Questões Sobre Pecuária - Geografia - concurso

A pecuária sertaneja no Brasil do século XVIII apresentou características distintas em relação a outras atividades econômicas da época, especialmente no que diz respeito às relações de trabalho. Diferentemente do sistema escravista predominante nos engenhos de açúcar, a criação de gado no sertão contou com uma composição mais diversificada de trabalhadores.

O modelo correto, conforme indicado na alternativa B, demonstra que havia uma predominância de negros libertos, mestiços livres, brancos pobres e apenas uma pequena parcela de escravos africanos. Essa configuração se explica pelas particularidades da atividade pecuária, que exigia mobilidade constante dos trabalhadores e não demandava grandes contingentes concentrados como na lavoura canavieira.

As demais alternativas apresentam equívocos históricos. A opção A incorre ao sugerir um sistema escravista em larga escala similar ao dos engenhos. A C erra ao afirmar que os escravos eram maioria, enquanto a D falha ao propor uma divisão igualitária entre livres e escravos, o que não corresponde à realidade documentada da pecuária colonial.

Portanto, a alternativa B corretamente reflete a composição social do trabalho na pecuária sertaneja do século XVIII, marcada pela presença majoritária de trabalhadores livres ou semilibertos, em contraste com outros setores da economia colonial brasileira.

A pecuária desempenhou um papel crucial na ocupação territorial do Brasil durante o período colonial, sendo uma atividade econômica que contribuiu para a expansão e consolidação do espaço brasileiro. Analisando as afirmativas apresentadas, é possível compreender melhor seu impacto e características.

A primeira afirmativa está correta (C), pois a carne, principal produto da pecuária, era de fato destinada ao mercado interno, abastecendo a população local em fazendas, vilas e cidades. Já a segunda afirmativa está incorreta (I), uma vez que a pecuária não foi a principal responsável pela ocupação do litoral nordestino, mas sim pelo povoamento do interior, especialmente no sertão e em áreas afastadas do litoral.

A terceira afirmativa é correta (C), já que o couro era um dos poucos produtos da pecuária exportados, enquanto a atividade em si atendia prioritariamente ao mercado interno. Por fim, a quarta afirmativa está incorreta (I), pois a pecuária sertaneja não dependia exclusivamente do trabalho escravo africano, mas também de mão de obra livre e de relações de trabalho menos centralizadas.

Portanto, a sequência correta é C, I, C, I, correspondente à alternativa A).

O processo de povoamento do Brasil foi marcado por diversas particularidades regionais, influenciadas tanto por fatores geográficos quanto econômicos. Entre essas dinâmicas, destacam-se duas áreas que, apesar de suas diferenças naturais e de localização, tiveram na pecuária sua principal atividade econômica e vetor de ocupação territorial.

A alternativa correta é a D), que aponta o Sertão nordestino e a Campanha Gaúcha como essas regiões. O Sertão nordestino, caracterizado pelo clima semiárido, viu na pecuária extensiva uma atividade adaptável às suas condições, permitindo a ocupação do interior. Já a Campanha Gaúcha, com seus vastos pampas, tornou-se um importante polo pecuarista, especialmente na criação de gado bovino e ovino, impulsionando o povoamento do extremo sul do país.

As demais alternativas apresentam regiões onde a pecuária, embora presente, não foi o principal fator de povoamento. O Agreste nordestino (A) teve uma economia mais diversificada, enquanto o Oeste Paulista (C) foi marcado pelo café. A Zona da Mata baiana (B) e o leste da Amazônia (E) tiveram ciclos econômicos distintos, como o cultivo de cana-de-açúcar e a exploração de recursos naturais, respectivamente.

Portanto, a pecuária foi essencial para moldar o povoamento em regiões de características contrastantes, como o Sertão e os pampas, consolidando-se como uma atividade econômica fundamental na formação do território brasileiro.

A pecuária bovina é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil, sendo o país um dos maiores exportadores de carne do mundo. Atualmente, a Região Centro-Oeste se destaca como a principal área de criação de gado no território brasileiro, especialmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Essa região possui vastas extensões de terra, clima favorável e pastagens naturais, fatores que contribuem para o desenvolvimento da pecuária extensiva.

Enquanto outras regiões também possuem rebanhos significativos, como o Sul (com sua pecuária mais tecnificada) e o Norte (com expansão recente na Amazônia Legal), o Centro-Oeste concentra o maior número de cabeças de gado e lidera a produção nacional. Portanto, a alternativa correta é a B) Região Centro-Oeste, que hoje representa o coração da pecuária brasileira.

Minas Gerais é um estado brasileiro que se destaca significativamente no cenário da pecuária nacional. Com vastas áreas de pastagem e um clima favorável, a região se consolida como uma das principais produtoras de gado no país. A pecuária, atividade econômica essencial para o agronegócio, abrange diferentes ramos, cada um dedicado a um tipo específico de criação animal.

No contexto da questão apresentada, é importante diferenciar as diversas modalidades de pecuária. A alternativa A) Bubalina refere-se à criação de búfalos, enquanto a B) Caprina está relacionada à criação de cabras. Já a C) Suína diz respeito à produção de porcos. A resposta correta, D) Bovina, indica a pecuária voltada especificamente para a criação de bois e vacas, animais essenciais para a produção de carne, leite e derivados.

Portanto, a alternativa D) Bovina é a correta, pois corresponde exatamente à definição da pecuária que trabalha com a criação de gado bovino. Essa atividade é fundamental para a economia de Minas Gerais e do Brasil, contribuindo para o abastecimento interno e para as exportações.

O desenvolvimento da agropecuária é um tema complexo, marcado por avanços tecnológicos e desafios estruturais. A análise das afirmativas apresentadas permite compreender melhor esse cenário.

A primeira afirmativa destaca que, apesar dos ganhos de produtividade proporcionados pela tecnologia, a produção rural ainda depende de grandes extensões de terra com condições naturais favoráveis. Essa afirmação está correta, pois mesmo com técnicas modernas, fatores como clima e qualidade do solo continuam sendo determinantes para a agricultura em larga escala.

A segunda afirmativa, que nega a existência de um ciclo evolutivo em plantas e animais e a necessidade de interrupções no trabalho agrícola, está incorreta. Todos os seres vivos possuem ciclos biológicos, e a agricultura deve respeitar esses processos naturais, como os períodos de pousio e rotação de culturas.

A terceira afirmativa aborda como técnicas como adubação e irrigação reduzem a dependência da agricultura em relação ao meio natural. Esta afirmação está correta, pois essas práticas permitem maior controle sobre os fatores de produção, minimizando as limitações impostas pelo ambiente.

Portanto, apenas as afirmativas 1 e 3 estão corretas, tornando a alternativa D a resposta adequada. Esse resultado demonstra como o setor agropecuário combina inovação tecnológica com a necessidade de adaptação às condições naturais, característica fundamental do desenvolvimento agrícola contemporâneo.

Sobre o grande setor agropecuário e alimentar do Brasil, é correto afirmar que:

A alternativa B) está correta, pois a soja é, de fato, uma das principais commodities do agronegócio brasileiro. Sua produção, inicialmente concentrada nas regiões tradicionais do Sul, expandiu-se para os cerrados do Centro-Oeste e do Nordeste, impulsionada pela adaptação de variedades ao clima e solo dessas áreas, além da incorporação de tecnologias agrícolas.

As demais alternativas apresentam incorreções:

• A) As regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste foram justamente as mais impactadas pela modernização agropecuária, com adoção de técnicas avançadas e irrigação, não se limitando à agricultura de sequeiro.
• C) A modernização não estabelece uma dicotomia entre campo e cidade, mas sim uma integração por meio de cadeias produtivas e fluxos econômicos.
• D) A agricultura familiar ainda é responsável por grande parte da produção de alimentos básicos no Brasil, coexistindo com o agronegócio, apesar das desigualdades no acesso a recursos tecnológicos.

Portanto, a afirmação sobre a soja como commodity de destaque e sua expansão territorial reflete corretamente a dinâmica contemporânea do agronegócio brasileiro.

O setor agropecuário brasileiro passou por significativas transformações ao longo das últimas décadas, impulsionado pela modernização tecnológica e pela demanda internacional por commodities. No entanto, esse progresso não se distribuiu de forma equilibrada pelo território nacional, gerando disparidades regionais marcantes. A alternativa correta, que melhor reflete essa realidade, é a letra E: "As pequenas parcelas do território brasileiro são responsáveis por um alto nível de modernização, enquanto as grandes se encontram estagnadas."

Essa afirmação capta a essência da dualidade presente na agropecuária brasileira. Enquanto regiões como o Centro-Oeste e parte do Sudeste apresentam elevados índices de mecanização, produtividade e integração ao mercado global, vastas áreas do país ainda dependem de técnicas tradicionais e enfrentam baixa eficiência. A concentração de investimentos em polos específicos, muitas vezes voltados para a exportação, acentua essa desigualdade.

As demais alternativas não correspondem à realidade do campo brasileiro. A letra A é incorreta, pois a modernização não ocorreu de forma homogênea. A B também está errada, já que os produtos para exportação geralmente recebem mais incentivos que os do mercado interno. A C falha ao sugerir que áreas menos desenvolvidas foram privilegiadas, quando na verdade o oposto ocorreu. Por fim, a D descreve uma situação que não condiz com a agropecuária nordestina, marcada pela agricultura familiar e pela pecuária extensiva em muitas áreas.

Portanto, a resposta E é a que melhor sintetiza as contradições do desenvolvimento agropecuário no Brasil, onde avanços convivem com estagnação em um cenário de profundas desigualdades regionais.

O Censo Agropecuário realizado pelo IBGE em 2018 demonstrou a continuidade de uma característica estrutural do campo brasileiro: a predominância das grandes propriedades rurais. Embora o país tenha passado por transformações socioeconômicas entre 2006 e 2018, o dado mais relevante permanece sendo a concentração fundiária, onde estabelecimentos acima de mil hectares continuam exercendo domínio sobre a maior parte do território agrícola nacional.

A alternativa correta (C) reflete essa realidade histórica do Brasil, onde poucas propriedades controlam extensas áreas, enquanto a maioria dos produtores rurais ocupa pequenos lotes. Essa configuração fundiária tem raízes profundas na formação do país e se mantém apesar das mudanças tecnológicas e dos ciclos agrícolas. O censo agropecuário serve justamente para atualizar e confirmar essas tendências estruturais do meio rural brasileiro.

As outras alternativas apresentam distorções em relação à realidade do campo brasileiro. Embora existam elementos de verdade em algumas delas (como a importância da pecuária ou a presença de minifúndios), nenhuma representa com tanta precisão a característica predominante da estrutura fundiária nacional quanto a concentração em grandes propriedades.

O item em análise afirma que a internacionalização da agropecuária brasileira é totalmente dependente de investimentos estrangeiros, por meio da compra de empresas nacionais e terras para cultivo. No entanto, essa afirmação é classificada como ERRADO (E), e a justificativa para tal julgamento pode ser compreendida ao analisar a complexidade do cenário agropecuário brasileiro.

Embora seja inegável a participação de conglomerados e empresas estrangeiras no setor agropecuário do Brasil, reduzir a internacionalização desse segmento a uma dependência exclusiva desses agentes é uma simplificação equivocada. O agronegócio brasileiro conta com uma forte presença de empresas nacionais, cooperativas e produtores locais que desempenham um papel significativo na produção e exportação de commodities agrícolas. Além disso, o país possui políticas públicas, instituições de pesquisa (como a Embrapa) e modelos de financiamento que fortalecem a capacidade produtiva interna, independentemente de capitais externos.

Outro aspecto relevante é a diversificação dos investimentos no setor. A internacionalização da agropecuária brasileira também ocorre por meio de parcerias comerciais, acordos bilaterais e abertura de mercados, não se limitando à aquisição de terras ou empresas por estrangeiros. Portanto, embora o capital estrangeiro tenha influência, a dinâmica do agronegócio nacional é mais ampla e autônoma do que o item sugere.

Em síntese, a afirmação é ERRADA (E) por desconsiderar a multiplicidade de fatores e atores que impulsionam a internacionalização da agropecuária brasileira, incluindo a robustez do setor doméstico e as estratégias nacionais de desenvolvimento.