As pessoas envolvidas com a rotina de alimentação, higienização, cuidado e manejo de animais silvestres devem passar por um programa de profilaxia que inclui a necessidade de tomar as seguintes vacinas, EXCETO:
- A) raiva.
- B) tétano.
- C) hepatite B.
- D) febre amarela.
- E) gripe H1N1.
Resposta:
A alternativa correta é letra E) gripe H1N1.
Medidas de profilaxia são medidas preventivas, voltadas a preservação da saúde. A medida profilática em questão é o uso de vacinas, ou seja um produto bioquímico usado para fornecer imunidade a uma doença específica. Como a questão menciona animais silvestres, devemos considerar entre as alternativas aquela que NÃO traz um exemplo de doença que possa ser transmitida por animais silvestres.
a) raiva.
O vírus da raiva pode ser transmitido por animais silvestres. Muito embora os cachorros sejam o vetor mais comum de transmissão da raiva para humanos, sabe-se que praticamente qualquer mamífero pode ser infectado com o vírus da raiva. Os morcegos hematófagos, no entanto, são os animais silvestres mais lembrados como vetores desse doença.
b) tétano.
O tétano, muito embora não seja transmitido diretamente por animais silvestres, é uma bactéria ubíqua no meio ambiente. A transmissão de fato ocorre por meio dos esporos da bactéria Clostridium tetani, os quais podem ser encontrados no solo e em fezes de animais. Se esses esporos entrarem em ferimentos (por exemplo) eles podem germinar produzindo a neurotoxina (tetanospasmina). Por isso, considerando a situação descrita no enunciado é essencial realizar a profilaxia adequada, pois a rotina descrita no enunciado pode levar à contaminação com C. tetani.
c) hepatite B.
Segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Hepatite B e Coinfecções, publicado pelo Ministério da Saúde:
A hepatite viral B é causada por um vírus DNA pertencente à família Hepadnaviridae. Os vírus dessa família têm características em comum, como fita dupla incompleta e replicação do genoma viral por enzima transcriptase reversa. No entanto, apenas no gênero Orthohepadnavirus estão os vírus que infectam mamíferos, sendo que o HBV tem a característica de infectar humanos e também outros primatas superiores não humanos; porém, isso é menos frequente
Disponível em <http://www.aids.gov.br/pt-br/pub/2016/protocolo-clinico-e-diretrizes-terapeuticas-para-hepatite-b-e-coinfeccoes>, consultado em 31/05/2019
Ou seja, existe a possibilidade de se encontrar primatas portadores do vírus da Hepatite B (HVB ou VHB). Para agravar a situação, existe também o vírus da Hepatite D (HVD, VHD ou Delta) que também pode infectar primatas e depende da presença do vírus HVB para infectar uma pessoa. Muito embora não exista vacina para o HVD, o fato deste depender do HVB faz com que a vacina para Hepatite B seja eficaz contra os dois tipos de vírus. É importante ressaltar a existência do HVD, pois conforme estudo de revisão publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical:
A transmissão do VHD ocorre principalmente por via parenteral e apresenta os mesmos mecanismos de transmissão do VHB. Contudo, em determinadas áreas do norte da América do Sul, a exemplo da Amazônia brasileira e venezuelana, a transmissão do VHD poderia ocorrer por exposição inaparente, principalmente relacionada com efrações da pele por picadas de insetos ou através das mucosas
(...)
Fatores ambientais e culturais relacionados com o comportamento humano e com a presença de reservatórios animais ou infestação por insetos poderiam influenciar a circulação do VHD. Na Amazônia brasileira, área de alta prevalência e incidência de malária, como também de alta densidade de mosquitos, observa-se nas calhas dos rios sabidamente malarígenos alta prevalência de infecção pelo VHB e VHD, fato este não observado entre indivíduos residentes em calhas de rios não malarígenos .
Hepatite D, José Carlos Ferraz da Fonseca, Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 35(2): 181-190, mar-abr, 2002 <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v35n2/9067.pdf>
Portanto, conclui-se que a vacina contra a Hepatite B é uma medida profilática válida, afinal há o risco de contágio quando se lida com animais silvestres (particularmente macacos), particularmente em áreas onde estes estão em contato próximo com populações humanas contaminadas com o vírus.
d) febre amarela.
A febre amarela é uma doença viral, que na história recente tem se tornado mais comum nos meios urbanos por todo o país. Essa doença, contudo, além do ciclo urbano (cujo vetor é o famigerado Aedes aegypti), tem um ciclo silvestre no qual os vetores são mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. Este vírus tem como principais hospedeiros algumas espécies de macacos como o bugio, o macaco aranha, o sagui e o macaco prego. Outros mamíferos silvestres também podem servir como repositórios do vírus, tais como a capivara, o porco espinho, o gambá e o morcego. Vale ressaltar que são os mosquitos os vetores que transmitem a doença para sere humanos e não os macacos.
e) gripe H1N1. RESPOSTA CERTA
Esse vírus, também conhecido como vírus da gripe suína, surgiu, como podemos imaginar, em porcos e é um subtipo de Influenza A. Os reservatórios desse vírus são os próprios humanos e alguns tipos de animais domésticos (no caso do H1N1 os porcos, mas outros tipos de vírus pertencentes ao grupo Influenza A contaminam outros animais como aves, por exemplo).
A vacina para o H1N1 muito embora seja muito útil nos meios urbanos, não é uma medida profilática necessária para alguém que vai lidar com animais silvestres, uma vez que estes não transmitem esse tipo de vírus e não são reservatórios para ele. Portanto essa alternativa é o EXCETO que a questão nos pede, sendo a resposta da questão.
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