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Questões Sobre Poderes e Deveres da Administração - Direito Administrativo - concurso

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651) Determinado município resolve aumentar a eficiência na aplicação das multas de trânsito. Após procedimento licitatório, contrata a sociedade empresária Cobra Tudo para instalar câmeras do tipo “radar”, que fotografam infrações de  trânsito, bem como disponibilizar agentes de trânsito para orientar os cidadãos e aplicar multas. A mesma sociedade empresária ainda ficará encarregada de criar um Conselho de Apreciação das multas, com o objetivo de analisar todas as infrações e julgar os recursos administrativos.

  • A) É possível a contratação de equipamentos eletrônicos de fiscalização, mas o poder decisório não pode ser transferido à empresa.
  • B) Não é cabível a terceirização de qualquer dessas atividades, por se tratar de atividade-fim da Administração.
  • C) A contratação é, a princípio, legal, mas somente permanecerá válida se o município comprovar que a terceirização aumentou a eficiência da atividade.
  • D) Não é possível delegar a instalação e gestão de câmeras do tipo “radar” à empresa contratada, mas é possível delegar a criação e gestão do Conselho de Apreciação de multas.

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A alternativa correta é letra A) É possível a contratação de equipamentos eletrônicos de fiscalização, mas o poder decisório não pode ser transferido à empresa.

A terceirização das atividades de fiscalização de trânsito é possível, porém, é importante ressaltar que o poder decisório, ou seja, a competência para julgar as infrações e aplicar as multas, deve permanecer com a Administração Pública. A empresa contratada pode fornecer os equipamentos, realizar a gestão operacional, coletar as informações, mas a decisão final sobre as infrações e a aplicação das multas deve permanecer sob responsabilidade do órgão de trânsito do município.

652) De acordo com a definição de José dos Santos Carvalho Filho, a prerrogativa de direito público que, calcada na lei, autoriza a Administração Pública a restringir o uso e o gozo da liberdade e da propriedade em favor do interesse da coletividade (Manual de Direito Administrativo, São Paulo, Atlas 25. ed. p. 75) refere-se ao poder

  • A) discricionário, que permite à Administração pública atuar nas lacunas da lei.
  • B) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando também atuação repressiva.
  • C) vinculado, que exige que a Administração pública faça tudo aquilo que estiver expressamente previsto na lei.
  • D) de polícia judiciária, que autoriza a Administração pública a restringir a liberdade dos administrados.
  • E) de império, que qualifica todos os atos praticados pela Administração pública.

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A alternativa correta é letra B) de polícia, que não se restringe às atividades normativas e preventivas, alcançando também atuação repressiva.

A resposta é letra “B”.

 

A definição doutrinária do poder de polícia varia de autor para autor, mas, em termos gerais, contam com alguns pontos de coincidência. Este poder é a prerrogativa de que dispõe a Administração para RESTRINGIR, LIMITAR E CONDICIONAR bens, direitos e atividades dos particulares em geral, o que, neste ponto, afasta a sua identidade para com o poder disciplinar, que alcança pessoas sujeitas à supremacia especial do Estado.

 

O poder de polícia, dos poderes, é o único com uma definição legal, e acha-se no CTN, autorizando o Estado à cobrança de taxas, uma das espécies tributárias.

 

Referido poder é atividade negativa, afinal, o Estado requer-nos que não façamos. E vigora de maneira preventiva, ou melhor, eminentemente preventiva, afinal, induvidosamente, há situações em que o Estado deve agir repressivamente, fazendo uso, inclusive, do atributo da autoexecutoriedade, e uso de força física, acaso necessária.

653) De acordo com as lições trazidas por Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

  • A) o poder de polícia em seu ciclo normativo originário, vedada a execução material direta pela Administração pública.
  • B) o poder de polícia, que permite que a Administração execute materialmente seus atos, quando dotados do atributo da autoexecutoriedade.
  • C) o poder de polícia em seu espectro preventivo, na medida em que compreende a edição de atos normativos infra legais.
  • D) a atuação de polícia em seu caráter discricionário, visto que permite a edição de atos normativos originários, para imposição de limitação aos direitos e liberdades individuais dos administrados.
  • E) o atributo da exigibilidade, típico da atuação de polícia vinculada, vedada a execução material direta por parte da Administração pública.

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A alternativa correta é letra B) o poder de polícia, que permite que a Administração execute materialmente seus atos, quando dotados do atributo da autoexecutoriedade.

A resposta é letra “B”.

 

Há duas importantes definições trazidas pela autora.

 

A primeira foi: “... a possibilidade que tem a Administração de, com os próprios meios, pôr em execução as suas decisões, sem precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário. Está-se diante do atributo da autoexecutoriedade.

 

A segunda foi: “A decisão administrativa impõe-se ao particular ainda contra sua concordância; se este quiser se opor, terá que ir a juízo.” Está-se diante do atributo da coercibilidade.

 

Então, qual é o poder estatal que conta com os atributos da autoexecutoriedade e coercibilidade?

 

Usualmente são apontadas as seguintes características do poder de polícia: Discricionariedade, Coercibilidade e Autoexecutoriedade. Notem que as iniciais de  cada  palavra  formam  um  mnemônico  –  DICA,  que  são  as  características  básicas  do exercício do Poder de Polícia.

654) Em tema de poderes dos administradores públicos, é hipótese de regular emprego do poder de polícia o seguinte caso concreto:

  • A) determinação, pelo poder público municipal, após processo administrativo, de demolição de imóvel construído ilegalmente por particular em área pública;

  • B) lotação e remoção de inspetores da Polícia Civil, de acordo com critérios discricionários relacionados aos índices de criminalidade por região;

  • C) aplicação, após regular processo administrativo disciplinar, da penalidade de demissão a servidor público estadual que praticou crime contra a administração pública;

  • D) fiscalização, lavratura de auto de infração e imposição de multa a estabelecimento comercial, por autoridade incompetente;

  • E) interdição de empresa por alegação de poluição ambiental, ainda que realizada por agente administrativo que agiu com desvio de poder, para atender a seus interesses particulares.

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A alternativa correta é letra A) determinação, pelo poder público municipal, após processo administrativo, de demolição de imóvel construído ilegalmente por particular em área pública;

A resposta é letra “A”.

 

São atos punitivos decorrentes do poder de polícia, entre outros:

 

a) multa;

b) interdição;

c) demolição (letra “A”);

d) destruição;

e) embargo de obra.

 

Nos termos do art. 5º, LV, da CF/1988, a aplicação das penalidades dependerá do amplo direito de defesa e de contraditório. Obviamente, a observância dos aludidos princípios não precisa ser, em todos os casos, prévia.

 

Por fim, para José dos Santos Carvalho Filho, as sanções de polícia não se confundem com as medidas de polícia. Enquanto as sanções espelham punição efetivamente aplicada à pessoa que houver inobservado a norma administrativa, as medidas são providências que, embora não representando punição direta, decorrem do cometimento de infração ou do risco em que esta seja praticada.

 

Os demais itens estão errados. Abaixo:

 

b)  lotação e remoção de inspetores da Polícia Civil, de acordo com critérios discricionários relacionados aos índices de criminalidade por região;

 

Lotação e remoção são atos internos, que atingem, portanto, os servidores. O poder de polícia, por sua vez, atinge os particulares em geral.

 

c)  aplicação, após regular processo administrativo disciplinar, da penalidade de demissão a servidor público estadual que praticou crime contra a administração pública;

 

A aplicação da penalidade é decorrência do poder hierárquico, e aplicação do poder disciplinar.

 

d)  fiscalização, lavratura de auto de infração e imposição de multa a estabelecimento comercial, por autoridade incompetente;

 

A autoridade deve ser competente, sob pena de ilegalidade.

 

e)  interdição de empresa por alegação de poluição ambiental, ainda que realizada por agente administrativo que agiu com desvio de poder, para atender a seus interesses particulares.

 

O agente público não pode agir com abuso de poder, nas acepções desvio de poder (vício na finalidade) e excesso de poder (vício na competência).

655) Durante operação de fiscalização a bares e restaurantes, a Secretaria de Urbanismo do Município observou que o “Bar do Seu Silva” não respeitava o limite para a passagem de pedestres, devido à colocação de mesas e cadeiras na calçada. O espaço mínimo permitido para a circulação era de 1,60 m (um metro e sessenta) e o bar só liberara um espaço de 1,50 m (um metro e cinquenta). Em consequência, os fiscais autuaram o estabelecimento, determinaram a sua interdição e recolheram mesas, cadeiras e barris de chope.

  • A) Não cabe o oferecimento de qualquer defesa na esfera administrativa ou judicial, em razão do legítimo exercício de autotutela administrativa.

  • B) Não cabe o oferecimento de qualquer defesa na esfera administrativa ou judicial, em razão do legítimo exercício do poder de polícia, que é insuscetível de controle.

  • C) É possível o oferecimento de impugnação administrativa ou judicial, a fim de que se discutam os limites ao exercício do poder de polícia, como a observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

  • D) É possível o oferecimento de impugnação administrativa ou judicial, pois o poder de polícia exercido pela fiscalização municipal não goza do atributo da autoexecutoriedade.

  • E) É possível o oferecimento de impugnação administrativa ou judicial, pois a autotutela administrativa somente pode ser exercida após a observância do contraditório e da ampla defesa.

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A alternativa correta é letra C) É possível o oferecimento de impugnação administrativa ou judicial, a fim de que se discutam os limites ao exercício do poder de polícia, como a observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

A resposta é letra “C”.

 

Houve o exercício do poder polícia administrativa, assim entendido como a prerrogativa de que dispõe o Estado para limitar, condicionar e restringir os bens, atividades e direitos em prol do interesse público.

 

Em razão do contínuo aumento das atividades estatais, o que tem se observado é o proporcional aumento nas atividades de polícia administrativa, alcançando as mais diversas áreas, tais como: proteção à moral e aos bons costumes, saúde pública e controle de publicações.

 

A regra para definir a área de abrangência da polícia administrativa é a seguinte: verificando-se relevante interesse da coletividade ou do Estado, ocorre a possibilidade, de maneira correlata, do exercício do poder de polícia administrativa para a proteção desses interesses.

 

De outra parte, o exercício do poder de polícia não poderia ser ilimitado, haja vista que este não poderia simplesmente fulminar direitos da sociedade e dos indivíduos, de modo geral. Assim, têm-se como limites ao exercício do poder de polícia, dentre outros: os direitos do cidadão, prerrogativas individuais e liberdades públicas asseguradas na Constituição e nas leis.

 

Outros pressupostos de limitação do poder ora estudado são a proporcionalidade dos atos de polícia, bem como a observância do devido processo legal.

 

Em decorrência da proporcionalidade, que pode ser entendida como a adequada relação entre a medida restritiva e o benefício a ser atingido, a decisão adotada pela autoridade não poderá ultrapassar o necessário para atingimento do benefício desejado pela coletividade, sendo desproporcional o ato de polícia praticado com abuso de poder, podendo ser corrigido pela atuação do Poder Judiciário, por exemplo.

 

Logo, no caso concreto, o particular poderá sim impugnar administrativa ou judicialmente o ato da Administração com base em princípios como da proporcionalidade e razoabilidade, especialmente porque a distância de 10 centímetros de infração não nos parece argumento suficiente para a apreensão dos bens e interdição do estabelecimento.

 

Por fim, para a aplicação das sanções decorrentes do poder de polícia deve ser observado o devido processo legal (due process of law), garantindo-se ao administrado o direito à ampla defesa, assegurado constitucionalmente (art. 5º, LIV e LV, CF).

656) Durante a realização de um Festival de Rodeio e Gastronômico, foi feita uma denúncia anônima indicando suposta armazenagem de alimentos in natura no mesmo ambiente em que estavam instalados alguns animais que participariam das apresentações culturais do evento. A Administração pública competente destacou delegação para apuração das denúncias. No local, os agentes públicos constataram que, além da armazenagem inadequada dos alimentos, os animais estavam sofrendo maus-tratos. Diante desse quadro, os agentes públicos, considerando a competência legal que desempenham,

  • A) devem interditar o local onde foram constatadas as ilegalidades e lavrar auto de infração, a fim de impedir que sejam causados danos à saúde dos frequentadores do evento, diferindo a observância do contraditório e da ampla defesa.
  • B) devem instaurar processo administrativo emergencial para punição dos responsáveis, sendo possível requerer ao superior a emissão de auto de lacração do evento.
  • C) podem lavrar boletim de ocorrência e propor ao Ministério Público o ajuizamento de ação civil para responsabilização civil dos organizadores do evento.
  • D) devem ajuizar ação judicial, pleiteando tutela de urgência para interdição do estabelecimento onde foram constatadas as ilegalidades.
  • E) precisam de autorização judicial para ingressar no evento, a fim de levar a efeito a fiscalização determinada pelas autoridades.

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A alternativa correta é letra A) devem interditar o local onde foram constatadas as ilegalidades e lavrar auto de infração, a fim de impedir que sejam causados danos à saúde dos frequentadores do evento, diferindo a observância do contraditório e da ampla defesa.

A resposta é letra “A”.

 

Questão bem interessante!

 

O poder de polícia, como ocorre com os atos administrativos, é marcado por atributos. São eles: coercibilidade, discricionariedade e autoexecutoriedade. Destes, o mais queridinho das bancas examinadoras é o da autoexecutoriedade. Por esta, confere-se à Administração a prerrogativa de colocar seus atos em operação, sem depender do crivo prévio do Poder Judiciário (isto como regra).

 

Logo, no caso concreto, os agentes públicos, com fundamento no poder de polícia, pode interditar o estabelecimento, por ser medida proporcional à espécie.

 

Claro que, sendo o ato de natureza negativa, o particular precisa de contraditório e ampla defesa. Ocorre que, em situações de emergência, tais princípios são aplicados de forma postergada ou diferida. O que a doutrina nomina de contraditório postergado ou diferido.

 

Os demais itens são automaticamente excluídos a partir das explicações acima.

657) Nova gestão municipal assumiu mandato e, conforme divulgado em seu programa de governo durante a campanha, restringiu o horário de funcionamento do comércio aos domingos, determinando o encerramento do expediente duas horas mais cedo. A medida estava motivada na necessidade de atender pleito fundado da classe trabalhadora do setor de comércio, que, não obstante a o recebimento da remuneração legal das horas extras, acabava obrigada a exercê-las em seu grau máximo, diante da necessidade do mercado. Considerando que o Município tenha competência para essa regulamentação de horário e que o tenha feito de forma regular, respeitando a legislação vigente, é decorrência direta dessa medida a

  • A) possibilidade de fiscalização do comércio, com lavratura de auto de infração e imposição de multa pelo descumprimento da nova regulamentação e até mesmo fechamento do estabelecimento, como expressão do poder disciplinar a que estão sujeitos os administrados.
  • B) necessidade de instituição do controle dos sistemas contábeis de todos os estabelecimentos comerciais, para fins de bloqueio de utilização fora do horário permitido pela nova regulamentação.
  • C) inconstitucionalidade de medidas coercitivas e de fiscalização repressiva, tendo em vista que o poder de polícia e normativo do Poder Público municipal exauriu seus efeitos com a disciplina do horário de funcionamento.
  • D) discricionariedade na aplicação e modulação da regra diante de peculiaridades e necessidade de atendimento de interesses locais específicos, tolerando horários diferenciados nas regiões em que houver pedido fundamentado dos comerciantes, prescindindo de alteração normativa.
  • E) constitucionalidade da atuação repressiva dos órgãos de fiscalização, com lavratura de auto de infração e imposição de multa e até interdição de estabelecimentos, como expressão do poder de polícia administrativa.

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A alternativa correta é letra E) constitucionalidade da atuação repressiva dos órgãos de fiscalização, com lavratura de auto de infração e imposição de multa e até interdição de estabelecimentos, como expressão do poder de polícia administrativa.

A resposta é letra “E”.

 

Questão bem elaborada. Os ventos mudaram de direção para a FCC. Uma banca que outrora era reconhecida como medíocre, nos dias atuais, vem vivendo tempos áureos, com provas bem elaboradas de uma forma geral. Feito este elogio público à ilustre banca examinadora, façamos breve esclarecimento sobre a questão.

 

Dos poderes, o mais cobrado nos concursos públicos é o poder de polícia. Isso se dá em razão de suas sutilezas. Destas a mais reiterada tem sido a cobrança sobre os atributos do poder de polícia, especialmente o da autoexecutoriedade. Pela autoexecutoriedade, a Administração não precisa de manifestação prévia do Poder Judiciário para operacionalizar suas medidas repressivas (como regra).

 

Logo, no caso concreto, o descumprimento da ordem municipal poderá sim acarretar, além da aplicação de multa, a interdição dos estabelecimentos transgressores.

 

Os demais itens estão errados. Vejamos:

 

a)  possibilidade de fiscalização do comércio, com lavratura de auto de infração e imposição de multa pelo descumprimento da nova regulamentação e até mesmo fechamento do estabelecimento, como expressão do poder disciplinar a que estão sujeitos os administrados.

 

O poder disciplinar é o que incide sobre os servidores da Administração, ou, também, particulares, desde que, neste caso, submetam-se a vínculo especial com a Administração, como uma relação contratual (empresas de limpeza e de vigilância, por exemplo). Na questão, há a aplicação do poder de polícia, que incide sobre particulares em geral, com base na supremacia geral do Estado.

 

b)  necessidade de instituição do controle dos sistemas contábeis de todos os estabelecimentos comerciais, para fins de bloqueio de utilização fora do horário permitido pela nova regulamentação.

 

Controlar os sistemas contábeis? Não vejo sequer espaço para comentar esta loucura, rs. A Administração não pode ingressar no sistema contábil da empresa para travar os sistemas.

 

c)  inconstitucionalidade de medidas coercitivas e de fiscalização repressiva, tendo em vista que o poder de polícia e normativo do Poder Público municipal exauriu seus efeitos com a disciplina do horário de funcionamento.

 

De que adiantaria o poder normativo da Administração determinar uma medida, se não houver um instrumento de força do Estado para fazer valer suas ordens? Logo, não há qualquer inconstitucionalidade na medida.

 

d)  discricionariedade na aplicação e modulação da regra diante de peculiaridades e necessidade de atendimento de interesses locais específicos, tolerando horários diferenciados nas regiões em que houver pedido fundamentado dos comerciantes, prescindindo de alteração normativa.

 

Os agentes públicos só podem fazer ou deixar de fazer o que a legislação determina. Ou seja, não pode o agente público deixar de cumprir a ordem do município, simplesmente por tolerância, se não houver previsão expressa no normativo. Não há, enfim, qualquer discricionariedade dos agentes, que devem agir repressivamente para que tais estabelecimentos ajustem-se às diretrizes normativas.

658) Assinale a alternativa correta a respeito da polícia administrativa.

  • A) É atividade típica do Poder Executivo, não sendo exercida pelos demais Poderes.
  • B) A autoexecutoriedade e a coercibilidade são dois de seus atributos.
  • C) Impõe suas sanções sobre atividades individuais que caracterizem ilícitos penais e administrativos.
  • D) A concessão de licença é exemplo de ato discricionário decorrente do seu exercício.
  • E) Não pode acarretar limitações ao exercício de direitos individuais do cidadão.

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A alternativa correta é letra B) A autoexecutoriedade e a coercibilidade são dois de seus atributos.

A resposta é letra “B”.

 

O poder de polícia conta com os seguintes atributos: coercibilidade, autoexecutoriedade e discricionariedade. O principal destes é a autoexecutoriedade, por ser o mais cobrado em provas. Refere-se à prerrogativa de que dispõe o Estado para colocar em operação seus atos, sem depender do crivo do poder judiciário, comportando, no entanto, exceção, como a cobrança da dívida ativa.

 

Os demais itens estão errados. Vejamos:

 

a) É atividade típica do Poder Executivo, não sendo exercida pelos demais Poderes.

 

O poder de polícia se espalha por toda a Administração Pública, de Direito Público. Não sendo atribuição típica do Executivo.

 

c) Impõe suas sanções sobre atividades individuais que caracterizem ilícitos penais e administrativos.

 

O poder de polícia administrativa não se confunde com a polícia judiciária. Neste caso, a administrativa rege-se por normas administrativas, distintamente da judiciária, que segue as normas penais e processuais penais.

 

d) A concessão de licença é exemplo de ato discricionário decorrente do seu exercício.

 

A licença é o clássico exemplo de ato vinculado. Ou seja, uma vez preenchidos os requisitos legais, não pode a Administração negar a expedição de licença.

 

e) Não pode acarretar limitações ao exercício de direitos individuais do cidadão.

 

O poder de polícia objetiva a restrição e ao condicionamento dos bens, atividades e direitos dos cidadãos.

659) Acerca dos poderes administrativos, julgue o item que se segue.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra B) Errado

* Recado da Administração do Site em 28/12/2020: importante atentar-se para recente do STF (link aqui):

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que é constitucional a delegação da atividade de policiamento de trânsito à Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte – BHTrans, inclusive quanto à aplicação de multas. A decisão se deu na sessão virtual encerrada em 23/10, no julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 633782, com repercussão geral reconhecida (Tema 532).

(...)

Tese

A tese de repercussão geral fixada foi a seguinte: “É constitucional a delegação do poder de polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública indireta de capital social majoritariamente público que prestem exclusivamente serviço público de atuação própria do Estado e em regime não concorrencial”.


O item está ERRADO.

Para o STF, o poder de polícia, por ser atividade exclusiva do Estado, é indelegável a particulares. Inclusive, com a Lei da Parceria Público-Privada, houve a sedimentação da jurisprudência do Supremo, ao se vedar, expressamente, a delegação, no âmbito da PPP, para o exercício do Poder de Polícia.

Fica a informação de que, para o STJ, o poder de polícia é composto por um ciclo, e, dentro deste, há determinadas etapas que podem ser entregues à execução dos particulares. Integram o ciclo do poder de polícia: a ordem, a fiscalização, a sanção e o consentimento. Destas, para o STJ, são delegáveis a fiscalização e o consentimento.

Então quer dizer que, para o STJ, o poder de polícia é delegável? Não, de forma alguma! Não é isto. Se você afirma que é delegável o poder de polícia, você conclui pela possibilidade de delegação da ordem e da sanção, que são etapas indelegáveis.

Ficamos assim:

- O poder de polícia é atividade indelegável a particulares, segundo STF e STJ,

- Para o STJ, embora o poder de polícia, em seu todo, seja indelegável, há partes, etapas, dentro do seu ciclo, delegáveis, como é o caso da fiscalização e do consentimento.

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660) A respeito da polícia administrativa, analise as afirmativas a seguir.

  • A) se somente a afirmativa I estiver correta.
  • B) se somente a afirmativa II estiver correta.
  • C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
  • D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
  • E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

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A alternativa correta é letra D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

A resposta é letra D (V, F e V).

 

De partida, façamos a leitura da definição legal para Poder de Polícia. O art. 78 do Código Tributário Nacional assim define poder de polícia:

 

Atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.


 

Vê-se a amplitude do conceito dado pela norma. São diversas áreas que podem exigir a atuação da polícia administrativa: segurança, higiene, mercado, bem como das profissões. Destaca-se, neste último caso, por exemplo, o importante papel desempenhado pelos Conselhos Profissionais (CREA, CRECI e CREFITO, por exemplo).

 

Já, doutrinariamente, o poder de polícia é a faculdade colocada à disposição do Estado para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefício do coletivo e do próprio Estado. Para Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Poder de Polícia é atividade do estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, este manifestado nos mais variados setores da sociedade, como saúde, segurança, educação, meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural, propriedade.

 

Os verbos centrais da definição são CONDICIONAR, RESTRINGIR E LIMITAR. E este trabalho é feito por meio de fiscalizações, e, com isto, confirmamos a correção dos itens I e III.

 

Já o item II está incorreto, isto porque a polícia administrativa não se confunde com a judiciária. Esta incide sobre pessoas, e toma por base as normas penais e processuais penais (investigação de crimes, por exemplo). A administrativa, por sua vez, incide sobre bens e atividades, e se fundamenta em normas administrativas. A banca só fez inverter os conceitos.

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