Questões Sobre Relações ecológicas - Biologia - concurso

O parasitismo é uma relação ecológica interespecífica, ou seja, que ocorre entre organismos de espécies diferentes, caracterizada pela associação íntima e duradoura entre os indivíduos envolvidos. No entanto, a definição apresentada no item contém um equívoco ao afirmar que há "independência orgânica e metabólica" nessa relação.

Na verdade, o parasitismo se distingue justamente pela dependência metabólica do parasita em relação ao hospedeiro. O parasita obtém nutrientes e recursos do hospedeiro, prejudicando-o de alguma forma, seja de maneira branda ou severa. Essa dependência é essencial para a sobrevivência do parasita, que muitas vezes não consegue completar seu ciclo de vida sem o hospedeiro.

Outro aspecto importante é que o parasitismo geralmente envolve um desequilíbrio na relação, com benefício unilateral para o parasita e prejuízo para o hospedeiro. Isso difere de outras relações simbióticas, como o mutualismo, onde ambas as espécies se beneficiam, ou o comensalismo, onde uma espécie se beneficia sem causar dano à outra.

Portanto, a afirmação está incorreta ao sugerir que existe independência orgânica e metabólica no parasitismo. Pelo contrário, essa dependência é uma característica fundamental que define essa relação ecológica. O gabarito E (ERRADO) está correto, pois a definição apresentada no item não corresponde adequadamente ao conceito de parasitismo.

O estudo do parasitismo é fundamental para compreender as complexas interações biológicas entre diferentes espécies. Um dos conceitos importantes nessa área é a classificação dos parasitos quanto ao número de hospedeiros necessários para completar seu ciclo de vida. Os parasitos que exigem dois ou mais hospedeiros são denominados heteróxenos, um termo que destaca sua dependência de múltiplos organismos para se desenvolver.

No entanto, o item em análise contém um erro conceitual relevante. Embora esteja correto afirmar que parasitos heteróxenos necessitam de mais de um hospedeiro, a definição do hospedeiro que alberga a fase adulta como "hospedeiro intermediário" está incorreta. Na verdade, o hospedeiro que abriga a forma adulta do parasito é chamado de hospedeiro definitivo, enquanto o hospedeiro intermediário é aquele que abriga as formas larvais ou juvenis do parasito.

Essa distinção é crucial para o entendimento dos ciclos parasitários. Por exemplo, no caso da esquistossomose, o verme adulto se desenvolve no ser humano (hospedeiro definitivo), enquanto as formas larvais passam por caramujos de água doce (hospedeiros intermediários). Portanto, a afirmação de que o hospedeiro da fase adulta é o intermediário constitui um equívoco, justificando a marcação da alternativa E) ERRADO como resposta correta.

As relações ecológicas entre os seres vivos são fundamentais para a compreensão da dinâmica dos ecossistemas. No caso apresentado, a interação entre abelhas e plantas polinizadas por elas é um exemplo clássico de protocooperação, uma relação mutualista facultativa em que ambos se beneficiam, mas podem viver independentemente.

Já a situação de duas plantas de espécies diferentes, com mesmo porte, envasadas em um único recipiente, caracteriza competição, pois ambas disputam os mesmos recursos limitados, como água, nutrientes e espaço.

No caso das orquídeas e árvores de médio porte, temos um exemplo de inquilinismo, onde as orquídeas utilizam as árvores como suporte sem causar prejuízo à hospedeira, caracterizando uma relação harmônica.

Por fim, a relação entre cupins e protozoários é um caso de mutualismo obrigatório, pois os protozoários vivem no sistema digestório dos cupins, auxiliando na digestão da celulose, enquanto recebem abrigo e alimento em troca.

Portanto, a sequência correta das relações ecológicas descritas é: protocooperação; competição; inquilinismo; mutualismo, correspondendo à alternativa D).

O impacto dos produtos orgânicos sintéticos, como pesticidas, nos ecossistemas aquáticos é um tema de grande relevância ambiental. Essas substâncias, quando introduzidas no ambiente, desencadeiam processos como a biomagnificação, em que os poluentes se acumulam progressivamente ao longo da cadeia alimentar. A bioacumulação ocorre principalmente porque esses compostos possuem uma característica crítica: sua resistência à degradação natural.

A alternativa correta, C), indica que a não biodegradabilidade dessas substâncias é o fator central para sua persistência no ambiente. Diferentemente de compostos orgânicos naturais, que são decompostos por microrganismos, os pesticidas sintéticos permanecem intactos por longos períodos. Isso permite que sejam absorvidos por organismos aquáticos, como plâncton e peixes, e se concentrem em níveis cada vez mais altos à medida que avançam na cadeia trófica.

As outras alternativas apresentam equívocos: a insolubilidade em água (A) não é uma regra geral para esses poluentes, e muitos são justamente transportados por corpos d'água. A analogia com proteínas (B) é incompatível com a estrutura química da maioria dos pesticidas. Por fim, a toxicidade dessas substâncias (D) as torna prejudiciais ao metabolismo, não sendo incorporadas de forma benéfica.

Portanto, a persistência ambiental causada pela não biodegradabilidade é o principal mecanismo por trás da bioacumulação, representando um desafio significativo para a preservação dos ecossistemas aquáticos.

O cultivo do algodão arbóreo foi um dos pilares econômicos do Nordeste brasileiro durante grande parte do século XX, sendo conhecido como o "ouro branco" da região. No entanto, na década de 1980, a chegada do bicudo, um inseto exótico, trouxe sérios prejuízos à produção algodoeira. Esse inseto se alimenta das flores do algodoeiro, comprometendo diretamente a formação da fibra de algodão.

A relação ecológica entre o bicudo e o algodoeiro pode ser classificada como herbivorismo. Isso ocorre porque o inseto consome partes da planta (as flores) sem necessariamente levar à morte imediata do vegetal. Diferentemente do parasitismo, em que um organismo se beneficia às custas do outro de forma prolongada, ou da predação, que envolve a morte da presa, o herbivorismo caracteriza-se pela alimentação de animais em plantas vivas.

Portanto, a alternativa correta é:

• B) herbivorismo.

Em grupos sociais da espécie Callithrix jacchus, a dinâmica reprodutiva é marcada por uma hierarquia rígida, na qual apenas uma fêmea assume o papel de reprodutora dominante, enquanto as demais são mantidas em condição de subordinação. Esse sistema promove competição entre as fêmeas, levando a interações agonísticas, ou seja, conflitos que determinam a posição hierárquica e o acesso à reprodução.

Analisando as alternativas:

• A) Poliandria: Incorreta, pois não há evidências de que machos se acasalem com múltiplas fêmeas subordinadas. A estrutura social favorece a monogamia ou poliginia, mas não poliandria.
• B) Comportamento altruísta entre machos: Incorreta, pois o foco do conflito está nas fêmeas, não nos machos, que geralmente não exibem esse tipo de comportamento para proteger o casal dominante.
• C) Poliginia: Incorreta, pois a fêmea reprodutora dominante não costuma acasalar-se com múltiplos machos, e sim manter um parceiro principal.
• D) Interações agonísticas entre fêmeas: Correta, pois a competição pelo posto reprodutivo leva a conflitos físicos e comportamentais, consolidando a hierarquia.

Portanto, a resposta correta é D), já que a subordinação reprodutiva nessa espécie está diretamente ligada à competição entre fêmeas pelo direito de reproduzir.

Algumas espécies de fungos desenvolveram mecanismos fascinantes para capturar e digerir nematoides, demonstrando uma relação ecológica específica. Esses fungos possuem hifas especializadas que formam estruturas em forma de anel ou laço. Quando um nematoide entra em contato com a parte interna desse anel, a armadilha se fecha, prendendo o organismo. Posteriormente, o fungo coloniza e digere o nematoide para obter nutrientes.

Analisando as opções apresentadas:

• A) Mutualismo: Não se aplica, pois não há benefício mútuo entre o fungo e o nematoide.
• B) Saprofitismo: Incorreto, pois o fungo não está se alimentando de matéria orgânica morta, mas sim capturando um organismo vivo.
• C) Parasitismo: Não é o caso, pois o fungo não vive às custas do nematoide sem matá-lo imediatamente.
• D) Predatismo: Correto, pois o fungo caça ativamente o nematoide para se alimentar, caracterizando uma relação predador-presa.
• E) Endofitismo: Não se encaixa, já que o fungo não vive dentro do nematoide de forma harmônica.

Portanto, a relação descrita é claramente um exemplo de predatismo, em que o fungo age como predador e o nematoide como presa.

As interações ecológicas entre espécies são fundamentais para a manutenção dos ecossistemas, e um dos exemplos mais fascinantes é a relação entre formigas do gênero Azteca e plantas do gênero Cecropia. Essa associação ilustra um caso clássico de mutualismo, uma interação harmônica interespecífica obrigatória, em que ambas as espécies se beneficiam mutuamente.

As formigas Azteca desempenham um papel crucial na proteção das plantas Cecropia contra herbívoros, garantindo que estas não sofram danos significativos. Além disso, elas contribuem para a saúde da planta ao remover vegetação competidora, como epífitas e lianas, facilitando o acesso à luz e nutrientes. Em troca, a Cecropia oferece abrigo e alimento às formigas, proporcionando um ambiente ideal para nidificação em seus caules ocos e produzindo corpúsculos müllerianos, estruturas ricas em nutrientes localizadas na base dos pecíolos das folhas.

Essa relação é classificada como mutualismo porque ambas as espécies dependem uma da outra para sua sobrevivência e reprodução, caracterizando uma interação obrigatória. Além disso, a descrição correta das categorias taxonômicas envolvidas é essencial: Azteca pertence à família Formicidae, enquanto Cecropia está na família Cecropiaceae. Portanto, a alternativa que melhor descreve essa relação é a E) mutualismo, pois é harmônica interespecífica obrigatória entre Azteca, da família Formicidae, e indivíduos de Cecropia, da família Cecropiaceae.

Esse exemplo demonstra como as interações mutualísticas podem moldar a evolução de espécies, criando relações complexas e interdependentes que beneficiam tanto os organismos envolvidos quanto o ecossistema como um todo.

As micorrizas representam uma das interações mais fascinantes e benéficas entre plantas e fungos, desempenhando um papel crucial no crescimento vegetal e na produtividade agrícola. Essas estruturas simbióticas se formam quando fungos do solo colonizam as raízes das plantas, estabelecendo uma relação mutualista em que ambos os organismos se beneficiam.

O texto destacado demonstra como a inoculação de fungos micorrízicos em araucárias e outras coníferas, como Pinus, pode melhorar significativamente o desenvolvimento das mudas. Esse efeito positivo ocorre porque as hifas dos fungos, ao se associarem às raízes, ampliam consideravelmente a área de absorção de água e nutrientes, particularmente o fósforo, que muitas vezes é pouco disponível no solo.

A alternativa correta (C) explica precisamente esse mecanismo: o emaranhado de hifas fúngicas funciona como uma extensão do sistema radicular da planta, permitindo que ela acesse recursos em um volume de solo muito maior do que conseguiria sozinha. Esse aumento na eficiência de absorção é especialmente importante para o fósforo, um nutriente essencial que apresenta baixa mobilidade no solo.

Embora algumas outras alternativas apresentem mecanismos plausíveis (como a produção de substâncias promotoras de crescimento ou a fixação de nitrogênio), elas não correspondem à principal função das micorrizas. A inibição de competidores (E) ou o fornecimento direto de nutrientes da matéria orgânica (B) são processos menos relevantes nessa simbiose específica.

Portanto, a associação micorrízica se mostra como uma estratégia natural extremamente eficiente para melhorar o desenvolvimento vegetal, reduzindo a necessidade de fertilizantes químicos e aumentando a sustentabilidade dos sistemas agrícolas e florestais.

A caravela portuguesa (Physalia physalis) é um organismo fascinante não apenas por sua beleza e perigo, mas também por sua estrutura biológica única. O trecho citado do XI Congresso de Ecologia do Brasil destaca sua relevância médica devido aos acidentes que causa em banhistas, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do país. No entanto, além do impacto na saúde pública, a caravela portuguesa também serve como um exemplo interessante de relações ecológicas, especificamente no que diz respeito à sua organização como colônia.

O gabarito correto para a questão apresentada é a alternativa E) intraespecífica do tipo colônia. Isso porque a caravela portuguesa não é um único indivíduo, mas sim uma colônia de organismos geneticamente idênticos (zooides) que trabalham em conjunto para sobreviver. Essa relação é classificada como intraespecífica, pois ocorre entre indivíduos da mesma espécie, e como colônia, já que os zooides estão fisicamente conectados e desempenham funções especializadas, como flutuação, alimentação e reprodução.

Essa característica diferencia a caravela portuguesa de outros tipos de relações ecológicas, como sociedades (onde indivíduos cooperam sem estarem fisicamente unidos) ou interações interespecíficas (entre espécies diferentes). A estrutura colonial da caravela é um exemplo marcante de como a evolução moldou organismos para maximizar sua eficiência e sobrevivência em ambientes marinhos, mesmo que isso represente um risco para os seres humanos em determinadas circunstâncias.