Questões Sobre Farmácia Oncológica - Farmácia - concurso

A leucemia mieloide aguda (LMA) com maturação é um subtipo específico de leucemia caracterizado pela presença de células em diferentes estágios de maturação na medula óssea. Entre essas células, destacam-se os mieloblastos, que são células imaturas, os granulócitos, que representam um estágio mais avançado de diferenciação, e os promielócitos, que são intermediários nesse processo. A presença desses elementos celulares é um critério diagnóstico importante para esse subtipo de LMA, conforme classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Portanto, a afirmação de que a leucemia mieloide aguda com maturação inclui mieloblastos, granulócitos e promielócitos em sua composição celular está correta. Essas células refletem o bloqueio na maturação dos leucócitos, típico da doença, e sua identificação é essencial para o diagnóstico preciso e subclassificação da LMA.

Resposta: CERTO (C)

Em relação à leucemia, é importante analisar a afirmação sobre sua incidência nos primeiros meses de vida. A leucemia mieloide aguda (LMA) é de fato a forma mais comum de leucemia aguda nessa fase inicial da vida, especialmente em recém-nascidos e lactantes. Isso se deve às particularidades do desenvolvimento hematopoiético nessa faixa etária, onde alterações genéticas e fatores biológicos específicos favorecem o surgimento da LMA em comparação a outros tipos de leucemia.

Portanto, a afirmação está correta, e o gabarito indicado como C) CERTO é o adequado. A leucemia mieloide aguda predomina nesse período, diferentemente de outras faixas etárias, como a infância, onde a leucemia linfoide aguda (LLA) é mais frequente.

O artigo 2º da Resolução nº 288/1996 do Conselho Federal de Farmácia estabelece as atribuições do farmacêutico na atividade de quimioterapia em serviços de saúde. Entre as alternativas apresentadas, a que NÃO corresponde a uma dessas incumbências é a letra B), que menciona a administração dos antineoplásicos pela via correta e nos horários determinados pelo protocolo de tratamento.

Essa tarefa, na verdade, é de responsabilidade da equipe de enfermagem, e não do farmacêutico. As demais alternativas descrevem atividades que estão dentro do escopo profissional do farmacêutico, como a seleção e armazenamento de componentes (A), a avaliação da prescrição (C), a participação em discussões clínicas (D) e a garantia do cumprimento das normas de segurança (E).

Portanto, a alternativa B) é a correta, pois representa uma função que não está entre as atribuições do farmacêutico conforme a resolução mencionada.

A manipulação de antineoplásicos exige do farmacêutico uma série de precauções rigorosas, não apenas para garantir a qualidade do produto final, mas também para proteger sua própria saúde e o meio ambiente. Os riscos associados ao manuseio inadequado desses medicamentos citotóxicos são significativos, tornando essencial o uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) e procedimentos específicos para minimizar a exposição.

Entre as vias de exposição mais comuns, a absorção cutânea merece atenção especial, pois o contato direto com a pele pode levar à contaminação. A alternativa correta, neste caso, é a B), que recomenda o uso de dois pares de luvas de látex (tipo cirúrgica), com punho longo e estéreis. Essa medida é crucial para reduzir o risco de penetração de substâncias tóxicas através da pele, especialmente durante o preparo e a administração desses medicamentos.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou inadequadas. Por exemplo, a alternativa A) sugere a troca de luvas a cada 4 horas e limpeza com álcool 70%, o que não é suficiente para garantir proteção efetiva. Já a alternativa C) menciona um protetor respiratório classe PFF1, que não é o mais indicado para névoas de antineoplásicos. A alternativa D) desaconselha o uso de óculos de segurança, o que é um erro grave, pois a proteção ocular é fundamental. Por fim, a alternativa E) relaciona a ingestão acidental com o uso de cabine de segurança classe II B2 e macacão permeável, o que não faz sentido, já que esses equipamentos não previnem a contaminação de alimentos.

Portanto, a resposta correta é a B), que destaca a importância da dupla proteção com luvas adequadas para evitar a absorção cutânea de antineoplásicos, uma medida essencial para a segurança do profissional farmacêutico.

A quimioterapia combinada é uma estratégia essencial no tratamento de diversas neoplasias, permitindo a otimização das doses terapêuticas enquanto se consideram sinergismos entre fármacos, perfis de toxicidade distintos e mecanismos de resistência. Nesse contexto, o farmacêutico desempenha um papel crucial ao assegurar a correta administração dos antineoplásicos, seguindo protocolos rigorosos que envolvem cronogramas precisos, vias de administração adequadas e intervalos terapêuticos específicos, além do manejo apropriado das terapias de suporte.

Entre as alternativas apresentadas, a opção E) destaca-se como a correta, pois descreve com precisão os cuidados necessários na administração da ciclofosfamida, um agente alquilante. Esse fármaco pode induzir cistite hemorrágica devido à formação de acroleína, um metabólito tóxico. Para minimizar esse risco, recomenda-se hidratação vigorosa e a administração de mesna, um agente protetor que se liga à acroleína, neutralizando sua toxicidade. Esse exemplo ilustra a importância do conhecimento farmacológico detalhado para prevenir complicações graves associadas ao uso de antineoplásicos.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. Por exemplo, a vincristina (alternativa A) não requer necessariamente administração em dias intercalados para reduzir neurotoxicidade, mas sim monitoramento cuidadoso de sua dose cumulativa. O metotrexato (alternativa B) tem como principal toxicidade a mielossupressão e mucosite, não a neurotoxicidade, e o ácido folínico é utilizado como antídoto para reduzir sua toxicidade sistêmica. A citarabina (alternativa C) frequentemente exige esquemas de dose intensiva com intervalos menores que 24 horas em certos protocolos. Já a doxorrubicina (alternativa D) tem como principal toxicidade dose-limitante a cardiotoxicidade, não a hepatotoxicidade.

Portanto, a alternativa E demonstra corretamente a integração entre o conhecimento farmacológico e as medidas práticas para garantir a segurança e eficácia do tratamento quimioterápico, reforçando a importância da atuação farmacêutica na oncologia.

Os primeiros antibióticos utilizados no tratamento do câncer foram as actinomicinas, descobertas na década de 1940 por Waksman e sua equipe. Esses compostos permanecem relevantes na oncologia atual, demonstrando a importância histórica e terapêutica dessa classe de medicamentos.

Entre as alternativas apresentadas sobre os antibióticos antineoplásicos, a afirmação correta é a letra B), que alerta sobre os riscos do extravasamento da doxorrubicina. Esse fenômeno pode de fato causar graves complicações locais, incluindo ação vesicante e necrose tecidual, exigindo cuidados especiais durante sua administração.

As demais alternativas contêm informações incorretas sobre esses medicamentos. A cardiomiopatia induzida por antraciclinas como a doxorrubicina e epirrubicina está sim relacionada à dose cumulativa (contrariando a alternativa A). Além disso, essas drogas são amplamente utilizadas em tumores sólidos (alternativa C) e especificamente no carcinoma de mama metastático (alternativa D), comprovando sua versatilidade terapêutica.

Este caso ilustra a importância do conhecimento preciso sobre os efeitos adversos dos quimioterápicos, particularmente aqueles com potencial para complicações graves, como a doxorrubicina. O manejo adequado desses medicamentos exige não apenas compreensão de sua eficácia antitumoral, mas também vigilância constante contra seus efeitos colaterais.

A quimioterapia moderna teve seu marco inicial em 1942, com os estudos clínicos envolvendo mostardas nitrogenadas intravenosas em pacientes com linfoma. Desde então, a oncologia evoluiu significativamente, incorporando diversos agentes farmacológicos no tratamento do câncer. Neste contexto, é fundamental compreender a classificação dos quimioterápicos e sua correlação com os mecanismos de ação.

A questão proposta solicita a associação entre quatro fármacos antineoplásicos e seus respectivos grupos farmacológicos. Analisando cada um deles:

1. CICLOFOSFAMIDA: Pertence ao grupo das mostardas nitrogenadas, análogos alkylantes que atuam formando ligações cruzadas no DNA, impedindo a replicação celular.
2. CARMUSTINA: Classifica-se como uma nitrosureia, composto capaz de atravessar a barreira hematoencefálica, sendo útil no tratamento de tumores cerebrais.
3. DACARBAZINA: É um agente do grupo dos triazenos, que atua como um pró-fármaco, sendo metabolizado em compostos alquilantes.
4. OXALIPLATINA: Representa um complexo de coordenação da platina, formando adutos no DNA que interferem na síntese de ácidos nucleicos.

A sequência correta de associações, portanto, é: Dacarbazina (Triazeno), Oxaliplatina (Complexo de coordenação da platina), Ciclofosfamida (Mostarda nitrogenada) e Carmustina (Nitrosureia). Dessa forma, a alternativa D) 3,4,1,2 constitui o gabarito correto.

Este exercício demonstra a importância do conhecimento farmacológico preciso na oncologia clínica, onde a seleção adequada dos agentes quimioterápicos é crucial para o sucesso terapêutico.

O texto apresenta duas asserções sobre a carboplatina e a cisplatina, fármacos utilizados no tratamento de câncer, e questiona a relação entre elas. A primeira afirma que, embora os mecanismos de ação e espectro clínico sejam semelhantes, as propriedades químicas, farmacocinéticas e toxicológicas diferem significativamente, destacando a cisplatina como alternativa para pacientes intolerantes à carboplatina. A segunda asserção justifica essa afirmação ao sugerir que a cisplatina é melhor tolerada, causando menos efeitos adversos como náuseas, neurotoxicidade, ototoxicidade e nefrotoxicidade.

No entanto, o gabarito indica que ambas as proposições são falsas. Isso significa que os mecanismos de ação e espectro de atividade da carboplatina não são idênticos aos da cisplatina, e que as diferenças nas propriedades não são tão significativas como descrito. Além disso, a afirmação sobre a tolerabilidade da cisplatina em comparação à carboplatina está incorreta, pois a literatura médica geralmente aponta que a carboplatina é menos tóxica em termos de nefrotoxicidade e neurotoxicidade, enquanto a cisplatina é mais associada a esses efeitos adversos.

Portanto, a alternativa correta é C) As asserções I e II são proposições falsas, já que ambas contêm informações equivocadas sobre a comparação entre os dois fármacos e seus perfis de toxicidade.

A escassez de medicamentos essenciais no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente aqueles de alto custo e produção monopolizada, como o caso descrito, representa um grave problema de gestão de suprimentos na saúde pública. A situação exposta, em que pacientes com câncer deixaram de ser atendidos devido à falta do medicamento, revela falhas críticas no planejamento e na logística de abastecimento.

Entre as alternativas apresentadas, a opção C) destaca-se como a mais plausível, pois aponta para dois fatores recorrentes em cenários de desabastecimento: o aumento imprevisto da demanda e atrasos na cadeia de suprimentos. Esses problemas poderiam ser mitigados com a manutenção de um estoque de segurança adequado, que atuaria como um amortecedor contra flutuações na demanda ou rupturas no fornecimento.

As demais alternativas apresentam inconsistências:

• A) A classificação XYZ não é exclusiva para medicamentos de baixa criticidade
• B) O ponto de ressuprimento já é por definição o momento de compra, não uma reserva
• D) A curva ABC considera justamente o valor dos itens em sua classificação
• E) Medicamentos classe A normalmente exigem gestão mais rigorosa, com reposição frequente

Este caso evidencia a necessidade de sistemas robustos de previsão de demanda e gestão de estoques na saúde pública, particularmente para medicamentos essenciais e de alto custo, onde falhas no abastecimento podem ter consequências graves para os pacientes.

A hidroxiuréia (HU) é um medicamento antineoplásico com mecanismo de ação específico na fase S do ciclo celular, atuando como inibidor da enzima ribonucleotídeo redutase. Essa propriedade farmacológica interfere diretamente na síntese de DNA, resultando na interrupção da divisão celular. No contexto do tratamento da doença falciforme, a Portaria nº 55 de 29 de janeiro de 2010 do Ministério da Saúde estabeleceu a HU como opção terapêutica para esses pacientes.

A questão apresentada aborda o papel do farmacêutico na utilização da HU, apresentando quatro alternativas de conduta profissional. Analisando as opções:

• A alternativa A sugere uma conduta restritiva que não se alinha com a legislação vigente nem com as boas práticas farmacêuticas, pois a HU está oficialmente indicada para doença falciforme.
• A alternativa B atribui ao farmacêutico uma decisão que ultrapassa suas competências, pois a definição do tratamento é responsabilidade médica.
• A alternativa C incorre em erro ao sugerir que o farmacêutico poderia prescrever o medicamento, o que não condiz com a legislação brasileira sobre prescrição farmacêutica.
• A alternativa D, correta, apresenta o papel adequado do farmacêutico: atuar como profissional de saúde capacitado para discutir critérios terapêuticos com a equipe médica, contribuindo para a tomada de decisão clínica.

Portanto, a resposta correta é a alternativa D, que reflete o papel do farmacêutico como membro da equipe multidisciplinar, colaborando no processo terapêutico através do compartilhamento de conhecimento especializado sobre medicamentos, sem assumir funções que são de competência de outros profissionais.