Questões Sobre Toxicologia Básica e Clínica - Farmácia - concurso

O aldicarbe é um composto químico classificado como carbamato, conhecido por sua ação inibidora da enzima acetilcolinesterase. Essa enzima desempenha um papel crucial no sistema nervoso, sendo responsável pela degradação do neurotransmissor acetilcolina. A inibição dessa enzima provoca um acúmulo de acetilcolina nas sinapses, levando a uma hiperestimulação do sistema nervoso, o que pode resultar em sintomas graves como convulsões, dificuldade respiratória e até mesmo a morte.

No Brasil, o aldicarbe foi amplamente utilizado como raticida e inseticida agrícola, mas sua comercialização e uso foram proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido ao seu alto grau de toxicidade para seres humanos e ao potencial de causar intoxicações acidentais ou intencionais. A alegação de que o aldicarbe possui "baixo grau de toxicidade para o ser humano" é, portanto, incorreta, conforme evidenciado por estudos toxicológicos e pela própria regulamentação brasileira.

Dessa forma, a afirmação apresentada no item é ERRADA, pois o aldicarbe não pode ser considerado seguro para humanos, sendo classificado como uma substância altamente tóxica. Seu uso indevido ou acidental já foi responsável por diversos casos de intoxicação, reforçando a necessidade de controle rigoroso sobre esse tipo de agrotóxico.

O texto apresentado aborda um tema relevante e atual: a contaminação por mercúrio na região amazônica brasileira e sua relação com a atividade garimpeira. A afirmação sugere que os altos níveis de mercúrio encontrados em peixes da região se devem principalmente ao uso do mercúrio metálico na purificação do ouro durante o garimpo. No entanto, o gabarito indica que essa afirmação está incorreta (E).

De fato, embora a atividade garimpeira seja uma fonte significativa de contaminação por mercúrio na Amazônia, ela não é a única explicação para os altos níveis encontrados nos peixes. Estudos apontam que fatores naturais, como a geologia da região, também contribuem para a presença de mercúrio no ambiente. Além disso, processos como o desmatamento e a queima de vegetação podem liberar mercúrio naturalmente presente no solo, agravando o problema.

Portanto, a afirmação está errada por simplificar uma questão complexa, atribuindo a contaminação exclusivamente ao garimpo. A realidade é multifatorial, envolvendo tanto ações humanas quanto processos naturais. Reconhecer essa complexidade é essencial para desenvolver estratégias eficazes de mitigação e proteção da saúde das populações locais, que dependem dos peixes como principal fonte de proteína.

Considerando os riscos da exposição humana a substâncias tóxicas, é importante analisar a afirmação sobre o ácido trans-trans mucônico como indicador biológico de exposição ao benzeno, conforme a legislação brasileira.

De acordo com as normas vigentes no Brasil, o ácido trans-trans mucônico é reconhecido como um biomarcador eficaz para monitorar a exposição ao benzeno. Essa substância é um metabólito resultante da oxidação do benzeno no organismo e sua concentração elevada, especialmente em fumantes, está diretamente relacionada à maior exposição a esse composto tóxico.

Portanto, a afirmação apresentada está correta, pois a legislação brasileira estabelece o ácido trans-trans mucônico como um dos indicadores biológicos oficiais para avaliar a exposição ocupacional e ambiental ao benzeno.

Considerando os riscos da exposição humana a substâncias tóxicas, o item em questão aborda os hidrocarbonetos poliaromáticos (HPAs), contaminantes ambientais formados pela queima incompleta de materiais como carvão, óleo e matéria orgânica presente no lixo. O texto afirma que esses compostos são genotóxicos e se ligam diretamente ao DNA, podendo causar câncer.

De acordo com estudos toxicológicos, os HPAs são, de fato, reconhecidos como agentes genotóxicos e carcinogênicos. Eles podem interagir com o DNA, formando adutos que levam a mutações e, consequentemente, ao desenvolvimento de câncer. Portanto, a afirmação apresentada está correta em relação às propriedades desses compostos.

No entanto, o gabarito indica que a alternativa correta é E) ERRADO, o que sugere uma contradição com o conhecimento científico estabelecido. É possível que haja um erro no gabarito ou que o item tenha sido mal interpretado. Caso a intenção fosse questionar outra característica dos HPAs não mencionada no enunciado, a resposta poderia variar. Mas, com base nas informações fornecidas, a afirmação está cientificamente correta.

As plantas são fontes ricas de metabólitos secundários, compostos que desempenham funções ecológicas e farmacológicas importantes. A extração desses compostos é um processo crítico, pois sua eficiência depende diretamente do método e dos reagentes utilizados. No caso específico da cocaína, um alcaloide em forma de éster presente nas folhas de coca, a escolha do meio extrator deve considerar suas propriedades químicas para garantir uma extração eficaz.

A cocaína, por ser um alcaloide básico, pode ser extraída utilizando uma base fraca, que facilita a liberação do composto da matriz vegetal, e um solvente orgânico, que dissolve a molécula devido à sua natureza lipofílica. Esse método é amplamente utilizado em processos de extração de alcaloides, pois a base fraca neutraliza ácidos orgânicos presentes na planta, convertendo a cocaína em sua forma livre, mais solúvel em solventes orgânicos.

Portanto, a afirmação de que a extração da cocaína pode ser realizada com uma base fraca e um solvente orgânico está correta, conforme indicado pelo gabarito (C). Esse procedimento é eficiente e adequado para isolar esse metabólito específico, garantindo um rendimento satisfatório e preservando suas propriedades químicas.

Acerca dos aspectos farmacológicos relativos às drogas de abuso, o item em questão aborda a relação entre o etanol e os antagonistas benzodiazepínicos. O texto afirma que a ação depressora do sistema nervoso central promovida pelo etanol pode ser revertida com fármacos antagonistas benzodiazepínicos, uma vez que ambos, etanol e ansiolíticos, atuam em receptores GABA.

De fato, o etanol exerce seus efeitos depressores no sistema nervoso central por meio da modulação do sistema GABAérgico, potencializando a ação do neurotransmissor inibitório GABA. Os benzodiazepínicos também atuam nesses receptores, embora em um sítio diferente, aumentando a frequência de abertura dos canais de cloreto mediados por GABA. Os antagonistas benzodiazepínicos, como o flumazenil, podem bloquear esses efeitos, revertendo tanto a ação dos benzodiazepínicos quanto, em certa medida, os efeitos do etanol, devido à interação comum com o sistema GABA.

Portanto, a afirmação está correta, e o gabarito indicado como "C) CERTO" é o adequado. Os antagonistas benzodiazepínicos podem, sim, reverter parcialmente os efeitos depressores do etanol, dada a ação compartilhada no sistema GABAérgico.

Acerca dos aspectos farmacológicos relativos às drogas de abuso, o item em questão afirma que os compostos canabinoides, devido à sua alta lipossolubilidade, atuam de maneira semelhante aos analgésicos gerais, ligando-se ao mesmo tipo de receptor celular. No entanto, essa afirmação está incorreta, conforme indicado pelo gabarito (E) ERRADO.

Os canabinoides, como o THC (tetrahidrocanabinol), atuam principalmente no sistema endocanabinoide, ligando-se aos receptores CB1 e CB2, que são distintos dos receptores envolvidos na ação dos analgésicos gerais, como os opioides (que atuam em receptores μ, δ e κ). Embora ambos os tipos de substâncias possam produzir efeitos analgésicos, os mecanismos farmacológicos e os receptores envolvidos são diferentes.

Portanto, a afirmação de que os canabinoides se ligam ao mesmo tipo de receptor celular que os analgésicos gerais é falsa, justificando a resposta "ERRADO".

Acerca dos aspectos farmacológicos relativos às drogas de abuso, o item em questão afirma que a dependência química e psicológica observada entre os usuários de maconha é superior à associada ao abuso de etanol, resultando na urgência compulsiva da ingestão da droga. Contudo, essa afirmação está incorreta, conforme indicado pelo gabarito correto (E).

O etanol, substância presente em bebidas alcoólicas, é conhecido por causar uma dependência química e psicológica significativa, frequentemente associada a síndromes de abstinência graves e a um alto potencial de compulsão. Em comparação, a maconha, apesar de também poder levar à dependência, geralmente apresenta um perfil de abstinência menos intenso e uma compulsão menos acentuada do que o álcool.

Estudos farmacológicos e clínicos demonstram que a dependência ao etanol envolve alterações neuroquímicas mais profundas, como a modulação do sistema GABAérgico e glutamatérgico, além de estar associada a um maior risco de complicações físicas e sociais. Portanto, a afirmação de que a maconha causa uma dependência superior ao etanol não está em consonância com as evidências científicas disponíveis.

Dessa forma, o item está ERRADO, pois a dependência relacionada ao etanol tende a ser mais severa e associada a uma maior urgência compulsiva do que a observada no uso da maconha.

Acerca dos aspectos farmacológicos relativos às drogas de abuso, o item em questão aborda os efeitos do tetraidrocanabinol (THC), principal componente ativo da maconha. O THC é conhecido por sua ação no sistema nervoso central, desencadeando uma série de efeitos tanto centrais quanto periféricos.

Entre os efeitos centrais, destacam-se a analgesia e o aumento de apetite, características frequentemente associadas ao uso da maconha. Já nos efeitos periféricos, o THC provoca vasodilatação e taquicardia, alterações que podem ser observadas logo após o consumo da substância.

Diante dessas informações, conclui-se que o item está correto (C), uma vez que descreve com precisão os efeitos farmacológicos do THC no organismo humano.

Acerca dos aspectos farmacológicos relativos às drogas de abuso, o item em questão aborda a relação entre a excitação causada pelo tabagismo e a ativação de receptores muscarínicos da acetilcolina pela nicotina. A afirmação é classificada como ERRADA, conforme o gabarito indicado.

A nicotina, principal composto psicoativo do tabaco, exerce seus efeitos no sistema nervoso central principalmente através da ativação de receptores nicotínicos da acetilcolina (nAChRs), e não dos receptores muscarínicos. Esses receptores nicotínicos estão distribuídos em diversas regiões do cérebro e são responsáveis pela liberação de neurotransmissores como dopamina, noradrenalina e serotonina, os quais estão associados às sensações de prazer, excitação e redução do estresse.

Os receptores muscarínicos, por outro lado, fazem parte de um sistema distinto de sinalização colinérgica e estão mais relacionados a funções como modulação da memória, controle motor e regulação autonômica. Portanto, a afirmação de que a excitação provocada pelo tabagismo está ligada à ativação de receptores muscarínicos é incorreta, pois a nicotina age predominantemente sobre os receptores nicotínicos.

Dessa forma, o gabarito E) ERRADO está correto, pois a justificativa apresentada no item não condiz com o mecanismo farmacológico real da nicotina.