Questões Sobre Modernização Agrícola - Geografia - concurso

O processo de modernização agrícola, que teve início no final do século XIX, marcou uma transformação significativa no setor agropecuário. Com o advento da energia a vapor, dos avanços mecânicos, dos estudos em genética vegetal e das descobertas da química agrícola, a agricultura passou por uma evolução sem precedentes. Esse movimento, que se estendeu globalmente, especialmente em regiões com agricultura capitalizada, ficou conhecido como a Segunda Revolução Agrícola.

Impulsionada por políticas de incentivo nos Estados Unidos e na Europa, essa revolução se expandiu para os países em desenvolvimento, promovendo o aumento da produtividade por meio de técnicas inovadoras, como o uso de fertilizantes químicos, pesticidas, sementes melhoradas e mecanização intensiva. Esse conjunto de práticas e tecnologias ficou internacionalmente conhecido como Revolução Verde, alternativa correta indicada pela letra B.

Embora outras correntes, como a agricultura biodinâmica, a permacultura e a agroecologia, tenham surgido como alternativas mais sustentáveis, a Revolução Verde foi o marco principal desse período de transformação agrícola. Seu legado, porém, ainda gera debates devido aos impactos ambientais e sociais decorrentes de seu modelo intensivo em insumos e capital.

A notícia sobre o lançamento do Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba revela aspectos centrais da dinâmica do espaço agrário brasileiro contemporâneo. A região, composta por partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, consolida-se como uma das últimas fronteiras agrícolas globais, destacando-se pela produção de grãos como soja, algodão e milho, destinados principalmente ao mercado externo. Esse cenário evidencia a internacionalização do comércio agrícola brasileiro, característica marcante do agronegócio nacional, que transformou o país em um dos maiores exportadores de commodities do mundo.

Contudo, o texto também expõe contradições profundas do modelo de desenvolvimento agropecuário adotado. Enquanto a região apresenta crescimento baseado em tecnologias modernas e alta produtividade, os dados da Embrapa revelam uma concentração extrema de renda: 80% dos estabelecimentos rurais são extremamente pobres, gerando apenas 5,22% da riqueza regional, enquanto 0,42% das propriedades concentram 59% da renda bruta. Essa desigualdade estrutural demonstra como a modernização agrícola no Brasil tem sido historicamente excludente, beneficiando grandes produtores integrados ao mercado global em detrimento da agricultura familiar.

A alternativa C) é a correta por capturar a essência do fenômeno descrito: a produção agrícola brasileira, especialmente em regiões de fronteira como o Matopiba, está profundamente vinculada ao comércio internacional. Esse padrão repete a lógica histórica do setor primário no país, agora atualizada pelo protagonismo do agronegócio tecnificado na balança comercial. As demais alternativas falham ao não reconhecer a seletividade geográfica da modernização (A), a ausência de reforma agrária efetiva (B), o aumento de produtividade sem expansão proporcional de área (D) ou confundem sistemas intensivos com extensivos (E).

O caso do Matopiba sintetiza assim os paradoxos do campo brasileiro: pujança exportadora convivendo com desigualdades históricas, modernização técnica sem inclusão social, e crescimento econômico com concentração fundiária. Um retrato perfeito da agricultura capitalista no século XXI.

O agronegócio, ou agrobusiness, é um dos pilares da economia brasileira, integrando atividades rurais e urbanas em uma complexa cadeia produtiva. No entanto, algumas afirmações sobre esse setor podem conter imprecisões. A alternativa INCORRETA é a letra C), que menciona que a viabilidade da soja nos cerrados brasileiros resultou de pesquisas desenvolvidas apenas a partir de 2005. Na realidade, os estudos para adaptação da soja aos solos do cerrado começaram décadas antes, principalmente nas décadas de 1970 e 1980, impulsionados por instituições como a Embrapa.

O agrobusiness abrange desde a produção agrícola primária até a industrialização e comercialização de produtos, como destacado na alternativa A). Sua dinâmica envolve a interdependência entre campo e cidade (alternativa B)), com forte aplicação de tecnologia e capital (alternativa D)). A soja, citada na alternativa E), de fato tornou-se um dos principais produtos de exportação do Brasil, consolidando o país como um dos maiores produtores globais. Portanto, a afirmação incorreta é a que subestima o histórico de desenvolvimento da soja no cerrado, ignorando o papel fundamental das pesquisas realizadas ao longo do século XX.

A soja consolidou-se como a principal oleaginosa produzida no Brasil, desempenhando um papel fundamental na economia agrícola do país. Seu cultivo e consumo têm registrado crescimento contínuo em escala global, impulsionado por diversos fatores econômicos, tecnológicos e geopolíticos. No contexto brasileiro, o aumento da produção de soja está intrinsecamente ligado a três elementos-chave: a expansão da fronteira agrícola, as políticas governamentais de incentivo ao agronegócio e a competitividade do produto no mercado internacional.

A alternativa C) corretamente identifica esses fatores determinantes para o crescimento da sojicultura nacional. A expansão da fronteira agrícola, particularmente nos biomas do Cerrado e da Amazônia Legal, permitiu a incorporação de novas áreas produtivas. Paralelamente, políticas públicas voltadas para o desenvolvimento rural, incluindo linhas de crédito específicas e investimentos em infraestrutura logística, têm fortalecido o setor. Além disso, a soja brasileira conquistou espaço no mercado internacional graças à sua qualidade e preço competitivo, tornando o país o maior exportador global do grão.

As demais alternativas apresentam equívocos significativos. A tecnologia de cultivo mencionada na opção A) não é exclusiva dos países do Prata, sendo o Brasil um importante desenvolvedor de técnicas agrícolas. A alternativa B) ignora o fato de o Brasil ser exportador líquido de soja, não dependente de importações. Já a opção D) desconsidera que os Estados Unidos continuam sendo um dos maiores produtores mundiais, com elevados índices de produtividade.

Portanto, a explicação para o crescimento da produção de soja no Brasil encontra-se na combinação de fatores internos (expansão territorial e políticas de incentivo) e externos (demanda internacional), conforme corretamente apontado na alternativa C).

O texto apresentado destaca o avanço do agronegócio no Brasil, abordando aspectos como o aumento da produção, a mecanização do campo e a integração entre diferentes capitais. A partir dessa análise, fica evidente que o agronegócio possui um recorte de classe marcante, refletindo um modelo de política econômica que condiciona o uso dos espaços rurais em todas as regiões do país.

A alternativa correta (A) aponta justamente para essa característica central do agronegócio brasileiro: sua capacidade de influenciar políticas públicas e moldar o território segundo seus interesses. Esse modelo privilegia grandes conglomerados econômicos, consolidando desigualdades e concentração de terras, em detrimento de pequenos agricultores e reforma agrária.

As demais alternativas não correspondem à realidade apresentada no texto. O agronegócio não promove reforma agrária (B), nem atua independentemente do Estado (C), muito menos democratiza diálogos com movimentos sociais (D). Embora contribua significativamente para o PIB (E), isso não se traduz em redução da pobreza ou igualdade socioespacial, como demonstra a pesquisa citada.

Portanto, a análise correta reconhece no agronegócio um projeto de poder que articula interesses econômicos, políticos e territoriais, reforçando desigualdades estruturais no campo brasileiro.

O processo de modernização da agropecuária no Brasil redefiniu as relações entre o campo e a cidade, subordinando a produção rural às demandas do capital urbano-industrial. A transição do modelo agroexportador para os complexos agroindustriais integrados ao setor financeiro e industrial marcou uma transformação profunda na economia rural brasileira.

No contexto atual, analisando as afirmações sobre as relações agroindustriais, temos:

(V) A crescente mecanização das atividades agrícolas, especialmente na Região Centro-Sul, é uma realidade decorrente da modernização do campo.

(V) A intensa liberação de mão de obra rural ocorreu como consequência dessa mecanização e da reestruturação produtiva.

(F) Não se criou uma dependência do urbano em relação ao rural, mas sim uma relação de interdependência complexa entre ambos.

(F) Os conflitos entre posseiros e grileiros não foram eliminados, permanecendo como uma questão estrutural no campo brasileiro.

(F) A função da agropecuária não se restringe ao abastecimento do mercado externo, mantendo também importante papel no abastecimento interno.

A sequência correta é V, V, F, F, F, correspondente à alternativa C.

Entre as décadas de 1960 e 1980, Mato Grosso passou por um acelerado desenvolvimento econômico e demográfico, impulsionado principalmente pela divisão do estado, que deu origem ao Mato Grosso do Sul. Esse período foi marcado por transformações significativas, especialmente no que diz respeito à expansão da fronteira agrícola e ao crescimento urbano.

A alternativa correta sobre esse contexto é a B), que destaca a criação de novos municípios como consequência da abertura da fronteira agrícola, impulsionada pela agricultura mecanizada voltada para a exportação. Esse modelo foi fundamental para o desenvolvimento econômico da região, consolidando Mato Grosso como um importante polo agropecuário no Brasil.

Embora outras alternativas mencionem aspectos relevantes, como os projetos de colonização (A), o Plano de Integração Nacional (C), a extração de produtos como a poaia e a borracha (D) e o impacto do agronegócio na cultura (E), apenas a alternativa B aborda de forma precisa e direta o fenômeno da expansão agrícola mecanizada e sua relação com o surgimento de novos municípios, um dos principais legados desse período.

MADUREIRA, Elizabeth Siqueira. História de Mato Grosso: da ancestralidade aos dias atuais. Cuiabá/MT: Entrelinhas, 2002.

O texto descreve um sistema integrado que envolve a agropecuária, as indústrias fornecedoras de máquinas e insumos agrícolas, além das agroindústrias responsáveis pelo processamento de matérias-primas em produtos industrializados. Essa interconexão entre diferentes setores da economia caracteriza o chamado complexo agroindustrial, que engloba desde a produção primária até a transformação e comercialização de bens derivados do campo.

Entre as alternativas apresentadas, a que melhor define esse conceito é a letra D) complexo agroindustrial, pois reflete justamente a cadeia produtiva articulada entre agricultura, indústria e serviços. As demais opções não se adequam ao contexto descrito: a indústria manufatureira (A) e maquinofatureira (B) referem-se a modelos específicos de produção industrial; o mercantilismo (C) é um sistema econômico histórico; e o fordismo (E) remete a um método de produção em massa não necessariamente vinculado ao setor agropecuário.

O texto apresentado aborda as transformações na produção agropecuária e nas relações entre cidade e campo, destacando diferentes perspectivas sobre o tema. A análise das afirmações permite identificar quais delas estão corretas, conforme o gabarito indicado (alternativa D).

A afirmação I está incorreta, pois a Revolução Industrial consolidou uma sociedade urbana e industrial, subordinando o campo à cidade, e não o contrário. A industrialização promoveu a migração do campo para as cidades, reduzindo a autonomia das unidades produtivas rurais.

A afirmação II está correta, pois descreve com precisão a modernização da agricultura nos países desenvolvidos, com redução da mão de obra, e o êxodo rural acelerado nos países subdesenvolvidos, onde os trabalhadores são expulsos para as periferias urbanas.

A afirmação III está incorreta, pois inverte os conceitos de agropecuária intensiva e extensiva. A produção intensiva utiliza técnicas avançadas e alta produtividade, enquanto a extensiva emprega métodos rudimentares e baixa produtividade.

A afirmação IV está correta, pois reflete a crescente influência do capital agroindustrial no campo, com a produção tradicional se adaptando para fornecer matéria-prima às agroindústrias, em vez de competir diretamente com elas.

Portanto, apenas as afirmações II e IV estão corretas, confirmando a alternativa D como resposta adequada.

A modernização do setor agropecuário brasileiro é um tema complexo que envolve diferentes dinâmicas regionais e socioeconômicas. Analisando os itens apresentados, é possível identificar que apenas o item III apresenta uma afirmação verdadeira, conforme indicado pelo gabarito correto (alternativa C).

O item I afirma que a modernização privilegiou áreas menos desenvolvidas, grandes proprietários e produtos de exportação. No entanto, historicamente, a modernização agrícola no Brasil concentrou-se nas regiões já desenvolvidas, como o Sudeste e Sul, beneficiando principalmente grandes latifundiários e culturas voltadas para o mercado externo, em detrimento da agricultura familiar e de subsistência. Portanto, essa afirmação é parcialmente incorreta.

O item II descreve a agropecuária nordestina como baseada em sistemas intensivos, de alta qualidade e baixo preço da terra. Na realidade, a região Nordeste enfrenta desafios como a seca, a pecuária extensiva e uma agricultura muitas vezes de baixa produtividade, com exceção de polos irrigados. Dessa forma, essa afirmação não corresponde à realidade predominante na região.

Já o item III destaca que pequenas parcelas do território nacional apresentam alto nível de modernização, enquanto as grandes áreas permanecem estagnadas. Essa afirmação é verdadeira, pois a modernização no Brasil ocorreu de forma desigual, concentrando-se em regiões específicas com infraestrutura e investimentos, enquanto vastas áreas do país ainda carecem de tecnologia e desenvolvimento agropecuário avançado.

Assim, conclui-se que apenas o item III está correto, reforçando a necessidade de políticas públicas mais abrangentes para reduzir as disparidades regionais e promover um desenvolvimento agropecuário mais equilibrado em todo o território nacional.