indivíduos intolerante à lactose não conseguem digerir esse açúcar presente no leite. A principal causa da intolerância à lactose é a diminuição da produção da enzima lactase, especialmente na idade adulta. A indústria de laticínios beneficia-se da biotecnologia para incluir uma lactase de levedura nos alimentos, fazendo com que a lactose seja digerida antes de ser consumida, gerando assim, os produtos lácteos sem lactose.
a) A atividade da lactase ocorre no intestino delgado onde é produzido o suco intestinal ou entérico secretado pela mucosa com o pH alcalino mais próximo do neutro, que é a faixa ideal para funcionamento da lactase. Em outras regiões do sistema gastrointestinal a lactase seria desnaturada por serem regiões cujas secreções são mais ácidas, como o estômago ou mais alcalinas como no duodeno que recebe o suco pancreático.
b) Essa mutação ocorreu em região codificadora, ou seja, que é traduzida e de fato expressa. O padrão de herança é autossômico, pois os alelos estão localizados no cromossomo 2 e não nos sexuais; e dominante, pois para expressar o fenótipo de tolerância à lactose é necessário no mínimo 1 alelo normal não-mutante.
c) Seria necessário alterar os promotores do gene que codificam a produção da lactase para que seja reconhecido pelas enzimas responsáveis pela transcrição gênica, assim como alterar a região codificante excluindo os íntrons uma vez que organismos procariontes não realizam modificações pós transcricionais no RNAm.