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Meios a cultura são utilizados como fontes de nutrientes para o crescimento de microrganismos em laboratórios. Pesquisadores brasileiros avaliaram a viabilidade da produção de ácido lático pela bactéria Leuconostoc mesenteroides B512F, utilizando na composição do meio de cultura um substrato à base de material obtido do aproveitamento de excedentes da agroindústria tropical local de caju. Os resultados obtidos mostraram que o meio da cultural enriquecido com xarope de caju proporcionou um crescimento adequado desta bactéria.

 

GUILHERME A.A PINTO. G.A.S RODRIGUES S. Avaliação de produção de ácido lático por Leuconostoc mesenteróides. B512F em xarope de caju. Ciência Tecnologia de Alimentos. 2009 (adaptado).

 

O carboidrato presente no xarope de caju que auxiliou no crescimento desta bactéria foi a

Resposta:

A alternativa correta é letra B) glicose.

 

QUESTÃO:

Meios de cultura são utilizados como fontes de nutrientes para o crescimento de microrganismos em laboratórios. Pesquisadores brasileiros avaliaram a viabilidade da produção de ácido lático pela bactéria Leuconostoc mesenteroides B512F, utilizando na composição do meio de cultura um substrato à base de material obtido do aproveitamento de excedentes da agroindústria tropical local de caju. Os resultados obtidos mostraram que o meio da cultural enriquecido com xarope de caju proporcionou um crescimento adequado desta bactéria.

 

GUILHERME A.A PINTO. G.A.S RODRIGUES S. Avaliação de produção de ácido lático por Leuconostoc mesenteróides. B512F em xarope de caju. Ciência Tecnologia de Alimentos. 2009 (adaptado).

 

O carboidrato presente no xarope de caju que auxiliou no crescimento desta bactéria foi a

  

COMPLEMENTAÇÃO TEÓRICA:

 

A reação química que essas bactérias realizam é a Fermentação -  uma denominação para a degradação (oxidação) anaeróbica da glicose (ou outros nutrientes orgânicos), com o propósito de obter energia. A sua via metabólica inicial - a glicólise - é uma maneira de obter energia química dos compostos orgânicos sem usar oxigênio como aceptor final de elétrons e sem utilizar uma cadeia de transporte de elétrons. 

 

oxidação consiste em fazer uma molécula perder elétrons para alguma outra que os aceite (o agente oxidante). No caso da glicólise, o agente oxidante mais comum é o NAD+ (Nicotinamida Adenosina Dinucleotídeo). Esse agente, ao capturar os elétrons da glicose, transforma-se em NADH. A retirada dos elétrons desencadeia uma reação exergônica (libera energia), que é utilizada para produzir 2 moléculas de ATP. O produto final da glicólise é o piruvato

 

O próximo passo é a utilização do NADH para transferir os elétrons capturados para outro produto. Isso permite a reciclagem de NADH  em NAD+, o que viabiliza a continuidade da glicólise e da geração de energia. Se isso não acontecer, em pouco tempo a célula utilizará todo o seu estoque de NAD+ e sem esse reagente, a produção de energia para.

 

A partir daqui a reação pode seguir caminhos diferentes: fermentação alcoólica e fermentação do ácido lático. No primeiro caso  - fermentação alcóolica -  o piruvato é descarboxilado, ou seja, ele perde uma molécula de CO2, através da ação da enzima Piruvato Descarboxilase. Sem esse CO2 a molécula se transforma em um Acetaldeído. É essa a molécula que recaptura os elétrons que estavam no NADH, reduzindo-se. Ao ser reduzido, o Acetaldeído transforma-se em etanol ou álcool etílico. Esse tipo de fermentação é utilizado na indústria dos pães, cervejas e vinhos, por exemplo.

 

No segundo caso - fermentação do ácido lático - o piruvato é reduzido diretamente pelo NADH, transformando-se em lactato, sem liberação de CO2.  Lembrando que o lactato nada mais é do que a forma ionizada do ácido lático. Esse tipo de reação é usada na indústria dos lacticínios, para a produção de leites e iogurtes. O ácido lático é um produto químico industrial valioso e tem sido utilizado como acidulante, conservante de bebidas e alimentos. Também é empregado em curtumes, na indústria têxtil e de lavanderia.

  

RELACIONANDO A TEORIA COM A QUESTÃO:

 

Vimos acima que a fermentação consiste em glicólise + reações de regeneração do NAD+. Vimos também que é na fermentação lática que se obtêm ácido lático, o produto mencionado na questão.

 

Bactérias são procariontes, não têm mitocôndrias. Embora existam espécies aeróbicas, a bactéria descrita pela questão é, aparentemente, anaeróbica, pois se ela produz ácido lático como subproduto de seu metabolismo é porque ela esta utilizando primariamente a fermentação como processo de geração de energia (bactéria lática). 

 

Como a fermentação se inicia com a glicólise, ela, por consequência, requer uma fonte de glicose para ocorrer. Quanto mais glicose disponível, mas energia é gerada

 

O uso de excedentes agrícolas regionais como substrato de baixo custo para o desenvolvimento de processos fermentativos é uma alternativa interessante economicamente. O suco de caju é rico em nutrientes e sais minerais. Seus açúcares majoritários são glicose e frutose e, portanto, o produto não requer nenhum tratamento prévio como hidrólise ou tratamento enzimático para a fermentação lática. Sendo assim, o xarope de caju é uma matéria-prima de baixo custo para a produção do ácido lático (Fonte: CHAGAS, C. M. A. et al. Dextransucrase production using cashew apple juice as substrate: effect of phosphate and yeast extract addition. Bioprocess and Biosystems Engineering, v. 30, n. 3, p. 207-215, 2007)

 

Logo, se as bactérias crescem adequadamente, como o texto relata, é porque o xarope de caju dá a elas uma fonte prontamente acessível e abundante de glicose. Tendo glicose diretamente disponível, a bactéria não precisa gastar tempo em nenhuma outra reação de hidrólise, para obtê-la a partir de outro carboidrato, motivo pelo qual a resposta da questão é a alternativa B. 

   

ALTERNATIVAS PROPOSTAS PELA QUESTÃO:

 

O carboidrato presente no xarope de caju que auxiliou no crescimento desta bactéria foi a

  

a) celulose. ERRADA

 

Lembre-se que a fermentação precisa de glicose para ser iniciada. Ainda que a celulose seja um polímero de glicoses, a bactéria (supondo que seja capaz de hidrolisar celulose, o que provavelmente não é o caso) não consegue fermentar diretamente a celulose, primeiro ela precisaria hidrolisá-la, para obter as unidades de glicose e só então iniciar a fermentação lática. Perceba, portanto, que isso não seria um auxilio, mas um empecilho para o crescimento da bactéria. 

 

celulose é um polissacarídeo, um polímero de glicoses, que forma uma cadeia longa e não ramificada de 10.000 a 15.000 unidades de glicose unidas. A celulose forma uma substância fibrosa, resistente e insolúvel em água. Sua degradação é tão difícil que poucos seres vivos conseguem hidrolisar esse carboidrato. Não é por acaso que as plantas a utilizam como matéria prima para suas paredes celulares, sendo a celulose um dos principais componentes da madeira. 

   

b) glicose. CERTA

 

A glicose é um monossacarídeo utilizado como fonte de energia, sendo a molécula que inicia a reação de glicólise e, portanto, de fermentação. Os monossacarídeos são a unidade básica dos carboidratos, por esse motivo tal molécula pode ser usada diretamente, sem ter que se recorrer a nenhuma outra transformação. Isso auxilia enormemente a eficiência energética da bactéria, que não precisa recorrer a outras reações auxiliares de preparação, ela pode simplesmente usar o substrato (xarope de caju) diretamente, como fonte prontamente disponível de matéria prima para a geração de energia.  

   

c) maltose. ERRADA

 

A maltose é um dissacarídeo formado pela união de duas moléculas de glicose. Conforme comentado na alternativa A, a bactéria não poderia usar maltose diretamente, pois primeiro ela teria que hidrolisar a molécula, para então obter a glicose necessária para a fermentação. Esse passo adicional não é um auxílio, mas um empecilho, logo, não deve ser esse o carboidrato que auxiliou no crescimento da bactéria. 

   

d) lactose. ERRADA

 

A lactose é um dissacarídeo formado pela união de uma molécula de glicose com outra de galactose. Conforme comentado na alternativa A, a bactéria não poderia usar lactose diretamente, pois primeiro ela teria que hidrolisar a molécula, para então obter a glicose necessária para a fermentação, além de ter que converter a galactose em glicose através de outros processos bioquímicos. Esses passos adicionais não são um auxílio, mas um empecilho, logo, não deve ser esse o carboidrato que auxiliou no crescimento da bactéria. Além do mais, temos que considerar que lactose é um carboidrato encontrado no leite e seus derivados, não em xarope de caju. 

   

e) ribose  ERRADA

 

Muito embora a ribose seja um monossacarídeo, sua função biológica é bastante diversa daquela da glicose. A ribose é formada por uma cadeia de 5 átomos de carbono (não 6 como a glicose) e é primariamente empregada em funções estruturais, não de geração de energia, motivo pelo qual ela não seria de auxílio para o crescimento das bactérias.

 

A ribose, por exemplo, é a origem das pentoses que formam os nucleotídeos do DNA e do RNA:

 

A ribose também acaba participando da formação do ATP

 

Além disso, a ribose da origem a toda uma variedade de derivados que integram a formação de moléculas como o NAD, FAD e NADP, todas envolvidas no metabolismo energético da célula. 

     

REVISANDO:

Vamos relembrar a matéria... Os carboidratos são "carbonos hidratados" (carbonos com água), eles recebem esse "apelido" devido a sua fórmula empírica (C H2O). Em termos químicos mais precisos eles são poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas. Esse grupo de biomoléculas é didaticamente dividido em 3 grandes grupos:

  • Monossacarídeos
  • Oligossacarídeos
  • Polissacarídeos

O grupo com as moléculas mais simples é o dos Monossacarídeos, pois, como o próprio nome "Mono" sugere, eles são formados por 01 única unidade de poli-hidroxialdeídos ou poli-hidroxicetonas, sendo que tal unidade consiste em um esqueleto que pode ter de 3 a 7 átomos de carbono, com as funções aldeído, cetona e hidroxila presentes.  O monossacarídeo mais famoso é a GLICOSE, formada por um esqueleto de 6 átomos de carbono, contudo há outras moléculas importantes como:  a frutose, a galactose e a ribose

Exemplos de Monossacarídeos

 

Os outros dois grupos têm estruturas mais complexas, sendo os oligossacarídeos polímeros de cadeias curtas (até 20 monossacarídeos unidos por ligações glicosídicas). Dentro desse grupo, há um subgrupo importante: os dissacarídeos. Os dissacarídeos nada mais são que dois monossacarídeos unidos por uma ligação glicosídica. É nesse grupo que encontramos alguns nomes famosos como a sacarose (glicose + frutose), a lactose (glicose + galactose) e a maltose (glicose + glicose).

 

      

  

     

 

Os polissacarídeos são polímeros de cadeias longas (mais de 20 monossacarídeos unidos). Suas estruturas podem assumir formas bem mais complexas, sendo que alguns deles exercem importantes funções estruturais ou de reserva de energia. Neste grupo encontraremos moléculas como o amido, a celulose, o glicogênio, a quitina e as dextranas.

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