Questões Sobre Poderes e Deveres da Administração - Direito Administrativo - concurso
211) Os poderes administrativos estão sujeitos a certas peculiaridades. No poder de polícia destaca-se, entre outras, a
- A) auto-executoriedade, mas sem a coercibilidade no sentido de evitar o abuso ou o excesso de poder pelo agente da Administração.
- B) natureza renunciável do referido poder de polícia, visto que a entidade que detém a competência pode demitir-se desse poder.
- C) identidade com os Poderes de Estado, porque esse poder administrativo só pode ser exercido pelo respectivo órgão político-constitucional do Governo.
- D) sua incidência sobre bens, direitos, atividades e pessoas, por não haver distinção razoável com a polícia judiciária e a manutenção da ordem pública.
- E) exclusividade do policiamento administrativo, sendo exceção a concorrência desse policiamento entre as Administrações interessadas.
A alternativa correta é letra E) exclusividade do policiamento administrativo, sendo exceção a concorrência desse policiamento entre as Administrações interessadas.
Vamos ao exame de cada proposição, em busca da correta:
a) Errado:
A coercibilidade também é uma característica atribuída pela doutrina ao poder de polícia, no sentido de que as medidas de polícia são impostas coercitivamente a seus destinatários, sem a necessidade de anuência, cabendo a estes seu devido cumprimento, sob pena de sanções.
b) Errado:
As competências administrativas são atribuídas a cada ente público como genuínos poderes-deveres de agir. Neste sentido, trata-se de competências irrenunciáveis, na medida em que são atribuídas para fins de atendimento de interesses públicos, interesses, portanto, que transcendem a pessoa que irá exercê-las, razão por que esta não tem a livre disposição sobre agir ou não agir. Deve, necessariamente, atuar sempre que se deparar com situação fática que legitime sua atuação, de modo que o poder de polícia insere-se perfeitamente neste raciocínio.
c) Errado:
Os Poderes de Estado - Executivo, Legislativo e Judiciário - não se confundem com os poderes administrativos, na medida em que estes últimos são meramente instrumentais, ou seja, são prerrogativas colocadas em favor da Administração para que possa se desincumbir de seus fins, conforme impostos pela Constituição e pelas leis em geral. Já os Poderes de Estado, vale dizer, Poderes Políticos, têm caráter estrutural e orgânico, sendo inerentes à própria estrutura do Estado. No ponto, eis a lição de Hely Lopes Meirelles:
"Para bem atender ao interesse público, a Administração é dotada de poderes administrativos - distintos dos poderes políticos - consentâneos e proporcionais aos encargos que lhe são atribuídos. Tais poderes são verdadeiros instrumentos de trabalho, adequados à realização das tarefas administrativas. Daí o serem considerados poderes instrumentais, diversamente dos poderes políticos, que são estruturais e orgânicos, porque compõem a estrutura do Estado e integram a organização constitucional."
d) Errado:
A uma, o poder de polícia recai sobre bens, direitos e atividade, mas, não, sobre pessoas. A duas, existem, sim, distinções que podem ser estabelecidas entre o poder de polícia administrativa e a polícia judiciária, sendo que uma delas, inclusive, consiste no fato de que a polícia judiciária tem por objeto as pessoas, o que não ocorre na polícia administrativa. Ademais, a esta última trata de possíveis infrações de ordem estritamente administrativas, ao passo que a polícia judiciária se volta às infrações da ordem penal. Além disso, a polícia administrativa é exercida por diversos órgãos e entidades da Administração, enquanto a polícia judiciária é exercida por corporações especializadas, em especial a Polícia Civil e a Polícia Federal.
e) Certo:
Por fim, escorreito o teor deste item. A ideia aqui é que, em regra, cada competência é atribuída a um dado ente Federado, cabendo a este, pois, exercer o poder de polícia dentro de sua esfera de atuação. Há casos, todavia, em que a Constituição atribui competência comum, de modo que todos os entes poderão exercitá-lo dentro de suas peculiaridades. A este respeito, a doutrina de Hely:
"Em princípio tem competência para policiar a entidade que dispõe do poder de regular a matéria. Assim sendo, os assuntos de interesse nacional ficam sujeitos à regulamentação e policiamento da União; as matérias de interesse regional sujeitam-se às normas e à polícia estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal.
Todavia, como certas atividades interessam simultaneamente às três entidades estatais, pela sua extensão a todo o território nacional (v. g. saúde pública, trânsito, transportes, etc.), o poder de regular e de policiar se difunde entre todas as Administrações interessadas, provendo cada qual nos limites de sua competência territorial. A regra, entretanto, é a exclusividade do policiamento administrativo; a exceção é a concorrência desse policiamento".
Aqui, portanto, está a resposta da questão.
Gabarito: Letra E
Referências:
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 27ª ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 112 e 126.
212) É uma característica do poder de polícia
- A) a prerrogativa de determinar a prisão de suspeitos de crimes contra a Administração Pública.
- B) a possibilidade de imposição de limites aos direitos e interesses individuais do cidadão.
- C) a dispensa de obediência ao princípio da proporcionalidade, tendo em vista a supremacia do interesse público.
- D) o poder de desapropriar bens do particular para atender aos interesses da Administração.
- E) a repreensão de delitos por meio dos agentes de polícia judiciária
A alternativa correta é letra B) a possibilidade de imposição de limites aos direitos e interesses individuais do cidadão.
A resposta é a letra B.
A letra B está certa, pois o poder de polícia é a faculdade colocada à disposição do Estado para condicionar, limitar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício do coletivo e do próprio Estado.
A letra A está errada, uma vez que o poder de polícia administrativa não possui a prerrogativa de determinar a prisão de suspeitos de crimes contra a Administração Pública. Isso é atribuição do Poder Judiciário após atuação da polícia judiciária.
Do mesmo modo, a letra E está errada, pois as atribuições da polícia administrativa e judiciária não se confundem.
A polícia administrativa é atividade da Administração que “se exaure em si mesma”, ou seja, com início e fim no âmbito da função administrativa, levada a efeito por entidades e órgãos administrativos, incidindo basicamente sobre as liberdades e propriedades
dos indivíduos.
Já a polícia judiciária atua na preparação da atuação da função jurisdicional (não se exaure, portanto, em si mesma), sendo executada por órgãos de segurança (polícia civil de um Estado, a exemplo), referindo-se ao indivíduo, ou seja, àquele que poderia cometer um ilícito penal. Evidentemente, há ilícitos penais que repercutirão na esfera
administrativa.
A letra C está incorreta, porque a atuação sempre deve ser pautada na legalidade e proporcionalidade.
A letra D está errada, pois o poder de polícia não tem atribuição de desapropriar bens particulares. Tal atribuição é apenas do Poder Judiciário.
Com efeito, as sanções que podem ser aplicadas são:
a) multa;
b) interdição;
c) demolição;
d) destruição;
e) embargo de obra.
213) No âmbito do Direito Administrativo é correto afirmar:
- A) A Administração Pública, mesmo no uso do denominado poder de polícia e observado o princípio da legalidade, não pode obrigar os particulares a praticar os atos que determinar, por meio de regulamentos ou portarias.
- B) O poder de polícia é atividade inerente à Administração Pública, desempenhada por órgão competente, sem necessidade de observância dos princípios constitucionais.
- C) O poder de polícia da Administração Pública é aquele exercido exclusivamente pelos policiais civis e militares, bombeiros militares e guardas municipais, no desempenho das atribuições de seus cargos.
- D) O poder de polícia não se enquadra entre os poderes atribuídos à Administração Pública.
- E) A Administração Pública é dotada de poder de polícia que pode ser definido, em sentido amplo, como aquele correspondente à atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade, ajustando-as aos interesses coletivos.
A resposta correta desta questão é: A alternativa correta é letra E) A Administração Pública é dotada de poder de polícia que pode ser definido, em sentido amplo, como aquele correspondente à atividade estatal de condicionar a liberdade e a propriedade, ajustando-as aos interesses coletivos.
A Administração Pública é responsável por exercer o poder de polícia, que é uma prerrogativa do Estado para regular as atividades dos particulares em prol do interesse público. Esse poder permite que o Estado restrinja, condicione ou controle direitos individuais em benefício da coletividade.
A alternativa E está correta ao afirmar que a Administração Pública é dotada de poder de polícia, que tem como objetivo ajustar a liberdade e a propriedade dos indivíduos aos interesses coletivos. O poder de polícia abrange diversas atividades, como fiscalizações, licenciamentos, aplicação de sanções, entre outras, visando garantir a ordem, segurança, moralidade, saúde pública, entre outros aspectos relevantes para a sociedade.
As demais alternativas estão incorretas:
- A) A Administração Pública pode sim obrigar os particulares a praticar os atos determinados por meio de regulamentos ou portarias, desde que observados os princípios constitucionais e a legalidade.
- B) O poder de polícia deve sempre observar os princípios constitucionais, como o da legalidade, da proporcionalidade, da razoabilidade, entre outros.
- C) O poder de polícia não é exercido exclusivamente pelos policiais civis e militares, bombeiros militares e guardas municipais. Ele é exercido por diversos órgãos da Administração Pública, de acordo com as atribuições previstas em lei.
- D) O poder de polícia é um dos poderes atribuídos à Administração Pública, junto com os poderes hierárquico, disciplinar e regulamentar.
214) Em relação ao Poder de Polícia, podemos afirmar, corretamente, que
- A) exige que o Poder Público utilize sempre, previamente, a via judicial para executar suas decisões de policiamento administrativo.
- B) tem sanções caracterizadas pela autoexecutoriedade, sem exceção.
- C) tem, como atributos específicos a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.
- D) permite ao Executivo distribuir e escalonar as suas funções, estabelecendo a relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.
A resposta correta desta questão é: A alternativa correta é letra C) tem, como atributos específicos, a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade.
O Poder de Polícia é uma prerrogativa do Estado para regular as atividades dos particulares em prol do interesse público. Para exercer esse poder, a administração pública pode adotar medidas que visem garantir a ordem, segurança, moralidade, saúde pública, entre outros aspectos relevantes.
A alternativa C está correta ao afirmar que o Poder de Polícia possui três atributos específicos:
- Discricionariedade: significa que a administração tem liberdade de escolha na adoção das medidas necessárias para o exercício do poder de polícia. Essa escolha deve ser pautada pela razoabilidade e proporcionalidade, levando em consideração os critérios estabelecidos pela lei.
- Auto-executoriedade: permite que a administração pública aplique diretamente as medidas necessárias para garantir o cumprimento das normas e regulamentos, sem a necessidade de recorrer previamente ao Poder Judiciário. No entanto, é importante ressaltar que a auto-executoriedade não é absoluta, sendo limitada pelo princípio da legalidade.
- Coercibilidade: possibilita que a administração pública utilize meios coercitivos para fazer valer suas decisões no exercício do poder de polícia. Esses meios podem incluir multas, apreensão de bens, interdição de atividades, entre outros.
As demais alternativas estão incorretas:
- A) O Poder Público não precisa utilizar sempre a via judicial para executar suas decisões de policiamento administrativo. A via judicial pode ser acionada em casos específicos em que há contestação ou necessidade de garantir o devido processo legal.
- B) Nem todas as sanções decorrentes do exercício do poder de polícia possuem auto-executoriedade. Alguns casos podem exigir a atuação do Poder Judiciário para aplicação das sanções.
- D) A distribuição e escalonamento de funções e a relação de subordinação entre servidores não estão diretamente ligadas ao Poder de Polícia.
215) Acerca do poder de policia administrativa, assinale a alternativa correta.
- A) Em decorrência do poder de policia de que é investida, a administração púbica pode condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais independentemente de prévia autorização judicial.
- B) O acatamento do ato de policia administrativa é obrigatório ao seu destinatário. Para fazer valer o seu ato, a administração pode até mesmo empregar força pública em face da resistência do administrado, embora, nesse caso extremo dependa de provimento judicial.
- C) As sanções decorrentes do exercício do poder de policia administrativa — por exemplo, a interdição de atividade, o fechamento de estabelecimento, a demolição de construção, a destruição de objetos e a proibição de fabricação de determinados produtos — só podem ser aplicadas após regular processo judicial, haja vista a dimensão da restrição de direitos individuais que são implementadas.
- D) A proporcionalidade entre a restrição imposta pela administração e o benefício social que se tem em vista, bem assim a correspondência entre a infração cometida e a sanção aplicada, podem ser questionadas em juízo, mas deverão ser esgotadas previamente as vias recursais administrativas.
- E) Considerando a natureza e os efeitos da atuação da policia administrativa, tem-se que os atos administrativos praticados nessa esfera são estritamente vinculados.
A alternativa correta é letra A) Em decorrência do poder de policia de que é investida, a administração púbica pode condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais independentemente de prévia autorização judicial.
Gabarito: LETRA A.
Vamos analisar as alternativas:
a) Em decorrência do poder de policia de que é investida, a administração púbica pode condicionar e restringir o uso e o gozo de bens, atividades e direitos individuais independentemente de prévia autorização judicial.
CORRETA. Exatamente o conceito do poder de polícia.
Vejam o conceito legal para este poder, previsto no Código Tributário Nacional:
"Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos."
b) O acatamento do ato de policia administrativa é obrigatório ao seu destinatário. Para fazer valer o seu ato, a administração pode até mesmo empregar força pública em face da resistência do administrado, embora, nesse caso extremo dependa de provimento judicial.
INCORRETA. O emprego de força pública empregado pelo poder de polícia administrativa pode ser feito sem autorização judicial, naqueles atos que são revestidos de autoexecutoriedade.
Através do atributo da autoexecutoriedade a administração pública utiliza coerção direta no exercício do poder de polícia (executoriedade), sem necessidade de pedir autorização ao poder judiciário para utilizar tal coerção (exigibilidade). Ex.: Cidadão estaciona carro na frente da garagem do Hospital. Para que as ambulâncias possam entrar e sair dali o Estado vai lá e reboca o veículo, sem nenhuma autorização prévia do particular ou do poder judiciário.
c) As sanções decorrentes do exercício do poder de policia administrativa — por exemplo, a interdição de atividade, o fechamento de estabelecimento, a demolição de construção, a destruição de objetos e a proibição de fabricação de determinados produtos — só podem ser aplicadas após regular processo judicial, haja vista a dimensão da restrição de direitos individuais que são implementadas.
INCORRETA. Não há necessidade de prévio processo judicial para aplicação de sanção de poder de polícia. O que deve haver, como regra, é procedimento administrativo que garanta contraditório e ampla defesa.
d) A proporcionalidade entre a restrição imposta pela administração e o benefício social que se tem em vista, bem assim a correspondência entre a infração cometida e a sanção aplicada, podem ser questionadas em juízo, mas deverão ser esgotadas previamente as vias recursais administrativas.
INCORRETA. Para questionamento judicial de eventual ilegalidade do poder de polícia não há necessidade de esgotamento das vias recursais administrativas, graças ao princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição.
e) Considerando a natureza e os efeitos da atuação da policia administrativa, tem-se que os atos administrativos praticados nessa esfera são estritamente vinculados.
INCORRETA. Em regra, os atos de polícia administrativa são discricionários.
Confirmamos, portanto, o gabarito na LETRA A.
216) A administração pública de Brasilia (DF) determinou que vendedores ocupantes da área pública onde seria realizada um obra pública, deveriam ser transferidos para outro local que lhes fora destinado. A administração fixou prazo para que fosse realizada a transferência e, uma vez vencido o prazo, sem a devida desocupação, foi expedida ordem para que o Policia Militar providenciasse a desocupação da área pública. Os vendedores resistiram com agressões verbais e pedras. A policia usou de força para cumprir as ordens recebidas. Após sofrerem lesões corporais graves, provocadas por tiros disparados pela policia.
- A) A atitude da Policia Militar deve ser considerada ilícita, devido ao princípio da executoriedade.
- B) A atitude da Policia Militar deve ser considerada ilícita pois a coercibilidade é um dos atributos do poder da polícia.
- C) O uso da força pela policia será sempre considerado como violador do direitos e garantias coletivas.
- D) A coercibilidade é atributo do poder de policia. Para ser lícita, a atuação do Estado deveria, porém ter obedecido ao princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade que, no caso foi violado.
- E) A atitude da policia seria considerada ilícita apenas se estivessem os polícias sendo cumprimento à ordem judicial.
A alternativa correta é letra D) A coercibilidade é atributo do poder de policia. Para ser lícita, a atuação do Estado deveria, porém ter obedecido ao princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade que, no caso foi violado.
Gabarito: LETRA D.
A questão versa acerca do Poder de Polícia. Nesse contexto, vamos analisar os itens para encontrar a resposta correta.
a) A atitude da Policia Militar deve ser considerada ilícita, devido ao princípio da executoriedade.
Incorreto. Na verdade, a Administração Pública fez uso do Poder de Polícia administrativa, que tem como um de seus atributos a autoexecutoriedade, pois não se utilizou de ordem judicial para efetuar a desocupação da área. Observe, desse modo, que não há necessidade de autorização do Poder Judiciário para atuação do representante da Administração na limitação de interesse ou liberdade de particulares, uma vez que os atos administrativos de polícia são dotados de autoexecutoriedade, o qual autoriza a atuação da Administração sem o controle prévio judicial. Vejamos nas lições de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 276):
É atributo típico do poder de polícia, presente, sobretudo, nos atos repressivos de polícia. A administração pública precisa ter a prerrogativa de impor diretamente, sem necessidade de prévia autorização judicial, as medidas ou sanções de polícia administrativa necessárias à repressão de atividades lesivas à coletividade, ou que coloquem em risco a incolumidade pública. A obtenção de prévia autorização judicial para a prática de determinados atos de polícia é uma faculdade da administração pública. Ela costuma recorrer previamente ao Judiciário quando tenciona praticar atos em que seja previsível forte resistência dos particulares envolvidos, como na demolição de edificações irregulares, embora, como dito, seja facultativa a obtenção de tal autorização.
b) A atitude da Policia Militar deve ser considerada ilícita pois a coercibilidade é um dos atributos do poder da polícia.
Incorreto. A utilização da força policial é uma das vertentes do poder de polícia repressivo, decorrente do atributo da coercibilidade, permitido pelo ordenamento jurídico. Com efeito, um dos atributos da polícia administrativa é coercibilidade, pela qual se admite a conduta coativa da Administração Pública, inclusive empregando a força. Vejamos com Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (Direito Administrativo Descomplicado. 23. ed. São Paulo: Método, 2015, p. 278):
O último atributo do poder de polícia, a coercibilidade, traduz-se na possibilidade de as medidas adotadas pela administração pública serem impostas coativamente ao administrado, inclusive mediante o emprego da força. Caso o particular resista ao ato de policia, a administração poderá valer-se da força pública para garantir o seu cumprimento.
c) O uso da força pela policia será sempre considerado como violador do direitos e garantias coletivas.
Incorreto. Nem sempre, se houver amparo legal e a situação exigir o emprego da força (caso da questão), não há que se falar em violação aos direitos e garantias coletivas, uma vez que, conforme vimos, a coercibilidade, que permite o uso da força, é um dos atributos do poder de polícia administrativo.
d) A coercibilidade é atributo do poder de policia. Para ser lícita, a atuação do Estado deveria, porém ter obedecido ao princípio da razoabilidade ou da proporcionalidade que, no caso foi violado.
Correto. De fato, conforme visto acima, a coercibilidade é atributo do poder de policia. No entanto, a razoabilidade e a proporcionalidade devem ser sempre observadas. Com efeito, a razoabilidade já está presente em todos os setores de atuação da Administração Pública e o princípio da proporcionalidade deve sim ser observado nos atos de Polícia Administrativa, para que estes atos não ultrapassem a exata medida do interesse público, conforme nos informa Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 153):
Ser razoável é uma exigência inerente ao exercício de qualquer função pública. Sob a vigência do Estado de Direito não se pode admitir a utilização de prerrogativas públicas sem moderação e racionalidade. [...]
Consoante excelente definição prevista no art. 2º, parágrafo único, VI, da Lei n. 9.784/99, a proporcionalidade consiste no dever de “adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”. A simples leitura do dispositivo permite identificar a especial preocupação do legislador em coibir excessos no campo do Direito Administrativo sancionador, seara onde mais comumente são identificadas punições exageradas e desproporcionais. Assim, ao contrário da razoabilidade, que se estende a todos os setores de atuação da Administração Pública, a proporcionalidade regula especificamente o poder disciplinar (exercido internamente sobre agentes públicos e contratados) e o poder de polícia (projeta-se externamente nas penas aplicáveis a particulares).
e) A atitude da policia seria considerada ilícita apenas se estivessem os polícias sendo cumprimento à ordem judicial.
Incorreto. O atributo da autoexecutoriedade não retira do Poder Judiciário a possibilidade emitir ordem de despejo, sendo possível a sua expedição, uma vez que não se pode excluir da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, conforme estabelece a Constituição Federal:
Art. 5º. [...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
Portanto, gabarito LETRA D.
217) O exercício regular do poder de polícia permite, por parte do Poder Público, a cobrança de
- A) imposto.
- B) taxa.
- C) tarifa.
- D) contribuição social.
- E) contribuição de seguridade social.
A resposta correta desta questão é: A alternativa correta é letra B) taxa.
O exercício regular do poder de polícia permite que o Poder Público cobre taxas dos particulares. A taxa é um tributo que tem como contraprestação a realização de um serviço público específico ou o exercício do poder de polícia, quando este último for utilizado de forma efetiva ou potencial.
No caso do poder de polícia, a taxa é cobrada em decorrência da fiscalização e controle das atividades particulares pela administração pública, visando garantir a ordem, segurança e bem-estar da coletividade. A cobrança da taxa está diretamente relacionada ao custo dos serviços prestados pela administração pública para exercer esse poder.
Portanto, a alternativa B está correta ao afirmar que o exercício regular do poder de polícia permite a cobrança de taxa.
As demais alternativas estão incorretas:
- A) Imposto é um tributo que não está diretamente relacionado ao exercício do poder de polícia, pois é cobrado de forma geral e não tem uma relação direta com um serviço público específico ou ação de fiscalização.
- C) Tarifa é uma forma de remuneração pelos serviços públicos prestados por concessionárias ou permissionárias, e não está diretamente relacionada ao poder de polícia.
- D) Contribuição social é um tributo destinado ao financiamento da seguridade social, e não está diretamente relacionada ao poder de polícia.
- E) Contribuição de seguridade social também é um tributo destinado ao financiamento da seguridade social, e não está diretamente relacionada ao poder de polícia.
218) Em decorrência do poder de polícia, a autoridade municipal tem competência para
- A) recusar alvará de construção, mesmo havendo atendimento ao Código de Edificações, e apreender ônibus que trafegue sem condições de segurança.
- B) recusar alvará de construção por desatendimento ao Código de Edificações, e determinar a prisão de cidadãos em atraso com o pagamento de impostos.
- C) aplicar sanções não só a quem constrói irregularmente, como também a quem perturba o trânsito nas vias públicas.
- D) determinar a prisão de quem estaciona em local proibido, e apreender ônibus que trafegue sem condições de segurança.
- E) apreender armas de quem não possui autorização outorgada pela Secretaria de Segurança.
A resposta correta desta questão é: A alternativa correta é letra C) aplicar sanções não só a quem constrói irregularmente, como também a quem perturba o trânsito nas vias públicas.
O poder de polícia é uma prerrogativa da administração pública para regular e fiscalizar as atividades particulares em prol do interesse público e da coletividade. Nesse sentido, a autoridade municipal tem competência para aplicar sanções tanto a quem constrói irregularmente como a quem perturba o trânsito nas vias públicas.
A aplicação de sanções aos infratores tem o objetivo de garantir a ordem pública, a segurança e o bem-estar da população. Dessa forma, a autoridade municipal pode impor penalidades, como multas ou outras medidas administrativas, aos responsáveis por construções irregulares ou por perturbação do trânsito.
Portanto, a alternativa C está correta ao afirmar que a autoridade municipal tem competência para aplicar sanções não só a quem constrói irregularmente, como também a quem perturba o trânsito nas vias públicas.
As demais alternativas estão incorretas:
- A) A recusa de alvará de construção ou a apreensão de ônibus sem condições de segurança devem estar fundamentadas em irregularidades específicas, não podendo ser feitas de forma arbitrária.
- B) A recusa de alvará de construção por desatendimento ao Código de Edificações é possível, mas a determinação de prisão de cidadãos em atraso com o pagamento de impostos não está relacionada ao poder de polícia.
- D) A determinação de prisão de quem estaciona em local proibido e a apreensão de ônibus sem condições de segurança são ações que podem estar relacionadas ao poder de polícia, desde que haja previsão legal específica e autorização de autoridade competente.
- E) A apreensão de armas de quem não possui autorização outorgada pela Secretaria de Segurança é uma ação relacionada ao poder de polícia, mas não é mencionada na questão.
219)
- A) Auto-executoriedade.
- B) Decorrente de um vínculo especial, previsto em estatuto ou contrato.
- C) Exercido pela Administração Pública (polícia administrativa), é eminentemente repressivo.
- D) É passível de controle somente pelo Poder Judiciário.
- E) Expressa-se apenas por atos de competência discricionária.
A alternativa correta é letra A) Auto-executoriedade.
Gabarito da banca: letra A.
Gabarito do professor: anulada.
A doutrina majoritária aponta alguns atributos peculiares ao poder de polícia, quais sejam: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibilidade. Salienta-se, desde já, que nem todas essas características estão presentes simultaneamente em todos os atos de polícia.
Nessa linha, a discricionariedade consiste na liberdade de escolha da autoridade pública sobre a conveniência e oportunidade do exercício do poder de polícia. No entanto, embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a regra, em algumas situações o exercício do poder de polícia é vinculado, não deixando margem para que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de opção (ex.: concessão de licença).
Por seu turno, o atributo da autoexecutoriedade consiste na faculdade de a Administração Pública decidir e executar diretamente sua decisão por seus próprios meios, sem intervenção do Judiciário. No entanto, nem todas as medidas de polícia são dotadas de autoexecutoriedade. É lição corrente na doutrina que a autoexecutoriedade só existe em duas situações:
- quando estiver prevista expressamente em lei; ou
- mesmo não estando prevista expressamente em lei, se houver situação de urgência que demande a execução direta da medida.
Por fim, a coercibilidade é o atributo do poder de polícia que faz com que o ato seja imposto ao particular, independentemente de sua concordância.
(FONTE: ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book)
Partindo-se dessas premissas, julguemos as alternativas:
a) Auto-executoriedade. – gabarito da banca: certa; gabarito do professor: errada.
Conforme destacado acima, em que pese a autoexecutoriedade realmente seja característica do poder de polícia, ela não é uma característica inafastável, conforme afirmado pelo enunciado.
Isso porque depende de expressa previsão legal ou situação de urgência.
Nessa linha, incorreta a alternativa.
b) Decorrente de um vínculo especial, previsto em estatuto ou contrato. – errada.
Diferentemente do que afirmado, o poder de polícia decorre do princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado, não dependendo de previsão em estatuto ou contrato para ser exercido pelo Poder Público.
c) Exercido pela Administração Pública (polícia administrativa), é eminentemente repressivo. – errada.
Em verdade, o poder de polícia (polícia administrativa), em que pese possa ser repressivo (ex.: multa para quem infringe as leis de trânsito), ele é eminentemente preventivo (ex.: concessão de licença para a condução de veículos).
Obs.: a polícia judiciária, sim, é eminentemente repressiva (ex.: prisão do autor de crime de corrupção ativa).
d) É passível de controle somente pelo Poder Judiciário. – errada.
Não é somente o Poder Judiciário que pode exercer controle sobre o poder de polícia.
A própria Administração Pública, por exemplo, no exercício do poder-dever de autotutela, pode controlar seus próprios atos de polícia. Nesse sentido o entendimento sumulado do STF:
Súmula nº 346/STF: A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
Súmula nº 473/STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
e) Expressa-se apenas por atos de competência discricionária. – errada.
Na linha do que foi explicado acima, embora a discricionariedade dos atos de polícia seja a regra, em algumas situações o exercício do poder de polícia é vinculado, não deixando margem para que a autoridade responsável possa fazer qualquer tipo de opção (ex.: concessão de licença).
Nesse contexto, como não há alternativa correta, a questão deveria ter sido anulada.
220) Com relação aos atributos do poder de polícia e à preservação da ordem pública, julgue o seguinte item.
- A) Certo
- B) Errado
A alternativa correta é letra B) Errado
A questão aborda o tema Poderes da Administração Pública, mais precisamente acerca do Poder de Polícia. Nesse contexto, a assertiva está INCORRETA, pois, na verdade, após a situação de anormalidade de alteração na ordem pública, deve haver a ação fiscalizadora repressiva, impondo um dever de abstenção, com o objetivo de dissuadir o particular da prática causadora da anormalidade. É o que nos diz, com base na doutrina de Celso Antônio Bandeira de Mello, Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrativo. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2019, p. 433)
Celso Antônio Bandeira de Mello: “a atividade da Administração Pública, expressa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei, a liberdade e propriedade dos indivíduos, mediante ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo coercitivamente aos particulares um dever de abstenção a fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses sociais consagrados no sistema normativo”
Portanto, assertiva INCORRETA.