Questões Sobre Indústria brasileira - Geografia - concurso

O tema da localização industrial é fundamental para compreender as dinâmicas econômicas e geográficas que moldam o mundo contemporâneo. A citação de Magnoli e Araújo (2005) destaca que a concorrência entre empresas começa com a escolha estratégica de onde instalar suas fábricas, um processo que reflete as transformações históricas e tecnológicas dos últimos séculos.

Analisando as afirmativas apresentadas, é possível identificar quais delas estão corretas e em sintonia com as tendências atuais da industrialização:

1. Afirmativa I: Esta afirmação está incorreta, pois inverte a lógica real da localização industrial. Os países desenvolvidos concentram as indústrias de tecnologia de ponta, enquanto a produção em larga escala, com mão-de-obra mais barata, ocorre em países subdesenvolvidos ou emergentes.
2. Afirmativa II: Correta. A Revolução Tecnológica ou Informacional permitiu que as grandes indústrias transcendessem fronteiras nacionais, operando em redes globais de produção e logística.
3. Afirmativa III: Incorreta. O século XX foi marcado pela desconcentração industrial em muitas regiões, impulsionada pela redução dos custos de transporte e pela busca por mão-de-obra e mercados mais vantajosos.
4. Afirmativa IV: Correta. Nos países desenvolvidos, as antigas regiões industriais estão sendo substituídas por polos tecnológicos, onde a proximidade com centros de pesquisa e universidades impulsiona a inovação.
5. Afirmativa V: Incorreta. Embora as economias de aglomeração ainda existam, a tendência recente é de dispersão industrial para regiões com vantagens competitivas, como custos menores ou incentivos fiscais.

Portanto, as afirmativas corretas são II e IV, correspondendo à alternativa C). Esse cenário reflete a transição para uma economia globalizada, na qual a tecnologia e a inovação são fatores decisivos na localização das indústrias, superando antigos modelos de concentração espacial.

Sobre o espaço econômico brasileiro, suas características e o processo industrial do Brasil, todas as alternativas apresentadas estão corretas, EXCETO a alternativa D).

A alternativa D) afirma que uma das características do processo industrial atual do Brasil corresponde à "forte dispersão financeira das empresas e à grande concentração espacial". Essa afirmação está incorreta, pois o processo industrial brasileiro atual é marcado justamente pelo oposto: uma concentração financeira e uma certa desconcentração espacial, impulsionada por fatores como a busca por menores custos operacionais e incentivos fiscais em outras regiões além do Sudeste.

As demais alternativas apresentam informações corretas sobre o espaço econômico e industrial brasileiro:

• A) Descreve adequadamente os fatores históricos que levaram à concentração industrial no Sudeste.
• B) Aponta corretamente o papel de São Paulo e o início do processo de desconcentração industrial.
• C) Retrata com precisão o período do "milagre brasileiro" e seu tripé de desenvolvimento industrial.
• E) Reflete corretamente um dos efeitos da globalização na distribuição espacial da indústria tecnológica no Brasil.

Portanto, a alternativa D) é a incorreta, pois confunde dois processos distintos: enquanto há de fato uma certa desconcentração espacial da indústria no território brasileiro nas últimas décadas, não se observa uma dispersão financeira, mas sim a manutenção da concentração de capital nas grandes empresas e grupos econômicos.

Quanto à evolução do processo de urbanização no mundo, é importante analisar criticamente a relação entre urbanização e desenvolvimento econômico. O texto afirma que os países com maioria da população vivendo em cidades alcançaram o nível de desenvolvimento das nações mais ricas, devido ao alto crescimento econômico no setor industrial. No entanto, essa afirmação é equivocada, conforme indicado pelo gabarito (E) ERRADO.

A urbanização, por si só, não garante desenvolvimento econômico equivalente ao dos países mais ricos. Muitas nações em desenvolvimento possuem altas taxas de urbanização, mas enfrentam desafios como desigualdade social, infraestrutura precária e industrialização insuficiente. Países como Brasil, México e Índia têm grande parte de sua população em áreas urbanas, mas ainda não alcançaram os padrões de renda, produtividade e qualidade de vida das nações desenvolvidas.

Além disso, o crescimento econômico baseado apenas no setor industrial não é mais o principal fator de desenvolvimento nas economias avançadas, que hoje dependem mais de serviços, tecnologia e inovação. Portanto, a urbanização acelerada sem planejamento e sem diversificação econômica não leva automaticamente ao desenvolvimento.

Com relação aos aspectos definidores da globalização contemporânea, incluindo a formação dos grandes mercados mundiais, é importante analisar criticamente a afirmação apresentada:

O texto sugere que, desde a Revolução Industrial, a divisão internacional do trabalho reservou ao Hemisfério Norte o papel de fornecedor de matéria-prima e de mão de obra abundante. No entanto, essa afirmação está incorreta, conforme indica o gabarito (E).

Na realidade, a divisão internacional do trabalho estabelecida a partir da Revolução Industrial consolidou uma dinâmica oposta: o Hemisfério Norte, especialmente os países industrializados da Europa e da América do Norte, assumiu o papel de centro produtor de bens manufaturados e tecnologia, enquanto o Hemisfério Sul, incluindo regiões da América Latina, África e partes da Ásia, foi relegado à condição de fornecedor de matérias-primas e mão de obra barata.

Esse desequilíbrio estrutural foi um dos pilares do sistema econômico global que se desenvolveu ao longo dos séculos XIX e XX, perpetuando assimetrias de poder e desenvolvimento entre as nações. Portanto, a afirmação original inverte os papéis históricos desempenhados pelos hemisférios Norte e Sul no contexto da divisão internacional do trabalho.

Um dos principais desafios da sustentabilidade no mundo contemporâneo é a ameaça de colapso dos sistemas que sustentam a vida, tanto do ponto de vista ambiental quanto socioeconômico. O modelo de desenvolvimento adotado a partir do século XX, baseado em consumo excessivo e exploração descontrolada dos recursos naturais, demonstra sinais claros de esgotamento. A deterioração dos ecossistemas essenciais caminha paralelamente ao crescimento da desigualdade social, com cerca de 1,5 bilhão de pessoas vivendo em condições abaixo dos padrões mínimos aceitáveis.

No contexto brasileiro, os problemas ambientais se manifestam de forma particularmente aguda. A questão do manejo inadequado de resíduos sólidos ilustra bem essa realidade. Embora o texto sugira que o problema vem sendo sanado através de políticas públicas e implantação de aterros sanitários controlados, a afirmação contém imprecisões. A realidade mostra que a maioria dos municípios brasileiros ainda enfrenta graves deficiências na gestão de resíduos, com lixões a céu aberto predominando em muitas regiões, especialmente nas áreas mais pobres do país.

A classificação da afirmação como "ERRADO" reflete adequadamente essa discrepância entre o discurso oficial e a realidade prática. A criação de aterros sanitários controlados, embora seja uma política importante, ainda não conseguiu resolver o problema de forma abrangente no território nacional. Isso revela a complexidade dos desafios ambientais que enfrentamos, onde soluções técnicas precisam ser acompanhadas por mudanças culturais, maior fiscalização e investimentos consistentes para se tornarem efetivas.

Um dos principais desafios da sustentabilidade é o fato de que o tipo de mundo que criamos, principalmente a partir do século XX, poderá entrar em colapso. Por essa razão, há necessidade de mudanças. Essa constatação apresenta uma dimensão ambiental, em relação à deterioração dos sistemas ecológicos básicos para a manutenção da vida, e dimensões socioeconômicas, relacionadas à marginalização, já que parte crescente da comunidade humana, cerca de um bilhão e meio de pessoas, o equivalente a um quarto da população mundial, vive abaixo de padrões aceitáveis de qualidade de vida. Os modelos de consumo, os estilos de administração e o comportamento político não são adequados para uma comunidade de seis bilhões de pessoas. Considerando os processos de produção e de ocupação do território brasileiro, bem como problemas relacionados ao meio ambiente, é essencial refletir sobre os avanços e desafios do país.

Atualmente, o Brasil assemelha-se a muitos países desenvolvidos, pois, desde meados do século XX, vem avançando em aspectos econômico e social, graças à superação das desigualdades regionais, alcançada após a industrialização e a integração produtiva e financeira do mercado interno.

• C) CERTO
• E) ERRADO

O gabarito correto é E).

O texto apresentado oferece um panorama das transformações socioeconômicas globais no final do século XX, com ênfase no impacto dessas mudanças no Brasil, particularmente no setor do agronegócio. A análise proposta no item em questão sugere que o aumento da produção agrícola nacional está desvinculado da produção dos pequenos e médios proprietários, atribuindo-o exclusivamente à utilização de técnicas modernas em grandes estabelecimentos rurais integrados à produção industrial. No entanto, essa afirmação é classificada como ERRADA (E), conforme o gabarito.

O texto original destaca que o agronegócio brasileiro se consolidou não apenas pela expansão dos grandes latifúndios, mas também pela incorporação subordinada da pequena propriedade familiar às cadeias produtivas comandadas por grandes empresas. Essa dinâmica revela uma relação de dependência e integração entre os pequenos produtores e o agronegócio, em vez de uma completa desvinculação. Portanto, a afirmação do item ignora o papel dos pequenos e médios proprietários nesse processo, subestimando sua participação na produção agrícola nacional.

Além disso, o texto ressalta que o Brasil seguiu um padrão histórico de inserção periférica no capitalismo mundial, marcado pela produção de matérias-primas. Nesse contexto, o agronegócio não se limita apenas à modernização técnica dos grandes estabelecimentos, mas também envolve uma complexa rede de relações que inclui pequenos produtores, mesmo que de forma subordinada. Dessa forma, a afirmação do item simplifica indevidamente a realidade do campo brasileiro, desconsiderando a interdependência entre diferentes escalas de produção.

Em síntese, a resposta correta é ERRADO (E), pois o aumento da produção agrícola nacional não pode ser atribuído exclusivamente aos grandes estabelecimentos rurais, uma vez que os pequenos e médios proprietários também desempenham um papel relevante, ainda que subordinado, nesse processo.

O texto apresentado aborda as transformações socioeconômicas globais no final do século XX, com ênfase no impacto dessas mudanças no Brasil. Enquanto o mundo assistia ao colapso da União Soviética e à reestruturação do capitalismo, o Brasil manteve um desenvolvimento industrial limitado, destacando-se apenas no agronegócio. Esse cenário reflete uma inserção periférica e subordinada do país no sistema capitalista mundial, herança de sua trajetória histórica desde o período colonial.

A afirmação de que a "desconcentração espacial da indústria" no Brasil se deve à "falta de investimentos em muitos setores e à defasagem tecnológica" é classificada como ERRADA (E). Embora esses fatores possam influenciar o desenvolvimento industrial, o texto sugere que a questão central é a própria dinâmica histórica e estrutural da economia brasileira, marcada por ciclos de produção primária e uma integração dependente ao capitalismo global. A industrialização limitada e a ênfase no agronegócio não são simplesmente resultado de deficiências pontuais, mas de um padrão de inserção econômica que privilegia a exportação de commodities em detrimento de uma base industrial diversificada e tecnologicamente avançada.

Portanto, a justificativa apresentada no item é insuficiente para explicar a complexidade do processo de desconcentração industrial no Brasil, que está enraizado em fatores históricos e estruturais mais profundos.

O texto apresentado oferece um panorama das transformações econômicas e sociais ocorridas no final do século XX, com destaque para o colapso da União Soviética, as reformas econômicas na China e a reestruturação do capitalismo global. No caso do Brasil, o texto enfatiza a estagnação industrial e a consolidação do agronegócio como principal motor econômico, reforçando uma inserção subordinada no sistema capitalista mundial.

O item em questão afirma que, assim como a China, o Brasil é um país de industrialização recente, mas se diferencia pela ausência do Estado brasileiro como agente indutor e criador de infraestruturas. O gabarito indica que essa afirmação está errada (E), e a análise do texto corrobora essa conclusão.

Embora ambos os países tenham trajetórias de industrialização tardia em relação às potências ocidentais, o Estado brasileiro teve papel ativo em diversos momentos históricos, especialmente durante o século XX. A criação de empresas estatais como a Petrobras, a implantação de políticas desenvolvimentistas no governo JK (como a construção de Brasília e a expansão da indústria automobilística) e os investimentos em infraestrutura durante o regime militar demonstram que o Estado brasileiro atuou como indutor do processo industrial, ainda que de forma desigual e muitas vezes associado a interesses externos.

Portanto, a afirmação de que o Estado brasileiro "deixou de participar" como agente indutor é incorreta. A diferença crucial entre Brasil e China reside não na ausência do Estado, mas no modelo adotado: enquanto a China promoveu reformas profundas a partir dos anos 1970, integrando-se ao capitalismo global de forma estratégica e mantendo forte controle estatal, o Brasil seguiu um caminho mais dependente de capitais externos e com menor capacidade de planejamento de longo prazo.

Os dados do Censo de 2000 não confirmaram a ideia de um Centro-Sul brasileiro uniformemente rico, mas revelaram uma complexa dinâmica de disparidades tanto intra-regionais quanto macrorregionais, especialmente quando comparadas às regiões Norte e Nordeste. Essas desigualdades socioeconômicas são resultado de um histórico processo de desenvolvimento desigual no país, influenciado por fatores como concentração industrial, infraestrutura e políticas públicas.

O processo de industrialização no Brasil, longe de reduzir as disparidades inter-regionais, acabou por acentuá-las. Iniciado principalmente no Sudeste, o desenvolvimento industrial concentrou investimentos, empregos e infraestrutura nessa região, deixando outras áreas, como o Norte e o Nordeste, em posição de desvantagem. Apesar de algumas tentativas de descentralização industrial e incentivos fiscais para outras regiões, o abismo socioeconômico permaneceu significativo.

Portanto, a afirmação de que a industrialização promoveu a diminuição das disparidades inter-regionais é incorreta. O gabarito correto é E) ERRADO, pois o processo histórico demonstra que a industrialização brasileira aprofundou, e não reduziu, as desigualdades entre as regiões do país.