Questões Sobre Evolução biológica - Biologia - concurso

No contexto da publicação de A origem das espécies em 1859, Charles Darwin ainda não tinha acesso aos mecanismos genéticos que explicassem a hereditariedade de forma precisa. Sua teoria da evolução por seleção natural estava em desenvolvimento, e ele se apoiava em observações empíricas para sustentar suas ideias. A passagem citada revela que Darwin acreditava na transmissão hereditária de características adquiridas pelo uso ou desuso, um conceito que remonta às ideias de Jean-Baptiste Lamarck.

Embora Darwin e Lamarck divergissem em relação ao mecanismo principal da evolução — Darwin defendendo a seleção natural, enquanto Lamarck propunha uma tendência inerente ao progresso e a herança de características adquiridas —, o trecho em questão mostra que Darwin, naquele momento, aceitava parcialmente a noção lamarckista de que modificações induzidas pelo ambiente poderiam ser herdadas. Isso fica claro quando ele afirma que "o uso reforça e desenvolve certas partes, enquanto o não uso as diminui", acrescentando que "estas modificações são hereditárias".

Portanto, a alternativa B) é a correta, pois indica que Darwin concordava com Lamarck sobre a transmissão hereditária de características biológicas, mesmo discordando quanto ao mecanismo evolutivo principal. As outras alternativas estão incorretas: Darwin não rejeitava totalmente Lamarck (A), não realizou experimentos comprovando as leis lamarckistas (C), não propôs as bases da genética moderna (D) — Mendel já havia publicado seus trabalhos, mas eles permaneciam desconhecidos por Darwin —, e tampouco incorporou as descobertas de Mendel em sua teoria (E), já que estas só foram redescobertas no século XX.

Leia as proposições:

I) O campeão atual de halterofilismo, graças a sua dedicação e muitas horas de exercício, deverá ter filhos com grande desenvolvimento muscular.

II) Os pavões machos por terem uma cauda maior e chamativa conseguem atrair mais as fêmeas para o acasalamento, mesmo no meio da vegetação.

III) Um grupo de tentilhões ficou com o bico maior para comer as sementes maiores e o outro grupo de tentilhões ficou com o bico menor para comer as sementes menores.

Essas proposições podem ser atribuídas respectivamente, a:

• A) I - Lamarck, II - Lamarck, III - Darwin.
• B) I - Lamarck, II - Darwin, III - Lamarck.
• C) I - Darwin, II - Lamarck, III - Lamarck.
• D) I - Lamarck, II - Darwin, III - Darwin.
• E) I - Darwin, II - Lamarck, III - Darwin.

O gabarito correto é B).

O texto apresentado aborda a situação alarmante da dengue no Brasil em 2015, conforme dados do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde. Até abril daquele ano, foram registrados 745.957 casos, com muitos municípios em estado de epidemia, caracterizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a ocorrência de pelo menos 300 casos por 100 mil habitantes. Diante da ausência de uma vacina eficaz, a principal medida profilática continua sendo a eliminação dos criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. No entanto, uma prática comum em diversos municípios é a nebulização de inseticidas nas vias públicas para controle do vetor.

Do ponto de vista evolutivo, essa estratégia de nebulização pode ter consequências significativas. A alternativa correta, conforme o gabarito, é a B), que afirma que o processo pode selecionar espécimes de mosquitos resistentes aos inseticidas, levando à necessidade de aumentar a toxicidade desses produtos para manter sua eficácia. Esse fenômeno é um exemplo clássico de seleção natural, em que os indivíduos com características vantajosas (nesse caso, resistência ao inseticida) sobrevivem e se reproduzem, passando essa característica para as gerações seguintes. Com o tempo, a população de mosquitos tende a se tornar cada vez mais resistente, exigindo inseticidas mais potentes ou estratégias alternativas de controle.

As demais alternativas apresentam equívocos conceituais. A alternativa A) menciona o "desenvolvimento" de resistência, o que sugere uma mudança induzida no indivíduo, e não um processo de seleção natural. A alternativa C) fala em "mosquitos mutantes", o que não é o mecanismo principal da resistência, já que esta surge de variações genéticas preexistentes na população, não de mutações induzidas pelo inseticida. A alternativa D) propõe a substituição do Aedes aegypti por outra espécie, como o Aedes albopictus, o que não é corroborado pelos dados apresentados. Por fim, a alternativa E) menciona a formação de "vetores híbridos", um conceito irrelevante no contexto da resistência a inseticidas.

Portanto, a resposta correta é a B), que corretamente identifica o processo de seleção natural como o mecanismo responsável pelo aumento da resistência dos mosquitos aos inseticidas ao longo do tempo.

O conceito de herança dos caracteres adquiridos pelo uso em Darwin

No trecho citado de "A expressão de emoções em homens e animais", Charles Darwin explora um aspecto fundamental de sua teoria evolutiva: a transmissão de características adquiridas através do hábito e do uso repetido. O eriçamento dos pelos em situações de fúria ou terror, segundo o naturalista, não seria apenas uma resposta fisiológica imediata, mas um traje comportamental consolidado ao longo de gerações devido ao seu valor adaptativo.

Darwin sugere que os animais, ao perceberem que o eriçamento dos pelos aumentava sua aparência de tamanho e intimidava rivais, passaram a repetir esse comportamento. Com o tempo, a "força nervosa" tenderia a seguir os mesmos caminhos já utilizados, tornando a resposta mais eficiente. Esse mecanismo exemplifica a herança dos caracteres adquiridos pelo uso (alternativa D), ideia que, embora posteriormente refinada pela genética moderna, mostra como Darwin já considerava a interação entre comportamento, fisiologia e evolução.

Importante destacar que essa passagem revela o pensamento darwiniano sobre como hábitos persistentes podem gerar modificações herdáveis - um complemento à seleção natural que demonstra a complexidade de sua abordagem sobre a adaptação. A citação não se refere a mutações aleatórias (B), deriva genética (C) ou fluxo gênico (E), tampouco ao fixismo (A), teoria que Darwin justamente ajudou a superar.

O efeito do fundador na genética de populações

O efeito do fundador é um importante conceito da biologia evolutiva que ocorre quando uma pequena população coloniza uma nova área (alternativa C correta). Este fenômeno representa um caso especial de deriva genética, onde a amostragem aleatória de alelos da população original pode levar a mudanças significativas na frequência gênica da nova população estabelecida.

O mecanismo básico do efeito do fundador envolve:

• Um pequeno grupo de indivíduos se separa de uma população maior
• Este grupo fundador carrega apenas uma fração da diversidade genética original
• As frequências alélicas no novo assentamento podem diferir consideravelmente da população parental
• Com o tempo, a população derivada pode desenvolver características genéticas distintas

É importante diferenciar o efeito do fundador de outros processos evolutivos:

• Não se trata de uma redução populacional por fatores ambientais (alternativa A)
• Não envolve fluxo gênico (alternativas B e D)
• Embora envolva mudanças aleatórias, é mais específico que a deriva genética geral (alternativa E)

Exemplos clássicos incluem a alta incidência de certas doenças genéticas em populações isoladas, como a comunidade Amish nos EUA, onde o pool genético limitado dos fundadores levou à preservação de alelos raros que se tornaram mais frequentes nas gerações subsequentes.

O naturalista Charles Darwin, considerado o pai da Teoria da Evolução, destacou a intrincada relação entre os organismos e seus ambientes, um princípio fundamental para a compreensão da ecologia. Suas observações sobre a seleção natural e a adaptação das espécies revelaram como os fatores ambientais moldam não apenas as características individuais, mas também a dinâmica das populações como um todo.

Nesse contexto, é correto afirmar que os fatores ecológicos exercem influência direta sobre os atributos básicos de uma população, como as taxas de natalidade e mortalidade, os movimentos migratórios (emigração e imigração) e sua distribuição espacial. Esses elementos são essenciais para entender como as populações se mantêm, crescem ou declinam em resposta às condições do meio ambiente.

Por exemplo, a disponibilidade de recursos como alimento e água afeta diretamente a taxa de natalidade, enquanto fatores como predação, doenças e competição influenciam a mortalidade. Além disso, mudanças no habitat podem levar a movimentos de dispersão, alterando a estrutura e a distribuição das populações ao longo do tempo.

Portanto, a afirmação de que os fatores ecológicos influenciam a dinâmica populacional está correta, pois eles atuam de maneira integrada, determinando o sucesso ou o fracasso adaptativo das espécies em seus ecossistemas. Essa visão ecoa os princípios darwinianos, reforçando a importância do ambiente como força motriz da evolução e da ecologia das populações.

O naturalista Charles Darwin, reconhecido como o fundador da Teoria da Evolução, destacou em seus estudos a intrincada e fundamental relação entre os seres vivos e seus ecossistemas. Sua obra demonstra que a adaptação é um processo contínuo e essencial para a perpetuação das espécies. Diante disso, analisemos a afirmação proposta.

A sobrevivência dos organismos está diretamente ligada à sua habilidade de se adaptar às mudanças em seu entorno, sejam elas biológicas ou físicas. Essa capacidade de ajuste permite que as espécies não apenas resistam a alterações ambientais, mas também se integrem a novos contextos ecológicos. Portanto, a afirmação está correta, pois reflete um dos princípios centrais da teoria darwiniana: a seleção natural favorece os indivíduos mais aptos a enfrentar as transformações do meio.

Assim, conclui-se que a alternativa C) CERTO é a resposta adequada, uma vez que a adaptação é, de fato, um fator determinante para a sobrevivência e o sucesso evolutivo dos seres vivos.

O texto apresentado aborda um aspecto fundamental da evolução humana, destacando a deriva genética como o fator evolutivo mais relevante ao longo do processo. No entanto, o item subsequente afirma que a mutação é um fator evolutivo contínuo, com taxas constantes ao longo do genoma e das gerações, o que é incorreto, conforme indicado pelo gabarito (E).

Embora a mutação seja, de fato, um mecanismo essencial para a introdução de variação genética nas populações, sua taxa não é uniforme. Pelo contrário, ela varia significativamente dependendo de fatores como a região do genoma, a espécie em questão e até mesmo influências ambientais. Além disso, as mutações podem ser influenciadas por elementos como radiação, substâncias químicas e erros durante a replicação do DNA, tornando sua ocorrência imprevisível e não constante.

Portanto, a afirmação de que as taxas de mutação são constantes é equivocada. A deriva genética, mencionada no texto inicial, age de maneira aleatória, alterando a frequência dos alelos em pequenas populações, enquanto a mutação fornece a matéria-prima para a evolução, mas sem uma taxa fixa ou previsível. Dessa forma, o gabarito E) está correto, pois a mutação não ocorre de maneira uniforme e invariável, como sugerido no item.

O fluxo gênico é um dos mecanismos fundamentais da evolução, atuando diretamente na diversidade genética das populações. Quando indivíduos de uma população migram e se reproduzem em outra, ocorre a transferência de genes entre grupos distintos. Esse processo só altera a constituição genética da população receptora se houver diferenças nas frequências alélicas entre as populações doadora e receptora. Quanto maior a taxa de migração e reprodução, maior será a mudança nas frequências alélicas, aproximando-as das da população doadora.

Portanto, a afirmação está correta, pois o fluxo gênico efetivamente modifica a estrutura genética de uma população quando há divergência genética entre as populações envolvidas, e essas alterações são proporcionais à intensidade do fluxo. Esse mecanismo é essencial para reduzir diferenças entre populações e aumentar a variabilidade genética, contribuindo para a adaptação e sobrevivência das espécies.

O equilíbrio de Hardy-Weinberg é um princípio fundamental da genética de populações que estabelece as condições sob as quais as frequências alélicas e genotípicas permanecem constantes ao longo das gerações. Para que esse equilíbrio seja mantido, é necessário que a população em questão seja grande, panmítica (com acasalamento aleatório), sem mutações, migrações ou seleção natural atuando significativamente sobre o marcador genético analisado.

No caso apresentado, a população possui genótipos distribuídos da seguinte forma: 50 indivíduos A¹A¹, 20 A¹A² e 30 A²A². Se houver um desvio em relação às proporções esperadas pelo equilíbrio de Hardy-Weinberg, isso pode indicar que um ou mais dos pressupostos do modelo não estão sendo atendidos. Tais desvios podem ser causados por fatores evolutivos, como seleção natural, deriva genética, fluxo gênico ou mutação, ou ainda pela presença de subestruturação populacional, onde a população não é homogênea e pode estar dividida em grupos com diferentes frequências alélicas.

Portanto, a afirmação de que um desvio do equilíbrio de Hardy-Weinberg pode ser um indicativo de evolução ou subestruturação populacional está correta, pois ambos os cenários podem alterar as frequências genotípicas em relação ao esperado no equilíbrio. A resposta CERTA (C) é, de fato, a correta.