Questões Sobre Modernização Agrícola - Geografia - concurso

Em 1968, o biólogo americano Paul Ehrlich previu, em seu livro A Bomba Populacional, um cenário catastrófico de fome em massa nas décadas seguintes devido ao crescimento populacional. No entanto, sua previsão não se concretizou completamente graças a um fenômeno inesperado: a Revolução Verde. Esse movimento, que ganhou força principalmente nos países subdesenvolvidos, transformou a agricultura por meio da adoção de técnicas modernas, como o cultivo de variedades de plantas de alto rendimento, a expansão da irrigação e o uso intensivo de fertilizantes químicos (nitrogênio, fósforo e potássio).

A Revolução Verde permitiu um aumento exponencial na produtividade agrícola, evitando assim a escassez de alimentos prevista por Ehrlich. Embora tenha gerado críticas por seus impactos ambientais e sociais, como a dependência de insumos industriais e a concentração de terras, seu legado foi fundamental para alimentar uma população global em rápido crescimento. Portanto, a alternativa correta para o fenômeno descrito no texto é B) Revolução Verde, marcando uma virada histórica na agricultura mundial.

O agronegócio brasileiro desempenha um papel fundamental na economia nacional, sendo responsável por uma parcela significativa do Produto Interno Bruto (PIB) e das exportações do país. Diante das alternativas apresentadas sobre os sistemas de produção agrícola, a opção correta é a letra A), que destaca a dualidade entre a agricultura empresarial e a familiar.

A agricultura empresarial, embora possua um número menor de estabelecimentos rurais, ocupa extensas áreas destinadas principalmente à produção de commodities para exportação, como soja, milho e algodão. Esse modelo prioriza a escala e a mecanização, com alto investimento em tecnologia e insumos modernos. Por outro lado, a agricultura familiar, que ocupa áreas menores, apresenta maior diversificação produtiva e é responsável por grande parte dos alimentos que abastecem o mercado interno, demonstrando eficiência na produção de itens como hortaliças, frutas e produtos de origem animal.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A expansão da soja no Centro-Oeste, por exemplo, ocorre com alta tecnologia e mecanização, reduzindo a necessidade de mão de obra numerosa (contrariando a alternativa C). Além disso, ainda há espaço para culturas de exportação no Norte e Nordeste (alternativa B), e o Paraná não se resume a monoculturas extensivas, apresentando também modelos diversificados (alternativa D).

Portanto, a alternativa A) corretamente sintetiza a dinâmica do agronegócio brasileiro, reconhecendo a importância complementar de ambos os modelos de produção para o desenvolvimento do setor.

Ao analisar os fatores que contribuem para a elevada produtividade na agricultura comercial, é possível identificar características distintas entre os modelos de produção. O texto apresenta quatro alternativas, sendo que três delas representam práticas típicas da agricultura moderna e capitalizada, enquanto uma se destaca como exceção por refletir um modelo tradicional e menos produtivo.

A alternativa A) menciona o uso de mão de obra familiar, sementes "crioulas" e técnicas rudimentares, elementos associados à agricultura de subsistência ou familiar. Esse modelo geralmente apresenta menor produtividade devido à falta de investimento em tecnologia, insumos modernos e escala de produção. Por isso, essa opção é a correta como exceção entre os fatores de alta produtividade.

As demais alternativas descrevem práticas características da agricultura comercial moderna: B) aborda o uso de insumos modernos como sementes selecionadas e agroquímicos; C) destaca a mecanização intensiva em todas as etapas produtivas; e D) menciona infraestrutura de armazenamento, especialização comercial e alto nível de capitalização - todos elementos que elevam a produtividade e a eficiência das empresas agrícolas.

Portanto, a resposta correta é de fato a alternativa A), pois representa um modelo de produção distinto da agricultura comercial de alta produtividade, sendo a única que não se enquadra nos fatores modernizantes do agronegócio.

O texto apresentado aborda uma questão fundamental sobre as transformações no meio rural brasileiro e seus impactos sociais. A afirmação de que os grandes complexos agroindustriais atuam como repulsores de mão de obra não especializada, levando ao deslocamento dessa população para as cidades, está correta e reflete uma realidade observável no país.

O processo de modernização do campo, marcado pela mecanização e pela adoção de tecnologias avançadas, reduziu significativamente a demanda por trabalhadores sem qualificação. Essa mudança no perfil produtivo do agronegócio brasileiro criou um cenário de exclusão para aqueles que não possuem formação adequada às novas exigências do mercado. Como consequência, ocorre um êxodo rural desses trabalhadores em direção aos centros urbanos.

As cidades, por sua vez, acabam recebendo esse contingente populacional que busca alternativas de sobrevivência, muitas vezes engrossando as fileiras do setor informal ou do subemprego. Esse fenômeno ajuda a explicar o crescimento desordenado das periferias urbanas e o aumento das desigualdades sociais nas grandes metrópoles brasileiras.

Portanto, a afirmação está correta ao identificar essa dinâmica socioeconômica como característica do "novo rural" brasileiro, onde a modernização do campo gera exclusão e migração forçada para as áreas urbanas.

O enunciado afirma que os agricultores denominados posseiros e parceiros geralmente realizam formas mecanizadas de trabalho rural, pois possuem tecnologias relativamente avançadas para incrementar sua produção. No entanto, essa afirmação está incorreta, conforme indicado pelo gabarito (E) ERRADO.

Posseiros e parceiros são categorias de trabalhadores rurais que, em sua maioria, não têm acesso a tecnologias avançadas ou mecanização em larga escala. Os posseiros são agricultores que ocupam terras sem título de propriedade formal, muitas vezes em condições precárias de produção. Já os parceiros trabalham em regime de parceria, onde parte da produção é dividida com o proprietário da terra, geralmente sem recursos tecnológicos significativos.

A mecanização do trabalho rural está mais associada a médios e grandes produtores rurais, que possuem capital para investir em equipamentos e tecnologias agrícolas. Portanto, a afirmação original não corresponde à realidade da maioria dos posseiros e parceiros no contexto rural brasileiro.

A Revolução Verde, marco na modernização da agricultura, trouxe consigo avanços tecnológicos e aumento da produtividade no campo. No entanto, seu impacto social foi profundamente desigual. Ao priorizar insumos caros, maquinários e pacotes tecnológicos acessíveis apenas a grandes produtores, acabou por marginalizar os pequenos agricultores, que não tinham condições de competir nesse novo modelo. Essa dinâmica acelerou a concentração fundiária, expulsando camponeses de suas terras e ampliando o poder dos latifundiários. Portanto, a crítica de que a Revolução Verde beneficiou os grandes proprietários em detrimento dos pequenos está correta, conforme indicado no gabarito (C).

Esse processo histórico revela como inovações aparentemente neutras podem reforçar desigualdades estruturais. A mecanização e os agroquímicos, embora tenham elevado a produção global, também consolidaram um sistema agrícola excludente, com consequências sociais e ambientais duradouras. A análise crítica desse modelo permanece relevante para repensar formas mais justas e sustentáveis de produção agropecuária.

A expansão da soja para os cerrados, conforme mencionado no texto, ilustra um padrão recorrente no desenvolvimento econômico brasileiro, marcado por avanços descontínuos e concentrados em determinadas regiões. O Estado desempenhou um papel fundamental ao financiar a infraestrutura e os sistemas necessários para viabilizar essa expansão, atendendo principalmente aos interesses de grandes empresas globais sediadas nas áreas mais ricas do país. Esse processo, embora tenha impulsionado a produção agrícola em larga escala, não foi acompanhado por uma distribuição equilibrada dos benefícios ou por políticas que garantissem a sustentabilidade ambiental e social. Dessa forma, a alternativa A) é a que melhor reflete a realidade descrita, pois a expansão da soja nos cerrados representa mais um exemplo de desenvolvimento econômico fragmentado, típico do modelo brasileiro.

O Nordeste brasileiro, frequentemente associado a indicadores socioeconômicos menos favoráveis, apresenta núcleos dinâmicos que desafiam essa percepção ao incorporarem modernização e diversificação produtiva. Esses polos representam a face contemporânea da região, integrando-se às cadeias produtivas nacionais e globais. A análise das alternativas revela que os eixos modernizantes concentram-se em três frentes principais.

I. Matopiba consolida-se como a nova fronteira agrícola tecnificada, com cultivo de soja em sistemas de alta produtividade que alteram a dinâmica econômica do Oeste baiano e áreas limítrofes. II. A fruticultura irrigada transformou vales semiáridos em exportadores de uva e manga, com destaque para o Vale do São Francisco – responsável por 98% das uvas de mesa exportadas pelo Brasil. IV. A urbanização turística remodelou o litoral nordestino através de resorts, aeroportos e complexos de entretenimento, particularmente em Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.

As demais alternativas apresentam atividades tradicionais (como cacau e carnaúba) ou projetos pontuais sem escala comparável aos núcleos citados. A combinação I-II-IV (alternativa A) reflete adequadamente os vetores de modernização regional: agronegócio tecnificado, agricultura irrigada de exportação e economia de serviços turísticos globalizados – três faces da inserção competitiva do Nordeste no século XXI.

Sobre as transformações do espaço agrário brasileiro nas últimas décadas, a alternativa correta é a letra B), que afirma: "A formação de complexos agroindustriais se deu com o processo de modernização, transnacionalização e inserção da agricultura na divisão internacional do trabalho."

Essa alternativa reflete de maneira precisa as mudanças ocorridas no campo brasileiro, marcadas pela integração entre agricultura e indústria, além da crescente participação de empresas transnacionais no setor. A modernização tecnológica e a inserção do Brasil no mercado globalizado de commodities agrícolas foram fatores determinantes para essa transformação.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou parciais sobre o tema. Por exemplo, a modernização não se concentrou apenas nas regiões Norte e Nordeste (alternativa A), nem promoveu uma melhor distribuição de renda para pequenos produtores (alternativa C). Da mesma forma, a mecanização reduziu a demanda por mão de obra (alternativa D), e a industrialização não necessariamente fortaleceu a agricultura familiar (alternativa E).

Portanto, a alternativa B é a que melhor descreve as transformações do espaço agrário brasileiro nas últimas décadas, destacando o papel dos complexos agroindustriais e da globalização na reconfiguração do campo.

O agronegócio brasileiro desempenhou um papel fundamental na inserção do país na economia globalizada, especialmente a partir do final do século XX. Sua relevância no comércio internacional de commodities consolidou o Brasil como um dos principais players do setor. No entanto, esse modelo apresenta contradições que merecem análise.

A primeira afirmação, que destaca o aumento da produtividade devido a inovações técnicas e organizacionais, é verdadeira. O agronegócio brasileiro adotou tecnologias avançadas, como agricultura de precisão e melhoramento genético, elevando significativamente sua eficiência.

A segunda afirmação também é verdadeira, pois o agronegócio frequentemente integra pequenos e médios produtores por meio de contratos de compra, especialmente em cadeias como a avicultura e a suinocultura. Contudo, essa integração nem sempre ocorre em condições equilibradas.

Já a terceira afirmação é falsa. Apesar de sua importância econômica, o agronegócio não resolveu os problemas de concentração fundiária nem promoveu uma distribuição equitativa da riqueza rural. Pelo contrário, o modelo tende a aprofundar desigualdades e conflitos agrários.

Portanto, a sequência correta é V - V - F, correspondente à alternativa D. Essa análise revela os contrastes de um setor que, embora eficiente economicamente, ainda enfrenta desafios sociais e estruturais.