A modernização da agricultura brasileira tem promovido nos últimos 40 anos uma profunda reestruturação dos espaços produtivos do campo, a partir da incorporação de novas tecnologias nas etapas do trabalho agrícola. A difusão de fatores técnicos, científicos e normativos pelo território brasileiro, característicos do atual período histórico chamado de meio técnico-científico-informacional, possibilitou o aperfeiçoamento das atividades econômicas e a especialização produtiva dos lugares, principalmente em áreas com grande aptidão agrícola. Sobre essa temática, julgue as afirmativas a seguir:I. A modernização do campo brasileiro passou a se consolidar a partir de 1960, com a implantação de empresas multinacionais produtoras de maquinários, implementos e insumos agrícolas, com os incentivos governamentais através dos programas de financiamento, e ao início das pesquisas agropecuárias em instituições públicas e privadas. Mas foi, sobretudo na década de 1970, que o Brasil deu um salto em sua modernidade, quando muitos médios e grandes agricultores passaram a implementar nos processos produtivos o pacote tecnológico vindos dos países desenvolvidos (principalmente Europa e EUA) para a agricultura, denominada de Revolução Verde, que inclui fertilizantes, agrotóxicos, mudas e sementes melhoradas, maquinários e implementos, calendário agrícola, etc. (Martine e Garcia, 1987). De acordo com Hespanhol (2007), duas forças foram decisivas neste processo: o Estado e as multinacionais.II. A política de modernização agrícola foi incentivada também através de um argumento, defendida principalmente pelas grandes empresas ligadas ao ramo agroindustrial e que visavam maximizar suas vendas, que dizia o seguinte: o arcaico setor rural seria um entrave para o desenvolvimento econômico, pois não conseguiria responder à demanda do setor urbano-industrial que estava se constituindo no país (Teixeira, 2005). Daí a discurso capitalista ter de certa forma convencido grande parte dos atores pertencentes ao sistema agrário a seguir a ideia de modernização de suas atividades. A década de 1970 vai sendo marcada pela chamada ‘industrialização da agricultura’, sendo esta cada vez mais subordinada à indústria e, consequentemente, uma maior subordinação da natureza ao capital.III. A maior aproximação ou, como muitos autores mencionam, integração e/ou subordinação da agricultura à indústria e também a outras atividades, como o comercial e o financeiro, resultou na consolidação dos chamados Complexos Agroindustriais (CAI). Segundo Teixeira (2005), para explicar o processo produtivo do CAI deve-se analisar os três segmentos que o compõem: indústria a montante, agricultura e indústria a jusante. A indústria – montante – é a fornecedora de bens de capital e insumos para a agricultura e a indústria – jusante – é a processadora de matéria-prima agrícola, denominada de agroindústria.IV. O agronegócio se fortalece principalmente a partir de 1990, quando houve a regulamentação estatal da agropecuária brasileira e a liberalização do mercado, favorecendo a entrada e controle do setor por grandes empresas do Complexo Agroindustrial, especialmente às estrangeiras. Com isso, o país assiste a uma crescente desmonopolização do mercado de insumos, implementos e maquinários agrícolas, bem como nas atividades de processamento, distribuição e comercialização dos produtos agrícolas. Investindo pesadamente em tecnologia e em ciência, em conjunto com os institutos de pesquisas, essas empresas passam a ter um controle poderoso sobre o território brasileiro e a modificar ainda mais a base técnica de produção, ao mesmo tempo em que ditam regras ao mercado agroindustrial.Estão corretas as afirmativas:
A modernização da agricultura brasileira tem promovido nos últimos 40 anos uma profunda reestruturação dos espaços produtivos do campo, a partir da incorporação de novas tecnologias nas etapas do trabalho agrícola. A difusão de fatores técnicos, científicos e normativos pelo território brasileiro, característicos do atual período histórico chamado de meio técnico-científico-informacional, possibilitou o aperfeiçoamento das atividades econômicas e a especialização produtiva dos lugares, principalmente em áreas com grande aptidão agrícola. Sobre essa temática, julgue as afirmativas a seguir:
I. A modernização do campo brasileiro passou a se consolidar a partir de 1960, com a implantação de empresas multinacionais produtoras de maquinários, implementos e insumos agrícolas, com os incentivos governamentais através dos programas de financiamento, e ao início das pesquisas agropecuárias em instituições públicas e privadas. Mas foi, sobretudo na década de 1970, que o Brasil deu um salto em sua modernidade, quando muitos médios e grandes agricultores passaram a implementar nos processos produtivos o pacote tecnológico vindos dos países desenvolvidos (principalmente Europa e EUA) para a agricultura, denominada de Revolução Verde, que inclui fertilizantes, agrotóxicos, mudas e sementes melhoradas, maquinários e implementos, calendário agrícola, etc. (Martine e Garcia, 1987). De acordo com Hespanhol (2007), duas forças foram decisivas neste processo: o Estado e as multinacionais.
II. A política de modernização agrícola foi incentivada também através de um argumento, defendida principalmente pelas grandes empresas ligadas ao ramo agroindustrial e que visavam maximizar suas vendas, que dizia o seguinte: o arcaico setor rural seria um entrave para o desenvolvimento econômico, pois não conseguiria responder à demanda do setor urbano-industrial que estava se constituindo no país (Teixeira, 2005). Daí a discurso capitalista ter de certa forma convencido grande parte dos atores pertencentes ao sistema agrário a seguir a ideia de modernização de suas atividades. A década de 1970 vai sendo marcada pela chamada ‘industrialização da agricultura’, sendo esta cada vez mais subordinada à indústria e, consequentemente, uma maior subordinação da natureza ao capital.
III. A maior aproximação ou, como muitos autores mencionam, integração e/ou subordinação da agricultura à indústria e também a outras atividades, como o comercial e o financeiro, resultou na consolidação dos chamados Complexos Agroindustriais (CAI). Segundo Teixeira (2005), para explicar o processo produtivo do CAI deve-se analisar os três segmentos que o compõem: indústria a montante, agricultura e indústria a jusante. A indústria – montante – é a fornecedora de bens de capital e insumos para a agricultura e a indústria – jusante – é a processadora de matéria-prima agrícola, denominada de agroindústria.
IV. O agronegócio se fortalece principalmente a partir de 1990, quando houve a regulamentação estatal da agropecuária brasileira e a liberalização do mercado, favorecendo a entrada e controle do setor por grandes empresas do Complexo Agroindustrial, especialmente às estrangeiras. Com isso, o país assiste a uma crescente desmonopolização do mercado de insumos, implementos e maquinários agrícolas, bem como nas atividades de processamento, distribuição e comercialização dos produtos agrícolas. Investindo pesadamente em tecnologia e em ciência, em conjunto com os institutos de pesquisas, essas empresas passam a ter um controle poderoso sobre o território brasileiro e a modificar ainda mais a base técnica de produção, ao mesmo tempo em que ditam regras ao mercado agroindustrial.
Estão corretas as afirmativas:
- A)I, II, III, apenas
- B)I, II, IV, apenas.
- C)II, III, IV. Apenas
- D)I, II, III e IV
Resposta:
A alternativa correta é A)
A modernização da agricultura brasileira e suas implicações
A transformação do campo brasileiro nas últimas décadas representa um dos processos mais significativos da economia nacional, marcado pela incorporação intensiva de tecnologia e pela reconfiguração das relações produtivas. Analisando as afirmativas apresentadas, podemos compreender melhor essa trajetória histórica e seus desdobramentos.
A afirmativa I está correta ao destacar o período crucial da década de 1960 como marco inicial da modernização agrícola, com a chegada de multinacionais e o apoio estatal. O salto qualitativo ocorreu de fato nos anos 1970 com a adoção do pacote tecnológico da Revolução Verde, conforme atestam Martine e Garcia (1987) e Hespanhol (2007). Esse processo contou com a ação conjunta do Estado e das corporações transnacionais.
A segunda proposição também está correta ao revelar a construção ideológica que justificou a modernização. Como aponta Teixeira (2005), criou-se a narrativa do atraso rural como obstáculo ao desenvolvimento urbano-industrial, favorecendo a subordinação da agricultura à indústria e a mercantilização da natureza.
A afirmativa III, igualmente correta, explica a consolidação dos Complexos Agroindustriais (CAIs) a partir da integração entre agricultura, indústria e setor financeiro. A análise tripartite proposta por Teixeira (2005) - indústria a montante, agricultura e indústria a jusante - demonstra a complexidade dessa nova organização produtiva.
Já a quarta afirmativa apresenta imprecisões ao sugerir uma "desmonopolização" do mercado a partir dos anos 1990. Na verdade, o período foi marcado por maior concentração e controle por grandes corporações, especialmente estrangeiras, configurando um processo de monopolização - não o contrário. Portanto, esta é a única alternativa incorreta.
Conclui-se que as afirmativas I, II e III apresentam análises consistentes sobre a modernização agrícola brasileira, seu contexto histórico e suas consequências estruturais, enquanto a IV contém equívocos conceituais sobre a dinâmica do agronegócio contemporâneo.
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