Questões Sobre Modernização Agrícola - Geografia - concurso

O comércio bilateral entre Brasil e China no setor agropecuário apresenta uma dinâmica complexa que vai além da simples estabilidade apontada no item em questão. A afirmação de que as exportações brasileiras mantiveram-se estáveis no século 21, variando entre 5% e 10% do total exportado para a China, não reflete a realidade dos dados comerciais entre os dois países.

Nas últimas décadas, houve um crescimento significativo tanto em volume quanto em valor das exportações brasileiras de produtos agropecuários para a China. Esse aumento foi impulsionado principalmente pela demanda chinesa por commodities agrícolas, com destaque para a soja em grão, que se tornou o principal produto de exportação do Brasil para o mercado chinês.

Além disso, a participação do agronegócio nas exportações totais brasileiras para a China apresentou variações importantes, superando em muitos anos a faixa de 5% a 10% mencionada no item. A relação comercial entre os dois países no setor agropecuário tem se mostrado cada vez mais estratégica, com o Brasil se consolidando como um dos principais fornecedores de alimentos para a China.

Portanto, a afirmação contida no item está incorreta, pois não considera o expressivo crescimento e as transformações ocorridas no comércio bilateral de produtos agropecuários entre Brasil e China ao longo do século 21.

O agronegócio desempenha um papel fundamental na economia global, destacando-se pelo uso intensivo de tecnologia, alta produtividade e contribuição significativa para a geração de riqueza. No entanto, nem todas as características associadas a esse modelo são corretas. Entre as alternativas apresentadas, a que não representa uma característica do agronegócio é a redução das importações de alimentos, da concentração fundiária e da desvalorização da renda da terra em países agroexportadores (alternativa C).

Essa afirmação está incorreta porque o agronegócio, na realidade, tende a aumentar a dependência de importações em alguns casos, além de promover a concentração de terras e a valorização da renda fundiária, especialmente em nações que dependem da exportação de commodities agrícolas. As demais alternativas descrevem aspectos reais desse modelo, como a produção voltada para commodities (A), o controle por grandes corporações transnacionais (B) e a diminuição da absorção de mão de obra tradicional (D).

O texto apresenta quatro afirmações sobre a agricultura mundial nas primeiras décadas do século XXI, sendo que apenas uma delas está incorreta, conforme o gabarito indicado. A análise das alternativas permite compreender os principais desafios e transformações do setor agrícola no período.

A alternativa A) descreve um fenômeno real: a crescente participação de grupos internacionais na agricultura de mercado interno de países emergentes e em desenvolvimento. Esses grupos trazem biotecnologia, mas frequentemente desarticulam sistemas produtivos tradicionais, o que torna essa afirmação correta.

A afirmação B) também corresponde à realidade, pois a expansão agrícola tem ocorrido principalmente na zona intertropical, onde há disponibilidade de terras e menor resistência à substituição de cultivos alimentares por commodities como biocombustíveis, especialmente em países com governos mais frágeis.

A alternativa D) apresenta uma triste verdade: embora a produção global de alimentos seja teoricamente suficiente para alimentar toda a população mundial, a má distribuição faz com que parte das pessoas precise se contentar com dietas limitadas, o que torna essa afirmação correta.

Já a alternativa C), marcada como incorreta, afirma que a produção de carne seria uma forma eficiente de utilização dos fatores de produção agrícola. Na realidade, a pecuária é um dos setores menos eficientes da agricultura, demandando grandes quantidades de terra, água e grãos para produção de ração, além de ser responsável por significativas emissões de gases de efeito estufa. Portanto, essa afirmação não corresponde à realidade dos sistemas produtivos agrícolas contemporâneos.

Este exercício revela importantes contradições da agricultura global no século XXI: enquanto a produção aumenta e se moderniza, persistem problemas de distribuição, eficiência e impactos nos sistemas tradicionais de produção.

O desenvolvimento dos complexos agroindustriais no Brasil reflete uma transformação profunda na relação entre agricultura, indústria e Estado. A análise das afirmativas apresentadas permite compreender as dinâmicas desse processo e identificar quais delas estão corretas.

A afirmativa I destaca a nova conexão entre agricultura e indústria, que reduz a autonomia dos grupos rurais e exige maior participação do Estado como agente financeiro. Essa afirmação está correta, pois a modernização do campo integrou os interesses de grandes capitais rurais, estatais e internacionais, diluindo o poder isolado dos latifundiários tradicionais.

A afirmativa II descreve com precisão a articulação entre agricultura, indústria de insumos e agroindústria processadora. Essa interligação é real e demonstra como a agricultura brasileira passou a depender mais de insumos industriais do que de fatores naturais, caracterizando uma produção cada vez mais tecnificada.

Já a afirmativa III contém imprecisões. Embora mencione corretamente a influência da Revolução Verde, erra ao afirmar que há "desinserção" da agricultura brasileira no mercado internacional - na verdade, ocorre o oposto, com crescente inserção. Também é incorreto dizer que há ausência do Estado como regulador financeiro, pois sua atuação nesse setor é significativa.

Portanto, apenas as afirmativas I e II estão corretas, tornando a alternativa D a resposta adequada. Esse cenário revela como o agronegócio brasileiro se estruturou a partir de complexas relações entre diferentes atores econômicos, com forte participação estatal e integração industrial, caracterizando um modelo de desenvolvimento agrícola profundamente vinculado ao setor industrial e financeiro.

O extermínio de abelhas por intoxicação por agrotóxicos, como os neonicotinoides, representa uma grave ameaça aos ecossistemas e à agricultura, já que esses polinizadores são essenciais para a reprodução de diversas culturas. Diante desse cenário, a solução que garante a produtividade da agricultura moderna sem prejudicar as abelhas e outros polinizadores é a utilização da técnica de controle biológico (alternativa C). Essa abordagem substitui ou reduz o uso de inseticidas químicos por métodos naturais, como predadores ou parasitas que combatem pragas sem intoxicar as abelhas.

Ao adotar o controle biológico, os agricultores mantêm a produtividade enquanto preservam os polinizadores, evitando o colapso das colmeias e os impactos negativos na biodiversidade. Essa prática é sustentável e alinhada com as necessidades da agricultura moderna, que busca equilibrar eficiência produtiva e conservação ambiental. Portanto, a alternativa C é a resposta correta, pois oferece uma solução viável para o problema apresentado.

A fronteira agrícola moderna representa um processo de expansão agrícola baseado em tecnologia e organização avançadas, substituindo práticas tradicionais como a pecuária extensiva ou culturas convencionais. Esse fenômeno está concentrado principalmente no Centro-Oeste brasileiro, abrangendo partes de Minas Gerais, Tocantins e algumas áreas do Nordeste, coincidindo com a região conhecida como "polígono dos solos ácidos". A construção de Brasília, na década de 1960, teve um papel fundamental no desenvolvimento dessa fronteira, não apenas como um marco geopolítico, mas também como um catalisador para novas dinâmicas socioeconômicas.

A alternativa correta, B), destaca que a criação de Brasília permitiu a formação de uma rede urbana sustentada por relações de trabalho renovadas entre o campo e a cidade a partir dos anos 1970. Isso ocorreu porque a nova capital incentivou a migração, a infraestrutura logística e a integração regional, facilitando o surgimento de cidades intermediárias que conectaram a produção agrícola moderna aos mercados consumidores. Diferentemente de outras opções, como a concentração da produção no centro-norte (A) ou a ênfase em ferrovias (C) e navegação (D), o impacto mais relevante foi justamente a reconfiguração urbana e laboral impulsionada pela ocupação do Centro-Oeste.

Assim, a fronteira agrícola moderna não apenas transformou o uso da terra, mas também redefiniu as relações entre espaço rural e urbano, consolidando um modelo de desenvolvimento que alia produtividade agropecuária à articulação territorial. Brasília, nesse contexto, foi essencial para viabilizar essa integração, tornando-se um eixo estratégico na reorganização do território brasileiro.

O texto apresentado aborda o conceito de fronteira agrícola moderna, destacando sua expansão em áreas antes ocupadas por pecuária extensiva ou vegetação nativa, com forte incorporação de tecnologia e organização. Essa dinâmica está associada principalmente ao chamado "polígono dos solos ácidos", abrangendo regiões do Centro-Oeste, partes de Minas Gerais, Tocantins e algumas áreas do Nordeste. A partir dessa contextualização, a alternativa correta é a letra A, que afirma que o avanço da fronteira agrícola moderna impulsionou o surgimento de novas cidades, invertendo a relação tradicional entre campo e cidade. Nesse novo cenário, as cidades passam a desempenhar um papel funcional para o campo, oferecendo serviços especializados e infraestrutura que sustentam a produção agrícola de alta tecnologia.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A letra B está errada porque a fronteira agrícola moderna não se concentrou mais em São Paulo, mas sim nas regiões mencionadas no texto. A letra C é incorreta, pois a comercialização de grãos é realizada por tradings exportadoras, não importadoras. A letra D está equivocada ao afirmar que a difusão do meio técnico-científico-informacional não favoreceu a proliferação de serviços especializados, quando na realidade esse processo ampliou a oferta de serviços diversificados. Por fim, a letra E é falsa, pois o Pantanal apresenta características ecológicas e heranças territoriais que dificultam a expansão da agricultura moderna, além de não ser o foco principal da fronteira agrícola descrita no texto.

O texto apresentado aborda as transformações ocorridas na agricultura devido a inovações técnicas e organizacionais, destacando aspectos como o melhor aproveitamento do tempo, a aceleração dos ciclos produtivos, a circulação de mercadorias e informações, além do acesso a crédito e o foco na exportação. Esses elementos apontam para uma reinvenção da natureza por meio da modificação de solos, criação de sementes e até tentativas de controlar o clima. Tais mudanças estão diretamente associadas ao processo de modernização da agricultura, que busca aumentar a eficiência e a produtividade no campo.

Portanto, a alternativa correta é D) modernização da agricultura, pois o texto descreve justamente as características desse processo, que redefine as relações entre homem, terra e produção agrícola no contexto contemporâneo.

O espaço rural moderno no Brasil passou por transformações significativas nas últimas décadas, desafiando as definições tradicionais que separam o rural do urbano. Como apontado por Ivair Gomes, há uma tensão entre o que é essencial e acidental, efêmero e eterno, na caracterização desse espaço. Dentre as alternativas apresentadas, a correta é a D), que afirma que as comunidades rurais remanescentes tendem a ser mais heterogêneas em termos étnicos, culturais e psicossociais do que as populações urbanas.

Essa heterogeneidade reflete a complexidade do rural contemporâneo, onde persistem tradições locais, mas também há influências da globalização e da migração. Ao contrário do que sugerem outras opções, a modernização do campo não necessariamente aumentou o emprego agrícola (B), nem manteve as economias rurais isoladas (A). Além disso, a interação social do homem rural não é necessariamente maior que a do urbano (C). Portanto, a alternativa D) é a que melhor capta a dinâmica atual do espaço rural brasileiro.

A modernização no Brasil nas últimas seis décadas trouxe transformações profundas, especialmente no âmbito geográfico. Entre as alternativas apresentadas, a que não corresponde a essas mudanças é a letra D) "Diversificação da produção agrícola nas propriedades rurais".

A modernização do campo no Brasil foi marcada por um processo seletivo (alternativa A), concentrando-se em regiões e culturas específicas, como a soja e o agronegócio, em detrimento de uma diversificação ampla. Além disso, a mobilidade espacial da população (alternativa B) foi intensa, com migrações internas, urbanização acelerada e expansão para novas fronteiras agrícolas. A incorporação da natureza aos sistemas técnicos humanos (alternativa C) também é evidente, com a exploração de recursos naturais e a adaptação do meio ambiente às demandas econômicas.

Por outro lado, a diversificação da produção agrícola nas propriedades rurais (alternativa D) não se consolidou como uma característica dominante. O modelo predominante foi o da monocultura e da especialização em larga escala, voltado para a exportação, em vez de uma variedade de cultivos em pequenas e médias propriedades. Portanto, a alternativa D é a que não reflete as principais transformações geográficas ocorridas no Brasil durante esse período.