Quanto ao “choque de civilizações”, é bom lembrar a carta de uma menina americana de sete anos cujo pai era piloto na Guerra do Afeganistão: ela escreveu que — embora amasse muito seu pai — estava pronta a deixá-lo morrer, a sacrificá-lo por seu país. Quando o presidente Bush citou suas palavras, elas foram entendidas como manifestação “normal” de patriotismo americano; vamos conduzir uma experiência mental simples e imaginar uma menina árabe maometana pateticamente lendo para as câmeras as mesmas palavras a respeito do pai que lutava pelo Talibã — não é necessário pensar muito sobre qual teria sido a nossa reação.
ZIZEK, S. Bem-vindo ao deserto do real. São Paulo: Bom Tempo, 2003.
A situação imaginária proposta pelo autor explicita o desafio cultual do(a)
- A) prática da diplomacia.
- B) exercício da alteridade.
- C) expansão da democracia.
- D) universalização do progresso.
- E) conquista da autodeterminação.
Resposta:
A alternativa correta é letra B)
a) prática da diplomacia.
Incorreto. A situação imaginária proposta pelo autor não tem relação com a prática da diplomacia.
b) exercício da alteridade.
Correta. A proposição de Zizek revela uma assimetria com relação às noções de patriotismo e sacrifício. Do lado americano, ele seria compreensível e até mesmo enaltecido; do lado árabe seria condenado e rechaçado. Tal hipótese reflete o desafio da "alteridade", ou seja, da transposição de situações da própria cultura em direção a outra, antagônica em termos geopolíticos. Esse desafio e a falta da construção de um pensamento empático revelam as origens da intolerância discutida pelo filósofo no texto.
c) expansão da democracia.
Incorreto. A situação imaginária proposta pelo autor não tem relação com a expansão da democracia.
d) universalização do progresso.
Incorreto. A situação imaginária proposta pelo autor não tem relação com a universalização do progresso.
e) conquista da autodeterminação.
Incorreto. A situação imaginária proposta pelo autor não tem relação com a conquista da autodeterminação.
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