Questões Sobre População brasileira - Geografia - concurso

O processo de ocupação do Maranhão, especialmente no alto sertão, foi marcado por dinâmicas complexas que envolveram tanto a expansão territorial quanto conflitos e violência. Conforme destacado por R. G. Rocha em sua análise sobre o povoamento do sul do estado, duas principais linhas de ocupação se destacaram: uma pelo litoral e outra pelos sertões, esta última impulsionada por fluxos migratórios oriundos do interior nordestino.

A afirmação de que a ocupação do alto sertão maranhense foi realizada com o emprego da violência está correta. Historicamente, a expansão para essas regiões envolveu disputas por terras, confrontos com populações indígenas e resistências locais, caracterizando um processo muitas vezes violento. A dinâmica econômica e territorial descrita no estudo reforça essa perspectiva, evidenciando que o des(re)ordenamento do espaço foi acompanhado por tensões e coerção.

Portanto, considerando o contexto histórico e as fontes citadas, a alternativa C) CERTO é a resposta adequada, pois a violência foi, de fato, um elemento presente na ocupação do sertão maranhense.

O povoamento do Maranhão foi marcado por duas linhas distintas de ocupação territorial: uma que se estabeleceu no litoral e outra que avançou pelos altos sertões, proveniente do interior nordestino. Esses processos, embora simultâneos, deram origem a dinâmicas econômicas e sociais bastante diferentes, refletindo as particularidades geográficas e culturais de cada região.

No litoral, a presença de portos naturais e a proximidade com o Oceano Atlântico favoreceram atividades como o comércio marítimo, a pesca e, posteriormente, a agricultura de exportação, especialmente o cultivo de cana-de-açúcar e algodão. Já nos altos sertões, a economia se estruturou em torno da pecuária extensiva e da agricultura de subsistência, adaptadas ao clima semiárido e às vastas extensões de terra.

Portanto, afirmar que o povoamento da região litorânea e do alto sertão maranhense instituiu bases econômicas semelhantes é incorreto. As diferenças geográficas, climáticas e históricas entre essas áreas resultaram em modelos econômicos distintos, cada um adaptado às suas próprias condições. A resposta correta para o item apresentado é E) ERRADO.

O item em questão aborda um aspecto relevante da dinâmica populacional brasileira, relacionando as migrações internas com as disparidades regionais de desenvolvimento econômico. A afirmação de que as regiões Norte e Nordeste, por apresentarem economias mais deprimidas, funcionam como áreas de expulsão populacional em direção a regiões com maior dinamismo econômico está correta.

Historicamente, o Brasil apresenta um padrão de migração interna marcado pelo deslocamento de populações de regiões menos desenvolvidas para aquelas com melhores oportunidades de emprego e renda. O Nordeste, por exemplo, tem sido tradicionalmente uma região de emigração, com fluxos significativos para o Sudeste, especialmente para estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que concentram maior atividade industrial e serviços.

Da mesma forma, o Norte, apesar de possuir áreas em desenvolvimento, como o polo industrial de Manaus, ainda enfrenta desafios socioeconômicos que levam parte de sua população a buscar melhores condições de vida em outras regiões. Portanto, a afirmação está em consonância com a realidade brasileira e merece ser classificada como C) CERTO.

O item em questão afirma que os atuais fluxos migratórios no território brasileiro são motivados basicamente pela busca de melhores condições de vida nas cidades médias e nas capitais das regiões Sudeste e Sul do Brasil. No entanto, o gabarito indica que essa afirmação está incorreta (E) ERRADO. Isso se deve ao fato de que, nas últimas décadas, os padrões migratórios no Brasil têm apresentado mudanças significativas, divergindo do cenário descrito no enunciado.

Historicamente, o Brasil viveu um intenso êxodo rural e migrações em direção aos grandes centros urbanos, especialmente no Sudeste, durante o século XX. Contudo, nas últimas décadas, observa-se uma desaceleração desse movimento e até mesmo um fenômeno inverso em alguns casos. As migrações internas passaram a ser mais diversificadas, com destaque para o crescimento de fluxos em direção a cidades médias e até mesmo para o interior de estados menos desenvolvidos, impulsionados por fatores como descentralização industrial, custo de vida elevado nas metrópoles e políticas de desenvolvimento regional.

Além disso, regiões como o Centro-Oeste e o Norte têm atraído migrantes devido à expansão do agronegócio e de projetos de infraestrutura, enquanto o Sudeste, embora ainda relevante, não concentra mais a maioria dos fluxos migratórios como no passado. Portanto, a afirmação do item simplifica excessivamente a dinâmica migratória atual, ignorando a complexidade e a pluralidade de motivações que caracterizam os movimentos populacionais no Brasil contemporâneo.

A transumância é um fenômeno migratório sazonal, comum em diversas regiões do mundo, incluindo o Brasil. No contexto brasileiro, esse movimento populacional está intimamente ligado às condições climáticas e econômicas que afetam diretamente a vida das comunidades.

Entre as alternativas apresentadas, a opção D) – que aponta o Sertão nordestino como região de transumância devido às secas periódicas – é a correta. Isso porque o Nordeste brasileiro, especialmente sua região semiárida, enfrenta ciclos de estiagem prolongada que forçam populações rurais a se deslocarem temporariamente em busca de melhores condições de sobrevivência.

As outras alternativas, embora mencionem movimentos populacionais, não caracterizam propriamente a transumância:

• A) e E) referem-se a migrações por motivos econômicos ligados à mineração;
• B) trata de expansão agrícola, um processo diferente;
• C) menciona deslocamentos por causa da indústria petrolífera.

Portanto, a transumância no Brasil está essencialmente associada aos efeitos das secas no Nordeste, onde populações tradicionais desenvolvem estratégias de adaptação que incluem o deslocamento temporário para outras áreas até que as condições climáticas melhorem em suas terras de origem.

O crescimento vegetativo da população mundial é um fenômeno complexo que reflete as transformações socioeconômicas e tecnológicas ao longo da história. Analisando as alternativas apresentadas, a opção D) é a que melhor descreve a dinâmica demográfica da década de 90 do século XX.

Durante esse período, observou-se uma desaceleração no crescimento populacional, especialmente em países desenvolvidos e em desenvolvimento, acompanhada por um intenso processo de urbanização. Essa tendência está relacionada a fatores como maior acesso a métodos contraceptivos, inserção da mulher no mercado de trabalho e mudanças nos padrões familiares.

As demais alternativas apresentam imprecisões históricas e conceituais. A alternativa A) confunde o conceito de crescimento vegetativo, que na verdade ocorre quando a natalidade supera a mortalidade. A alternativa B) superestima os efeitos imediatos da Revolução Industrial sobre o IDH. A alternativa C) erra ao localizar a explosão demográfica na década de 70, quando este fenômeno ocorreu principalmente no pós-guerra. Já a alternativa E) comete um equívoco ao destacar a África subsaariana como região de envelhecimento populacional, quando na verdade esta área ainda apresenta altas taxas de natalidade.

Portanto, a alternativa D) é a única que corresponde adequadamente às características demográficas do período mencionado, destacando a relação entre desaceleração populacional e expansão urbana como fenômenos interligados da modernidade.

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) representam um dos maiores desafios para a saúde pública global, sendo a principal causa de mortalidade em todo o mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2008, essas enfermidades foram responsáveis por 36 milhões de óbitos, com destaque para as doenças cardiovasculares (48% dos casos), seguidas pelo câncer (21%), doenças respiratórias crônicas (12%) e diabetes (3%). Esses números evidenciam a necessidade de políticas preventivas e de conscientização para reduzir o impacto dessas condições na população.

No contexto brasileiro, embora as DCNTs sejam uma preocupação central, outros problemas de saúde também demandam atenção. O item analisado afirma que a desnutrição é o principal problema associado aos hábitos alimentares no Brasil, com crescentes taxas de mortalidade infantil decorrentes desse fator. No entanto, essa afirmação está incorreta. O país, nas últimas décadas, registrou avanços significativos no combate à desnutrição infantil, graças a programas sociais e melhorias na segurança alimentar. Atualmente, a obesidade e o sobrepeso emergiram como desafios mais urgentes, inclusive entre crianças, refletindo mudanças nos padrões alimentares e no estilo de vida.

Portanto, a afirmação de que a desnutrição é o principal problema de saúde relacionado à alimentação no Brasil não corresponde à realidade atual. O gabarito correto para o item é E) ERRADO, pois o cenário epidemiológico do país aponta para uma transição nutricional, na qual as doenças associadas ao excesso de peso e má alimentação superam, em relevância, os casos de desnutrição.

O estudo das aglomerações populacionais no Brasil, conduzido pelo IBGE desde a década de 1960, busca compreender as dinâmicas urbanas contemporâneas, marcadas pela expansão territorial e pela complexidade das relações socioespaciais. A proposta dos arranjos populacionais surge como uma ferramenta analítica para capturar a integração entre municípios, seja por meio de movimentos pendulares (como trabalho e estudo) ou pela contiguidade das manchas urbanizadas. Essa abordagem permite uma visão mais abrangente dos processos de urbanização, indo além dos conceitos tradicionais de conurbação e metropolização.

A alternativa E) é incorreta porque os arranjos populacionais não invalidam ou esgotam as noções de conurbação e metropolização, mas, sim, as complementam. Esses conceitos continuam relevantes para entender a formação de grandes aglomerados urbanos, enquanto os arranjos ampliam a perspectiva ao incluir interações funcionais entre cidades de diferentes portes. As demais alternativas estão corretas: os arranjos de fato evidenciam a segmentação entre residência e emprego (A), articulam processos urbanos, populacionais e econômicos (B), ajudam a compreender a escala regional da urbanização (C) e refletem problemáticas como a reestruturação produtiva e a mobilidade (D).

Portanto, a análise do IBGE sobre arranjos populacionais reforça a necessidade de abordagens multiescalares para entender a urbanização brasileira, sem descartar conceitos consolidados, mas integrando-os a novas realidades territoriais.

O item em questão aborda a relação entre áreas de risco urbanas, políticas espaciais e a responsabilização da população ocupante. A afirmação sugere que essas áreas se formam independentemente das ações municipais e dos agentes imobiliários, transferindo a culpa pela vulnerabilidade exclusivamente para os moradores. No entanto, essa perspectiva é equivocada, conforme indicado pelo gabarito correto (E).

A formação de áreas de risco nas cidades é um fenômeno complexo, influenciado por fatores socioeconômicos, falhas na gestão pública e dinâmicas do mercado imobiliário. Municípios frequentemente negligenciam o planejamento territorial adequado, permitindo ocupações irregulares em encostas, margens de rios ou outras zonas perigosas. Paralelamente, empreendedores imobiliários podem contribuir para o problema ao priorizar lucros em detrimento de avaliações ambientais rigorosas.

A população que ocupa essas áreas geralmente age por necessidade, devido à falta de alternativas habitacionais acessíveis. Responsabilizá-la integralmente pelo risco ignora o contexto de exclusão urbana e a omissão dos poderes públicos na fiscalização e oferta de moradia digna. Portanto, a afirmação original é ERRADA, pois desconsidera a corresponsabilidade do Estado e do setor privado na geração dessas vulnerabilidades.

Análise do processo de miscigenação na cultura brasileira

O fragmento da canção "Inclassificáveis", de Arnaldo Antunes, retrata de forma poética a complexidade étnica e cultural do povo brasileiro. Ao questionar as categorizações rígidas de raça ("que preto, que branco, que índio o quê?"), o autor evidencia a impossibilidade de classificação simplista da população brasileira.

A enumeração de termos como "mulatos, cafuzos, pardos, mamelucos" e as criações linguísticas como "orientupis" reforçam a ideia central do texto: a miscigenação como característica fundamental da formação brasileira. Esse processo histórico de mistura entre indígenas, africanos e europeus resultou numa população singular, que desafia categorizações étnicas tradicionais.

A alternativa correta (D) miscigenação corresponde perfeitamente ao processo descrito no texto, que celebra justamente a mistura e a impossibilidade de classificação racial estanque. As demais alternativas, embora representem aspectos da história brasileira, não captam a essência do processo descrito na canção, que é precisamente a fusão e o encontro cultural e biológico entre diferentes grupos.

A referência científica à inexistência de raças humanas biológicas reforça a mensagem da canção, mostrando que as classificações raciais são construções sociais e não realidades biológicas. A expressão "somos o que somos - inclassificáveis" sintetiza essa compreensão da identidade brasileira como produto de um intenso e contínuo processo de miscigenação.