Questões Sobre Agricultura brasileira - Geografia - concurso

O fragmento apresentado descreve o processo de modernização da agricultura brasileira a partir da II Guerra Mundial, destacando a incorporação de máquinas, implementos agrícolas, adubos sintéticos e agrotóxicos. Essa transformação tornou o setor agrícola mais dependente dos setores urbano e industrial, que fornecem os insumos necessários para a produção. Dentre as consequências desse processo, a opção correta é A) O aumento da concentração fundiária.

A modernização agrícola, ao exigir maiores investimentos em tecnologia e insumos, beneficiou principalmente os grandes produtores rurais, que possuíam capital suficiente para adquirir máquinas e produtos químicos. Isso acabou marginalizando os pequenos agricultores, que não tinham condições de competir nesse novo cenário, levando ao aumento da concentração de terras nas mãos de poucos proprietários. Enquanto outras opções, como a expansão da área destinada à produção de alimentos ou a fixação de uma nova fronteira agrícola, podem ter ocorrido em paralelo, a concentração fundiária foi uma consequência direta da mecanização e da dependência de insumos industriais.

Portanto, a alternativa A é a que melhor representa uma das consequências do processo descrito no texto, reforçando as desigualdades estruturais no campo brasileiro.

Desde o período colonial, o espaço geográfico brasileiro foi moldado para atender prioritariamente às demandas do mercado externo, em detrimento do desenvolvimento econômico interno. Essa lógica colonizadora influenciou diretamente a organização das propriedades rurais a partir de 1530, consolidando uma estrutura agrária voltada para a exportação.

No contexto das questões agrária e agrícola no Brasil, é importante destacar o impacto da Revolução Verde, um movimento que ganhou força a partir da década de 1950. Os países capitalistas desenvolvidos promoveram a industrialização da agricultura nos países subdesenvolvidos como parte de uma estratégia global para revitalizar o capitalismo.

O item em análise afirma corretamente que:

"A partir dos anos 50 do século passado, os países capitalistas desenvolvidos intensificaram o processo de industrialização da agricultura no mundo subdesenvolvido como parte da estratégia de revigoramento do capitalismo em âmbito mundial. Esse fato ficou conhecido como Revolução Verde."

Portanto, a alternativa C) CERTO está correta, conforme indicado no gabarito.

Desde o período colonial, o espaço geográfico brasileiro foi moldado por interesses externos, priorizando a exportação em detrimento do desenvolvimento econômico interno. Essa lógica colonizadora influenciou diretamente a organização das propriedades rurais a partir de 1530, consolidando uma estrutura fundiária concentrada e desigual.

No que diz respeito à política de terras e à escravidão, é importante destacar que esses elementos atuaram como obstáculos à imigração estrangeira, e não como fatores favoráveis. A escravidão, em particular, desestimulava a vinda de imigrantes, uma vez que a mão de obra compulsória supria as demandas do setor agrícola, tornando desnecessária a contratação de trabalhadores livres.

Além disso, a concentração de terras nas mãos de poucos proprietários dificultava o acesso dos imigrantes à propriedade rural, limitando suas possibilidades de estabelecimento no país. Portanto, a afirmação de que a política de terras e a escravidão foram favoráveis à imigração estrangeira está incorreta, conforme indicado pelo gabarito E) ERRADO.

O texto apresentado aborda a questão agrária e agrícola no Brasil, desde o período colonial até a Lei de Terras de 1850. Segundo a afirmação, no Brasil colônia, a terra era parte do patrimônio pessoal do rei e era obtida por doação. Com a Lei de Terras, o regime de posse teria sido extinto, mas as terras continuariam como propriedade do Estado, sendo adquiridas apenas por doação estatal.

Essa afirmação está incorreta, conforme indicado pelo gabarito (E). Durante o período colonial, de fato, a terra era considerada patrimônio da Coroa e distribuída por meio de sesmarias ou doações. No entanto, a Lei de Terras de 1850 representou uma mudança significativa: ela extinguiu o regime de sesmarias e estabeleceu que as terras devolutas (não ocupadas) só poderiam ser adquiridas por compra, e não mais por doação. Além disso, a lei visava regulamentar a propriedade privada da terra, marcando o início de um sistema mais burocrático e menos baseado em concessões diretas do Estado.

Portanto, a afirmação de que as terras continuaram a ser adquiridas apenas por doação estatal após 1850 está errada, pois a lei justamente instituiu a compra como forma principal de aquisição, consolidando a noção de propriedade privada no Brasil.

Historicamente, a dicotomia entre campo e cidade representava uma divisão clara entre o atraso e o progresso, o rural e o urbano. No entanto, nas últimas décadas, essa separação vem sendo desconstruída devido ao fortalecimento das conexões entre esses dois espaços. Essa transformação tem promovido a incorporação de características urbanas no campo e vice-versa, criando uma dinâmica mais integrada e complexa entre ambos.

Dentre os setores listados, o principal responsável por essas novas relações espaciais é a agroindústria (alternativa B). A agroindústria atua como um elo fundamental entre a produção rural e os mercados urbanos, modernizando técnicas agrícolas, introduzindo tecnologias e demandando infraestrutura logística que aproxima o campo da cidade. Além disso, ela impulsiona a migração de trabalhadores, o fluxo de mercadorias e até mesmo a transferência de padrões de consumo, diluindo as fronteiras tradicionais entre esses dois espaços.

Enquanto outras atividades, como a rizicultura (A), a produção orgânica (C), o extrativismo vegetal (D) e a exploração petrolífera (E), possuem impactos mais localizados ou específicos, a agroindústria tem um papel estruturante na reconfiguração das relações campo-cidade, sendo a força motriz por trás dessa transformação espacial e socioeconômica.

No contexto da mundialização e do neoliberalismo, a agricultura passou por transformações profundas, conforme analisado por Ariovaldo Umbelino de Oliveira em A Mundialização da Agricultura Brasileira (2012). As afirmativas apresentadas abordam diferentes aspectos desse processo, e a análise a seguir demonstra por que a alternativa D) I e III, apenas está correta.

Afirmativa I: Correta. O texto destaca que o neoliberalismo atuou contra os subsídios agrícolas e a agricultura familiar camponesa, promovendo o fim dos estoques governamentais e substituindo políticas de soberania alimentar por segurança alimentar. Além disso, a criação da OMC consolidou um órgão regulador global para disputas comerciais, reforçando o domínio das multinacionais sobre os estoques de alimentos. Essas mudanças efetivamente reconfiguraram a agricultura dentro da lógica neoliberal.

Afirmativa II: Incorreta. Embora a agricultura sob o capitalismo monopolista esteja estruturada em commodities e monopólios, a afirmação de que a produção agropecuária "pouco se alterou" é equivocada. A mundialização transformou profundamente as cadeias produtivas, e a produção de alimentos deixou de ser prioritariamente uma estratégia nacional, especialmente com a ascensão de cultivos como soja e café, voltados para o mercado global.

Afirmativa III: Correta. A formação de monopólios mundiais no setor agropecuário, através de fusões, associações e investimentos diretos, permitiu o controle centralizado da produção de commodities. Essas empresas, sejam multinacionais ou nacionais em escala global, operam por meio de dois processos: a territorialização dos monopólios (expansão corporativa sobre territórios) e a monopolização dos territórios (domínio sobre regiões produtivas). Essa dinâmica é essencial para entender a concentração do poder no agronegócio contemporâneo.

Portanto, apenas as afirmativas I e III estão corretas, confirmando a alternativa D) como resposta adequada.

O trecho apresentado discute a agricultura como uma prática que manipula ecossistemas naturais para maximizar a produção de alimentos, destacando a tensão entre benefício humano e equilíbrio ambiental. Ao analisar as alternativas em relação à agricultura brasileira, a opção D) é a mais adequada, pois reflete a falta de consenso sobre o que constitui "boas práticas agrícolas" no país.

O Brasil possui um cenário agrícola diversificado, marcado por conflitos entre diferentes modelos de produção. De um lado, o agronegócio, com sua alta produtividade e uso intensivo de tecnologia, frequentemente minimiza os impactos ambientais de suas atividades. De outro, a agricultura familiar e movimentos socioambientais criticam os danos causados ao meio ambiente, como desmatamento e degradação do solo.

As demais alternativas apresentam problemas. A alternativa A) generaliza a agricultura brasileira como tecnologicamente precária, o que não corresponde à realidade de setores modernizados. A alternativa B) ignora que boas práticas também existem em pequenas propriedades, mesmo sem alta tecnologia. A alternativa C) desconsidera que a expansão agrícola no Brasil ainda ocorre sobre novas áreas, especialmente no Cerrado e na Amazônia. Já a alternativa E) é otimista demais, pois, apesar de avanços, a produção em larga escala ainda gera impactos ambientais significativos.

Portanto, a alternativa D) captura adequadamente a complexidade do debate sobre agricultura no Brasil, onde não há acordo sobre os limites aceitáveis da intervenção humana nos ecossistemas.

No fragmento da canção "Sina de Caboclo", composta por J. Vale e J. B. Aquino na década de 1960, o narrador expressa sua frustração como trabalhador rural ao denunciar a injustiça na divisão dos frutos de seu trabalho. O caboclo, representado na letra, vive da agricultura de subsistência, labutando com a enxada, mas se vê obrigado a repartir sua colheita com quem "não planta nada". Essa dinâmica revela uma crítica à exploração do pequeno produtor, que, mesmo com esforço físico e dedicação, não usufrui integralmente do resultado de seu trabalho.

A insatisfação central do personagem não está relacionada a questões como financiamentos, falta de educação técnica, secas ou insumos precários – elementos que, embora relevantes no contexto rural, não são o foco do trecho. O verso "O que eu colho é dividido / Com quem não planta nada" explicita o cerne do conflito: a distribuição desigual da produção, que beneficia terceiros em detrimento do trabalhador direto. Essa realidade o leva a considerar abandonar o sertão, mesmo com a dor da partida, optando por migrar para centros urbanos em busca de alternativas.

Apesar da melhora momentânea ("Deus até está ajudando: / está chovendo no sertão!"), a estrutura de repartição injusta persiste, reforçando a decisão final: "Mas plantar pra dividir, / Não faço mais isso, não". A canção, portanto, captura um protesto contra relações de produção arcaicas e a falta de reconhecimento do direito do agricultor sobre sua própria colheita, consolidando a alternativa A como a correta.

O crescimento da economia brasileira no segundo trimestre de 2013 foi impulsionado por um setor fundamental: a agropecuária. Com uma safra recorde, especialmente de soja, esse segmento se destacou no desempenho do PIB. Os dados do IBGE revelam um aumento significativo na produção, com a soja representando 12,6% das exportações totais do país. Esse cenário evidencia a importância do agronegócio para a balança comercial brasileira.

A soja, em particular, teve um papel central nesse crescimento. Foram exportadas 17,5 bilhões de toneladas no início do ano, um volume expressivo que reforça a posição do Brasil como um dos maiores produtores e exportadores mundiais desse grão. O aumento da área plantada e da produtividade refletem a modernização e a eficiência do setor agrícola nacional.

Quando analisamos a distribuição geográfica dessa produção, fica claro que a região Centro-Oeste é a principal responsável por consolidar a fronteira agrícola brasileira. Essa área, conhecida por sua agricultura tecnificada e em larga escala, concentra grande parte da produção de soja e outros grãos voltados para o mercado externo. Portanto, a alternativa correta é a letra E) Centro-Oeste, que representa o coração do agronegócio moderno no país.

A produção agrícola brasileira é um dos pilares da economia nacional, desempenhando um papel fundamental tanto no abastecimento interno quanto nas exportações. Dentro desse cenário, os produtores familiares ocupam um espaço significativo, apresentando características distintas em relação aos grandes empreendimentos agrícolas.

Entre as alternativas apresentadas, a opção B) é a correta, pois retrata com precisão as particularidades da agricultura familiar. Essa modalidade de produção se caracteriza pela diversificação de atividades, onde a agricultura é predominante, mas frequentemente combinada com outras práticas, como criação de animais e cultivo de hortaliças. Além disso, o trabalho é majoritariamente realizado pela própria família, com pouca ou nenhuma contratação de mão de obra externa.

Essa forma de organização produtiva contrasta com as demais alternativas: não está subordinada às grandes empresas (A), não prioriza a pecuária intensiva (C) e tampouco adota modelos hierárquicos de gestão típicos da agricultura empresarial (D). A agricultura familiar mantém uma relação mais direta com a terra e com os ciclos naturais, preservando saberes tradicionais e contribuindo para a segurança alimentar do país.

Portanto, a resposta correta é de fato a alternativa B), que melhor descreve as características essenciais da produção familiar no campo brasileiro.