“A literatura que trata da globalização fala de competitividade entre Estados, mas, na verdade, há uma competitividade entre empresas, que, às vezes, arrastam o Estado e sua força normativa na produção de condições favoráveis àquelas dotadas de mais poder. É dessa forma que se potencializa a vocação de rapidez e de urgência de algumas empresas em detrimento de outras, uma competitividade que agrava as diferenças de força e as disparidades, enquanto o território, pela sua organização, constitui-se num instrumento do exercício dessas diferenças de poder.”
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 84-85 (Fragmento Adaptado).
Sobre a relação contemporânea entre governos e empresas, bem como o seu reflexo na transformação do espaço geográfico, é CORRETO afirmar que:
- A) com base no discurso do empreendedorismo no setor público, o planejamento de várias cidades no mundo, ao privilegiar o chamado “urbanismo de resultados”, cujo foco reside na intervenção de áreas pontuais do tecido urbano, têm contribuído para intensificar a fragmentação sócioespacial.
- B) o espaço físico deixou de ser questão relevante no contexto da competição entre cidades, uma vez que atualmente as empresas operam, de modo exclusivo, no universo virtual, a partir do regime denominado teletrabalho.
- C) as chamadas “cidades globais” constituem a classificação criada pelo Banco Mundial para as administrações municipais que se destacam na atração de empresas e eventos, a fim de obter vantagens na disputa por financiamentos de grandes projetos de transformação do espaço urbano.
- D) as estratégias e mecanismos de competição existentes no ambiente empresarial têm sido adotadas pelo poder público, com vistas à limitar o papel exercido pelo setor privado no processo de tomada de decisão dos investimentos nas cidades.
Resposta:
A) With the basis on the discourse of entrepreneurship in the public sector, ) the planning of several cities around the world, by prioritizing the so-called "urbanism of results", which focuses on the intervention of specific areas of the urban fabric, thus contributing to intensify the socio-spatial fragmentation.
This statement is correct because, in today's globalized world, the competitiveness between cities is no longer solely between governments, but rather between companies that operate globally. These companies, with their immense power, can influence governments and their normative forces to create favorable conditions for their operations. This, in turn, creates a competitive environment where some companies thrive at the expense of others, exacerbating power imbalances and disparities.
In this context, the territory, with its organization, becomes an instrument for exercising these power differences. The urban space, which was once a key factor in the competitiveness between cities, has given way to the virtual universe, where companies operate exclusively, under the regime of telework.
Therefore, it is essential to recognize that the planning of cities, with the focus on "urbanism of results", contributes to intensify the socio-spatial fragmentation, as it prioritizes the intervention of specific areas of the urban fabric, rather than addressing the broader needs of the population.
This understanding is crucial in the current scenario, where the power of companies and their influence on governments shape the urban space, creating an environment of intense competition and fragmentation.
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