Questões Sobre Toxicologia Básica e Clínica - Farmácia - concurso

Os avanços tecnológicos e científicos têm revolucionado as ciências forenses, proporcionando métodos mais precisos e eficientes para a coleta e análise de evidências. No entanto, a validade jurídica dessas evidências depende diretamente da correta implementação da cadeia de custódia, um procedimento essencial para garantir a integridade e a rastreabilidade dos materiais coletados.

Entre as alternativas apresentadas, a B) é a correta, pois a cadeia de custódia externa refere-se especificamente ao registro documental que acompanha a amostra desde sua coleta ou apreensão até a entrega no laboratório. Esse processo é fundamental para assegurar que não houve adulteração, contaminação ou perda durante o transporte, mantendo a confiabilidade da prova pericial.

As demais alternativas apresentam imprecisões:

• A) A cadeia de custódia não se limita apenas ao rastreamento até a chegada ao laboratório, mas também abrange todo o processo interno de análise.
• C) A cadeia de custódia interna não se restringe apenas ao período anterior ao início das análises, mas deve cobrir todas as etapas do processamento da amostra.
• D) A documentação da cadeia de custódia deve ser assinada por todos os profissionais envolvidos no manuseio da amostra, não apenas pelo perito responsável.
• E) As anotações devem ser realizadas imediatamente após cada etapa do manuseio, não sendo adequado deixar o registro para o final do processo.

Portanto, a cadeia de custódia é um pilar essencial na perícia forense, garantindo a admissibilidade das provas em juízo e reforçando a credibilidade do trabalho pericial.

A escolha correta da matriz biológica e a coleta adequada das amostras são etapas cruciais para garantir a precisão e confiabilidade de uma análise toxicológica, especialmente em contextos forenses. Um perito forense deve seguir protocolos rigorosos para preservar a integridade das amostras e evitar contaminações ou degradações que possam comprometer os resultados. Dentre as alternativas apresentadas, a opção incorreta é a B), que recomenda o uso de heparina como anticoagulante para amostras de sangue que serão analisadas posteriormente.

A heparina, apesar de ser um anticoagulante eficaz, não é a melhor escolha para análises toxicológicas postergadas, pois sua ação pode interferir em certos ensaios laboratoriais e não possui propriedades conservantes tão eficazes quanto outros aditivos, como o fluoreto de sódio. Este último, citado na alternativa D), é amplamente utilizado por inibir a degradação enzimática de substâncias como o álcool, sendo essencial para análises toxicológicas.

As demais alternativas apresentam procedimentos corretos: a punção das veias subclávia e femoral (A)) é indicada em casos post mortem para evitar contaminação por fluídos corporais; a coleta total do humor vítreo (C)) é recomendada devido à sua estabilidade e resistência à putrefação; e o armazenamento refrigerado ou congelado (E)) é fundamental para preservar as amostras conforme o prazo de análise.

Portanto, a alternativa B) destoa das boas práticas forenses, tornando-se a resposta incorreta no contexto apresentado.

Cada matriz biológica possui características distintas que influenciam sua aplicação em análises toxicológicas. O texto apresenta quatro afirmativas sobre diferentes matrizes, das quais apenas II e III estão corretas, conforme o gabarito indicado (alternativa B).

A afirmativa I está incorreta porque, embora a saliva possa refletir a fração livre de um xenobiótico no plasma, sua janela de detecção não é necessariamente ampla, pois depende da farmacocinética da substância e da facilidade de coleta.

A afirmativa II está correta, pois a urina é de fato uma matriz amplamente utilizada em toxicologia devido à sua composição predominantemente aquosa, o que reduz a presença de interferentes endógenos em comparação com outros fluidos biológicos.

A afirmativa III também está correta, já que o humor vítreo, por sua localização isolada no globo ocular, é menos suscetível à difusão post mortem, tornando-o uma matriz confiável em análises forenses.

Por fim, a afirmativa IV está incorreta porque, embora o sangue seja uma matriz crucial em toxicologia, nem sempre é possível correlacionar diretamente seus níveis com os efeitos no organismo ou com a concentração ambiental, devido a variações individuais e fatores externos.

Portanto, a alternativa correta é B) II e III apenas, conforme indicado no gabarito.

A Agência Mundial Antidoping (AMA) desempenha um papel fundamental na regulamentação e combate ao uso de substâncias e métodos proibidos no esporte. Sua lista atualizada anualmente estabelece diretrizes claras sobre o que é considerado doping, categorizando as substâncias e métodos em diferentes níveis de proibição. Diante das afirmativas apresentadas, é possível analisar cada uma delas para identificar quais estão corretas.

A primeira afirmativa afirma que os esteroides androgênicos anabolizantes são proibidos tanto dentro quanto fora das competições. Essa informação está correta, pois essas substâncias, conhecidas por promoverem o aumento da massa muscular, são consideradas doping em qualquer circunstância, conforme a lista da AMA.

A segunda afirmativa, que diz que as anfetaminas são proibidas apenas em determinadas modalidades esportivas, está incorreta. Na realidade, as anfetaminas são substâncias proibidas em todas as modalidades durante competições, devido ao seu potencial de aumentar o desempenho de forma artificial.

A terceira afirmativa apresenta uma definição precisa de dopagem, destacando seu caráter prejudicial à saúde, seu potencial de aumentar o desempenho de maneira ilegítima e a presença de substâncias ou métodos proibidos no organismo do atleta. Essa definição está alinhada com os princípios estabelecidos pela AMA, tornando a afirmativa correta.

Por fim, a quarta afirmativa afirma que diuréticos e agentes mascarantes são proibidos apenas durante competições. No entanto, essa informação está incorreta, pois essas substâncias são proibidas tanto dentro quanto fora das competições, já que podem ser utilizadas para mascarar o uso de outras substâncias dopantes.

Diante dessa análise, as únicas afirmativas corretas são a I e a III, o que torna a alternativa D) I e III apenas a resposta correta.

A cromatografia em camada delgada (CCD) é uma técnica analítica versátil, amplamente empregada em laboratórios de toxicologia para triagem preliminar de substâncias. Entre as alternativas apresentadas, a incorreta é a letra D), que afirma que os métodos químicos de revelação não são destrutivos.

Os métodos químicos de revelação, como o uso de solução ácida de sulfato cérico ou reagente de Dragendorff, são destrutivos, pois alteram quimicamente os analitos, impedindo sua recuperação após a visualização. Essa característica os diferencia de técnicas não destrutivas, como a observação sob luz UV.

As demais alternativas estão corretas: a CCD pode ser analítica ou preparativa (A), a escolha da fase móvel considera a polaridade e natureza das substâncias (B e E), e o fator de retenção (Rf) é calculado pela razão entre as distâncias percorridas pelo analito e pela fase móvel (C).

De acordo com o Sinitox (Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas), em 2010, foram registrados 10.349 casos de intoxicação humana por agrotóxicos de uso agrícola e doméstico, incluindo também os raticidas. Este número, entretanto, pode ser bem maior se forem considerados os possíveis casos não notificados. Analise as afirmativas e marque a alternativa verdadeira.

I. Muitos dos raticidas tiveram seu uso proscrito devido à sua alta toxicidade, dentre eles o aldicarb, um inibidor da colinesterase e o fluoroacetato de sódio que, através do seu metabólito fluorocitrato, inibe a enzima aconitase mitocondrial.

II. O paraquat, uma das substâncias mais tóxicas dentre os herbicidas, é bem absorvido por vias digestiva, dérmica e inalatória, atingindo rapidamente altos níveis séricos.

III. O brodifacum e o difenacum pertencem à classe das 4-hidroxicumarinas, raticidas anticoagulantes de ação prolongada e alta potência.

IV. O DDT, um pesticida organoclorado, e seus metabólitos o DDE e ppDDE, distribuem-se por todos os tecidos e depositam-se em maiores proporções no tecido adiposo.

Das afirmações acima são corretas, somente:

• A) I, II e III
• B) II, III e IV
• C) I, III e IV
• D) I, II e IV
• E) Somente I e II

O gabarito correto é C).

Em uma amostra suspeita de conter derivados anfetamínicos, a técnica de extração líquido-líquido foi selecionada para isolar essas substâncias. O processo partiu de uma solução aquosa contendo os analitos de interesse, e as condições adequadas para garantir a eficiência da extração foram fundamentais para o sucesso do procedimento.

Entre as opções apresentadas, a alternativa correta é a A), que consiste no ajuste do pH da solução com KOH 5M e posterior extração das anfetaminas com éter. Essa escolha se justifica pelo fato de as anfetaminas serem compostos básicos que, em meio alcalino (pH elevado), permanecem em sua forma neutra, tornando-se mais solúveis em solventes orgânicos apolares, como o éter. Dessa forma, a extração é favorecida, permitindo a separação eficiente dessas substâncias da fase aquosa.

As demais alternativas apresentam problemas que comprometem a eficácia da extração. O uso de meio ácido (como em B) e D)) protonaria as anfetaminas, tornando-as carregadas e mais solúveis em água, dificultando sua transferência para a fase orgânica. Já o metanol (opções C), D) e E)) é um solvente miscível em água, o que inviabiliza a formação de fases distintas necessárias para a extração líquido-líquido. Além disso, a ausência de controle de pH (E)) impede a otimização da partição dos analitos entre as fases.

Portanto, a combinação de alcalinização com KOH e uso de éter como solvente orgânico representa a abordagem mais eficiente para a extração de anfetaminas a partir de uma matriz aquosa, garantindo alta recuperação e seletividade no processo.

A extração de substâncias orgânicas não voláteis é uma etapa fundamental nos laboratórios de análises toxicológicas, envolvendo uma variedade de compostos, desde fármacos até drogas ilícitas. Para garantir a eficiência do processo, diferentes métodos de extração são empregados, cada um com suas particularidades. A análise das afirmativas apresentadas permite identificar quais estão corretas e justificar a escolha do gabarito C) I, II e III.

A extração em fase sólida (SPE), mencionada na afirmativa I, é um método amplamente utilizado devido à sua capacidade de realizar simultaneamente a purificação e a pré-concentração do analito, especialmente em matrizes complexas. Essa técnica se destaca pela versatilidade e eficiência, confirmando a veracidade da primeira afirmativa.

Já a extração líquido-líquido (LLE), abordada nas afirmativas II e III, apresenta como uma de suas desvantagens a possível formação de emulsões, o que pode dificultar a separação das fases. Além disso, o coeficiente de partição, que define a distribuição do analito entre as fases aquosa e orgânica, é influenciado por fatores como a natureza do solvente extrator, o pH da fase aquosa e a proporção dos volumes das fases. Portanto, as afirmativas II e III também estão corretas.

Por outro lado, a afirmativa IV afirma que a extração em fase sólida possui baixa seletividade e alta sensibilidade, o que não é verdade. A SPE é conhecida justamente por sua alta seletividade, permitindo o isolamento específico do analito de interesse. Dessa forma, a afirmativa IV está incorreta.

Diante disso, a opção que reúne todas as afirmativas corretas é a C) I, II e III, confirmando o gabarito oficial.

Em análises forenses e toxicológicas, a técnica de headspace é fundamental para a detecção de substâncias voláteis. Entre as alternativas apresentadas, a correta é a letra B), que afirma que o headspace dinâmico permite extrair substâncias em concentrações extremamente baixas, na ordem de partes por trilhão. Essa técnica é altamente sensível e eficiente para análises de traços de compostos voláteis.

As demais alternativas estão incorretas por diferentes motivos. A alternativa A) é falsa, pois amostras sólidas podem sim ser analisadas por headspace, desde que devidamente preparadas. A alternativa C) está errada porque a quantidade de amostra influencia diretamente na concentração do analito na fase gasosa. Já a alternativa D) é incorreta, pois o rendimento da extração pode variar dependendo da complexidade da matriz da amostra. Por fim, a alternativa E) também está equivocada, já que o headspace dinâmico é geralmente mais sensível que o estático, sendo mais adequado para detectar traços de substâncias.

Portanto, a resposta correta é B), pois o headspace dinâmico é uma técnica avançada capaz de detectar concentrações mínimas de analitos voláteis, sendo amplamente utilizada em análises forenses e toxicológicas.

No tratamento de amostras para análise de metais, a mineralização é uma etapa crucial, podendo ser realizada por via seca ou via úmida. O método escolhido deve considerar diversos fatores, como a natureza da matriz, o metal a ser analisado e a técnica de identificação utilizada. A seguir, analisamos as afirmativas apresentadas para identificar quais estão corretas.

Afirmativa I: Na mineralização por via úmida, de fato, são utilizados reagentes como agentes oxidantes, solubilizantes e neutralizantes, isolados ou combinados. Essa informação está correta, pois esses reagentes são essenciais para a decomposição eficiente da amostra.

Afirmativa II: A mineralização por via seca não é a mais indicada para metais voláteis como chumbo e mercúrio, pois pode levar à perda desses elementos por volatilização. Portanto, essa afirmativa está incorreta.

Afirmativa III: Os cadinhos de quartzo e cápsulas de platina são resistentes a muitos ácidos, mas são mais comumente empregados na mineralização por via seca, não na via úmida. Logo, essa afirmativa também está incorreta.

Afirmativa IV: A escolha do processo de mineralização deve, sim, considerar a natureza da matriz, o metal de interesse e a técnica de análise. Essa afirmativa está correta, pois esses fatores são fundamentais para garantir a eficácia do método.

Assim, apenas as afirmativas I e IV estão corretas, correspondendo à alternativa D).