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Questões Sobre Regime Jurídico Administrativo - Direito Administrativo - concurso

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3901) Sobre Agentes Públicos e Princípios e Regime Jurídico Administrativo, é correto afirmar:

  • A) O princípio da impessoalidade destina-se a proteger simultaneamente o interesse público e o interesse privado, pautando se pela igualdade de tratamento a todos administrados, independentemente de quaisquer preferências pessoais.
  • B) São entes da Administração Indireta as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, e as subsidiárias destas duas últimas. As subsidiárias não dependem de autorização legislativa justamente por integrarem a Administração Pública Indireta.
  • C) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo.
  • D) Os atos punitivos são os atos por meio dos quais o Poder Público aplica sanções por infrações administrativas pelos servidores públicos. Trata-se de exercício de Poder de Polícia com base na hierarquia.
  • E) A licença não é classificada como ato negocial, pois se trata de ato vinculado, concedida desde que cumpridos os requisitos objetivamente definidos em lei.

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A alternativa correta é letra C) As contas bancárias de entes públicos que contenham recursos de origem pública prescindem de autorização específica para fins do exercício do controle externo.

A resposta é letra “C”.

 

O Tribunal de Contas não pode quebrar sigilo bancário. Este é um fato. Agora, diverso é o entendimento tratando-se de recursos públicos. Se a conta é para gerir recursos públicos, não há sigilo, podendo o TC ter pleno acesso às movimentações.

 

Os demais itens estão errados. Abaixo:

 

Na letra A, o interesse a ser preservado é o público, sempre!

 

Na letra B, para a instituição das subsidiárias exige-se sim autorização legislativa. Pode ser genérica, mas é necessária.

 

Na letra D, o poder de polícia não se confunde com o poder disciplinar. O de polícia atinge terceiros em geral. Já o disciplinar todos os que tenham um vínculo especial, como servidores públicos.

 

Na letra E, a licença é um típico ato negocial, isto porque, embora os requisitos sejam previstos em lei, depende de o particular manifestar o seu interesse. E, de fato, é um ato vinculado.

3902) A respeito da relação jurídica entre a administração pública e os respectivos agentes regidos pelo direito público, assinale a alternativa correta.

  • A) Decorre da existência de um contrato público, no qual o direito fixa cumulativamente comandos que são de origem da própria administração pública e, também, do legislador.
  • B) É fruto do regime jurídico-administrativo, prevalecendo a vontade unilateral do Estado.
  • C) Pode ser caracterizada como um contrato bilateral, com cláusulas alteráveis pelo consenso, mas também por possibilidade de alteração pelo legislador, unilateralmente.
  • D) Observa os comandos expressos em atos administrativos, regidos pelo direito público.
  • E) Reflete apenas a vontade da lei.

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A alternativa correta é letra E) Reflete apenas a vontade da lei.

Gabarito: Letra E.

 

a) Decorre da existência de um contrato público, no qual o direito fixa cumulativamente comandos que são de origem da própria administração pública e, também, do legislador. – alternativa errada.

 

A relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público tem natureza institucional-estatutária, decorrendo da lei, e não de um contrato público.

 

Incorreta, portanto, a alternativa.

 

b) É fruto do regime jurídico-administrativo, prevalecendo a vontade unilateral do Estado. – alternativa errada.

 

A questão acerta ao afirmar que a relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público é fruto do regime jurídico-administrativo.

 

Erra, contudo, ao mencionar que prevalece a vontade unilateral do Estado. Em verdade, o que prevalece é o estabelecido em lei, a qual subordina tanto o agente público quanto o Estado. Não pode o Estado, por exemplo, reduzir direitos legalmente assegurados a seus agentes.

 

Incorreta, portanto, a alternativa.

 

c) Pode ser caracterizada como um contrato bilateral, com cláusulas alteráveis pelo consenso, mas também por possibilidade de alteração pelo legislador, unilateralmente. – alternativa errada.

 

Mais uma alternativa que erra ao afirmar que a relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público pode ser caracterizada como uma relação contratual. Essa relação, conforme já exposto na letra a, tem natureza institucional-estatutária, decorrendo da lei.

 

Ainda, mesmo que haja consenso entre o Poder Público e seus agentes, eles não podem deixar de aplicar o que a lei estabelece.

 

Incorreta, portanto, a alternativa.

 

d) Observa os comandos expressos em atos administrativos, regidos pelo direito público. – alternativa errada.

 

Em verdade, a relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público observa os comandos expressos na lei, em não em atos administrativos.

 

É claro que os atos administrativos se fazem necessários para a materialização do que disposto legalmente, mas não são eles que regulam essa relação jurídica. Eles são apenas instrumentos a serviço do comando legal.

 

Essa alternativa poderia dar margem à dúvida. Observando-se, contudo, a alternativa e, percebe-se que ela está mais correta.

 

Errada, portanto, a presente alternativa.

 

e) Reflete apenas a vontade da lei. – alternativa certa.

 

Conforme já exposto nas alternativas acima, a relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público tem natureza institucional-estatutária, decorrendo da lei.

 

Alternativa correta, devendo ser assinalada.

 

Obs.: existem agentes públicos regulados por contrato. É o caso dos empregados públicos, os quais obedecem à CLT e mantém com o Poder Público um contrato de trabalho. Entretanto, a questão expressamente mencionou “relação entre a Administração Pública e os agentes públicos regidos pelo direito público”, pelo que a resposta deveria ser encontrada analisando-se apenas esses agentes, os quais tem sua relação regulada por lei.

3903) De acordo com o texto a seguir o direito público tem como objetivo primordial o atendimento ao bem-estar coletivo. […] em primeiro lugar, as normas de direito público, embora protejam reflexamente o interesse individual, têm o objetivo primordial de atender ao interesse público, ao bem-estar coletivo. Além disso, pode-se dizer que o direito público somente começou a se desenvolver quando, depois de superados o primado do Direito Civil (que durou muitos séculos) e o individualismo que tomou conta dos vários setores da ciência, inclusive a do Direito, substituiu-se a ideia do homem como fim único do direito (própria do individualismo) pelo princípio que hoje serve de fundamento para todo o direito público e que vincula a Administração em todas as suas decisões […].

  • A) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a impessoalidade do interesse público.
  • B) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público.
  • C) a indisponibilidade do interesse público e o princípio da legalidade.
  • D) a supremacia da ordem pública e o princípio da legalidade..
  • E) a supremacia do interesse público e o interesse privado e o princípio da legalidade.

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A alternativa correta é letra B) a supremacia do interesse público sobre o interesse privado e a indisponibilidade do interesse público.

Gabarito: B.

 

Questão tranquila.

 

O que o enunciado chama de “pedra de toque” nada mais é do que o próprio regime jurídico administrativo (RJA). Os pilares do RJA são os princípios da supremacia do interesse público e da indisponibilidade do interesse público.

 

 

Resumidamente, quando se fala em supremacia do interesse público, estamos nos referindo às prerrogativas que o Poder Público possui, e que o colocam em posição superior em relação aos administrados.

 

Tais poderes, no entanto, não são justificados em si mesmos, mas são instrumentais: servem para o alcance do interesse público, que não pertence a nenhum indivíduo ou grupo determinado, mas sim a toda coletividade.

 

Ora, não se poder exercer tal poder e alcançar os interesses públicos estando no mesmo nível, isso é impossível. Por isso, essa é uma relação vertical, onde o Estado exerce seus poderes imperativamente.

 

O exemplo mais claro e mais drástico é a desapropriação, quando o Estado toma a casa de um particular por uma declaração de utilidade pública ou interesse social.

 

Por outro lado, na indisponibilidade ocorre o oposto.

 

Aqui, o Poder Público se coloca em posição de igualdade em relação ao particular.

 

De certa forma, ele se abstém de utilizar seu poder de império, para uma relação mais horizontal com o administrado.

 

E isso por que o interesse público (o qual ele defende) não é seu. Quando a doutrina utilizou o termo indisponibilidade, o que se quis transmitir foi que o Estado não é proprietário (por assim dizer) do interesse público. Quem é proprietário de algo tem sobre esse algo direito de (dentre outras coisas) dispor do bem.

 

Isso se liga, muito fortemente a questões pecuniárias envolvendo o Poder Público. Nesse sentido, por exemplo, quando a Administração vai adquirir algum bem ou contratar algum serviço, ela não pode pegar o dinheiro público e gastar como ela quiser, pois esse dinheiro não é dela.

 

Por isso, a lei estabelece a licitação para aquisições, contratações e alienações.

 

Outro exemplo é o concurso público. A Administração não pode contratar quem ela quiser, por isso há o instituto do concurso, visando selecionar, da forma mais impessoal possível, o melhor candidato.

3904) A atuação da Administração Pública, em sua atividade administrativa, sofre a influência de um regime próprio, denominado regime jurídico-administrativo, caracterizado pela incidência de normas jurídicas específicas, que dão especial contorno à atividade administrativa e são fundamentais para a correta aplicação dos institutos pertinentes, assim como para a compreensão das proteções e das restrições jurídicas que se refletem sobre tal atividade. Tendo em consideração as características do regime jurídico- administrativo, é INCORRETO afirmar que: 

  • A) O regime jurídico-administrativo gera um conjunto de prerrogativas e restrições, não identificadas comumente nas relações entre particulares, que podem potencializar ou mesmo restringir as atividades da Administração Pública. 

  • B) A supremacia do interesse público gera uma relação de verticalidade, com relativa preponderância dos interesses defendidos pela Administração, tidos como públicos ou gerais, daqueles interesses defendidos por particulares. 

  • C) O conceito de interesse público envolve duas concepções, o interesse público primário, que é o interesse do Estado enquanto sujeito de direitos, e o interesse público secundário, que é o interesse da coletividade.   

  • D) Um dos princípios constitucionais expressos da Administração Pública é o princípio da eficiência. 

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A alternativa correta é letra C) O conceito de interesse público envolve duas concepções, o interesse público primário, que é o interesse do Estado enquanto sujeito de direitos, e o interesse público secundário, que é o interesse da coletividade.   

Gabarito: letra C.

Primeiramente, destaca-se que a questão pede a alternativa incorreta. Vejamos então:

 

a)  O regime jurídico-administrativo gera um conjunto de prerrogativas e restrições, não identificadas comumente nas relações entre particulares, que podem potencializar ou mesmo restringir as atividades da Administração Pública.   – certa.

Realmente, o regime jurídico-administrativo estabelece prerrogativas e restrições na atuação da Administração Pública, para melhor atendimento do interesse coletivo. Nesse sentido a lição de Ricardo Alexandre e João de Deus:

“(...) a expressão “regime jurídico-administrativo” tem sentido restrito, servindo para designar o conjunto de normas de direito público que peculiarizam o Direito Administrativo, estabelecendo prerrogativas que colocam a Administração Pública numa posição privilegiada nas suas relações com os particulares e também restrições que buscam evitar que ela se afaste da perseguição incessante da consecução do bem comum.” (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book. P.168)

Logo, está correta a alternativa.

 

b)  A supremacia do interesse público gera uma relação de verticalidade, com relativa preponderância dos interesses defendidos pela Administração, tidos como públicos ou gerais, daqueles interesses defendidos por particulares.   – certa.

A supremacia do interesse público, uma das pedras de toque do Direito Administrativo (Celso Antônio Bandeira de Mello), garante prerrogativas à Administração Pública, com vistas a assegurar o atingimento do interesse coletivo, em detrimento dos interesses particulares.

Nessa linha, correta a alternativa.

 

c)  O conceito de interesse público envolve duas concepções, o interesse público primário, que é o interesse do Estado enquanto sujeito de direitos, e o interesse público secundário, que é o interesse da coletividade.   – errada.

A alternativa inverteu os conceitos. Em verdade, tem-se:

“O interesse público primário é aquele relacionado à satisfação das necessidades coletivas (justiça, segurança, bem comum do grupo social etc.), perseguido pelo exercício das atividades-fim do Poder Público, enquanto o interesse público secundário corresponde ao interesse individual do próprio Estado, estando relacionado à manutenção das receitas públicas e à defesa do patrimônio público, operacionalizadas mediante exercício de atividades-meio do Poder Público.” (grifou-se) (ALEXANDRE, Ricardo; DEUS, João de. Direito Administrativo Esquematizado.1ª ed. São Paulo: Método, 2015.E-book. P.169)

Logo, incorreta a alternativa, devendo ser assinalada.

 

d)  Um dos princípios constitucionais expressos da Administração Pública é o princípio da eficiência.   – certa.

A eficiência consta expressamente como princípio da Administração Pública no art.37 da CF:

“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:”

Correta a alternativa, portanto.

3905) Assinale a alternativa correta, sobre a Forma de Estado existente no Brasil e que deve ser levada em consideração para o entendimento da Administração Pública.

  • A) Estado unitário 

  • B)  Democracia   

  • C)  República

  • D) Federação

  • E) Autocracia 

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A alternativa correta é letra D) Federação

Alternativa correta: letra d)

 

O Estado pode se organizar politicamente na forma de:

  • Estado unitário;
  • Estado federado (complexo ou composto).

O Estado unitário se caracteriza pela centralização política. Existe, então, apenas um poder politico central a conduzir toda a população, em todo o território, nos níveis local, regional e nacional. O Uruguai, por exemplo, é um Estado unitário: justiça, educação, saúde, segurança e demais serviços públicos são administrados em todo o país por um único poder político central.

 

O Estado federado, ao contrário, se caracteriza pela descentralização política. Existem poderes políticos distintos e autônomos coexistindo num mesmo território, os quais dividem as responsabilidades nos níveis local, regional e nacional. O Brasil, por exemplo, é uma FEDERAÇÃO, pois, em seu território, coexistem pessoas políticas distintas – a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios. Nossa Constituição define os limites de atuação dessas esferas políticas.

 

Assim, temos um poder político central (União), poderes políticos regionais (estados) e poderes políticos locais (municípios), além do Distrito Federal, que, em virtude da vedação constitucional para sua divisão em municípios, acumula poderes regionais e locais.

 

Dessa forma, confirmamos o gabarito na letra D.

3906) Assinale a alternativa correta sobre como deve ser considerada a União na organização administrativa do estado brasileiro.

  • A) Pessoa jurídica de direito público interno

  • B) Ente despersonalizado

  • C) Pessoa Jurídica de direito privado externo

  • D) Pessoa Jurídica de direito público externo

  • E) Pessoa Jurídica de direito privado interno 

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A alternativa correta é letra A) Pessoa jurídica de direito público interno

Alternativa correta: letra a)

 

Na organização administrativa do estado brasileiro temos a administração pública direta e a indireta. O ente federativo União faz parte da administração pública direta.

 

Na administração direta encontramos o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado e que possuem competência para o exercício, de forma centralizada, de atividades administrativas.

 

As pessoas políticas são: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Essas entidades são autônomas, cabendo à União, pessoa jurídica de direito público interno, exercer a autonomia do Estado brasileiro no contexto interno, e cabendo à República Federativa do Brasil, pessoa jurídica de direito público externo, o exercício de soberania no plano internacional.

 

Vejam o que diz o código civil de 2002 a respeito:

"Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I - a União;

II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III - os Municípios;

IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;        

V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código." (g.n.)

Assim, fica mais que claro que a alternativa correta é a letra A.

3907) Aponte a assertiva que caracteriza o regime jurídico administrativo.

  • A) Ordenamento ao qual se sujeita a Administração Pública, tal qual se observa nas relações entre particulares, como manifestação de equidade e justiça entre as partes.

  • B) Sistema de regras e condutas tão somente vinculadas que o agente público tem em suas mãos no trato juridico com os administrados.

  • C) Conjunto de privilégios que colocam a Administração Pública em uma situação de absoluta e inquestionável superioridade jurídica sobre os particulares.

  • D) Conjunto de regras e princípios que estabelecem o relacionamento jurídico horizontal entre a Administração Pública e os administrados.

  • E) Baseia-se em dois princípios fundamentais: o da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e o da indisponibilidade do interesse público pela Administração.

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A alternativa correta é letra E) Baseia-se em dois princípios fundamentais: o da supremacia do interesse público sobre o interesse privado e o da indisponibilidade do interesse público pela Administração.

A resposta é letra E.

 

Como esclarece a Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Administrativo nasceu e se desenvolveu baseado em duas ideias opostas: de um lado, a proteção aos direitos individuais perante o Estado, que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos pilares do Estado de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de serviços públicos. 

 

As liberdades dos indivíduos são, para estes, verdadeiros direitos, e, portanto, restrições para o Estado. Por outro lado, o Estado conta com autoridade, sintetizada nas prerrogativas que lhe permitem assegurar a supremacia do interesse público sobre o particular. 

 

Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o regime jurídico-administrativo é construído, fundamentalmente, em dois princípios básicos, dos quais os demais decorrem: o da supremacia do interesse público sobre o particular (prerrogativas) e o da indisponibilidade do interesse público (restrições). 

 

O autor os considera como supraprincípios ou superprincípios, por serem princípios centrais e deles decorrerem os demais princípios. Isto não significa dizer que sejam absolutos, afinal, tanto a supremacia quanto a indisponibilidade podem ser relativizadas diante de um caso concreto. Como exemplo, temos a Lei 11.079/2004 (Lei da Parceria Público-Privada), que autoriza o uso do mecanismo privado da arbitragem, dispondo do interesse público em jogo.

 

Portanto, relativamente ao estudo do regime jurídico-administrativo, percebemos que as prerrogativas são sinais de força (poderes) (p. ex.: a desapropriação), enquanto as restrições representam sujeições (deveres) (p. ex.: o cumprimento da finalidade pública), resultante em um binômio: poder-dever ou dever-poder de agir do Estado.

 

Metaforicamente, o princípio da supremacia do interesse público significa que a Administração Pública é colocada em posição vertical (diferenciada) quando comparada aos particulares. No caso de confronto entre o interesse individual e o público, este é que, em regra, prevalecerá, tendo em conta ser mais amplo. Ou de outra forma: o grupo (o coletivo) é mais importante do que o indivíduo. Obviamente, não só de prerrogativas se faz um Estado. Em contrapartida da supremacia do interesse público, a indisponibilidade desse mesmo interesse faz com que a Administração, por intermédio de seus agentes, não tenha “vontade própria”, por estar investida no papel de satisfazer a vontade de terceiros, quais sejam, o coletivo, a sociedade. 

 

Com efeito, o princípio da indisponibilidade guarda uma relação muito estreita com o princípio da legalidade. Por este último, a Administração só faz o que a norma determina ou autoriza, quando e como permite, sendo, pois, bastante diferente da legalidade aplicada aos particulares, que podem fazer tudo o que não é proibido pela norma. 

 

Por fim, percebe-se significativa diferença entre a vontade administrativa e a vontade dos particulares, que pode ser assim resumida: enquanto os particulares possuem ampla liberdade de vontade, podendo realizar tudo aquilo que não lhes seja proibido, à Administração só é lícito fazer o que lhe é determinado, ou ao menos autorizado pela norma. 

3908) A compreensão do Regime Jurídico Administrativo se dá a partir de uma análise de princípios constitucionais administrativos, os quais conformam toda a atividade, porque são esses princípios que oferecem coerência e harmonia para todo o ordenamento jurídico. Assim, quanto aos princípios, nesse contexto, assinale a alternativa correta.

  • A) O Princípio de Publicidade é um dos requisitos de validade do ato administrativo, e sua inobservância causará a invalidade do ato praticado.

  • B) A prática do nepotismo é um dos exemplos de agressão ao Princípio de Impessoalidade, havendo inclusive súmula vinculante sobre o assunto.

  • C) Aduz o Princípio Constitucional da Legalidade que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, o que induz dizer que a obediência ao citado princípio é irrestrita, não havendo execuções ou relativização em sua aplicabilidade.

  • D) Os princípios constitucionais do Direito Administrativo encontram-se regulados junto ao rol taxativo da Carta Magna, bem como em outros dispositivos infraconstitucionais.

  • E) Apenas entes da Administração Pública Direta estão sujeitos ao rol exemplificativo da principiologia disposta no artigo 37 do texto constitucional, que se traduz na obediência aos seguintes princípios: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência.

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A alternativa correta é letra B) A prática do nepotismo é um dos exemplos de agressão ao Princípio de Impessoalidade, havendo inclusive súmula vinculante sobre o assunto.

Gabarito: letra B.

 

Vamos analisar as alternativas.

 

a) ERRADO. Primeiramente: nenhum princípio da Administração Pública é requisito de validade de ato administrativo. São duas coisas diferentes. Os princípios são os norteadores da ação e da legislação administrativa. Os requisitos de validade são aqueles que estudamos e decoramos no famigerado "COM-FI-FO-MO-OB": Competência, Finalidade, Forma, Motivo e Objeto. 

 

Em segundo lugar, a não publicidade de um ato não faz com que este se torne inválido, mas apenas ineficaz. Com efeito, a publicidade é requisito de eficácia do ato administrativo, isto é, sua não observância impede a produção de efeitos.

 

b) CERTO. Perfeito, e a súmula vinculante citada é a de número 13.

 

"Súmula Vinculante 13

 

A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia, ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal."

 

c) ERRADO. O texto da alternativa refere-se ao princípio da Legalidade em sua aplicação aos particulares. E nessa acepção, tal princípio garante, de certa forma, a liberdade individual, na medida em que não obriga o particular a obedecer a lei na maior parte de suas ações cotidianas, mas apenas naquilo que a lei possa o restringir. Nos termos consagrados por Hely Lopes Meirelles, o cidadão poder fazer tudo o que a lei não o proíba.

 

Quem se vincula de modo mais ferrenho aos ditames legais é a Administração Pública, que só pode fazer o que a lei explicitamente a permita.

 

d) ERRADO. Ora, se estamos falando dos princípios constitucionais do Direito Administrativo, não podemos falar em "outros dispositivos infraconstitucionais". Os princípios constitucionais são apenas aqueles que estão na Constituição, ora.

 

e) ERRADO. Não apenas a Administração Direta, mas também as entidades da Administração indireta.

 

"Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]"

 

Espero ter ajudado.

3909) Sobre Administração Pública, é CORRETO afirmar:

  • A) O controle de constitucionalidade consiste no exame da compatibilidade dos atos estatais com a Constituição, e o controle em abstrato se identifica de modo preciso e exato com a função jurisdicional.
  • B) O regime de direito público consiste num conjunto de princípios e regras jurídicas que disciplinam poderes, deveres e direitos vinculados diretamente à supremacia e à indisponibilidade dos direitos fundamentais.
  • C) Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário são dependente s e harmônicos entre si.

  • D) Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos não será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira.
  • E) É proibido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

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A alternativa correta é letra B) O regime de direito público consiste num conjunto de princípios e regras jurídicas que disciplinam poderes, deveres e direitos vinculados diretamente à supremacia e à indisponibilidade dos direitos fundamentais.

Gabarito: letra B.

 

Vamos analisar as alternativas.

 

a) ERRADO. Sim, mas o concreto também. A diferença entre o controle concreto e o abstrato é que o primeiro é realizado em cada caso concreto, pelos juízes de primeiro grau e pelos tribunais. Já o controle abstrato é realizado, não sobre um determinado caso concreto, mas sobre a lei em tese. Este é realizado apenas pelo STF.


b) CERTO. Perfeito. Tudo gira em torno desses dois princípios fundamentais: a supremacia e a indisponibilidade do interesse público. Esses são os pilares do Regime Jurídico Administrativo.

 

OBS.: a questão colocou "direitos fundamentais" no lugar de interesse público, mas isso é modinha de doutrinador mongolóide. Vamos ignorar.

 


c) ERRADO. Erro bobo. Os poderes da República são independentes e harmônicos entre si.

 

"Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário."

 

d) ERRADO. A regra prevista no inciso IV do art. 37 é que o aprovado em concurso anterior tem prioridade.

 

"Art. 37

 

IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;"


e) ERRADO. Claro que não. Tal direito é garantido aos servidores civis.

 

"Art. 37

 

VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical;"

 

Espero ter ajudado.

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3910) No que se refere à organização e aos Poderes do Estado, julgue o item que se segue.

  • A) Certo
  • B) Errado
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A alternativa correta é letra A) Certo

De fato, a noção esposada neste item bem representa a essência da função administrativa, que é típica do Poder Executivo. Afinal, de acordo com o princípio da legalidade, em sua visão clássica, ao Estado somente é possível fazer aquilo que a lei autoriza ou determina. É a lei, portanto, que serve de moldura para a atuação administrativa.

 

Ademais, a busca pelo atendimento do interesse público está ligada ao princípio da impessoalidade, também chamado de princípio da finalidade. A ideia consiste em que, ao agir de maneira impessoal, sem beneficiar ou prejudicar propositalmente determinadas pessoas, a Administração estará, por conseguinte, objetivando atingir o interesse de toda a coletividade.

 

Por fim, os valores mencionados - saúde, educação e cultura - são realmente exemplos de objetivos a serem almejados pelos administradores públicos, por expressa imposição constitucional e legal.

 

Assim, correta a proposição em exame.

  

Gabarito: CERTO

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