Questões Sobre Modernização Agrícola - Geografia - concurso

O processo de concentração fundiária no Brasil está intrinsecamente ligado à industrialização da agropecuária e ao domínio do capital, gerando transformações profundas no campo. Analisando as proposições apresentadas, é possível identificar os impactos desse modelo de desenvolvimento rural.

A primeira afirmação (I) está incorreta, pois o discurso de modernidade das elites não contribui para a distribuição da terra, mas sim para sua concentração nas mãos de uma minoria, e não da "grande maioria dos agricultores brasileiros".

As demais proposições (II, III e IV) estão corretas. A segunda (II) aponta a realidade dos pequenos agricultores, que não conseguem competir com o agronegócio e acabam vendendo suas terras. A terceira (III) destaca como a mecanização altera as relações de trabalho no campo, substituindo mão-de-obra familiar por trabalho assalariado. Por fim, a quarta (IV) mostra as consequências sociais dessa transformação: desemprego, êxodo rural e exclusão social.

Portanto, a alternativa correta é a C) Apenas as proposições II, III e IV, pois estas refletem adequadamente os efeitos da concentração fundiária e da industrialização da agricultura na sociedade brasileira.

A estrutura produtiva do país passou por transformações significativas nas últimas décadas, marcadas por dois ciclos distintos. O primeiro ciclo está relacionado ao projeto de modernização da economia, consolidado com o desenvolvimento industrial a partir da década de 1960. Esse processo, aliado à modernização do campo, redefiniu a ocupação do espaço brasileiro. A reorganização econômica e geográfica não ocorreu isoladamente, pois a crescente importância da agropecuária na produção de riqueza nacional impactou a divisão inter-regional do trabalho.

As mudanças no capitalismo internacional, decorrentes da crise do petróleo e do endividamento do Estado, alteraram os padrões da industrialização brasileira. Nesse contexto, as multinacionais tornaram-se peças-chave no cenário econômico do país. Já no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, iniciou-se um novo ciclo de transformações, caracterizado pela reestruturação do papel do Estado, busca por qualidade, redução de custos para aumentar a produtividade no comércio internacional e mudanças na divisão setorial do trabalho.

A alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto é a E), pois apresenta a sequência lógica dos conceitos históricos e econômicos que marcaram a evolução da estrutura produtiva brasileira.

O cultivo da soja nos cerrados brasileiros tem sido um dos principais motores da transformação econômica e territorial do país nas últimas décadas. A expansão dessa commodity agrícola para novas fronteiras, como o Centro-Oeste, Rondônia, sul do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia, reflete um processo de modernização agrícola que altera profundamente a organização do espaço geográfico.

A primeira afirmação é verdadeira, pois a mobilidade geográfica no Brasil está intimamente ligada aos novos fronts agrícolas altamente tecnificados, que concentram a produção de soja para exportação. Essas regiões se caracterizam por uma agricultura empresarial de larga escala voltada para o mercado global.

A segunda proposição também é verdadeira, já que a ocupação dos cerrados não apenas introduziu um complexo aparato tecnológico para a produção de soja, mas também demandou transformações na infraestrutura de transportes e comunicações, modificando a dinâmica territorial dessas áreas.

A terceira afirmação é igualmente verdadeira, pois a localização distante dos portos das novas regiões produtoras exigiu pesados investimentos em infraestrutura logística por parte do poder público e de grandes empresas, com a construção de sistemas complexos para escoamento da produção.

Por fim, a quarta proposição é verdadeira ao destacar que os corredores de transporte priorizam a conexão das regiões produtoras com os mercados internacionais em detrimento da integração interna do território nacional, beneficiando principalmente as grandes empresas do agronegócio.

Portanto, a sequência correta é V V V V, conforme indicado na alternativa A). Esse cenário revela como a expansão da soja nos cerrados brasileiros tem reconfigurado o território nacional segundo a lógica do agronegócio globalizado, com impactos significativos na organização espacial e nas políticas de infraestrutura do país.

A Revolução Verde, implementada a partir da segunda metade do século XX, representou um conjunto de estratégias agrícolas voltadas para o aumento da produção de alimentos em escala global, incluindo o Brasil. Seu principal objetivo era combater a fome e impulsionar a eficiência no campo por meio de inovações tecnológicas e técnicas modernas de cultivo.

Entre as características mais marcantes desse período, destacam-se o uso intensivo de agrotóxicos para controle de pragas e doenças nas lavouras, bem como a aplicação de adubos e fertilizantes químicos para elevar a produtividade do solo. Essas práticas, embora tenham gerado ganhos significativos em termos de produção, também trouxeram consequências ambientais e sociais, como a degradação do solo e a contaminação de recursos hídricos.

A alternativa correta, portanto, é a letra A, que aponta justamente essas duas características centrais da Revolução Verde: a dependência de insumos químicos e a intensificação do modelo agrícola industrializado. Enquanto outras opções mencionam elementos como sementes transgênicas ou movimentos sociais, eles não representam o cerne das transformações ocorridas nesse período histórico.

O agronegócio e a agricultura familiar representam dois modelos distintos de produção agrícola no Brasil, com características próprias em termos de escala, finalidade e métodos de cultivo. Enquanto a agricultura familiar está voltada para a subsistência e mercados locais, o agronegócio se caracteriza pela produção em larga escala, com foco no mercado externo e alto grau de mecanização.

A alternativa B) é a correta, pois descreve elementos típicos do agronegócio: extensas monoculturas voltadas à exportação e forte mecanização. Esse modelo prioriza commodities como soja, milho e algodão, utilizando grandes propriedades e tecnologia avançada para maximizar a produtividade.

As demais alternativas não representam o agronegócio: A) mistura especulação imobiliária (não exclusiva do setor) com produção típica da agricultura familiar; C) descreve o cooperativismo característico da pequena produção; D) menciona diversidade produtiva e sistema intensivo, mais associados à agricultura familiar ou à pecuária intensiva.

Esta distinção é crucial para compreender a dualidade do campo brasileiro, onde convivem dois sistemas com impactos sociais, econômicos e ambientais bastante diferenciados.

O desenvolvimento técnico tem transformado profundamente os espaços agrários, impulsionando a agricultura moderna para um cenário cada vez mais tecnológico e integrado ao mercado global. Produtos agrícolas tornaram-se vetores importantes para o avanço da biotecnologia e para a expansão das relações comerciais em escala mundial. No entanto, essas mudanças não ocorrem sem tensões, pois diversos atores sociais veem seus interesses ameaçados por esse novo modelo produtivo.

Entre os grupos afetados, destacam-se os produtores tradicionais, que lutam para preservar seu modo de vida e seus conhecimentos ancestrais diante da padronização imposta pela agricultura industrializada. Esses agricultores enfrentam desafios para manter a propriedade sobre seus saberes e práticas culturais, muitas vezes marginalizados por um sistema que privilegia a produtividade em larga escala. A resposta correta, portanto, aponta para a alternativa C), que identifica esse conflito como central nas transformações do espaço agrário contemporâneo.

Embora outros grupos mencionados – como pecuaristas, governos locais e pequenos comerciantes – também sejam impactados por essas mudanças, suas reivindicações representam questões mais pontuais. A resistência dos produtores tradicionais, por outro lado, simboliza um embate mais profundo entre diferentes concepções de relação com a terra, de organização social e de valores culturais.

A modernização da agricultura brasileira, sem a alteração da estrutura da propriedade rural, gerou uma série de efeitos perversos, conforme apontado por geógrafos e economistas. Entre esses efeitos, destacam-se:

1. Concentração da propriedade rural: A modernização beneficiou principalmente grandes proprietários, aumentando a concentração de terras e marginalizando pequenos agricultores.
2. Aumento das disparidades de renda: A desigualdade no campo se aprofundou, com os grandes produtores acumulando mais riqueza, enquanto os trabalhadores rurais e pequenos agricultores enfrentaram dificuldades.
3. Êxodo rural acelerado: A falta de oportunidades e a mecanização do campo expulsaram milhares de trabalhadores para as cidades, agravando problemas urbanos como favelização e desemprego.
4. Maior exploração da mão de obra: A modernização não melhorou as condições de trabalho no campo, mantendo salários baixos e relações de trabalho precárias.

Por outro lado, a alternativa 5 ("diminuição da modernização conservadora no campo") não se aplica, pois a modernização ocorreu justamente de forma conservadora, mantendo as estruturas de poder tradicionais. Portanto, os itens corretos são 1, 2, 3 e 4, conforme indicado na alternativa D).

Esse cenário revela como o desenvolvimento agrícola no Brasil foi marcado por contradições, aumentando a produtividade, mas perpetuando desigualdades históricas.

A afirmação apresentada destaca a importância dos fatores climáticos e topográficos na difusão da cultura da soja no Cerrado brasileiro, mas ressalta que as ações políticas estatais e privadas também tiveram um papel fundamental. O segmento que melhor conclui essa ideia está presente na alternativa A, que afirma que essas ações "facilitaram essa marcha em todas as direções da região Centro-Oeste e, mais recentemente, para o Norte e o Nordeste do país". Essa opção corrobora a noção de que, além das condições naturais favoráveis, o apoio institucional e empresarial foi decisivo para a expansão da soja no Brasil.

As demais alternativas não se alinham com a conclusão lógica do texto. A alternativa B sugere uma dificuldade na difusão do cultivo, o que contradiz o contexto de expansão mencionado. A alternativa C propõe uma substituição pela mamona, um cenário que não é apoiado pelos dados apresentados. A alternativa D também fala em substituição, desta vez pela cana-de-açúcar, o que igualmente não corresponde à realidade da expansão da soja. Por fim, a alternativa E menciona dificuldades na instalação de empresas, o que vai contra o histórico de crescimento do agronegócio na região.

Portanto, a alternativa A é a única que completa coerentemente a afirmação inicial, reforçando o papel das ações políticas e privadas na consolidação da soja como um dos principais produtos da agricultura brasileira, com expansão para além do Cerrado, atingindo outras regiões do país.

O texto apresentado pelo Worldwatch Institute destaca os altos custos ambientais e econômicos associados à agricultura moderna, evidenciando a necessidade de repensar as práticas agrícolas atuais. Diante disso, analisando os itens propostos, é possível identificar que a alternativa D) está incorreta, pois afirma que a revolução tecnológica na agricultura eliminou os impactos no solo e na água e garantiu alimentação para todos, o que não condiz com a realidade.

A agricultura moderna, apesar de ter aumentado a produtividade, trouxe consigo uma série de problemas socioambientais, como a degradação do solo, a contaminação da água por agrotóxicos e a perda de biodiversidade. A alternativa D) ignora esses impactos, apresentando uma visão idealizada e simplista do avanço tecnológico no campo.

Por outro lado, as demais alternativas estão corretas ao apontar questões relevantes sobre a sustentabilidade agrícola. A alternativa A) aborda a importância da reeducação e da mudança cultural nas práticas agrícolas. A B) destaca os problemas causados pelo uso excessivo de insumos químicos e técnicas inadequadas. A C) e a E) apresentam soluções viáveis, como o uso de adubos orgânicos e a manutenção da biodiversidade, que contribuem para a preservação dos solos e dos ecossistemas.

Portanto, a alternativa D) é a incorreta, pois subestima os desafios ambientais e sociais ainda presentes na agricultura global, mesmo com os avanços tecnológicos.

O texto apresentado aborda o modelo da modernização agrícola, conhecido como Revolução Verde, que se baseou na implantação de pacotes tecnológicos para aumentar a produtividade no campo. Esses pacotes incluíam o uso intensivo de insumos como agrotóxicos e fertilizantes sintéticos, além da mecanização agrícola, financiados por meio de créditos e convênios intergovernamentais. A análise das afirmativas sobre os impactos da Revolução Verde permite identificar quais delas estão corretas.

A primeira afirmativa está correta, pois a Revolução Verde de fato adotou o uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos como parte de seu pacote tecnológico. Já a segunda afirmativa é incorreta, uma vez que a Revolução Verde não minimizou a concentração de renda e terra, mas, pelo contrário, contribuiu para o aumento da desigualdade no campo, favorecendo grandes produtores em detrimento dos pequenos agricultores.

A terceira afirmativa está correta, já que o uso excessivo de agrotóxicos e maquinário pesado pode levar à contaminação dos ecossistemas e à compactação do solo, prejudicando sua fertilidade a longo prazo. A quarta afirmativa também está correta, pois a Revolução Verde aprofundou a concentração fundiária e de renda, beneficiando principalmente os grandes proprietários rurais que tinham acesso aos pacotes tecnológicos.

Por fim, a quinta afirmativa é incorreta, uma vez que a Revolução Verde não multiplicou a biodiversidade e a biomassa, mas sim incentivou a monocultura e a redução da diversidade agrícola. Portanto, as afirmativas corretas são a 1, 3 e 4, correspondendo à alternativa D.