Questões Sobre Sucessão ecológica - Biologia - concurso

A transformação de aterros sanitários em áreas verdes, como parques e reservas naturais, representa um avanço significativo na gestão ambiental e no planejamento urbano sustentável. O exemplo do Washington Arboretum Park, que antes abrigava o aterro Miller Street Dump, ilustra como é possível reverter impactos negativos no meio ambiente por meio de técnicas adequadas de recuperação. Esse processo envolve não apenas a impermeabilização do solo e o plantio de vegetação, mas também a compreensão dos mecanismos ecológicos que permitem a regeneração do ecossistema.

No contexto da sucessão ecológica, o encerramento de um aterro sanitário desencadeia um processo conhecido como sucessão alogênica. Essa classificação é correta porque as mudanças no ambiente são impulsionadas por fatores externos, como a intervenção humana para remediar a área degradada. Diferentemente da sucessão autogênica, em que as alterações são geradas pelos próprios organismos presentes no local, a sucessão alogênica ocorre quando forças externas modificam as condições do ecossistema, permitindo o estabelecimento de novas comunidades biológicas.

A legislação ambiental brasileira, por sua vez, reforça a importância de práticas sustentáveis na gestão de resíduos sólidos e na recuperação de áreas degradadas. Normas como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010) incentivam a adoção de medidas que minimizem os impactos ambientais e promovam a reintegração dessas áreas ao meio ambiente. Portanto, a afirmação de que o processo de sucessão ecológica em aterros desativados é alogênico está correta, pois reflete tanto os princípios da ecologia quanto as diretrizes legais que regem a gestão ambiental no Brasil.

A sucessão ecológica é um processo dinâmico e gradual no qual comunidades biológicas evoluem ao longo do tempo, culminando em um ecossistema mais estável e complexo. Entre as principais tendências observadas nesse processo, destaca-se o aumento da diversidade de espécies, que reflete tanto o crescimento da riqueza (número de espécies) quanto da equitatividade (distribuição equilibrada de indivíduos entre as espécies). Essa característica é fundamental para a resiliência e a estabilidade do ecossistema, permitindo maior capacidade de adaptação a perturbações ambientais.

A alternativa E) é a correta porque, conforme a sucessão avança, há maior disponibilidade de nichos ecológicos, favorecendo a colonização por novas espécies e a coexistência equilibrada entre elas. Enquanto outras opções apresentam aspectos parcialmente relevantes, como interações interespecíficas (B) ou produção de biomassa (A), nenhuma captura tão precisamente a essência da sucessão ecológica quanto o incremento da diversidade biológica.

A ilha vulcânica de Surtsey, localizada próxima ao litoral sul da Islândia, surgiu na década de 1960 devido a uma erupção vulcânica, tornando-se a ilha mais jovem do Oceano Atlântico. Seu processo de colonização biológica começou com espécies pioneiras, como musgos e liquens, capazes de sobreviver em condições iniciais adversas. Com o tempo, a chegada de aves contribuiu para o enriquecimento do solo, permitindo que plantas mais complexas, como arbustos, se estabelecessem. Esse fenômeno, em que comunidades ecológicas evoluem de forma ordenada e progressiva em um ambiente previamente estéril, é um claro exemplo de sucessão ecológica.

A sucessão ecológica representa a sequência natural de mudanças na estrutura e composição de um ecossistema ao longo do tempo. No caso de Surtsey, observa-se uma sucessão primária, já que a colonização partiu de um ambiente completamente novo, sem vida pré-existente. Esse processo demonstra como a natureza é capaz de se regenerar e desenvolver biodiversidade mesmo em condições extremas, reforçando a importância da interação entre espécies e o ambiente para a formação de ecossistemas equilibrados.

O processo de sucessão ecológica após um distúrbio intenso, como uma erupção vulcânica, é um fenômeno complexo que envolve mudanças graduais na composição e estrutura das comunidades terrestres. Inicialmente, a área impactada apresenta condições adversas, como solo pobre em nutrientes e ausência de vegetação, o que dificulta o estabelecimento de espécies mais exigentes.

Entre as alternativas apresentadas, a diminuição gradual da produtividade primária líquida (opção B) é a mais coerente com o esperado nesse cenário. Isso ocorre porque, nas primeiras fases da sucessão, a comunidade é dominada por espécies pioneiras, como gramíneas e herbáceas, que possuem alta taxa de crescimento e rápida ciclagem de nutrientes. Conforme a sucessão avança, espécies mais complexas, como arbustos e árvores, começam a se estabelecer, aumentando a biomassa total, mas reduzindo a produtividade líquida devido ao maior gasto energético em manutenção.

As demais alternativas apresentam equívocos:

• A) A ocupação por gramíneas é típica, mas não são necessariamente produtoras iniciais em ambientes vulcânicos extremos.
• C) Liquens são pioneiros em ambientes rochosos, mas solos vulcânicos recentes são geralmente pobres em nutrientes.
• D) A ecese é justamente a fase inicial de colonização, não havendo extinção rápida de espécies.

Portanto, a alternativa B reflete corretamente a dinâmica esperada na sucessão ecológica pós-distúrbio, onde a produtividade primária líquida diminui gradualmente conforme o ecossistema amadurece.

A produção primária líquida (PPL) é um indicador fundamental para entender a produtividade dos ecossistemas terrestres, representando a quantidade de energia capturada pelos produtores primários, como plantas, por meio da fotossíntese, menos a energia consumida por sua respiração. Essa métrica varia significativamente entre diferentes biomas devido a fatores como disponibilidade de luz solar, temperatura, umidade e nutrientes no solo.

Analisando as opções apresentadas, a alternativa D) é a correta, pois reflete a ordem decrescente de produção primária líquida dos ecossistemas terrestres de forma mais precisa:

1. Floresta tropical: possui a maior PPL devido ao clima quente e úmido, com alta disponibilidade de luz solar e água durante todo o ano, favorecendo o crescimento vegetal intenso.
2. Floresta temperada: apresenta alta produtividade, mas menor que a tropical, devido às estações bem definidas e invernos mais rigorosos, que limitam o crescimento em parte do ano.
3. Floresta boreal: tem produtividade moderada, pois, apesar de cobrir grandes áreas, seu crescimento é limitado por temperaturas baixas e estações de crescimento curtas.
4. Savana: embora tenha períodos de alta produtividade durante a estação chuvosa, a escassez de água na estação seca reduz sua média anual.
5. Tundra: possui a menor PPL devido ao clima extremamente frio, solo congelado (permafrost) e estações de crescimento muito curtas, limitando severamente a atividade fotossintética.

Portanto, a ordem correta, considerando a produção primária líquida em escala global, é de fato a apresentada na alternativa D), que classifica os ecossistemas de acordo com sua capacidade produtiva em condições naturais.

Uma das características que evidencia um ecossistema-clímax é a alta equitabilidade das comunidades. Essa propriedade reflete a distribuição equilibrada de indivíduos entre as diferentes espécies presentes no ambiente, indicando um estágio avançado de sucessão ecológica.

Embora outros fatores, como produtividade primária líquida (A) e troca de nutrientes (B), sejam relevantes para o funcionamento do ecossistema, a equitabilidade (C) demonstra maturidade e estabilidade. Já a variabilidade ambiental (D) é mais comum em estágios iniciais de sucessão, não sendo uma marca de clímax.

Portanto, a alternativa correta é C) equitabilidade das comunidades, pois representa o equilíbrio característico de ecossistemas-clímax, onde a diversidade e a estabilidade das interações ecológicas atingem seu ápice.

O enriquecimento ecológico da vegetação secundária da Mata Atlântica é uma prática importante para a conservação e recuperação desse bioma tão ameaçado. Conforme o texto apresentado, essa atividade não requer autorização do órgão ambiental competente quando realizada em determinadas condições. A alternativa correta, conforme o gabarito, é a letra B, que especifica que o enriquecimento pode ser feito em remanescentes de vegetação nativa secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração, desde que não envolva corte ou supressão de espécies nativas existentes.

Essa abordagem demonstra um entendimento equilibrado entre a necessidade de recuperação ambiental e o respeito pela vegetação já estabelecida. Ao permitir o enriquecimento sem a remoção das espécies nativas, a legislação garante que o processo de regeneração natural não seja prejudicado, mantendo a integridade ecológica do local. Isso é particularmente relevante na Mata Atlântica, um dos biomas mais biodiversos do planeta e também um dos mais devastados pela ação humana.

As outras alternativas apresentam situações que envolvem intervenções mais drásticas, como supressão de espécies nativas ou exóticas, ou atividades com fins comerciais. Essas práticas, embora possam ter justificativas econômicas ou de manejo, não se enquadram no conceito de enriquecimento ecológico isento de autorização, pois apresentam maior potencial de impacto ambiental. A escolha da alternativa B como correta reforça a priorização da conservação sobre interesses econômicos imediatos quando se trata de recuperação ambiental.

Este caso ilustra como a legislação ambiental brasileira busca equilibrar a necessidade de recuperação de áreas degradadas com a proteção dos recursos naturais existentes. O enriquecimento ecológico, quando bem aplicado conforme a alternativa B, representa uma ferramenta valiosa para aumentar a biodiversidade e acelerar o processo de sucessão ecológica na Mata Atlântica, sem comprometer a vegetação já estabelecida.

O caso apresentado ilustra um conflito comum entre proprietários rurais e agentes ambientais quanto à classificação de estágios sucessionais da vegetação. O sitiante alegou ter desmatado uma área em estágio pioneiro, enquanto o agente ambiental identificou características de estágio médio de regeneração, fundamentando sua autuação.

A alternativa correta (D) descreve precisamente as características de uma vegetação secundária em estágio médio de regeneração, conforme definido pela legislação ambiental brasileira. Este estágio apresenta:

• Árvores com alturas variando entre 4 e 12 metros
• Presença de trepadeiras não lenhosas
• Ocorrência de arbustos umbrófilos

Estes elementos contrastam com as características do estágio pioneiro (alternativa B), que apresenta vegetação mais rala, ausência de serapilheira e baixa biodiversidade. Também se diferencia do estágio avançado (alternativa C), que mostra árvores com DAP superior a 20 cm e grande biodiversidade.

A análise correta do estágio sucessional é fundamental para aplicação da legislação ambiental, pois determina as restrições ao uso da área e as possíveis penalidades por desmatamento irregular. No caso em questão, a classificação como estágio médio justifica a autuação, já que a vegetação apresentava características de maior complexidade ecológica do que o alegado pelo proprietário.

Durante o curso da sucessão ecológica autogênica, observamos diversas mudanças no ecossistema, incluindo:

• A) diminuição da biomassa, diminuição da diversidade, aumento da produtividade e ciclos elementares mais fechados.
• B) aumento da biomassa, aumento da diversidade, diminuição da produtividade e ciclos elementares mais fechados.
• C) aumento da biomassa, diminuição da diversidade, diminuição da produtividade e ciclos elementares mais fechados.
• D) diminuição da biomassa, aumento da diversidade, diminuição da produtividade e ciclos elementares mais fechados.
• E) aumento da biomassa, aumento da diversidade, aumento da produtividade e ciclos elementares mais fechados.

O gabarito correto é B).

A Mata Atlântica no sul da Bahia é um ecossistema de extrema importância biológica, caracterizado por sua alta biodiversidade e elevado endemismo. O sistema tradicional de cultivo de cacau conhecido como cabruca desempenha um papel fundamental na conservação dessa floresta, pois mantém parte da vegetação nativa enquanto integra a produção agrícola. Nesse método, apenas árvores selecionadas são preservadas, permitindo o cultivo do cacau sob seu dossel. Essa prática não apenas sustenta a economia local, mas também protege espécies da flora e fauna ameaçadas pela degradação ambiental.

A transição de um sistema de derruba total, que elimina completamente a cobertura florestal, para um sistema sombreado como a cabruca, exige um processo cuidadoso de restauração ecológica. Para isso, é essencial iniciar com o plantio de espécies pioneiras, que são mais resistentes e de crescimento rápido, criando as condições necessárias para o sombreamento. Posteriormente, espécies de estágios intermediários de sucessão devem ser introduzidas, garantindo a recuperação gradativa da estrutura e da diversidade da floresta original. Esse método assegura a sustentabilidade ambiental e a produtividade agrícola a longo prazo.

Portanto, a afirmação de que a conversão para o sistema cabruca requer a recomposição da vegetação nativa, começando por espécies pioneiras e seguindo com outras de estágio intermediário, está correta. Esse processo é fundamental para restabelecer o equilíbrio ecológico e promover a coexistência harmoniosa entre agricultura e conservação na Mata Atlântica.