Questões Sobre Modernização Agrícola - Geografia - concurso

O princípio da precaução, conforme apresentado no texto, reflete uma preocupação crescente da sociedade contemporânea com os impactos de novas tecnologias, especialmente no que diz respeito à saúde e ao meio ambiente. Diante da incerteza sobre os efeitos de produtos como os alimentos geneticamente modificados, a proposta é adotar uma postura cautelosa, suspendendo sua liberação até que sejam realizados estudos mais aprofundados.

Essa abordagem não significa rejeitar o progresso científico, como sugere a alternativa B), mas sim buscar um equilíbrio entre inovação e segurança. O objetivo principal, como indica a alternativa correta C), é promover um diálogo público amplo sobre as transformações tecnológicas e suas possíveis consequências, garantindo que a sociedade participe ativamente das decisões que afetam seu futuro.

As outras alternativas não correspondem ao espírito do princípio da precaução. A alternativa A) é contraditória, pois o princípio coloca seres humanos e natureza acima de interesses econômicos. A D) e a E) também não se aplicam, já que a proposta não é impedir o avanço tecnológico, mas sim administrá-lo com responsabilidade, mantendo o equilíbrio entre riscos e benefícios.

Portanto, o princípio da precaução representa uma tentativa de democratizar as escolhas tecnológicas, envolvendo a sociedade na avaliação de impactos e na construção de um desenvolvimento mais seguro e sustentável.

A respeito das recentes transformações do espaço agroindustrial brasileiro, é correto afirmar que a agropecuária passou por um processo significativo de modernização, especialmente pela sua integração com outros setores da economia, como o industrial. Essa interação permitiu o desenvolvimento de técnicas mais avançadas, a incorporação de tecnologia e a otimização da produção, tornando o setor mais eficiente e competitivo.

Portanto, a afirmação de que a agropecuária modernizou-se pela integração ao conjunto da economia, em especial ao setor industrial, está correta (C).

A respeito das recentes transformações do espaço agroindustrial brasileiro, é importante analisar criticamente as dinâmicas de migração e emprego no campo. O item em questão afirma que, devido às mudanças nas relações de trabalho e à especialização de funções nas agroindústrias, muitas pessoas se deslocaram para áreas rurais em busca de bons empregos. No entanto, o gabarito indica que essa afirmação está incorreta (E).

De fato, a realidade do espaço agroindustrial brasileiro aponta para um movimento contrário. A modernização do campo, marcada pela mecanização e pela concentração de terras, tem reduzido a demanda por mão de obra tradicional, levando a um êxodo rural em vez de atração populacional. As agroindústrias, embora ofereçam empregos mais especializados, não compensam a perda de postos de trabalho em atividades agrícolas convencionais. Além disso, muitos desses empregos são precarizados ou temporários, o que desestimula a migração para o meio rural.

Portanto, a afirmação apresentada está equivocada, pois o cenário atual do agroindustrial brasileiro não sustenta a ideia de um fluxo significativo de pessoas para o campo em busca de melhores oportunidades. O gabarito E) está correto.

Sobre o espaço brasileiro, leia as afirmativas e marque a alternativa CORRETA.

I – A modernização da agricultura e a ocupação estimulada pelo desenvolvimento da fronteira agrícola fortalecem a estrutura fundiária brasileira, os latifúndios e a empresa rural.

II – A indústria brasileira encontra-se concentrada principalmente no Sudeste, marcada pela variedade e volume de produção, diversificada em indústria automobilística, petroquímica, alimentares, de minerais não metálicos, têxtil, de vestuário, metalúrgica e mecânica.

III – A questão energética brasileira é uma das preocupações primordiais, quando se trata da relação crescimento e desenvolvimento socioeconômico, os principais investimentos, neste setor, têm priorizado outras fontes de energia limpa, como as termoelétricas, considerando a crise da água no Brasil.

• A) Somente I é correta.
• B) Somente III é correta.
• C) Apenas I e II estão corretas.
• D) Apenas II é correta.
• E) Nenhuma é correta.

O gabarito correto é C).

O processo de modernização da agricultura no Brasil trouxe consigo transformações profundas, não apenas no campo tecnológico, mas também nas relações sociais e econômicas que permeiam o setor. Conforme destacado no trecho citado, a ênfase costuma recair sobre os avanços técnicos, como a mecanização e a biotecnologia, enquanto os impactos nas dinâmicas sociais e produtivas são frequentemente negligenciados.

Entre os efeitos dessa modernização, destaca-se a subordinação da agropecuária ao capital industrial, como aponta a alternativa correta (A). Esse fenômeno está intimamente ligado à concentração de terras e ao aumento do seu valor, uma vez que a agricultura passa a ser orientada por uma lógica empresarial e de larga escala. A integração entre o agronegócio e a indústria reforça essa dinâmica, marginalizando pequenos produtores e intensificando a desigualdade no campo.

As demais alternativas apresentam cenários que não correspondem à realidade brasileira. A agricultura familiar, apesar de sua importância, não foi fortalecida pela modernização – pelo contrário, enfrenta desafios crescentes para se manter competitiva. Da mesma forma, o êxodo rural não foi contido, já que a mecanização reduz a demanda por mão de obra, e as pequenas e médias propriedades não alcançaram competitividade internacional, perdendo espaço para o modelo do agronegócio.

Portanto, a modernização agrícola no Brasil consolidou um sistema marcado pela concentração de riqueza e poder, no qual a terra se torna cada vez mais um ativo valorizado pelo capital, em detrimento de relações sociais mais equilibradas e da qualidade de vida da população rural.

Segundo dados do IBGE, cerca de 28% da PEA (população economicamente ativa) brasileira trabalha no setor primário, sendo a agropecuária responsável por apenas 9,1% do nosso produto interno bruto (PIB). Levando em conta que ainda grande parte dos trabalhadores agrícolas mora na periferia das cidades e que eles se deslocam diariamente ao campo para trabalhar como boias-frias em modernas agroindústrias, percebemos que, apesar da modernização verificada nas técnicas agrícolas, ainda persistem o subemprego, a baixa produtividade e a pobreza no campo.

SENE, E. e MOREIRA, J. Geografia geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2000. p. 276. Adaptado.

Essa modernização técnica do campo provoca a seguinte consequência socioespacial:

• A) reforma agrária
• B) assentamento fundiário
• C) redução das exportações
• D) emigração estrangeira
• E) êxodo rural

O gabarito correto é E) êxodo rural.

A modernização do campo, impulsionada pela incorporação de inovações tecnológicas na produção agrícola, trouxe consigo transformações socioespaciais significativas, tanto nas áreas rurais quanto urbanas. Embora tenha contribuído para o progresso econômico da agricultura, esse processo também gerou problemas sociais, como a marginalização e exclusão de determinados grupos, evidenciando as contradições inerentes à territorialização da modernização agrícola.

O primeiro item aborda a desigualdade no acesso às tecnologias agrícolas, destacando que muitos produtores não possuem capital suficiente para adquirir equipamentos e insumos modernos. Essa limitação decorre de fatores como o alto custo dos maquinários, a baixa rentabilidade imposta pelo mercado e as dificuldades em obter financiamento, reforçando a exclusão de pequenos agricultores do processo de modernização.

O segundo item, baseado em Caume (2009), reforça essa perspectiva ao apontar que os benefícios da modernização concentram-se em uma minoria de produtores capitalizados, voltados para a exportação, enquanto a agricultura familiar enfrenta condições precárias. A industrialização da agricultura exige cada vez mais investimentos, e a falta de políticas públicas adequadas aprofunda as desigualdades no campo.

Por fim, o terceiro item, com base em Silva (1994), corrobora essa análise ao descrever o desenvolvimento agrícola brasileiro como desigual e excludente. Produtores menos favorecidos tiveram acesso limitado a crédito, insumos e maquinário, resultando em menor produtividade e evolução técnica.

Diante dessas considerações, fica evidente que todas as afirmativas estão corretas, pois retratam diferentes facetas do mesmo problema: a modernização agrícola que, embora necessária, tem sido implementada de forma desigual, aprofundando as disparidades sociais no campo. Portanto, a alternativa D) I, II e III é a correta.

A modernização da agricultura brasileira e suas implicações

A transformação do campo brasileiro nas últimas décadas representa um dos processos mais significativos da economia nacional, marcado pela incorporação intensiva de tecnologia e pela reconfiguração das relações produtivas. Analisando as afirmativas apresentadas, podemos compreender melhor essa trajetória histórica e seus desdobramentos.

A afirmativa I está correta ao destacar o período crucial da década de 1960 como marco inicial da modernização agrícola, com a chegada de multinacionais e o apoio estatal. O salto qualitativo ocorreu de fato nos anos 1970 com a adoção do pacote tecnológico da Revolução Verde, conforme atestam Martine e Garcia (1987) e Hespanhol (2007). Esse processo contou com a ação conjunta do Estado e das corporações transnacionais.

A segunda proposição também está correta ao revelar a construção ideológica que justificou a modernização. Como aponta Teixeira (2005), criou-se a narrativa do atraso rural como obstáculo ao desenvolvimento urbano-industrial, favorecendo a subordinação da agricultura à indústria e a mercantilização da natureza.

A afirmativa III, igualmente correta, explica a consolidação dos Complexos Agroindustriais (CAIs) a partir da integração entre agricultura, indústria e setor financeiro. A análise tripartite proposta por Teixeira (2005) - indústria a montante, agricultura e indústria a jusante - demonstra a complexidade dessa nova organização produtiva.

Já a quarta afirmativa apresenta imprecisões ao sugerir uma "desmonopolização" do mercado a partir dos anos 1990. Na verdade, o período foi marcado por maior concentração e controle por grandes corporações, especialmente estrangeiras, configurando um processo de monopolização - não o contrário. Portanto, esta é a única alternativa incorreta.

Conclui-se que as afirmativas I, II e III apresentam análises consistentes sobre a modernização agrícola brasileira, seu contexto histórico e suas consequências estruturais, enquanto a IV contém equívocos conceituais sobre a dinâmica do agronegócio contemporâneo.

Na busca incessante por lucratividade, a agricultura moderna adotou práticas que, embora eficientes do ponto de vista produtivo, nem sempre são sustentáveis ambientalmente. O texto apresentado aborda algumas dessas técnicas, destacando a alternativa INCORRETA: o uso de adubação orgânica em larga escala (alternativa B).

A agricultura capitalista prioriza métodos que maximizem a produtividade a curto prazo, muitas vezes em detrimento do equilíbrio ecológico. A fertilização química (alternativa A) é amplamente utilizada por seu efeito rápido no rendimento das lavouras, apesar dos custos elevados e dos potenciais impactos negativos no solo. Da mesma forma, a mecanização (alternativa C) reduz desperdícios e acelera processos, caracterizando a eficiência típica do modelo atual.

O controle hídrico (alternativa D), seja por meios naturais ou artificiais, é outro fator crucial para garantir produtividade, enquanto o uso de sementes selecionadas (alternativa E) reflete a busca por cultivos mais rápidos e rentáveis. No entanto, a adubação orgânica em larga escala não se alinha com essa lógica, pois demanda tempo, espaço e manejo diferenciado – fatores que a tornam menos atraente para a agricultura intensiva voltada ao mercado.

Portanto, a alternativa B destoa das práticas predominantes na agricultura comercial moderna, que privilegia insumos industriais e soluções imediatistas em detrimento de técnicas tradicionais ou ecológicas. Essa escolha revela a contradição entre produtividade e sustentabilidade no atual modelo agrícola.

As plantas geneticamente modificadas representam um dos avanços mais significativos da agricultura moderna. Nos últimos dez anos, culturas como soja, algodão, milho e colza transgênicas expandiram-se para aproximadamente 120 milhões de hectares globalmente, demonstrando resultados expressivos, ainda que concentrados em regiões específicas.

Dentre as alternativas apresentadas, a afirmação correta é a letra E), que destaca os debates centrais em torno dos transgênicos: o controle e a gestão dos riscos biotecnológicos associados a essa tecnologia. Esses riscos incluem possíveis impactos na biodiversidade, na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas, temas que geram discussões acaloradas entre cientistas, governos e a sociedade civil.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. O Brasil, por exemplo, é um dos maiores produtores de transgênicos do mundo, contradizendo a afirmação da alternativa A). Já a alternativa B) exagera ao atribuir aos transgênicos a erradicação da subnutrição, uma questão complexa que envolve fatores socioeconômicos além da produção agrícola. A alternativa C) também é equivocada, pois o principal objetivo dos transgênicos não é compensar a falta de terras cultiváveis, mas sim aumentar a produtividade e a resistência das culturas. Por fim, a alternativa D) está incorreta, uma vez que China e Índia estão entre os maiores produtores de transgênicos do mundo.

Portanto, a alternativa E) é a única que reflete com precisão os principais desafios e discussões relacionados aos organismos geneticamente modificados na atualidade.