Questões Sobre Geografia Física - Geografia - concurso

No dia 19 de junho de 2010, a cidade do Rio de Janeiro foi tomada por um denso nevoeiro que prejudicou significativamente a visibilidade e afetou o cotidiano da população. Esse evento climático foi resultado de um fenômeno conhecido como inversão térmica, no qual o ar quente permanece acima de uma camada de ar frio próximo à superfície, impedindo a dispersão dos poluentes atmosféricos.

A inversão térmica é um fenômeno que pode ocorrer em qualquer época do ano, mas é mais frequente durante o inverno, quando as condições meteorológicas favorecem sua formação. Nesse período, a escassez de chuvas agrava ainda mais a situação, pois a falta de precipitação dificulta a limpeza natural da atmosfera, levando ao acúmulo de poluentes e contribuindo para problemas ambientais e de saúde pública.

Entre as alternativas apresentadas, a inversão térmica (opção C) é a resposta correta para descrever o fenômeno climático mencionado no texto. Diferentemente do efeito estufa, das ilhas de calor ou da chuva ácida, a inversão térmica está diretamente relacionada à retenção de poluentes devido à inversão das camadas de ar, caracterizando-se como um evento localizado e temporário, mas com impactos significativos na qualidade do ar e no bem-estar da população.

O potencial hidrelétrico de um rio está diretamente relacionado às suas características geográficas e hidrológicas. Rios com desníveis acentuados em seu percurso oferecem condições ideais para a geração de energia, especialmente quando há um suprimento constante de água garantido por fatores climáticos ou pela própria hidrografia da região. A construção de barragens nesses locais permite a criação de reservatórios e quedas artificiais, essenciais para a produção de energia hidrelétrica.

Entre os aspectos positivos associados à construção de barragens, destaca-se a possibilidade de controle de enchentes a jusante (alternativa D). Esse benefício é fundamental, pois as barragens regulam o fluxo de água, evitando cheias que poderiam causar danos às comunidades e áreas produtivas localizadas abaixo da represa. Além disso, a gestão controlada da vazão contribui para a segurança hídrica e a estabilidade ambiental da região.

As demais alternativas apresentam impactos negativos ou neutros, como mudanças no fluxo de sedimentos (A), perda de solos agricultáveis (B), inundação de sítios arqueológicos (C) e salinização de reservatórios (E). Embora alguns desses efeitos possam ser mitigados com planejamento adequado, apenas o controle de enchentes é claramente um benefício direto da construção de barragens, reforçando a importância da alternativa D como a correta.

As unidades de conservação e seus objetivos

As unidades de conservação desempenham um papel fundamental na preservação ambiental, atuando como barreiras contra a degradação causada pela ação humana. Essas áreas são criadas com múltiplos propósitos, todos voltados para a sustentabilidade e o equilíbrio ecológico.

Entre os principais objetivos dessas unidades, podemos destacar:

• A proteção dos recursos hídricos, essenciais para a manutenção dos ecossistemas e para o abastecimento humano;
• A manutenção e restauração da biodiversidade, garantindo a sobrevivência de diversas formas de vida;
• A proteção de espécies ameaçadas, incluindo as raras, endêmicas ou em risco de extinção;
• O manejo sustentável dos recursos naturais, assegurando que a fauna e a flora sejam utilizadas de forma responsável.

No entanto, a alternativa E) "Proteção apenas das florestas nacionais" não se enquadra nesses objetivos. As unidades de conservação têm uma abrangência muito maior, protegendo diversos biomas, como manguezais, cerrados, áreas costeiras e outros ecossistemas, não se limitando às florestas nacionais. Portanto, essa é a opção que não representa um objetivo correto das unidades de conservação.

Em síntese, essas áreas são vitais para a preservação ambiental, mas sua função vai além da proteção de um único tipo de ecossistema, abrangendo uma variedade de habitats e espécies que precisam de conservação.

Análise das alternativas sobre as depressões no território brasileiro

O estudo das unidades de depressão no Brasil revela características geológicas distintas, formadas por processos erosivos e tectônicos ao longo de milhões de anos. A análise das alternativas apresentadas permite identificar a afirmação incorreta sobre essas formações.

A alternativa E) é considerada incorreta porque menciona que as depressões periféricas, marginais e monoclinais foram esculpidas "ao longo do proterozoico". Na realidade, essas depressões se formaram principalmente durante o Cenozoico, a partir da erosão nas bordas das bacias sedimentares. O Proterozoico é um período geológico muito anterior, relacionado à formação dos escudos cristalinos, não ao processo de formação das depressões mencionadas.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre as depressões brasileiras:

• A) Corretamente descreve a origem erosiva da maioria das depressões brasileiras
• B) Apresenta dados precisos sobre a depressão do Miranda
• C) Caracteriza adequadamente a depressão Sertaneja e do São Francisco
• D) Descreve corretamente a depressão da borda leste da bacia do Paraná

Esta análise demonstra a importância de compreender os processos geológicos e a cronologia correta da formação do relevo brasileiro para identificar informações imprecisas sobre nossas paisagens naturais.

As fronteiras são construções sociais e políticas que refletem a necessidade humana de organizar e controlar o espaço. Elas não apenas demarcam territórios, mas também expressam relações de poder, identidade e pertencimento. A alternativa INCORRETA é a letra B, pois os limites não são definidos exclusivamente por aspectos físicos, como conjuntos geomorfológicos.

Os limites, na verdade, são muito mais complexos do que simples barreiras naturais. Eles são produtos de processos históricos, acordos políticos e dinâmicas culturais, que podem ou não levar em conta características geográficas. A afirmação da alternativa B reduz a noção de limite a um determinismo físico, ignorando que fronteiras são, acima de tudo, construções humanas.

As outras alternativas apresentam visões mais adequadas sobre os limites. A alternativa A reconhece seu papel na demarcação de domínios e desenvolvimento territorial. A C destaca sua função simbólica de diferenciar e conectar realidades diversas. Já a D enfatiza corretamente a relação entre limites e exercício de poder.

Portanto, a resposta incorreta é mesmo a B, por apresentar uma visão simplista e reducionista sobre como os limites territoriais são estabelecidos.

Análise das Afirmativas sobre Cursos d'Água como Transportadores de Partículas

O texto apresenta três afirmativas relacionadas aos processos fluviais e sua dinâmica. A seguir, uma análise detalhada de cada uma delas:

Afirmativa I: Correta. Os processos de erosão, transporte e deposição de sedimentos são diretamente influenciados pela velocidade e turbulência do fluxo, que estão em constante variação devido a fatores como vazão, topografia e características do leito.

Afirmativa II: Incorreta. A dimensão socioespacial e a problemática ambiental não estão diretamente relacionadas à potencialidade dos recursos hídricos, mas sim aos impactos humanos e às políticas de gestão. A afirmativa desvia do foco nos processos físicos de transporte de partículas.

Afirmativa III: Correta. Durante períodos de fluxo lento e uniforme, a capacidade erosiva e de transporte do curso d'água diminui significativamente em comparação com períodos de cheia, quando a velocidade e a turbulência são maiores.

Portanto, apenas as afirmativas I e III estão corretas, correspondendo à alternativa C) como resposta final.

O Cerrado é um dos biomas mais importantes e biodiversos do Brasil, conhecido por suas características únicas e adaptações às condições climáticas e ambientais. No entanto, nem todas as descrições apresentadas refletem adequadamente suas particularidades.

A alternativa D) é a que NÃO representa uma característica fundamental do Cerrado, pois a afirmação de que sua cobertura vegetal possui um traço comum de semi-aridez está incorreta. Embora o Cerrado apresente períodos de seca, ele não é um bioma semiárido como a Caatinga, por exemplo. Sua vegetação é adaptada a solos pobres e a um regime de chuvas sazonais, mas não à aridez extrema.

As demais alternativas descrevem corretamente aspectos do Cerrado:

• A) O Cerrado é marcado por uma clara alternância entre estações chuvosas e secas, com menos variação de temperatura, o que influencia diretamente sua vegetação.
• B) Sua paisagem é composta por formações abertas, com árvores de troncos retorcidos, arbustos e um estrato herbáceo, permitindo a incidência solar no solo.
• C) Historicamente, o Cerrado foi explorado para produção de carvão vegetal, mas vem sendo substituído por atividades agropecuárias e reflorestamento em larga escala.

Portanto, a resposta correta é D), pois a semi-aridez não é uma característica intrínseca ao Cerrado, diferenciando-o de outros biomas brasileiros.

Na década de 1970, o Projeto RADAM (Radar na Amazônia), conduzido pelo Ministério de Minas e Energia, revolucionou o mapeamento e a compreensão da região amazônica e áreas adjacentes. Utilizando tecnologia de radar side-looking airborne radar (SLAR), o projeto superou as limitações climáticas e permitiu a coleta de dados detalhados sobre recursos naturais, relevo e vegetação. Entre suas contribuições, destacam-se as novas classificações do relevo brasileiro, elaboradas pelo professor Jurandyr L. Sanches Ross.

No caso específico do estado do Acre, o Projeto RADAM promoveu uma revisão significativa em sua classificação geomorfológica. Anteriormente, a região era identificada como parte das Planícies Amazônicas, uma denominação genérica que não refletia adequadamente suas características físicas. Com os dados obtidos pelo RADAM, essa classificação foi atualizada para Depressão da Amazônia Ocidental, termo que melhor descreve sua conformação topográfica e sua relação com o entorno geográfico.

Portanto, a alternativa correta que apresenta a antiga e a atual denominação do relevo do Acre é a E) Planícies Amazônicas / Depressão da Amazônia Ocidental. Essa mudança exemplifica como o avanço tecnológico e a pesquisa científica podem aprimorar nosso entendimento sobre o território nacional, corrigindo visões simplistas e incorporando nuances essenciais ao estudo geográfico.

O trecho apresentado aborda um conceito central para a compreensão do espaço geográfico, referindo-se à paisagem (alternativa D). A citação descreve a paisagem como um conjunto de formas visíveis que sintetizam as interações históricas entre sociedade e natureza, destacando seu caráter perceptível ao olhar humano.

A paisagem geográfica representa a dimensão concreta e sensível do espaço, constituída por elementos naturais e antrópicos que podem ser observados diretamente. Diferencia-se de outros conceitos como:

• Lugar (A): relacionado às experiências afetivas e identitárias
• Região (B): unidade espacial com características homogêneas
• Território (C): espaço delimitado por relações de poder
• Quadro natural (E): ambiente físico sem modificação humana

A definição fornecida enfatiza precisamente o aspecto visual e sintético da paisagem como registro material das transformações espaciais ao longo do tempo, confirmando a resposta D como correta.

O processo de intemperização do solo descrito no texto refere-se à laterização, conforme indicado pelo gabarito correto (alternativa A). Esse fenômeno é típico de regiões tropicais úmidas, onde condições climáticas favorecem a intensa decomposição química das rochas e minerais.

A laterização ocorre em três etapas principais:

1. Decomposição das partículas de argila: A ação da água e das altas temperaturas promove a quebra dos minerais primários, liberando seus componentes.
2. Lixiviação da sílica: Os elementos mais solúveis, como a sílica, são removidos do solo pelo processo de lavagem (lixiviação), deixando para trás os compostos menos solúveis.
3. Acúmulo de óxidos de ferro e alumínio: Com a remoção da sílica, ocorre a concentração relativa de óxidos de ferro e alumínio, que conferem ao solo uma coloração avermelhada e características típicas de um latossolo.

Esse processo difere das outras alternativas apresentadas: a fertilização (B) refere-se à adição de nutrientes, a calcificação (C) envolve acúmulo de carbonatos, a gleização (D) ocorre em solos saturados com água, e a percolação (E) é o movimento da água através do solo, sem relação direta com a formação de horizontes lateríticos.

Portanto, a resposta correta é A) laterização, um processo fundamental na formação de solos tropicais e na gênese de depósitos de bauxita e minérios de ferro.