Questões Sobre Pecuária - Geografia - concurso

O texto apresentado, baseado na citação de Delboni (2003), destaca as transformações ocorridas no campo brasileiro, especialmente no que diz respeito à integração da agropecuária ao meio técnico-científico-informacional e ao processo de desconcentração da produção. Essas mudanças resultaram na formação de cinturões agropecuários em diversas regiões do país, marcados pelo uso intensivo de novas tecnologias. Diante disso, analisando as alternativas apresentadas, a afirmação mais coerente com o contexto é a letra C: "A mecanização da agricultura subordinou o campo à cidade."

Essa afirmação faz sentido porque a modernização do campo, impulsionada pela mecanização e pela adoção de tecnologias avançadas, reforçou a dependência do meio rural em relação aos centros urbanos. A produção agrícola passou a ser cada vez mais orientada pelas demandas do mercado e pela infraestrutura tecnológica e logística concentrada nas cidades. Além disso, a subordinação do campo à cidade também se manifesta na dependência de insumos industriais, como máquinas, fertilizantes e defensivos agrícolas, produzidos em áreas urbanas.

As demais alternativas não se sustentam diante da realidade brasileira. A letra A é incorreta porque a mecanização reduziu a demanda por mão de obra no campo, acelerando o êxodo rural. A letra B também está errada, pois a expansão das fronteiras agrícolas não democratizou a estrutura fundiária, mantendo-se a concentração de terras. A letra D é inválida, já que o sistema de jardinagem não é o predominante no Brasil após a mecanização. Por fim, a letra E está incorreta porque, apesar dos avanços técnicos, nem todas as regiões brasileiras alcançaram superproduções agrícolas, persistindo desigualdades regionais.

Portanto, a alternativa C é a que melhor reflete as transformações descritas no texto e a dinâmica atual das atividades agrárias no Brasil.

A fronteira agrícola representa um fenômeno geográfico e econômico marcado pelo avanço da produção agropecuária sobre regiões de baixa densidade demográfica. Esse processo, no contexto atual, está intimamente ligado à dinâmica do agronegócio moderno, que busca novas áreas para expansão, muitas vezes em detrimento de populações tradicionais e do equilíbrio ambiental.

Entre as alternativas apresentadas, a opção C) destaca-se como a mais adequada, pois sintetiza os principais aspectos envolvidos nesse avanço: a expansão do agronegócio e os conflitos fundiários decorrentes da disputa por terras entre posseiros e grileiros. Esses conflitos são uma realidade constante em regiões como a Amazônia e o Cerrado, onde a grilagem de terras e a violência no campo são problemas persistentes.

Enquanto outras alternativas apresentam elementos pontuais do processo—como o papel das madeireiras (A), a agricultura familiar (B), a substituição de cultivos tradicionais (D) ou a atuação de grupos internacionais (E)—nenhuma delas abrange de forma tão completa a complexidade da fronteira agrícola atual quanto a alternativa C). Esta, além de reconhecer o avanço tecnológico e produtivo do agronegócio, não ignora os impactos sociais e ambientais gerados por essa expansão.

Portanto, a resposta correta é C), pois reflete a dualidade entre desenvolvimento econômico e conflitos socioambientais, característica marcante da fronteira agrícola no Brasil contemporâneo.

O texto apresentado descreve uma transformação significativa no perfil do trabalhador rural contemporâneo, que ultrapassa as atividades tradicionais de agricultura e pecuária. Esse novo agente econômico combina práticas agropecuárias com diversas outras atividades não agrícolas, seja dentro de seu estabelecimento rural ou em outros espaços. Entre essas atividades, destacam-se ramos tradicionais urbanos e industriais, além de novas modalidades que ganham força no meio rural, como turismo, lazer, conservação ambiental, moradia e prestação de serviços pessoais.

Essa mudança representa uma reconfiguração da organização social do trabalho no campo, caracterizando um fenômeno conhecido como agronegócio (alternativa D). O agronegócio engloba toda a cadeia produtiva que vai desde a produção agrícola até a comercialização, incluindo os serviços e atividades conexas que agregam valor aos produtos rurais. Diferentemente de outras opções apresentadas – como terceirização, agroextrativismo coletivo, grilhagem ou cooperativismo – o agronegócio é o termo que melhor define essa integração entre atividades agrícolas e não agrícolas no contexto rural moderno.

Portanto, a resposta correta é a alternativa D) Agronegócio, pois esse conceito abrange justamente a diversificação e a complexificação das atividades econômicas no meio rural, indo além da produção primária e incorporando novos elementos da economia contemporânea.

Na Região Nordeste do Brasil, historicamente marcada por altos índices de pobreza e desigualdade social, o surgimento de novas atividades econômicas tem se mostrado fundamental para a geração de emprego e renda. Entre as alternativas apresentadas, a fruticultura irrigada e o turismo destacam-se como as principais fontes de desenvolvimento regional.

A fruticultura irrigada, impulsionada pelos polos agrícolas no Vale do São Francisco, transformou a região em um dos maiores exportadores de frutas do país, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. Já o turismo, beneficiado pelo potencial natural da costa nordestina e pela rica cultura local, tornou-se uma atividade econômica vital para muitos municípios, especialmente no litoral.

As demais alternativas, embora relevantes em contextos específicos, não apresentam o mesmo impacto transformador. A pecuária extensiva e a pesca (B) são atividades tradicionais com limitações produtivas, enquanto as confecções e indústria pesada (C) têm presença restrita. A agricultura de sequeiro (D) sofre com a irregularidade climática, e a indústria açucareira (E), apesar de histórica, enfrenta crises cíclicas.

Portanto, a combinação entre fruticultura irrigada e turismo (alternativa A) representa de fato o mais dinâmico vetor de desenvolvimento econômico e social para o Nordeste contemporâneo.

O texto apresentado aborda a transformação da agropecuária no Nordeste brasileiro a partir da década de 1980, destacando a emergência de uma agricultura científica e globalizada em contraste com a agricultura tradicional. Essa mudança é caracterizada pela ocupação de novas fronteiras pelo agronegócio, com investimentos significativos de grandes empresas, criando assim "pontos luminosos" no território nordestino.

Entre as alternativas apresentadas, a região do vale do São Francisco se destaca como um exemplo claro desse fenômeno. A produção de frutas nessa área, especialmente a uva e a manga, é marcada pela adoção de tecnologias avançadas, irrigação em larga escala e integração com mercados internacionais. Esse modelo contrasta com as práticas tradicionais ainda presentes em outras partes do Nordeste, como o cultivo de mandioca ou cacau, que não possuem o mesmo nível de inserção global.

Portanto, o vale do São Francisco representa um "espaço luminoso" no contexto do agronegócio globalizado, consolidando-se como um polo de produção moderna e competitiva. Essa dinâmica ilustra a dicotomia entre a agricultura tradicional e a científica, conforme apontado no texto, reforçando a importância da integração regional aos circuitos produtivos globais.

Referência: Denise Elias. “Globalização e fragmentação do espaço agrícola do Brasil”. Scripta Nova, agosto de 2006. Adaptado.

A pecuária é uma atividade econômica que consiste na criação de animais para fins comerciais, como produção de carne, leite, lã e outros derivados. Entre as opções apresentadas, apenas a alternativa E) "criação de gado de corte" se enquadra nessa definição, pois envolve a criação de bovinos especificamente para o abate e comercialização de carne.

As demais alternativas não representam atividades pecuárias: a produção de mandioca (A) é uma atividade agrícola; a produção de queijo (B) é um processo industrial derivado da pecuária, mas não a própria pecuária; já a criação de crustáceos (C) e moluscos (D) faz parte da aquicultura, um ramo distinto da pecuária tradicional, que se concentra em organismos aquáticos.

Portanto, a resposta correta é a alternativa E), pois a criação de gado de corte é uma atividade típica da pecuária, envolvendo manejo, reprodução e engorda de animais para o mercado de carne bovina.

O texto apresentado aborda as transformações paleoambientais no Brasil, destacando como as oscilações climáticas ao longo do tempo influenciaram a distribuição dos biomas, especialmente a expansão dos cerrados e a retração das caatingas em períodos de maior umidade. Esse processo histórico contribuiu para a configuração fitogeográfica atual do país, marcada por uma dinâmica entre diferentes ecossistemas.

No entanto, o item a ser julgado introduz uma questão contemporânea: a redução significativa da área ocupada pelos cerrados devido a fatores antrópicos, como o avanço da agricultura, o desmatamento, as queimadas e a expansão da pecuária. Essas atividades humanas têm pressionado esse bioma, resultando em uma perda considerável de sua cobertura original.

A afirmação de que os cerrados, que antes ocupavam cerca de 20% do território nacional, hoje correspondem a uma área bem mais reduzida está correta. Dados científicos e relatórios ambientais corroboram essa tendência de diminuição, reforçando os impactos negativos das atividades econômicas sobre esse bioma. Portanto, a alternativa C) CERTO é a resposta adequada, conforme indicado no gabarito.

A modernização do parque industrial brasileiro e da produção agropecuária, juntamente com os investimentos em infraestrutura, tem transformado significativamente o mercado de trabalho no Brasil. Esse processo, marcado pela automação, informatização e avanços tecnológicos, apresenta impactos complexos na estrutura ocupacional, gerando tanto desafios quanto oportunidades.

A alternativa D) é considerada incorreta porque a afirmação de que a iniciativa privada, ao assumir setores de infraestrutura através de concessões, libera trabalhadores que são absorvidos pelo setor público não reflete a realidade. Na verdade, o setor público não tem capacidade de absorver massivamente esses contingentes, e a tendência é que a mão de obra seja realocada ou requalificada dentro do próprio setor privado.

As demais alternativas apresentam análises corretas sobre os efeitos da modernização: a substituição de postos tradicionais por outros mais especializados (A e B), a reconfiguração dinâmica da economia (C) e os impactos da robótica na indústria automobilística (E). Esses processos evidenciam a necessidade de políticas de qualificação profissional para acompanhar as demandas de um mercado em constante transformação.

Portanto, o processo de modernização exige um equilíbrio entre ganhos de produtividade e a manutenção de oportunidades de trabalho, com atenção especial aos setores mais vulneráveis às mudanças tecnológicas.

O texto apresentado descreve uma transformação significativa no meio rural brasileiro, onde o trabalhador não se limita mais às atividades agrícolas ou pecuárias tradicionais. Em vez disso, ele passa a combinar essas práticas com outras ocupações não agrícolas, seja dentro de seu próprio estabelecimento ou em outros espaços rurais. Essas novas atividades incluem desde setores urbanos-industriais até funções emergentes, como turismo, lazer, conservação ambiental, moradia e serviços pessoais. Essa dinâmica reflete uma mudança estrutural na organização do trabalho no campo.

Conforme destacado por Silva (1997), essa realidade configura um "novo rural brasileiro", marcado pela diversificação das fontes de renda e pela integração entre o agrícola e o não agrícola. Diante disso, a forma de organização social do trabalho que melhor define esse fenômeno é a pluriatividade, que corresponde à alternativa B. A pluriatividade caracteriza-se justamente pela combinação de múltiplas atividades econômicas por parte do trabalhador rural, rompendo com a ideia de uma ocupação exclusivamente ligada ao campo.

As demais opções não se adequam ao contexto descrito. A terceirização (A) refere-se à contratação externa de serviços, o agronegócio (C) está mais relacionado à cadeia produtiva em larga escala, enquanto cooperativismo (D) e associativismo (E) envolvem modelos coletivos de organização, mas não necessariamente a multiplicidade de atividades exercidas individualmente. Portanto, a resposta correta é, de fato, a alternativa B.

O texto apresentado destaca a importância histórica e atual da agropecuária na economia brasileira, posicionando o país entre os maiores exportadores de alimentos do mundo, mesmo diante de crises globais. A análise das alternativas permite afirmar que a opção correta é a D), que aborda a relevância da agricultura familiar no cenário nacional.

A alternativa D) afirma que a agropecuária familiar ocupa menos área que os estabelecimentos não familiares, mas é responsável por grande parte da produção de alimentos para o mercado interno. Essa afirmação está alinhada com dados do IBGE e estudos sobre o setor, que mostram como pequenos produtores desempenham um papel fundamental na segurança alimentar do país, mesmo com menos recursos e terras disponíveis.

As demais alternativas apresentam informações incorretas ou imprecisas. A alternativa A) menciona um "eficiente sistema de escoamento e abundância de silos", o que não reflete a realidade, já que o Brasil ainda enfrenta desafios logísticos. A alternativa B) fala em "democratização da posse da terra", um cenário distante da concentração fundiária ainda vigente. A alternativa C) erra ao citar o trigo como um dos principais produtos de exportação, quando na realidade o Brasil é importador desse grão. Por fim, a alternativa E) incorre ao relacionar a aceitação internacional ao baixo uso de agrotóxicos, quando o país é justamente um dos maiores consumidores desses produtos.

Portanto, a alternativa D) é a única que apresenta uma afirmação correta e consistente com a realidade da agropecuária brasileira, destacando o papel essencial da agricultura familiar na produção de alimentos para o consumo interno.