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Questões Sobre Poderes e Deveres da Administração - Direito Administrativo - concurso

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1151) Os agentes de polícia do estado de Alagoas, no exercício de sua função, devem comedir a aplicação do uso de força em suas abordagens e ações, buscando agir de maneira adequada, sem extrapolar os limites legais impostos ao exercício do poder que lhes é conferido. Acerca do uso e do abuso de poder, julgue o item que se seguem.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra A) Certo

Gabarito: CERTO.

 

A questão aborda o tema Poderes da Administração, mais precisamente o Poder de Polícia. Nesse contexto, a assertiva está CORRETA, pois, nem sempre, o Poder de Polícia será discricionário. Com efeito, a regra é que os atos de polícia que são discricionários e obedecem apenas as limitações expressas na legislação instituidora do poder de polícia, podendo, no caso concreto, definir, por exemplo, qual sanção adequada aplica-se melhor naquela situação. Quando é expressão da vinculação, o agente público não possui liberdade para escolher o modo de atuação, mas, dado os fatos ocorridos, a própria lei define, de antemão, qual medida deverá ser aplicada naquele caso, conforme lição de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 276):

Embora a discricionariedade seja a regra no exercício do poder de polícia, nada impede que a lei, relativamente a determinados atos ou fatos, estabeleça total vinculação da atuação administrativa a seus preceitos. É o caso, como vimos, da concessão de licença para construção em terreno próprio ou para o exercício de uma profissão, em que não existe para a administração liberdade de valoração, quando o particular atenda aos requisitos legais

Além disso, o alvará é a forma em que se manifestam a licença e autorização. Se concedido em razão de licença, isto é, em razão de um direito subjetivo do particular será definitivo e vinculante para a administração. Por sua vez, se concedido em razão de autorização, ou seja, em razão de mera liberalidade da Administração, o alvará é considerado precário e discricionário, conforme nos relembra Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 162):

será definitivo e vinculante para a Administração quando expedido diante de um direito subjetivo do requerente como é a edificação, desde que o proprietário satisfaça todas as exigências das normas edilícias; será precário e discricionário se a Administração o concede por liberalidade, desde que não haja impedimento legal para sua expedição, como é o alvará de porte de arma ou de uso especial de um bem público. O alvará definitivo consubstancia uma licença; o alvará precário expressa uma autorização.

Portanto, assertiva CORRETA.

1152) Acerca do poder de polícia administrativa, considere as seguintes afirmativas:

  • A) Somente a afirmativa 3 é verdadeira.
  • B) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
  • C) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.

  • D) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
  • E) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.

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A alternativa correta é letra D) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.

Gabarito: LETRA D.

 

A questão aborda o tema Poderes da Administração Pública. Nesse contexto, vamos analisar os itens para encontrar a resposta correta.

  

Correto. A imposição de medida sanitária é uma limitação a liberdade individual em benefício do interesse coletivo, decorrendo, pois, do Poder de Polícia, pois este se trata da atribuição conferida à Administração Pública para limitar o exercício dos direitos individuais, em benefício do interesse público. Com efeito, o poder de Polícia serve justamente para restringir a esfera de interesses do particular, baseando-se suas atividades externamente à Administração. Vejamos nas lições de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 134):

 

Em linguagem menos técnica, podemos dizer que o poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual. Por esse mecanismo, que faz parte de toda Administração, o Estado detém a atividade dos particulares que se revelar contrária,nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional. 

 

 

Correto. Exceção ao atributo da discricionariedade, a licença é ato administrativo vinculado e com notas de definitividade, editado com fundamento no poder de polícia, em ocasiões em que o ordenamento jurídico exige a obtenção de anuência prévia da administração pública. É o que nos diz Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 538):

 

Licença é ato administrativo vinculado e definitivo, editado com fundamento no poder de polícia administrativa, nas situações em que o ordenamento jurídico exige a obtenção de anuência prévia da administração pública como condição para o exercício, pelo particular, de um direito subjetivo de que ele seja titular.

  

Correto. Devemos ter em mente que o poder de polícia pode ser exercido preventiva ou repressivamente. O poder de polícia preventiva visa evitar que o ato contrário a lei ou abusivo venha a ocorrer. A fiscalização, por exemplo, é uma manifestação do poder de polícia preventiva, conforme ensinam Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 267):

 

O poder de polícia administrativa pode ser exercido preventiva ou repressivamente. No primeiro caso - exercício preventivo do poder de polícia -, o poder público estabelece normas que limitam ou condicionam a utilização de bens (públicos ou privados) ou o exercício de atividades privadas que possam afetar a coletividade, exigindo que o particular obtenha anuência da administração pública previamente à utilização desses bens ou ao exercício dessas atividades. Tal anuência é formalizada nos denominados alvarás, expedidos pela administração à vista da demonstração, pelo particular requerente, de que estão atendidos os requisitos ou cumpridas as condições para o uso da propriedade ou a prática das atividades que devam ser objeto de controle pelos órgãos de polícia administrativa. Os alvarás podem ser de licença ou de autorização

 

De outro vértice, sabemos que o poder de polícia atua para conter os abusos de direito individual ou coletivo em prol do interesse coletivo. Desse modo, quando se abusam de direitos, entra em cena o poder de polícia repressivo. Desse modo, o exercício do poder de polícia pode ser repressivo, com adoção de atos repressivos para coibir ação particular lesiva aos interesse coletivos ou para punir o infrator de determinada norma. Nesse sentido, confira-se Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 267-268):

 

A outra possibilidade de exercício - atividade repressiva de policia administrativa - é consubstanciada na aplicação de sanções administrativas como consequência da prática de infrações a normas de policia pelos particulares a elas sujeitos. Verificando a existência de infração, a autoridade administrativa deverá lavrar o auto de infração pertinente e cientificar o particular da sanção aplicada. A imposição da sanção de polícia pela administração é ato autoexecutório, ou seja, para aplicar a sanção a administração não necessita da interferência prévia do Poder Judiciário. 

  

Incorreto. Na verdade, não se faz necessária a autorização judicial prévia. Observe, desse modo, que não há necessidade de autorização do Poder Judiciário para atuação do representante da Administração na limitação de interesse ou liberdade de particulares, uma vez que os atos administrativos de polícia são dotados de autoexecutoriedade, o qual autoriza a atuação da Administração sem o controle prévio judicial. Vejamos nas lições de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 276):

 

É atributo típico do poder de polícia, presente, sobretudo, nos atos repressivos de polícia. A administração pública precisa ter a prerrogativa de impor diretamente, sem necessidade de prévia autorização judicial, as medidas ou sanções de polícia administrativa necessárias à repressão de atividades lesivas à coletividade, ou que coloquem em risco a incolumidade pública.
A obtenção de prévia autorização judicial para a prática de determinados atos de polícia é uma faculdade da administração pública. Ela costuma recorrer previamente ao Judiciário quando tenciona praticar atos em que seja previsível forte resistência dos particulares envolvidos, como na demolição de edificações irregulares, embora, como dito, seja facultativa a obtenção de tal autorização. 

 

Portanto, como somente os itens 1, 2 e 3 estão corretos, gabarito LETRA D.

1153) Os poderes da Administração Pública são as autoridades ou os órgãos administrativos, instituídos conforme o ordenamento jurídico para, como representantes do poder do Estado, desempenhar as funções públicas que lhe sejam atribuídas por lei e preservar o interesse público, ou seja, o interesse da coletividade, atingindo sua satisfação. Portanto, os poderes da Administração são prerrogativas que ela possui para atingir a finalidade pública. O exercício desses poderes é uma obrigação, pois constitui a maneira de se alcançar a preservação dos interesses da coletividade. A Administração tem, assim, a obrigação de utilizá-los, pois, se não o fizer, poderá ser penalizada.

  • A) Apenas os itens IV e V estão certos.
  • B) Apenas os itens I, II e III estão certos.
  • C) Apenas os itens I, III e V estão certos.
  • D) Apenas os itens II, IV e V estão certos.
  • E) Todos os itens estão certos.

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A alternativa correta é letra D) Apenas os itens II, IV e V estão certos.

Gabarito: letra D.

 

Vamos analisar os itens, que tratam do Poder de Polícia.

 

I. ERRADO. Claro que descaracteriza. Por exemplo, se o ato não for de interesse público, não se pode dizer que se trata de um ato do poder de polícia, pois este busca exatamente a prevalência do interesse público sobre o privado. Também não pode ser praticado por quem não faça as vezes da Administração; mesmo que não seja praticado diretamente por ela, somente quem recebe esse poder, ou parte dele, por delegação poderá agir com poder de polícia.

 

Por fim, se o ato em questão não incide sobre a propriedade, direitos ou liberdade individuais, mas, por exemplo, sobre as pessoas, também já não se trata do poder de polícia administrativa.

 

II. CERTO. Sim. As normas (atos gerais) são exemplos de atos de polícia, mesmo não se aplicando individualmente a um determinado administrado.

 

III ERRADO. A prescrição se dá em 5 (cinco) anos.

 

"Lei 9.873/99

 

Art. 1o  Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do dia em que tiver cessado."

 

IV CERTO. Até porque, são medidas dotadas de imperatividade.

 

V CERTO. Sim, e não é sem importância ressaltar isso. Os atos legislativos e judiciais não podem ser considerados ato de polícia em sentido estrito. De certa forma, tanto o ato legislativo típico (a lei) quando o ato judicial típico (a decisão judicial), por limitarem os interesses individuais para sobrepor a estes o interesse público, podem ser considerados, em sentido lato, uma manifestação do poder de polícia, mas não pode ser considerado um ato de polícia em sentido estrito.

 

Espero ter ajudado.

1154) A respeito do poder de polícia, julgue os itens que se seguem.

  • A) Nenhum item está certo.
  • B) Apenas o item I está certo.
  • C) Apenas o item III está certo.
  • D) Apenas os itens I e II estão certos.
  • E) Apenas os itens II e III estão certos.

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A alternativa correta é letra C) Apenas o item III está certo.

Gabarito: LETRA C.

A questão aborda o tema Poderes da Administração Pública, mais precisamente acerca do poder de polícia. Nesse contexto, vamos analisar os itens para encontrar a resposta correta, conforme exige a questão.

Incorreto. Na verdade, o poder de polícia ADMINISTRATIVA é inerente e se difunde por toda a administração, mesmo aqueles que não possuam, como função típica, a função administrativa (Poder Legislativo), desde que na função administrativa, conforme nos ensina Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 153):

polícia administrativa é inerente e se difunde por toda a Administração Pública, enquanto as demais são específicas e privativas de determinados órgãos (Polícias Civis) ou corporações (Polícias Militares e Guardas Municipais).

Incorreto. Na verdade, não se faz necessária a autorização judicial prévia. Observe, desse modo, que não há necessidade de autorização do Poder Judiciário para atuação do representante da Administração na limitação de interesse ou liberdade de particulares, uma vez que os atos administrativos de polícia são dotados de autoexecutoriedade, o qual autoriza a atuação da Administração sem o controle prévio judicial. Vejamos nas lições de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 276):

É atributo típico do poder de polícia, presente, sobretudo, nos atos repressivos de polícia. A administração pública precisa ter a prerrogativa de impor diretamente, sem necessidade de prévia autorização judicial, as medidas ou sanções de polícia administrativa necessárias à repressão de atividades lesivas à coletividade, ou que coloquem em risco a incolumidade pública.
A obtenção de prévia autorização judicial para a prática de determinados atos de polícia é uma faculdade da administração pública. Ela costuma recorrer previamente ao Judiciário quando tenciona praticar atos em que seja previsível forte resistência dos particulares envolvidos, como na demolição de edificações irregulares, embora, como dito, seja facultativa a obtenção de tal autorização. 

Correto. De fato, com base no Poder de Polícia (uma vez que está limitando ou disciplinando direito, com vistas ao interesse público), o município poderá estabelecer os horários de funcionamento dos estabelecimentos comerciais situados em seu território, conforme autoriza a Súmula Vinculante nº 38, do STF:

Súmula vinculante 38-STF: É competente o município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial.

Portanto, como somente o item III está correto, gabarito LETRA C.

1155) A delegação de poder de polícia em favor de sociedade de economia mista

  • A) prestadora de serviço público ou explorada da atividade econômica é viável desde que autorizada por lei.
  • B) atuante na iniciativa privada, em concorrência com outras empresas, é viável desde que em igualdade de condições.
  • C) é viável mesmo se adotado o regime celetista para as relações de trabalho no âmbito da empresa.
  • D) é viável desde que para atos desprovidos de coercibilidade.

  • E) é viável desde que para atos meramente preparatórios e instrutórios.

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A alternativa correta é letra C) é viável mesmo se adotado o regime celetista para as relações de trabalho no âmbito da empresa.

De acordo com a resposta correta, a delegação de poder de polícia em favor de uma sociedade de economia mista é possível mesmo que seja adotado o regime celetista para as relações de trabalho dentro da empresa. Isso significa que a natureza das relações de trabalho, regidas pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), não impede a delegação do poder de polícia a essa entidade. A viabilidade da delegação não está condicionada ao tipo de regime trabalhista adotado, mostrando que a empresa pode exercer essa atribuição independentemente do regime de contratação de seus funcionários.

1156) A atividade da administração pública que, tendo em vista a produção avícola, analisa o cumprimento das condições para registro dos estabelecimentos privados, fiscaliza as distâncias entre granjas existentes e controla aspectos de qualidade da produção, em razão de interesse público concernente à higiene e à disciplina da produção, encontra-se no âmbito do poder

  • A) regulamentar, com atributo de autoexecutoriedade e coercibilidade.
  • B) regulamentar, sendo cabível instituição de taxa pelo seu exercício.
  • C) de polícia, sendo cabível cobrança de preço público pelo seu exercício.
  • D) de polícia, sendo cabível a instituição de taxa pelo seu exercício.

  • E) de polícia judiciária, com atributo de autoexecutoriedade e coercibilidade.

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A alternativa correta é letra D) de polícia, sendo cabível a instituição de taxa pelo seu exercício.

Gabarito: letra D.

 

d) de polícia, sendo cabível a instituição de taxa pelo seu exercício. – certa.

 

Inicialmente, vejamos o texto do Código Tributário Nacional, o qual conceitua o poder de polícia:

 

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)”

 

“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.”

 

Ao analisar os dispositivos colacionados, nota-se que a situação trazida pelo enunciado é claramente uma atividade da Administração Pública exercendo o seu poder de polícia, o qual, segundo o Código Tributário Nacional, caracteriza fato gerador da taxa.

 

Sendo assim, a alternativa correta a ser assinalada é a letra D.

 

Vejamos os erros das demais alternativas:

 

a) regulamentar, com atributo de autoexecutoriedade e coercibilidade. – errada.

b) regulamentar, sendo cabível instituição de taxa pelo seu exercício. – errada.

 

A situação hipotética não é um exemplo de aplicação do poder regulamentar.

 

Vejamos o conceito trazido por Ricardo Alexandre e João de Deus:

 

“O exercício do poder regulamentar encontra fundamento no art. 84, IV, da Constituição Federal, consistindo na competência atribuída aos Chefes de Poder Executivo para que editem normas gerais e abstratas destinadas a detalhar as leis, possibilitando a sua fiel execução (regulamentos).” (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book. P. 227)

 

c) de polícia, sendo cabível cobrança de preço público pelo seu exercício. – errada.

 

Conforme visto, o poder de polícia é fato gerador da taxa e não do preço público.

 

e) de polícia judiciária, com atributo de autoexecutoriedade e coercibilidade. – errada.

 

O caso hipotético não explicita uma atuação da polícia judiciária e, sim, administrativa.

 

Vejamos a diferença entre as duas, na lição de Ricardo Alexandre e João de Deus:

 

“Distinção entre polícia administrativa e polícia judiciária

Antes de avançarmos no exame desse ponto, é necessário distinguir a polícia administrativa, que será objeto deste estudo, da polícia judiciária.

Com efeito, o principal aspecto que se costuma apontar para diferenciar a polícia administrativa da polícia judiciária é o caráter preventivo da primeira em contraposição ao caráter repressivo da segunda.

No entanto, tal distinção não é absoluta, pois a polícia administrativa, apesar de ter uma natureza predominantemente preventiva (por exemplo: quando o poder público concede licença para a condução de veículos automotores), também pode ser exercida para reprimir abusos (por exemplo: quando apreende a carteira e o veículo do condutor que faz racha). Por outro lado, apesar de predominar o aspecto repressivo da polícia judiciária (por exemplo: quando prende o autor de um homicídio), esta também atua de forma preventiva quando, por exemplo, realiza policiamento preventivo em áreas de alta incidência de roubos.

Outro aspecto referido pela doutrina para diferenciar os dois tipos de polícia é que a polícia administrativa incide sobre bens, direitos e atividades, enquanto a polícia judiciária atua apenas sobre as pessoas.

Além disso, a polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil, polícia militar, polícia federal), enquanto a polícia administrativa é exercida por diversos órgãos da Administração, inclusive pelas próprias corporações policiais especializadas.

Não obstante os critérios apontados anteriormente, o que melhor permite diferenciar os dois tipos de polícias é o fato de que a polícia administrativa se destina a prevenir ou reprimir ilícitos administrativos, enquanto a polícia judiciária tem por objetivo prevenir ou reprimir ilícitos penais.” (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book. P. 234)

1157) A atribuição conferida à Administração Pública para limitar o exercício dos direitos individuais, em benefício do interesse público, está relacionada ao poder

  • A) normativo.
  • B) hierárquico.
  • C) vinculado.
  • D) regulamentar.
  • E) de polícia.

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A alternativa correta é letra E) de polícia.

Gabarito: LETRA E.

 

A questão aborda o tema Poderes da Administração Pública. Nesse contexto, atribuição conferida à Administração Pública para limitar o exercício dos direitos individuais, em benefício do interesse público, está relacionada ao poder de polícia. Com efeito, o poder de Polícia serve justamente para restringir a esfera de interesses do particular, baseando-se suas atividades externamente à Administração. Vejamos nas lições de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 134):

 

Em linguagem menos técnica, podemos dizer que o poder de polícia é o mecanismo de frenagem de que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do direito individual. Por esse mecanismo, que faz parte de toda Administração, o Estado detém a atividade dos particulares que se revelar contrária,nociva ou inconveniente ao bem-estar social, ao desenvolvimento e à segurança nacional. 

 

Portanto, gabarito LETRA E.

 

Analisando os demais itens, temos o seguinte:

 

a)  normativo.

 

Para a administração, genericamente considerada, ficou o poder normativo, nos quais se fundam os demais atos de caráter normativo da administração. Vejamos na doutrina de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 254):

 

As competências para a edição desses outros atos de caráter normativo não se fundam no poder regulamentar, o qual, consoante acima exposto, é exclusivo do Chefe do Poder Executivo. Dizemos que esses outros atos administrativos têm fundamento no poder normativo da administração pública. É esse genérico poder normativo reconhecido à administração pública que parcela da doutrina atual tem invocado para defender a constitucionalidade dos denominados regulamentos autorizados, consoante será detalhado à frente.


b)  hierárquico.

 

O Poder Hierárquico permite a administração distribuir e escalonar as funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal. Vejamos na dicção de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 143):

 

O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública. Ordena as atividades da Administraçãorepartindo e escalonando as funções entre os agentes do Poder, de modo que cada um possa exercer eficientemente seu encargo; coordena, entrosando as funções no sentido de obter o funcionamento harmônico de todos os serviços a cargo do mesmo órgão; controla, velando pelo cumprimento da lei e das instruções e acompanhando a conduta e o rendimento de cada servidorcorrige os erros administrativos, pela ação revisora dos superiores sobre os atos dos inferiores. Desse modo, a hierarquia atua como instrumento de organização e aperfeiçoamento do serviço e age como meio de responsabilização dos agentes administrativos, impondo-lhes o dever de obediência.


c)  vinculado.

 

O Poder Vinculado é aquele que não confere liberdade escolha à Administração. A própria lei define os elementos e requisitos necessários à formalização, conforme explica Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 149):

 

Poder vinculado ou regrado é aquele que o Direito Positivo - a lei - confere à Administração Pública para a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos necessários à sua formalização.


d)  regulamentar.

 

O poder regulamentar tem o objetivo de complementar ou explicar um lei, não havendo que se falar em regulação política, jurídica ou econômica. Com efeito, os Chefes do Poder Executivo (Governador do Estado, por exemplo) têm a função de exercer o poder regulamentar, que é uma faculdade destes de explicar a lei para a sua correta execução, por meio de regulamentos, sendo o decreto uma de suas espécies. Vejamos nas palavras de Hely Lopes Meirelles (Direito Administrativo Brasileiro. 42. ed. São Paulo: Malheiros, 2016, p. 149):

 

O poder regulamentar é a faculdade de que dispõem os Chefes de Executivo (Presidente da República, Governadores e Prefeitos) de explicar a lei para sua correta execução, ou de expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada por lei.

 

Desse modo, confirma-se gabarito LETRA E.

1158) Julgue o item, relativos ao poder de polícia da Administração.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra B) Errado

Gabarito: ERRADA.

 

A questão versa acerca do abuso de poder. Nesse contexto, a assertiva está INCORRETA, pois o ato com desvio de finalidade, mesmo que o ato de polícia, será nulo. De fato, perceba que o qualquer que seja a finalidade do ato que não seja o interesse público ou a sua finalidade imediata é razão para nulidade por vício no elemento do ato finalidade. É o que nos dizem Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015,p. 512):

 

O desatendimento a qualquer das finalidades de um ato administrativo - geral ou especifica - configura vicio insanável, com a obrigatória anulação do ato. O vício de finalidade é denominado pela doutrina desvio de poder (ou desvio de finalidade) e constitui uma das modalidades do denominado abuso de poder (a outra é o excesso de poder, vício relacionado à competência). 

 

Portanto, assertiva INCORRETA.

1159) Recentemente, o Supremo Tribunal Federal enfrentou um dos temas mais controversos no âmbito do Direito Administrativo, tendo fixado algumas balizas sobre a delegação do poder de polícia, fixando tese de Repercussão Geral a respeito, em Recurso Extraordinário ajuizado pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A − BHTRANS (Tema 532 − RE 633782, Relator: Luiz Fux, Tribunal Pleno, julgado em 26/10/2020). Por meio deste precedente, o STF consolidou o entendimento no sentido de que a competência administrativa relativa ao poder de polícia é

  • A) indelegável, sendo reservado apenas aos órgãos da Administração direta, dada a natureza de potestade pública da atividade.
  • B) delegável, por lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração pública indireta, desde que sejam de capital social majoritariamente público e prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado, em regime não concorrencial.
  • C) delegável, por lei, apenas às pessoas jurídicas de direito público integrantes da Administração pública indireta, visto que o regime jurídico estatutário de seus servidores lhes confere a estabilidade indispensável ao exercício da atividade.
  • D) delegável a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração pública, desde que limitado às fases do ciclo de polícia administrativa relativas ao consentimento e à fiscalização, excluída a fase sancionatória.
  • E) delegável, por lei, a pessoas jurídicas de direito privado não integrantes da Administração pública, inclusive no tocante à fase sancionatória do ciclo de polícia, contanto que no exercício sejam observados os princípios do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório.

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A alternativa correta é letra B) delegável, por lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração pública indireta, desde que sejam de capital social majoritariamente público e prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado, em regime não concorrencial.

Essa resposta está de acordo com o entendimento consolidado pelo Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário ajuizado pela BHTRANS. O STF estabeleceu que a competência administrativa relativa ao poder de polícia pode ser delegada, por lei, a pessoas jurídicas de direito privado que façam parte da Administração pública indireta, desde que atendam aos critérios de ter capital majoritariamente público e prestem serviços públicos próprios do Estado, em um regime não concorrencial. Isso demonstra uma flexibilização na delegação do poder de polícia, permitindo que entidades privadas exerçam essa atribuição, desde que observadas as condições estabelecidas.

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1160) Ao exigir uma planta para licenciamento de construção pelo particular, o poder de Polícia da Administração Pública demonstra ser uma atividade

  • A) negativa.
  • B) positiva.
  • C) mista.
  • D) de obrigação de fazer.
  • E) material.

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Resposta:

A alternativa correta é letra A) negativa.

Ao exigir uma planta para licenciamento de construção pelo particular, o poder de Polícia da Administração Pública demonstra ser uma atividade negativa. Isso porque o poder de polícia, nesse contexto, atua limitando o exercício do direito do particular (negativa), impondo a exigência da apresentação da planta como forma de garantir que a construção esteja em conformidade com as normas urbanísticas, de segurança e de ordenamento territorial, visando à proteção do interesse coletivo e a preservação do meio ambiente.

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