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Prova de História da Fuvest 2020 Resolvida

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11) (FUVEST – 2020) Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus, de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, (…) sobreveio a mortífera pestilência. (…) apareciam no começo, tanto em homens como nas mulheres, ou na virilha ou na axila, algumas inchações(…) chamava‐as o populacho de bubões (…).

(Giovanni Boccaccio, Decamerão.)

A respeito da Peste Negra do século XIV, é correto afirmar:

  • A) Provocou gravíssima queda demográfica, que afetou grande parte da produção econômica europeia.
  • B) Originou‐se no Oriente, penetrou no continente europeu pelos portos e manteve‐se restrita à Península Itálica.
  • C) Foi provocada pela fome e pela desnutrição dos camponeses e favoreceu o processo de centralização política.
  • D) Foi contida pelo caráter de subsistência da economia europeia, que dificultava o contato humano e, assim, o contágio.
  • E) Estimulou as investidas contra os territórios muçulmanos no movimento conhecido como Segunda Cruzada.
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A alternativa correta é letra A)

a) Provocou gravíssima queda demográfica, que afetou grande parte da produção econômica europeia.

Correta.

b) Originou‐se no Oriente, penetrou no continente europeu pelos portos e manteve‐se restrita à Península Itálica.

Incorreta.  A Peste não manteve-e restrita a Península Itálica, espalhou-se por toda Europa.

c) Foi provocada pela fome e pela desnutrição dos camponeses e favoreceu o processo de centralização política.

Incorreta. Foi provocada devido a uma contaminação que provinha das pulgas de ratos. Iniciou no oriente e chegou a Europa por meio dos portos comerciais.

d) Foi contida pelo caráter de subsistência da economia europeia, que dificultava o contato humano e, assim, o contágio.

Incorreta. A peste demorou ser contida, dizimou cerca de ⅓ da população europeia. 

e) Estimulou as investidas contra os territórios muçulmanos no movimento conhecido como Segunda Cruzada.

Incorreta. As grandes Cruzadas ocorreram de 1096 a 1270. A Peste ocorre no século XIV.

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12) (FUVEST -2020) Pesquisadores do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, encontraram o crânio e uma parte do fêmur de Luzia, o esqueleto humano mais antigo descoberto na América que revolucionou as teorias científicas sobre a ocupação do continente. Os fósseis foram achados há alguns dias (não foi divulgado quando) junto aos escombros do edifício, parcialmente destruído por um incêndio em 2 de setembro. O crânio está fragmentado, porque a cola que mantinha os seus pedaços juntos se foi com o calor, mas a equipe está bastante otimista com suas condições.

(Júlia Barbon, Folha de São Paulo, Outubro/2018. Adaptado.)

O esqueleto de Luzia,

  • A) adquirido por D. Pedro II em 1876, foi incorporado à sua coleção pessoal, a mesma que deu origem ao Museu Nacional no período republicano.
  • B) descoberto na década de 1970 em Minas Gerais, permitiu questionar a teoria de que a ocupação das Américas se deu por apenas uma onda migratória.
  • C) estudado por diferentes equipes de antropólogos, comprovou que grupos saídos diretamente da África foram os primeiros habitantes das Américas
  • D) encontrado na atual Serra da Capivara, no Estado do Piauí, pertenceu à cultura que elaborou suas famosas pinturas rupestres.
  • E) mantido em uma coleção particular fora do país, estava exposto para comemoração dos 150 anos da passagem de Charles Darwin pelo Brasil.
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A alternativa correta é letra B)

a) adquirido por D. Pedro II em 1876, foi incorporado à sua coleção pessoal, a mesma que deu origem ao Museu Nacional no período republicano.

Incorreta. O esqueleto de Luzia foi descoberto em 1975

b) descoberto na década de 1970 em Minas Gerais, permitiu questionar a teoria de que a ocupação das Américas se deu por apenas uma onda migratória.

Correta

c) estudado por diferentes equipes de antropólogos, comprovou que grupos saídos diretamente da África foram os primeiros habitantes das Américas

Incorreta. A descoberta de Luzia abre novas possibilidades, além da tradicional teoria do povoamento do continente Americano por meio do Estreito de Bering. A descoberta  trouxe a teoria de que a ocupação da América teria ocorrido por quatro fluxos migratórios, visto que Luzia assemelha-se a fósseis de origem africana e de aborígenes da Austrália, diferentemente dos três últimos fluxos, de origem mongol, semelhante aos povos indígenas brasileiros.

d) encontrado na atual Serra da Capivara, no Estado do Piauí, pertenceu à cultura que elaborou suas famosas pinturas rupestres.

Incorreta. Foi encontrado em Minas Gerais na Lapa Vermelha, Pedro Leopoldo (MG)

e) mantido em uma coleção particular fora do país, estava exposto para comemoração dos 150 anos da passagem de Charles Darwin pelo Brasil.

Incorreta. O esqueleto era mantido no Museu Nacional localizado no Rio de Janeiro que pegou fogo em setembro de 2018

13) (FUVEST – 2020 – 2 fase)  Em 29 de outubro de 1956, uma grave crise política descambou em uma intervenção militar na região do Canal de Suez e da Península do Sinai (Egito).

a) Indique a importância dessa região nos quadros da política internacional do período.

b) Mencione as potências envolvidas diretamente nesse conflito e os seus respectivos interesses.

c) Explique as tensões associadas à articulação política entre os diversos Estados árabes nesse período.

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    a) O Canal do Suez no momento da crise nos anos 50 era a única ligação entre o Mediterrâneo e o Mar Vermelho e o principal escoadouro de petróleo dos países árabes para a Europa. 

    b) As potências diretamente envolvidas no conflito foram Inglaterra, França, Egito e Israel. Inglaterra e França controlavam o canal no período por meio de capitais privados, dependiam deste para obter petróleo e buscavam pela manutenção de sua hegemonia. O Egito neste momento era governado por Nasser, nacionalista ferrenho que decide nacionalizar o Canal em nome dos interesses nacionais. Israel envolve-se no conflito ao lado da França e Inglaterra devido aos conflitos prévios com o Egito, um Estado árabe. 

    c) No pós Segunda Guerra Mundial há a criação do Estado de Israel, um Estado Judaico na Península Arábica. Esta decisão da ONU foi contra os interesses dos Estados Árabes da religião e do povo palestino que vivia na região destinada a Israel. A Crise do Suez foi um momento no qual exército de Israel invade a Península do Sinai, sendo território egípcio,  com apoio de da Grã-Bretanha e da França. Em resposta a União Soviética ameaçou intervir no Egito.

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    14) (FUVEST 2020 – 2 fase) Observe a imagem e leia o texto.

    Felipe Guamán Poma de Ayala, o autor da imagem, foi um cronista ameríndio de ascendência incaica que viveu no Peru entre 1534 e 1615. A imagem faz parte de sua Nueva Corónica y Buen Gobierno, finalizada no começo do século XVII e endereçada ao rei Felipe III, sendo acompanhada da seguinte legenda, traduzida do espanhol:

    “Pobre dos índios, de seis animais que comem e a que temem os pobres dos índios deste reino: serpente, corregedor; tigre, espanhóis das cidades; leão, encomendero; cadela, padre da doutrina; gato, escrivão; rato, cacique principal. Estes ditos animais que não temem a Deus esfolam aos pobres índios deste reino, e não há remédio, pobre Jesus Cristo”.

    a) Identifique a situação do Peru quando da elaboração da obra.

    b) Descreva as estruturas de poder político e econômico que são comentadas na imagem e no texto que a acompanha.

    c) Analise as tensões no mundo indígena sugeridas por texto e imagem.

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      a) Felipe Guamán viveu entre os anos 1534-1615 período da consolidação da conquista espanhola na América, seu texto retrata este momento. Período marcado pela violência sistemática contra as diversas sociedades indígenas para garantir a supremacia espanhola. Guamán possui ascendência incaica, Império que foi destruído em 1572 com a morte do seu último líder. 

      b) A maior estrutura de poder nesse momento baseava-se nos Vice Reinos que representavam extensões locais do poder da metrópole, a economia era gerida por meio do sistema de mita e encomienda, que organizavam o trabalho compulsório que era imposto aos indígenas, e, todas essas instituições, eram geridas por um espanhol colono, escolhido pelo Rei. A figura do encomendero e dos padre jesuítas em missão são destacadas no texto: “espanhóis das cidades; leão, encomendero; cadela, padre da doutrina”. evidenciando as relações de poder, seja pelo trabalho ou pela doutrinação cristã, instauradas na qual o indígena encontrava-se sempre em posição inferior após a destruição dos seus Impérios. 

      c) O texto e a imagem representam os conflitos entre europeus e indígenas no período da Conquista da América que levaram ao genocídio das sociedades indígenas e a destruição dos grandes impérios nativos do período. O texto e a imagem apresentam o indígena na posição de vítima de diversos predadores, entre estes destaca-se o espanhol, que é equiparado a outros predadores nativos, animais selvagens. “Estes ditos animais que não temem a Deus esfolam aos pobres índios deste reino”

      15) A semente da integração nacional seria, pois, lançada pela nova Corte como um prolongamento da administração e da estrutura colonial, um ato de vontade de portugueses adventícios, cimentada pela dependência e colaboração dos nativos e forjada pela pressão dos ingleses que queriam desfrutar do comércio sem ter de administrar. A insegurança social cimentaria a união das classes dominantes nativas com a “vontade de ser brasileiros” dos portugueses imigrados que vieram fundar um novo Império nos trópicos. A luta entre as facções locais levaria fatalmente à procura de um apoio mais sólido no poder central. Os conflitos inerentes à sociedade não se identificam com a ruptura política com a Mãe Pátria, e continuam como antes, relegados para a posteridade. Maria Odila Leite da Silva Dias,

      A interiorização da metrópole e outros estudos. São Paulo: Alameda, 2005.

      a) Caracterize o período histórico de que trata o texto.

      b) Descreva os projetos dos principais grupos políticos do período.

      c) Explique a frase: “Os conflitos inerentes à sociedade não se identificam com a ruptura política com a Mãe Pátria, e continuam como antes, relegados para a posteridade”.

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        a) O trecho da obra de Maria Odila Leite da Silva Dias retrata o Período Joanino no Brasil, marcado pela vinda da corte portuguesa ao Brasil. Esse foi um momento de muitas mudanças na Colônia, com a elevação do Brasil à Reino Unido de Portugal, o poder público antes tão distante se fez presente na vida cotidiana, alterando as estruturas de poder. A abertura dos portos favorecendo a Inglaterra, a criação do Banco do Brasil e outras instituições científicas, como Bibliotecas e Universidades, junto de um movimento cultural para criação de uma identidade nacional forjou naquele momento o contexto perfeito para a Independência.

        b) Os grupos políticos neste período se dividiam entre o Grupo dos Brasileiros e o Grupo dos Portugueses. O primeiro, composto pela elite colonial, pretendia viabilizar a organização da independência, porém lenta e gradual, se aproximando da figura de D. João VI no momento da Revolução Liberal do Porto. Já o segundo grupo, composto por profissionais liberais, apoiavam a volta do monarca para Portugal, com um projeto independência sem conexão com o passado colonial. 

        c) A não ruptura com a Mãe Pátria, que aparece na frase selecionada, pode ser explicada a partir da permanência do Antigo Regime. Com a vinda da Corte Portuguesa, temos também a transposição de elementos culturais tipicamente europeus. Mesmo com os conflitos inerentes à sociedade, originados da insatisfação popular, há continuidade na relação de Mãe Pátria para com a Metrópole, já que essa representava o berço do Brasil. Portanto, fica relegado à posteridade essa ruptura com a metrópole que só é possível pós independência, e consolidada com a Proclamação da República. 

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        16) (FUVEST 2020 – 2 fase) Leia o poema e responda ao que se pede.

        Mas a taba cresceu… Tigueras* agressivas,

        Para trás! Agora o asfalto anda em Tabatinguera.

        Mal se esgueira um pajé entre locomotivas

        E o forde assusta os manes** lentos do Anhanguera.

        […]

        Segue pra forca da Tabatinguera.

        Lento O cortejo acompanha a rubra cadeirinha

        Pro Ipiranga. Será que em tão pequeno assento

        A marquesa botou sua imperial bundinha!…

        Mário de Andrade, “Tabatinguera”, Losango Cáqui (1924). In: Poesias completas v.1. São Paulo: Martins Fontes, 1979.

        * área plantada onde já se fez a colheita.

        ** alma dos mortos, restos mortais.

        a) Identifique um aspecto mencionado no poema que justifique a expressão “a taba cresceu”.

        b) Destaque um argumento histórico e outro de caráter estético para o emprego de expressões indígenas no poema.

        c) Explique as condições históricas que favoreceram a citação do “asfalto”, das “locomotivas” e do “forde”.

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          a) Podemos justificar a expressão “a taba cresceu”, expressa no começo do texto, com as duas frases seguintes do poema “Tigueras* agressivas, Para trás! Agora o asfalto anda em Tabatinguera” assim como a frase “Pro Ipiranga”. Nelas podemos captar o retrato do processo de urbanização, em que as aldeias diversas, antes delimitadas e comunidades distintas no passado colonial, tornam-se cidades.

          b) Mário de Andrade, autor da primeira fase do modernismo faz parte de um movimento cultural que busca resgatar criticamente elementos indígenas, como uma forma de representar as origens étnicas que compõem o povo brasileiro, mas que foram suprimidas na colonização. A inserção de vocábulos indígenas é um mecanismo estético disruptivo, com a proposta anti-parnasiana de resgate de falares tradicionais e populares do Brasil. Uma demonstração cultural crítica que implica que o movimento urbanista também é responsável pela destruição sistemática de comunidades indígenas. 

          c) As expressões “asfalto”, “locomotiva” e “forde” podem contextualizar o período contemporâneo no Brasil, já que este é marcado pelo processo de modernização e urbanização do país. Embalado pelo ritmo mundial de industrialização, esse momento busca elevar o Brasil para o desenvolvimento, mostrando as inovações advindas da República, expressas pelo ideário progressista.

          17) O suplício tem então uma função jurídico‐política. É um cerimonial para reconstituir a soberania lesada por um instante […]. A execução pública, por rápida e cotidiana que seja, se insere em toda a série dos grandes rituais do poder eclipsado e restaurado (coroação, entrada do rei numa cidade conquistada, submissão dos súditos revoltados). […] O suplício não restabelecia a justiça; reativava o poder. No século XVII, e ainda no começo do XVIII, ele não era, com todo o seu teatro de terror, o resíduo ainda não extinto de uma outra época. Suas crueldades, sua ostentação, a violência corporal, o jogo desmesurado de forcas, o cerimonial cuidadoso, enfim, todo o seu aparato se engrenava no funcionamento político da penalidade. […] Mas nessa cena de terror o papel do povo é ambíguo. Ele é chamado como espectador: é convocado para assistir às exposições, às confissões públicas; os pelourinhos, as forcas e os cadafalsos são erguidos nas praças públicas ou à beira dos caminhos; os cadáveres dos supliciados muitas vezes são colocados bem em evidência perto do local de seus crimes. As pessoas não só têm que saber, mas também ver com seus próprios olhos. Porque é necessário que tenham medo; mas também porque devem ser testemunhas e garantias da punição, e porque até certo ponto devem tomar parte nela.

          Michel Foucault, Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes, 1983.

          a) Identifique uma das práticas punitivas descritas no texto empregadas na sociedade colonial brasileira.

          b) Explique as relações entre a exibição do poder monárquico e as punições judiciais na sociedade do Antigo Regime europeu.

          c) A participação do povo nas execuções conferia a elas um caráter democrático? Justifique.

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            a) Pelourinhos e Forcas, A forca era uma prática de punição principalmente voltada para os crimes que eram realizados contra à Coroa, por exemplo usado como represália para revoltas de cunho republicano e separatistas. O pelourinho foi uma prática punitiva de açoite público dirigido aos escravos, utilizado para impor disciplina à classe, seja por fugas ou até insubordinação quanto ao trabalho imposto pelo Senhor.

            b)  As punições no Antigo Regime são associadas à imposição da disciplina pelo poder monárquico. Toda e qualquer punição era uma forma de exibição, e consequentemente afirmação, desse poder. Educar pelo exemplo era uma prática empregada pelos Reis, a partir do castigo público o medo da Coroa era instaurado, na busca do respeito das leis. Dentro do Antigo Regime punições corporais faziam parte de um projeto civilizador, inserindo toda a sociedade dentro da dinâmica pública, típica da Idade Moderna.

            c)  A intenção da Coroa permitindo a participação pública nos eventos tinha a intenção, como nos mostra Foucault, de educar pelo olhar. O público convidado a participar das demonstrações de força e imposição de disciplina da Coroa serviam como testemunhas desse poder, como forma de também propagar o medo, e assim também eram inseridas no meio público.

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            18) Os efeitos sociais do futebol enquanto elemento de uma dinâmica cultura popular impelira o estado colonial a intervir sobre este universo. Depois da abolição […] do indigenato, o desporto servirá para alimentar a propaganda luso‐tropicalista, nomeadamente depois das vitórias do Benfica de Coluna e Eusébio (este só na segunda) na Taça dos Campeões Europeus em 1961 e 1962, mais tarde, com a participação da seleção no Mundial de 1966.

            Nuno Domingos, “Desporto moderno e situações coloniais: o caso do futebol em Lourenço Marques”. In: MELO, V. A. de e outros (orgs.) Mais que um jogo: o esporte e o continente africano. Rio de Janeiro: Apicuri, 2010.

            a) Explique a relação entre Moçambique e Portugal na década de 1960.

            b) Quais as relações da propaganda luso‐tropicalista portuguesa com a imagem da democracia racial no Brasil?

            c) As conquistas do Benfica e o desempenho da seleção portuguesa no Mundial de 1966 fortaleceram a propaganda oficial do governo português? Justifique.

              FAZER COMENTÁRIO

              a) Na década de 1960 inicia-se a Guerra de Independência de Moçambique. Neste momento Portugal passava pela crise do governo de Salazar com intensas reformas políticas e econômicas que reforçavam uma posição de inferioridade para suas colônias impedindo o desenvolvimento destas. Há neste momento diversas manifestações contra o domínio colonial que tomam maiores proporções e levam a diversas independências. 

              b) O movimento do luso-tropicalismo em Portugal quase se consolidou como uma teoria, propunha que o português possuía a especial capacidade de adaptação aos trópicos, não só por interesse político ou econômico, mas por empatia inata e criadora. Essa  aptidão do português para se relacionar com as terras e gentes tropicais, proposta pela propaganda, resultaria da sua própria origem étnica híbrida, da sua “bi-continentalidade” e do longo contacto com mouros e judeus na Península Ibérica, nos primeiros séculos da nacionalidade, e manifesta-se sobretudo através da miscigenação e da interpenetração de culturas. Essa é a mesma ideia utilizada na República para compor a identidade Nacional, a Democracia Racial foi a teoria utilizada para incentivar a miscigenação, reconhecendo a herança étnica africana, mas em um lugar de inferioridade. 

              c) As conquistas do Benfica e o desempenho da seleção portuguesa no Mundial de 1966 foram amplamente utilizadas para fortalecer a propaganda oficial do governo de Salazar, consoante com a do movimento do luso-tropicalismo portugal. Na Copa de 1966 Portugal participa do campeonato pela primeira vez conquistando o 3º lugar, o país eliminou o brasil logo na primeira fase. O grande desempenho de Portugal foi associado ao seu jogador moçambicano Eusébio da Silva Ferreira. O que ilustra o ideal da propaganda que afirmava a aptidão do português para se relacionar com as terras e gentes tropicais, característica do paternalismo do Estado Novo português

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