Questões Sobre Classificação biológica - Biologia - concurso

Um dos desafios enfrentados no estudo da morfologia ocorre quando o grupo analisado é composto por espécies morfologicamente muito semelhantes, como os caramujos africanos do gênero Biomphalaria. Nesses casos, a identificação com base em caracteres morfológicos tradicionais se torna inviável, exigindo abordagens alternativas, como o uso de marcadores moleculares.

Entre as vantagens do sequenciamento de DNA como ferramenta taxonômica, destaca-se a capacidade de estabelecer relações filogenéticas mesmo entre espécies crípticas ou organismos muito distintos que não compartilham características morfológicas evidentes. Essa abordagem permite superar as limitações impostas pela convergência evolutiva e pela homoplasia, comuns em análises baseadas apenas na morfologia.

Embora outras alternativas apresentem aspectos relevantes, como a viabilidade econômica ou a aplicação em fósseis, a principal vantagem dos marcadores moleculares reside em sua capacidade de revelar relações evolutivas ocultas, tornando a alternativa A) a correta. Essa técnica tem revolucionado a taxonomia, especialmente em grupos onde a morfologia não é suficiente para distinguir espécies ou reconstruir sua história evolutiva.

O estudo da botânica e da fisiologia vegetal exige atenção aos critérios estabelecidos pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (CINB), que padroniza a denominação científica das plantas. No entanto, a afirmação apresentada contém imprecisões significativas em relação às regras oficiais.

Segundo o CINB, o nome científico de uma planta é formado pela combinação de gênero e epíteto específico (nomenclatura binomial), não por família e subfamília. Além disso, a inclusão do nome do autor é opcional em contextos não taxonômicos, e o destaque no texto geralmente se refere ao uso de itálico ou negrito para o nome científico, não sendo uma exigência absoluta.

Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO, pois a estrutura descrita no item não corresponde às normas vigentes de nomenclatura botânica. A compreensão dessas regras é fundamental para a precisão científica e a comunicação acadêmica na área.

Protistas e bactérias são seres vivos que pertencem a domínios distintos devido às suas diferenças fundamentais na organização celular. A alternativa correta, C), destaca a principal distinção entre esses organismos: a presença de um núcleo verdadeiro envolto por membranas nos protistas, enquanto as bactérias são procariontes, ou seja, não possuem um núcleo definido.

Os protistas são classificados no domínio Eukarya, que inclui organismos com células eucarióticas, caracterizadas por um núcleo delimitado por membrana nuclear e organelas membranosas. Já as bactérias pertencem ao domínio Bacteria, composto por células procarióticas, que não apresentam núcleo organizado nem organelas complexas.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou irrelevantes para a classificação desses organismos em domínios distintos:

• A) A relação alimentar entre protistas e bactérias não define sua classificação em domínios.
• B) As bactérias são sim constituídas de células, embora procarióticas.
• D) A decomposição não é um critério taxonômico para diferenciação de domínios.
• E) A fotossíntese ocorre em alguns protistas, mas não é uma característica exclusiva ou universal do grupo.

Portanto, a diferença na estrutura nuclear é o fator determinante para a classificação desses organismos em domínios distintos, tornando a alternativa C) a correta.

O trecho da música Águas de Março, de Tom Jobim, não apenas retrata poeticamente elementos da natureza, mas também evoca aspectos da biodiversidade tropical, especialmente em relação aos sapos e rãs mencionados nos versos. A letra faz uma associação entre esses anfíbios e o período chuvoso, reforçando sua presença marcante nessa época do ano.

Analisando as alternativas apresentadas, a opção A) é a correta, pois sapos e rãs pertencem ao mesmo táxon, Amphibia, mas diferenciam-se em categorias taxonômicas inferiores, como família ou gênero. Essa classificação reflete suas semelhanças biológicas, como a pele permeável e a dependência de ambientes úmidos para reprodução, ao mesmo tempo que reconhece suas diferenças morfológicas e comportamentais.

As demais alternativas apresentam equívocos conceituais. A alternativa B) sugere uma vantagem adaptativa sobre répteis, o que é impreciso, já que os dois grupos ocupam nichos ecológicos distintos. A alternativa C) estabelece uma relação evolutiva incorreta entre anfíbios e insetos, apesar de ambos passarem por metamorfose. Já a alternativa D), embora contenha uma verdade parcial sobre ancestralidade comum, não é a melhor resposta, pois a questão central é a classificação taxonômica. Por fim, a alternativa E) está incorreta, pois sapos e rãs não são macho e fêmea da mesma espécie, mas sim animais de grupos distintos dentro dos anuros.

Portanto, a resposta correta é A), que destaca a classificação taxonômica compartilhada entre sapos e rãs, reforçando sua relação com o ambiente úmido retratado na música de Tom Jobim.

O estudo da classificação zoológica revela relações evolutivas entre as espécies, permitindo identificar quais organismos compartilham ancestrais mais recentes com o ser humano. Dentre as opções apresentadas, a Ascídia (Tunicados) é a espécie mais próxima do homem na escala evolutiva, conforme indicado pelo gabarito correto (A).

Os Tunicados, representados pela Ascídia, pertencem ao filo Chordata, o mesmo dos vertebrados, incluindo os humanos. Essa relação é evidenciada por características embriológicas compartilhadas, como a presença de notocorda e um tubo neural dorsal em estágios iniciais do desenvolvimento. Embora os adultos possam parecer muito diferentes, as larvas de tunicados exibem uma estrutura semelhante à dos vertebrados primitivos.

As outras alternativas representam grupos mais distantes evolutivamente:

• B) Verme de fogo (Poliquetos) - Anelídeos
• C) Planária (Platelmintos) - Vermes achatados
• D) Lombriga (Nemátodos) - Vermes cilíndricos
• E) Sanguessuga (Hirudíneos) - Anelídeos

Embora todas estas espécies apresentem forma vermiforme em algum estágio de vida, apenas os Tunicados compartilham com os humanos características fundamentais que os colocam no mesmo grupo taxonômico superior (Chordata), demonstrando uma relação evolutiva mais próxima.

O entomólogo alemão Willi Hennig é reconhecido como o fundador da Sistemática Filogenética, uma abordagem revolucionária para a classificação dos seres vivos baseada em relações evolutivas. Sua metodologia objetiva busca estabelecer hipóteses testáveis sobre os parentescos entre os organismos, utilizando critérios claros e rigorosos. Neste ensaio, analisaremos as afirmativas apresentadas sobre essa escola de classificação, destacando os princípios que a definem.

A primeira afirmativa (I) está correta, pois a Sistemática Filogenética exige que os caracteres utilizados para estabelecer relações sejam homólogos, ou seja, compartilhados devido a uma ancestralidade comum. Essa homologia é essencial para distinguir padrões evolutivos reais de similaridades superficiais ou convergentes.

A segunda afirmativa (II) também está correta, já que os clados são definidos por sinapomorfias, que são características derivadas exclusivas de um grupo. Essas "novidades evolutivas" são fundamentais para identificar ramificações na árvore da vida.

A terceira afirmativa (III) está incorreta, pois, embora a Sistemática Filogenética não dependa diretamente da teoria da Seleção Natural para construir cladogramas, ela não a rejeita. A filogenia e a seleção natural são conceitos complementares na Biologia Evolutiva.

A quarta afirmativa (IV) está errada, pois grupos monofiléticos, por definição, incluem todos os descendentes de um ancestral comum exclusivo, e não organismos de ancestrais distintos, como sugerido no enunciado.

Por fim, a quinta afirmativa (V) está correta, pois a comparação com grupos externos é uma ferramenta essencial para determinar se uma característica é ancestral (primitiva) ou derivada em um determinado grupo.

Portanto, as afirmativas corretas são I, II e V, correspondendo à alternativa C. A Sistemática Filogenética, graças à sua abordagem rigorosa e baseada em evidências, continua sendo uma ferramenta fundamental para compreender a diversidade da vida e suas relações evolutivas.

Em 1979, o microbiólogo Carl Woese revolucionou a classificação dos seres vivos ao propor um novo sistema baseado em domínios: Archaea, Bacteria e Eukarya. Essa divisão foi fundamentada em critérios moleculares, mais precisamente na análise do RNA ribossômico (RNAr) 16S para procariontes e 18S para eucariontes.

A escolha do RNAr como base para essa classificação se deve a características únicas dessa molécula:

• É essencial para todos os organismos vivos, garantindo comparabilidade universal
• Apresenta regiões altamente conservadas que permitem estabelecer relações evolutivas profundas
• Sua taxa de mutação é suficientemente lenta para revelar parentesco distante, mas rápida o bastante para diferenciar grupos próximos
• Não sofre transferência horizontal entre espécies, mantendo a fidelidade da informação filogenética

As outras alternativas apresentam problemas conceituais:

• A) Estruturas membranosas não são universais (ausentes em procariontes)
• B) DNA mitocondrial está presente apenas em eucariontes
• D) RNA mensageiro é muito variável para estudos taxonômicos
• E) DNA nuclear também está restrito a eucariontes

Portanto, a alternativa C) é correta porque o RNAr serviu como marcador molecular ideal para reconstruir a árvore da vida, revelando que archaea são tão distintas de bactérias quanto o são de eucariontes.

No estudo da taxonomia, a teoria que estabelece os princípios para reconhecer e categorizar grupos taxonômicos é fundamental para a classificação dos seres vivos. Entre as definições apresentadas, a alternativa correta é a letra C), que descreve um táxon monofilético como aquele que inclui o ancestral comum mais recente de um grupo e todos os seus descendentes.

Essa definição é central na sistemática filogenética, pois garante que o grupo em questão seja natural, refletindo a história evolutiva compartilhada. As outras alternativas apresentam equívocos:

• A) A conexividade não está diretamente relacionada à exclusão de grupos parafiléticos, mas sim à continuidade evolutiva.
• B) Um táxon polifilético, na verdade, não inclui o ancestral comum mais recente, agrupando organismos de origens distintas.
• D) O conceito de grupo-irmão refere-se a dois clados que compartilham um ancestral comum imediato, não estando ligado à conectividade em cladogramas.

Portanto, a compreensão dos conceitos de monofilia, parafilia e polifilia é essencial para uma classificação biológica precisa, sendo o táxon monofilético o único que representa um grupo evolutivamente coerente.

Em relação ao inseto Lutzomya longipalpis, é CORRETO afirmar que:

O ciclo biológico de Lutzomya longipalpis se processa no ambiente terrestre e compreende quatro fases de desenvolvimento: ovo, larva (com quatro estádios), pupa e adulto.

As outras alternativas apresentam informações incorretas sobre o inseto:

• A) As fêmeas não colocam ovos sobre águas limpas e sombreadas, pois o desenvolvimento ocorre em ambiente terrestre, geralmente em matéria orgânica úmida.
• B) Os ovos eclodem em um período muito menor, geralmente entre 7 a 20 dias após a postura, dependendo das condições ambientais.
• D) As pupas não se alimentam, pois essa fase é de transformação para o estágio adulto. Além disso, são mais resistentes às variações de umidade do que ovos e larvas.

Portanto, a alternativa C é a única que descreve corretamente o ciclo de vida desse importante vetor da leishmaniose visceral.

O panorama histórico da classificação dos seres vivos: evolução e desafios

A classificação dos seres vivos é um campo dinâmico da Biologia, que tem passado por constantes revisões ao longo da história. Desde os primeiros sistemas propostos por Aristóteles, no século IV a.C., até as modernas abordagens baseadas em análises moleculares, a taxonomia reflete o avanço do conhecimento científico e das tecnologias disponíveis.

O sistema de Lineu, mencionado na alternativa A, representou um marco ao introduzir uma classificação dicotômica entre plantas e animais, baseada em características morfológicas e funcionais. Essa abordagem, apesar de simplista pelos padrões atuais, organizou a diversidade biológica de forma sistemática pela primeira vez.

A alternativa B, indicada como incorreta, afirma que a classificação em cinco reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia) é a mais atual e aceita. Contudo, esse sistema proposto por Whittaker em 1969 já foi superado por novas evidências. A microscopia eletrônica de fato permitiu avanços, mas descobertas posteriores, especialmente na biologia molecular, mostraram limitações nessa abordagem.

As alternativas C e D refletem conceitos mais recentes. Os estudos de RNA ribossômico, como mencionado em C, revolucionaram a taxonomia ao permitir comparações genéticas precisas, levando à proposta dos três domínios (Eucarya, Archaea e Bacteria). Essa classificação, que inclui a divisão dos procariontes em dois domínios distintos (D), representa atualmente o consenso científico mais aceito.

Este panorama histórico demonstra como a classificação biológica é um processo contínuo, onde novas tecnologias e descobertas frequentemente exigem revisões dos sistemas taxonômicos. A evolução desse campo ilustra a própria natureza da ciência como uma construção humana sempre sujeita a refinamentos e atualizações.