Questões Sobre Farmácia Oncológica - Farmácia - concurso

Analise as afirmativas abaixo, de acordo com a Resolução n° 288, de 21 de março de 1996, que dispõe sobre a competência legal para o exercício da manipulação de drogas antineoplásicas pelo farmacêutico.

I - Esta Resolução foi criada a partir da necessidade de assegurar condições adequadas de formulação, preparo, armazenagem, conservação, transporte, segurança do Farmacêutico que manipula, bem como os resíduos oriundos das drogas antineoplásicas nos estabelecimentos de saúde.

II - É atribuição privativa do farmacêutico a competência para o exercício da atividade de manipulação de drogas antineoplásicas e similares nos estabelecimentos de Saúde.

III - No exercício da atividade de quimioterapia, não cabe ao farmacêutico, e sim ao médico, avaliar os componentes presentes na prescrição médica, quanto a quantidade, qualidade, compatibilidade, estabilidade e suas interações.

Assinale a opção correta.

• A) Apenas a afirmativa I é verdadeira.
• B) Apenas a afirmativa II é verdadeira.
• C) Apenas a afirmativa III é verdadeira.
• D) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras.
• E) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.

O gabarito correto é E).

No início dos anos 50, Gertrude Elion e George Hitchings revolucionaram a medicina com suas descobertas no campo da farmacologia. Ganhadores do Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina em 1988, eles identificaram as propriedades antitumorais e antileucêmicas da 6-mercaptopurina, um marco no tratamento de doenças oncológicas. A partir dessa substância, diversos derivados foram desenvolvidos, ampliando o arsenal terapêutico disponível.

Entre os compostos derivados da 6-mercaptopurina, destacam-se o aciclovir, um antiviral amplamente utilizado no tratamento de infecções por herpesvírus, e o alopurinol, empregado principalmente no controle da gota e da hiperuricemia. Essas substâncias representam avanços significativos na medicina, fruto do trabalho pioneiro de Elion e Hitchings.

O gabarito correto para a questão apresentada é a alternativa B) aciclovir / alopurinol, que demonstra a importância dos derivados da 6-mercaptopurina na prática clínica moderna.

Segundo Barreiro (2001), diversos agentes anticânceres são de origem natural, como a daunorubicina. O mecanismo de ação desse composto se baseia na formação de ligações covalentes irreversíveis, que promovem a inibição do crescimento celular das células cancerosas. Para compreender melhor esse processo, é essencial identificar o grupamento farmacofórico responsável pela atividade biológica e a enzima envolvida no mecanismo de ação.

Analisando as alternativas fornecidas:

• A) Naftoquinona / quinona-oxidase. Esta é a resposta correta, pois a daunorubicina possui um núcleo naftoquinona em sua estrutura, que é fundamental para sua atividade antitumoral. A enzima quinona-oxidase está envolvida no processo de geração de radicais livres que danificam o DNA das células cancerosas.
• B) Naftobifenila / fenol-redutase. Incorreta, pois a estrutura da daunorubicina não contém um núcleo naftobifenila, e a fenol-redutase não está relacionada ao seu mecanismo de ação.
• C) Xantina / xantina oxidase. Incorreta, pois a xantina e a xantina oxidase estão mais associadas a processos metabólicos como a degradação de purinas, não sendo relevantes para a ação da daunorubicina.
• D) Folato / timidilato sintase. Incorreta, pois o folato e a timidilato sintase estão relacionados a vias metabólicas distintas, como a síntese de nucleotídeos, e não ao mecanismo da daunorubicina.
• E) Para-benzoquinona / timidina quinase. Incorreta, pois a para-benzoquinona não é o grupamento farmacofórico da daunorubicina, e a timidina quinase não participa de seu mecanismo de ação.

Portanto, a alternativa correta é A) naftoquinona / quinona-oxidase, conforme indicado no gabarito. A naftoquinona é o grupamento responsável pela atividade farmacológica, enquanto a quinona-oxidase desempenha um papel crucial no mecanismo antitumoral da daunorubicina.

A atuação do farmacêutico no campo da oncologia é fundamental para o sucesso do tratamento oncológico, uma vez que essa especialidade exige conhecimentos específicos e uma abordagem multidisciplinar. O texto apresentado destaca algumas das principais responsabilidades desse profissional, permitindo uma análise mais detalhada sobre quais afirmações estão corretas.

A primeira afirmação, que atribui ao farmacêutico a escolha principal da terapia antineoplásica, está incorreta. Essa decisão é tipicamente realizada pelo médico oncologista, embora o farmacêutico possa contribuir com informações relevantes sobre farmacologia e interações medicamentosas. Já a segunda afirmação está correta, pois o farmacêutico desempenha um papel crucial no monitoramento e gestão dos efeitos adversos, garantindo maior segurança ao paciente.

A terceira afirmação também está correta, visto que o ajuste de dose com base na área de superfície corporal é uma prática comum em oncologia, e o farmacêutico possui expertise para realizar esse cálculo com precisão. Por fim, a quarta afirmação está igualmente correta, pois o farmacêutico pode auxiliar na seleção da terapia adjuvante, contribuindo para um tratamento mais personalizado e eficaz.

Portanto, as afirmações corretas são II, III e IV, correspondendo à alternativa C. Isso reforça a importância do farmacêutico como parte integrante da equipe oncológica, atuando em diversas fases do tratamento para otimizar os resultados terapêuticos e minimizar riscos aos pacientes.

O uso de antineoplásicos é fundamental no tratamento do câncer, porém suas interações medicamentosas podem potencializar efeitos adversos ou reduzir a eficácia terapêutica. Analisando as afirmações apresentadas, todas são consideradas verdadeiras, conforme o gabarito correto (alternativa C).

A afirmação I está correta, pois antineoplásicos de modo geral podem interagir com ciclosporinas, levando a uma imunossupressão excessiva e aumentando o risco de pseudolinfomas devido ao efeito aditivo. Essa combinação exige monitoramento rigoroso para evitar complicações.

A afirmação II também é verdadeira, uma vez que a associação entre metotrexate e cetoprofeno pode elevar a toxicidade hematológica do primeiro. O cetoprofeno interfere na eliminação renal do metotrexate, aumentando sua concentração plasmática e, consequentemente, seus efeitos adversos, como supressão da medula óssea.

Quanto à afirmação III, ela está correta porque a vincristina pode reduzir a toxicidade do metotrexate em determinados protocolos de quimioterapia combinada. Essa interação permite ajustes na dosagem, melhorando a eficácia terapêutica e diminuindo os efeitos colaterais.

Por fim, a afirmação IV é verdadeira, já que a cisplatina possui nefrotoxicidade conhecida, e sua associação com anfotericina B pode agravar esse efeito. Ambos os fármacos são nefrotóxicos, e seu uso concomitante exige hidratação adequada e monitoramento da função renal para evitar danos irreversíveis.

Portanto, todas as afirmações estão corretas, reforçando a importância do conhecimento sobre interações medicamentosas na prática clínica para garantir a segurança e eficácia do tratamento oncológico.

O tema em questão aborda as normas e procedimentos corretos para a manipulação de antineoplásicos, substâncias utilizadas no tratamento do câncer que exigem cuidados especiais devido à sua toxicidade. Entre as alternativas apresentadas, a incorreta é a letra C), que afirma que a pressão de insuflação de ar é superior à da ante-sala, criando uma pressão negativa da ante-sala em relação à sala de preparo.

Na realidade, o correto é que a pressão na sala de preparo seja negativa em relação à ante-sala, garantindo que eventuais partículas ou vapores dos antineoplásicos não escapem para áreas adjacentes. Essa condição é essencial para proteger os profissionais de saúde e evitar contaminações cruzadas. As demais alternativas apresentam informações corretas sobre a manipulação desses medicamentos:

• A) A manipulação deve ocorrer em capelas de fluxo laminar de segurança biológica classe II B2, com 100% de exaustão externa.
• B) O ar insuflado e exaurido é filtrado, sem recirculação, reduzindo a saturação do ambiente interno e protegendo o manipulador.
• D) A técnica de manipulação assemelha-se à de injetáveis, mas requer atenção redobrada com materiais pérfurocortantes.
• E) A formação de aerossóis deve ser evitada, pois pode representar um risco de exposição ocupacional.

Portanto, a alternativa C) está incorreta, pois inverte a lógica da pressão necessária para garantir a segurança no ambiente de manipulação de antineoplásicos.

A supressão do sistema imunológico desempenha um papel fundamental em diversas abordagens terapêuticas, como no tratamento de doenças autoimunes, na prevenção da rejeição de transplantes e no controle de respostas inflamatórias exacerbadas. Entre os agentes imunossupressores disponíveis, aqueles que atuam especificamente sobre citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), destacam-se por sua eficácia em condições como artrite reumatoide e doença de Crohn.

O TNF-α é uma citocina liberada principalmente por macrófagos durante processos inflamatórios, sendo responsável por amplificar a resposta imune. Para neutralizar seus efeitos, medicamentos biológicos como o infliximabe (alternativa D) foram desenvolvidos. Esse agente atua como um anticorpo monoclonal que se liga ao TNF-α, impedindo sua interação com receptores celulares e, consequentemente, inibindo a cascata inflamatória.

Embora outras opções listadas – como ciclosporina, prednisona, tacrolimo e azatioprina – sejam imunossupressores amplamente utilizados, eles não possuem ação direta sobre o TNF-α. Esses fármacos atuam por mecanismos distintos, como inibição da calcineurina (ciclosporina e tacrolimo), supressão geral da resposta imune (azatioprina) ou modulação da transcrição gênica (prednisona). Portanto, o infliximabe representa a escolha mais específica e eficaz para situações em que a neutralização do TNF-α é clinicamente indicada.

A Resolução de Decisão Colegiada (RDC) nº 220, de 2004, estabelece normas técnicas para o funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica (STA), visando garantir a segurança e eficácia no tratamento de pacientes oncológicos. Entre as alternativas apresentadas, a afirmação INCORRETA é a letra D), que menciona que a sala de preparação de TA deve ter, no mínimo, 12m² quando o STA contar com Farmácia própria. Essa informação não está em conformidade com a RDC nº 220, que não especifica um tamanho mínimo obrigatório para a sala de preparação, deixando essa definição a critério das necessidades operacionais e das boas práticas.

As demais alternativas estão corretas: a letra A) descreve corretamente a composição mínima da Equipe Multiprofissional de Terapia Antineoplásica (EMTA); a letra B) reforça a obrigatoriedade do STA assegurar a conservação e transporte adequados das preparações de TA; e a letra C) lista corretamente os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) necessários para a segurança dos profissionais durante o manuseio de quimioterápicos. Portanto, a resposta correta é D), por não estar em conformidade com a regulamentação vigente.

A Resolução de Decisão Colegiada (RDC) nº 220, de 2004, estabelece diretrizes importantes para o funcionamento dos Serviços de Terapia Antineoplásica (STA). Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra A, que afirma que os STA podem terceirizar a preparação da terapia antineoplásica, desde que haja um contrato formal de prestação de serviços de farmácia.

Essa possibilidade de terceirização está em conformidade com a RDC nº 220, desde que sejam respeitados os requisitos legais e técnicos para garantir a segurança e a qualidade do processo. As demais alternativas apresentam informações incorretas ou incompletas em relação à norma:

• B) A exigência de área mínima de 4 m² por cabine de segurança biológica não está especificada na RDC nº 220.
• C) O tempo de funcionamento da cabine de segurança biológica antes e após o trabalho não é regulamentado nessa resolução.
• D) A terceirização da preparação não exige autorização prévia da autoridade sanitária local, apenas o cumprimento das normas contratuais e técnicas.

Portanto, a alternativa A é a única que está corretamente alinhada com as disposições da RDC nº 220/2004.

A quimioterapia é um dos principais métodos no tratamento do câncer, utilizando compostos químicos que atuam tanto em células saudáveis quanto nas neoplásicas. No entanto, devido às diferenças metabólicas entre esses tipos celulares, os quimioterápicos causam maior dano às células malignas, tornando-se uma ferramenta essencial na oncologia.

No contexto da manipulação desses agentes antineoplásicos, a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 220/2004 estabelece diretrizes rigorosas para garantir a segurança dos profissionais e pacientes. Entre as orientações, destaca-se a necessidade de:

• Limpar e desinfetar todos os produtos e recipientes antes de sua entrada na sala de preparo, medida fundamental para evitar contaminações.

As demais alternativas apresentam equívocos em relação às normas da RDC 220/2004. O uso de luvas não estéreis e sua troca periódica (alternativa A) não é suficiente, pois recomenda-se luvas de procedimento estéreis. O prazo de validade de 24 horas (alternativa B) não é fixo, devendo ser determinado conforme estabilidade do produto. Já a conferência da identificação do paciente (alternativa C) deve ocorrer antes da manipulação, não após.

Portanto, a alternativa correta é a D, que reforça a importância dos protocolos de higienização como medida preventiva essencial no manuseio de quimioterápicos, garantindo maior segurança no processo.