Questões Sobre Farmácia Oncológica - Farmácia - concurso

O cenário atual da produção de medicamentos em hospitais apresenta uma redução significativa em comparação ao que era realizado há dez anos. Hoje, as preparações são mais específicas e direcionadas, como terapias de nutrição parenteral, fórmulas pediátricas, reembalagem de doses unitárias sólidas, soluções assépticas e medicamentos estéreis ou citotóxicos individualizados. Essas mudanças refletem avanços na segurança e na eficiência dos processos farmacêuticos.

No que diz respeito à preparação de medicamentos estéreis, a RDC n.º 67, de 8/10/2007, estabelece requisitos rigorosos para garantir a qualidade desses produtos. Contudo, a afirmação de que é obrigatório utilizar água obtida exclusivamente por destilação ou filtração dupla em filtros de celulose está incorreta. A legislação permite outras formas de purificação da água, desde que atendam aos padrões de qualidade exigidos para a produção de medicamentos estéreis.

Portanto, a alternativa correta é E) ERRADO, pois a RDC n.º 67 não restringe o método de obtenção da água apenas à destilação ou filtração dupla em filtros de celulose, permitindo outras tecnologias que assegurem a pureza necessária.

No contexto da farmacotécnica, a manipulação de medicamentos como citostáticos e colírios, bem como o preparo de nutrição parenteral, exige condições específicas para garantir a segurança e eficácia dos produtos. Esses procedimentos demandam ambientes apropriados, com controle de esterilidade e medidas de biossegurança, especialmente no caso de citostáticos, que são substâncias com alto potencial de toxicidade.

Os colírios, por serem aplicados diretamente nos olhos, requerem assepsia rigorosa para evitar contaminações que possam causar infecções oculares. Já a nutrição parenteral, administrada por via intravenosa, precisa ser preparada em condições estéreis para prevenir complicações como sepse ou reações adversas.

Portanto, a afirmação de que a manipulação desses medicamentos exige locais apropriados e esterilidade está correta, conforme indicado pela alternativa C) CERTO.

A quimioterapia de altas doses associada ao transplante autólogo de medula óssea é uma estratégia terapêutica utilizada no tratamento de diversas neoplasias, como câncer de mama, linfomas, mielomas, tumores de testículo e leucemia mieloide. Essa abordagem visa maximizar a eficácia do tratamento contra células tumorais, porém apresenta desafios significativos, especialmente relacionados à toxicidade e à supressão da medula óssea.

Entre as alternativas apresentadas, a opção correta é a C), pois destaca um avanço crucial nessa modalidade de tratamento: a superação das limitações hematológicas por meio da coleta e preservação de células progenitoras, combinadas com o uso de fatores de crescimento hematopoéticos. Essa técnica permite a recuperação mais rápida da medula óssea após a quimioterapia intensiva, reduzindo os riscos de complicações como infecções e sangramentos.

As demais alternativas apresentam incorreções:

• A) A quimioterapia de altas doses não se restringe apenas a alquilantes, podendo incluir outros agentes quimioterápicos.
• B) Nem todos os pacientes com neoplasias sensíveis a quimioterápicos são candidatos a esse tratamento, devido à sua alta toxicidade e exigência de condições clínicas adequadas.
• D) Os efeitos colaterais da quimioterapia de altas doses, como toxicidade gastrointestinal, do SNC ou renal, não são amenizados, sendo um dos principais desafios dessa abordagem.
• E) A resistência prévia ao quimioterápico utilizado pode limitar a eficácia, mas não é um critério absoluto de exclusão, pois outros fatores são considerados na indicação do tratamento.

Portanto, a alternativa C) é a correta, pois reflete um avanço fundamental que viabilizou a aplicação segura da quimioterapia de altas doses em conjunto com o transplante autólogo de medula óssea.

A RDC 67/2007 da ANVISA estabelece diretrizes rigorosas para a manipulação de medicamentos citostáticos em farmácias, visando garantir a segurança dos profissionais e evitar riscos de contaminação. Dentre as exigências apresentadas, a alternativa correta é a letra D, que afirma que a sala para manipulação de citostáticos deve ser separada e conter uma antessala para prevenir a contaminação cruzada.

Essa exigência é fundamental, pois os medicamentos citostáticos possuem alto potencial tóxico e carcinogênico, exigindo ambientes controlados e isolados. A presença de uma antessala atua como uma barreira física, reduzindo a dispersão de partículas e protegendo tanto os manipuladores quanto outros medicamentos de possíveis contaminações.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou incompletas. Por exemplo, a alternativa A menciona pressão positiva, quando o correto seria pressão negativa para evitar a saída de partículas tóxicas. A alternativa B desconsidera a necessidade de notificação à vigilância local, o que é essencial para fiscalização. Já a alternativa C ignora o risco elevado de contaminação cruzada, mesmo com limpeza especial. Por fim, a alternativa E, apesar de trazer uma recomendação plausível, não é uma exigência formal da resolução.

Portanto, a RDC 67/2007 prioriza o isolamento físico e os controles de contaminação como medidas essenciais para a manipulação segura de citostáticos, reforçando a importância da estrutura adequada e do cumprimento das normas sanitárias.

O ensaio a seguir discute a questão apresentada, que aborda os antibióticos citostáticos do grupo das antraciclinas, com foco na alternativa correta (D).

Os antibióticos citostáticos são uma classe de medicamentos utilizados no tratamento do câncer, atuando principalmente na inibição do crescimento e multiplicação de células tumorais. Dentro desse grupo, as antraciclinas destacam-se por sua eficácia e amplo espectro de ação. Entre os principais representantes desse subgrupo estão a doxorrubicina e a daunorrubicina, conhecidas por sua capacidade de intercalação no DNA e inibição da topoisomerase II, mecanismos que levam à morte celular.

Na questão apresentada, a alternativa D) é a correta, pois contém a doxorrubicina, um clássico representante das antraciclinas, juntamente com a amsacrina e a mitoxantrona. Apesar de a amsacrina e a mitoxantrona não serem tecnicamente antraciclinas, elas compartilham mecanismos de ação semelhantes, como a inibição da topoisomerase II, o que justifica sua inclusão no contexto da pergunta.

As outras alternativas apresentam combinações incorretas ou incluem antibióticos que não pertencem ao grupo das antraciclinas, como a bleomicina e a mitomicina C, que possuem mecanismos de ação distintos. Portanto, a alternativa D) é a única que reúne substâncias com propriedades citostáticas alinhadas ao efeito desejado das antraciclinas, confirmando sua correção como resposta.

Em resumo, a compreensão dos diferentes grupos de antibióticos citostáticos e seus mecanismos de ação é essencial para a seleção adequada de terapias antineoplásicas. A questão reforça a importância de reconhecer as antraciclinas e seus análogos funcionais, como a doxorrubicina, no tratamento do câncer.

As perturbações digestivas causadas por agentes citotóxicos são um efeito colateral comum e, em muitos casos, grave, podendo levar a complicações como insuficiência renal, desidratação, hipocalemia e alcalose. Esses sintomas muitas vezes resultam na relutância dos pacientes em iniciar ou continuar o tratamento quimioterápico, impactando negativamente a adesão terapêutica. Entre os quimioterápicos listados, a cisplatina (opção C) destaca-se por seu potencial fortemente emetizante, sendo amplamente reconhecida na literatura médica como um dos agentes mais associados a náuseas e vômitos intensos. Os demais medicamentos (vincristina, vimblastina, fludarabina e bleomicina) apresentam menor risco emetizante em comparação.

O controle de náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia é um aspecto fundamental no tratamento oncológico, pois esses efeitos adversos podem comprometer a qualidade de vida do paciente e até mesmo a adesão ao tratamento. O texto apresentado destaca que os vômitos causados por agentes citotóxicos estão relacionados à ação desses fármacos nos centros do vômito localizados no assoalho do quarto ventrículo cerebral. Para combater esse efeito, existem diferentes classes de medicamentos com mecanismos de ação distintos.

Entre as opções apresentadas, o ondansetron (alternativa D) se destaca por seu mecanismo de ação como antagonista dos receptores de serotonina (5-HT3). Essa classe de fármacos age bloqueando os receptores de serotonina tanto no sistema nervoso central quanto no trato gastrointestinal, que são ativados pela liberação de serotonina pelas células enterocromafins quando há exposição aos quimioterápicos. Esse bloqueio impede a estimulação do centro do vômito, proporcionando assim um efeito antiemético eficaz.

As outras alternativas apresentam mecanismos diferentes: a metoclopramida (A) e a alizaprida (C) são antagonistas dopaminérgicos, a domperidona (B) age como bloqueador periférico da dopamina, e a metopimazina (E) é um anti-histamínico com ação anticolinérgica. Embora esses medicamentos possam ter alguma eficácia no controle de náuseas e vômitos, o ondansetron e outros antagonistas 5-HT3 são considerados a primeira linha para a prevenção de náuseas e vômitos agudos induzidos por quimioterapia altamente emetogênica.

Portanto, a alternativa correta é de fato a D) Ondansetron, por seu mecanismo específico de antagonismo da serotonina, que o torna particularmente eficaz no contexto da quimioterapia. Esse conhecimento é essencial para profissionais de saúde que atuam na oncologia, garantindo o manejo adequado desses efeitos adversos tão prevalentes.

Uma substância antimetabólica que inibe a diidrofolato redutase é utilizada no tratamento de certas leucemias e linfomas. Seus efeitos gastrointestinais e imunossupressores podem ser reduzidos pela leucovorina. A droga em questão trata-se de:

• A) Fluorouracil.
• B) Metotrexato.
• C) Citarabina.
• D) Dacarbazina.

O gabarito correto é B) Metotrexato.

De acordo com o fluxo laminar a ser utilizado em uma central de quimioterapia, pode-se afirmar, em relação aos itens abaixo, que:

• A) as revisões técnicas devem ser realizadas por um período mínimo de 12 meses de intervalo.
• B) a capela de fluxo laminar indicada para uma central de quimioterapia se classifica como Classe I, Tipo B2.
• C) para que o fluxo de ar seja laminar, é necessário que sua velocidade esteja entre 0,15 a 0,25 metros/segundo aproximadamente.
• D) a classificação tipo B2 quer dizer que o fluxo expulsa 100% do ar e o novo ar é introduzido a partir do local onde está a câmara, sendo que 60% do ar entrado provém da parte superior, tendo passado por um filtro HEPA; os restantes 40% entram pela abertura frontal.
• E) a classificação tipo B2 quer dizer que o fluxo expulsa 70% do ar e o novo ar é introduzido a partir do local onde está a câmara, sendo que 40% do ar entrado provém da parte superior, tendo passado por um filtro HEPA; os restantes 30% entram pela abertura frontal.

O gabarito correto é D).

Quanto aos riscos ocupacionais do pessoal envolvido na manipulação de antineoplásicos, podemos afirmar que:

• A) Incorreta. A utilização da Cabine de Segurança Biológica (CSB) não dispensa a necessidade de máscaras, pois outras medidas de proteção individual são essenciais para evitar exposição a aerossóis.
• B) Incorreta. A CSB não garante total exaustão de aerossóis e sprays, embora minimize significativamente os riscos. Outros cuidados complementares são necessários.
• C) Incorreta. Ampolas devem ser evitadas quando há frascos-ampola disponíveis, pois seu manuseio aumenta o risco de acidentes e exposição a agentes citotóxicos.
• D) Incorreta. A legislação brasileira exige a presença de chuveiros de segurança e lava-olhos nas áreas de preparo, conforme normas de proteção ocupacional.
• E) Correta. Os riscos de mutagênese, carcinogênese e teratogênese estão diretamente associados à absorção cutânea, inalação, acidentes com perfurocortantes e exposição repetida, reforçando a necessidade de protocolos rígidos de segurança.

Portanto, a alternativa E é a única que descreve com precisão os riscos ocupacionais relacionados aos antineoplásicos.